Ninguém se mexia com medo de que sobrasse para os mesmos, Pavel mesmo bêbado estava furioso. Ele queria fazer Imbraim pagar pelo que fizera a pobre Jane, mas não podia. Ele jurou guardar segredo! Mas isso não impediu ele de ficar ainda mais furioso do que estava...

           Kathleen estava com muito ódio. Não podia ser verdade, aquela criada mentira... Era só nisso que a mesma pensava, ela passara noites tentando engravidar de seu Lorde e vinha uma serva qualquer e conseguia isso! Só pode ser mentira de Anna.

Mas porque Anna inventaria uma mentira tão perigosa como aquela?

_ Sua serva mentirosa!  - Fora tudo tão rápido. Kathleen não iria permitir que Ana continuasse mentindo, pois disso ela tinha certeza. Era mentira... MENTIRA.

Mas o que ela não pensou era que Pavel fosse interferir, ele simplesmente se colocou na frente da Anna e segurou Kathleen a jogando no chão...

_ Encoste nela e esqueço que você é uma mulher! - A mesma nunca se sentiu tão humilhada. Nunca pensou que Pavel a trataria assim.

Anna estava em estado de choque, pois era a segunda vez que o mesmo a salvava, e ela sempre achou que o ele só tinha olhos para Jane. A pequena se permitiu um sorriso, mas só podia estar enganada. Ele não podia estar interessando em uma simples serva. Ele era irmão do duque de Langford. Deveria ficar com uma mulher que também possuísse igual ou maior fortuna.  Aquilo só podia ser pena misturada a raiva que ele sentia por Lady Kathleen.

_ Meu lorde vai deixar esse bastardo me tratar assim? – Kathleen disse e naquele momento Janine pensou comparou sua voz como a de uma cobra. Ela queria que Ibrahim rechaçasse o próprio irmão.

Mas Ibrahim não estava interessado nela, ele olhou para Anna que ainda temia o que aconteceria a ela.

_ Tens certeza do que diz Anna? –ele falou atordoado demais com a revelação. Ibrahim nunca havia sido pego de surpresa com agora.

_ Sim meu senhor, total certeza!- Anna falou determinada.

             Janine não estava mais com medo e sim com raiva, pois ela sabia o que aconteceria agora, mas ela não sentia raiva de Anna porque a mesma estava tentando salvar a pele das duas. Ela queria aramar um plano, mas estava fraca demais para pensar em algo e enfrentar seu senhor. Janine se lembrou de enquanto ele a leva a de volta e tinha o chamado repetidas vezes de senhor. Uma bela ironia do destino.

_ Espero que esteja mesmo dizendo a verdade Anna. – Ibrahim falou com um leve tom de ameaça.

Anna assentiu com a cabeça baixa, sem encarar seu senhor.Janine tinha que estar grávida. Caso contrário, não queria nem pensar nas conseqüências.

Ainda tinha lembranças vívidas de quando Lady Kathleen mandou que a amarrassem no posto de flagelação na primavera passada.

Pavel ainda estava furioso, por isso deu um passo para frente.

_ Quero que mantenha distância de Anna, e nem pense em fazer mal a Janine Ibrahim ou eu mesmo irei fazer nossa mãe se revirar em seu tumulo, pois irei fazer você pagar. – O rapaz falou tomando de uma fúria incomum.

Janine grávida de Ibrahim! Ele temia pela vida da pobre criança que estava a caminho.

Ibrahim deu um passo para trás, mas não por medo e sim por surpresa pois seu irmão nunca agiu assim, muito menos para defender uma empregada.

_ Não se preocupe meu irmão, se ambas estiverem falando a verdade, não a nada para temer. –ele disse e então olhou Anna que não ousava um olhar para cima sequer. Ibrahim ainda estava desconfiado. Ora, seu pai o criara assim.

Virou-se para Marie que até então estava calada, e com muita raiva da Anna por ter dito aquilo. Todos sabiam o que viria a seguir.

_ Leve Lady Kathleen para seus aposentos e a mantenha lá até segunda ordem.

Marie  ainda com raiva, pois sempre sobrava para ela acalmar aquela vadia de quinta, Sim a boca de Marie não era tão limpa e se tem alguém que ela odeia esse, ou melhor essa, é Kathleen pois a mesma está ocupando um lugar que nem dela é.

_ Sim meu senhor - E com isso ajudou ela se levantar e a arrastou para o dentro, mas antes Kathleen se virou para Ibrahim com um olhar de puro ódio.

_ O que está pensando em fazer? Manter-me presa?

Ibrahim não se dignou a um olhar em sua direção Sua cabeça girava em torno da revelação.

_ Não. Irei providenciar sua volta para sua casa. - E com isso fez um gesto para Marie se retirar.

Mas isso não impediu que Kathleen começasse a gritar e esbravejar que Ibrahim logo se arrependeria disso. Logo seus gritos foram abafados pelas pesadas portas e grossas paredes do castelo.

Ibrahim se voltou para Janine que ainda estava no chão e muito fraca.

Ibrahim se amaldiçoou da maneira que a tratou antes. Ela carregava um herdeiro seu em seu ventre. E se algo tivesse acontecido ao seu filho?

Um ilegítimo, mas ainda sim um herdeiro. O herdeiro que Ibrahim tanto quis.

_ Consegue se levantar Janine?

 Ela o olhou com repulsa

_É lógico que consigo. Meu senhor! –ela cuspiu as palavras. Tentou se levantar, mas se arrependeu logo em seguida, pois assim que se postou de pé, sentiu uma vertigem e voltou a cair, ou melhor, quase caiu, pois Ibrahim fora mais rápido e a segurou.

_ Estou vendo mesmo. - Ainda com Janine em seus braços, ele se virou para seus empregados e começou a ditar ordens para que todos fossem descansar, pois amanhã de manhã queria todos de pé para verificar os estragos que a tempestade causou.

_ Sim meu senhor - Todos responderam em uníssono, depois ele se virou para Anna.

_ Você! –ele disse e a cabeça de Anna se levantou imediatamente, ainda não o encarando.- Cuide de Pavel. Ele parece que vai desabar feito uma mulher a qualquer momento.

Foi então  que Janine olhou para Pavel e logo ficou novamente furiosa. Ele tinha prometido parar de beber. O mesmo sentiu o olhar afiado da ruiva e desviou, logo saindo com a Anna, mas antes olhou para Janine com um olhar culpado.

_ Me perdoe, eu fiquei frustrado por não te ajudar só por isso bebi - E com isso saiu.

Sim, ele sabia fazer a Janine se acalmar. Ele sabia como domar a fera

_ Maldição Pavel. - Ela falou isso baixo, mas ao que parece Ibrahim ouviu e começou a rir.

Cada dia que passava ele se surpreendia mais com os modos da pequena escocesa selvagem. Em uma hora ela parecia uma dama da mais alta estirpe, em outra, parecia uma mulher que fora criada no meio de pessoas sem os mínimos modos.

Ele pegou Jane no colo, mesmo ela se relutando em ser tratada como inválida.

_ Para de rir feito um cavalo Ibrahim. - ela disse enquanto subiam as escadas.

A proximidade com Ibrahim a incomodava. E a visão dele nú momentos antes a deixavam mais do que nervosa.

_ Tudo bem eu paro, mas agora eu descobri como te acalmar. –e então chamou Janine de um nome em escocês que ela conhecia muito bem.

Ela soltou outra maldição e continuou calada. E com isso ele a levou para o quarto dele. Assim que percebeu o caminho que tomavam Janine entrou em desespero.

_ Aqui não é meu quarto. –ela vociferou com a voz dura.

_ Eu sei. –Ibrahim disse já chutando as portas duplas e adentrando no quarto.

_ Então pode me explicar o motivo de estarmos aqui?

_ Porque aqui eu posso cuidar de você. – ele falou tentando imitar o tom e o olhar de Ibrahim.

Janine ficou perdida naqueles olhos negros que pareciam hipnotizá-la. Por um momento, Janine pensou ver um brilho diferente nos olhos de Ibrahim,  e nada pode fazer, a não ser se deixar ser cuidada por Ibrahim.

Ele a alimentou e cuidou de alguns ferimentos que tinham ao redor de seu pescoço causados pelo aperto da corda.

Ibrahim tentou não sentir ódio de si mesmo por ser tão cruel com a mulher. Mesmo ele sendo tão carinhoso e cuidando dela, Janine não se deixou enganar. Ela tinha aprendido que não deveria confiar em um homem como Ibrahim.

-Como está se sentindo Jane? –ele disse a chamando pelo apelido.

Aquilo irritou Janine que o olhou furiosamente.

Eles estavam deitados um ao lado do outro e Ibrahim não conseguia impedir seu olhar de voar para o ventre de Janine e sua vontade de tocá-la.

-Jane? "Mulher" ou "criada" não servem mais? –ela disse irritada.

Ibrahim a olhou sem compreender.

-Oh, me perdoe se pensei que você deveria ser tratada com o mínimo de respeito agora que ...

As palavras ficaram presas em sua garganta. Não sabia se devia continuar. Mas Janine o entendeu.

-Agora que tenho um filho teu em meu ventre?- ela se sentou na cama e o encarou.  -E o que o faz pensar que você terá algum direito sobre esta criança?

Ibrahim se levantou da cama e foi até ela, segurando seu braço. Não era um aperto forte.

- Está querendo insinuar algo?

Janine lhe lançou um olhar gélido.

- Eu não deixaria um filho meu em suas mãos Ibrahim. Não finja que me quer bem ou que gosta de mim. Eu sei que tudo o que você quer é um herdeiro pra assumir seu lugar. E quando ele já tiver nascido eu voltarei a ser apenas uma escrava com as outras ou então, como você mesmo disse, irá me vender para um comerciante como se fosse uma prostituta. –Janine estremeceu na ultima parte.

Aquelas palavras pegaram Ibrahim de surpresa. Janine realmente o imaginava tão frio e cruel?

Ela se levantou da cama por completo, tirando a mão de Ibrahim de seu braço e caminhou para o seu lado enquanto Janine o acompanhava com os olhos.

- Vou ajudar Anna e Marie no serviço da casa. Com sua licença meu senhor. - ela disse fazendo uma leve curvatura e antes que pudesse se afastar Ibrahim a deteve a puxando para ele fazendo com que Janine batesse em seu peito musculoso.

-Você não vai mais fazer o serviço dessa casa. De agora em diante, dorme em meu quarto. Marie virá aqui para te ajudar a banhar-se e amanhã mesmo vou te levar a cidade para que possamos comprar alguns vestidos para você. Não te quero andando por ai como se fosse uma criada.

-Mas é isso o que sou meu senhor. Apenas uma criada e serva do meu senhor. –ela disse com raiva dele. Não cansava de dar ordens?

-Não! –Ibrahim disse com convicção. - A partir de hoje você não será mais uma criada.