Mom s Diary escrita por Nath Mascarenhas


Capítulo 8
Sexta, 12 de segunda, à tarde.




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Respirei fundo e liguei, ele atendeu ao primeiro toque:

-Matthew, me ajuda! – Choraminguei sem nem dizer alô.

-Você tá aonde?

Ensinei o caminho nuns vinte ele chegou com sua BMW prata. Assim que ele parou o carro eu pulei para dentro.

-O que foi? – Ele perguntou sério, olhando para frente.

-Estou sem-teto. Meu pai me colocou para fora de casa.

-E...?

-E o quê? – Perguntei, minha paciência estava se esgotando.

- E o que eu tenho haver com isso?

Sério, se seu pai cair de quatro não levanta mais!

-Você vai deixar a mãe do seu filho na rua?

Ele estremeceu.

-Eu não tenho certeza nem que você tá grávida e nem que é meu, vamos para um hospital.

Fiquei calada e assenti.

-Não tá com medo? –Ele me perguntou cínico.

-Muito. Não pelo teste, eu tenho certeza que é seu, mas pelo futuro dessa criança. – Afirmei - O que acontecerá com esse bebê tendo um pai que não o quer e uma mãe que não tem onde cair morta?

Ele apertou o volante.

-Se for meu não vou deixar que nada falte para ele.

Pelo menos isso!  Uma alma se salvou do inferno, Jesus!

Passamos o resto do caminho em silêncio. Fomos ao St. Joan, um dos hospitais mais elitizados de toda a NY. Fomos atendidos por uma enfermeira que já conhecia Matthew.

-Veio fazer uma visita a sua mãe, Matthew? – Ela tinha aquele rosto simpático que toda enfermeira tem.

-Nem, mas quem sabe posso vê-la depois. – Falou em tom alegre, nem parecia aquele ogro de minutos atrás – Rick, tá aí?

Ela assentiu e nos acompanhou até uma sala branca de mais e com cheiro de desinfetante.

É, eu estava com olfato mais apurado que de um cão detetive da FBI... Tomara que eu continue assim, vai ser bastante útil quando você for adolescente.

Um senhor já lá para os seus sessenta anos com um jaleco azul bebê nos cumprimentou sorridente.

 -Olá, Matthew, eu não te vejo aqui há uns 17 anos?

-Mais ou menos. –Ele sorriu da brincadeira.

-O que trazem aqui, mais que bela moça. – Falou dando um beijo na minha bochecha – Será menino.

Matthew caiu na cadeira.

-Então ela está mesmo grávida? –Suspirou.

-Evidentemente. Daria menos de uma semana, não é? – Ele perguntou.

Assenti.

-Mas como o senhor sabe? –Perguntei.

-Décadas de experiência. –Sorriu – Então quem é o pai?

Matthew levantou a mão, constrangido.

O médico balançou a cabeça, reprovando-o.

-Mas ainda vamos fazer o DNA! – Ele falou, tentando me intimidar.

-Não. – Dr. Rick, (eu acho que era esse o nome dele, né?) falou calmo.

-Por quê? – Eu e Matthew perguntamos juntos.

-Não vou ofender uma menina linda assim.

-Não, eu insisto. – Eu disse.

 Pelo pouco que eu conheço de Matthew, ele com certeza iria ficar desconfiado por muito tempo, e sério eu já estava prestes a dar um murro se ele fizesse mais alguma insinuação de que você não é filho dele.

Mas, antes que alguém dissesse algo eu corri para o banheiro e botei o gole de café que havia tomado todo para fora.

Saí do banheiro e encontrei Matthew encostado na parede com os braços cruzados bem firmes no peito.

-Vamos? – Ele sussurrou com um vestígio de simpatia.

Nossa, eu devia estar realmente um horror! Pra ele falar assim comigo, só pode.

Fomos para o seu carro, ele abriu a porta para mim.

-Tá doente? – Perguntei surpresa.

Ele esboçou um sorriso.

-Aproveita. – Ele falou no seu tom sarcástico de sempre.

-Então... Você vai ver sua mãe? – Perguntei quando ele estava engatando.

-Ah... Acho que não. – Isso era um tom de ressentimento aí?

-Se for por minha causa, eu posso muito bem ficar aqui enquanto você vai. – Eu garanti, sem notar, segurando sua mão com delicadeza.

Ele olhou para nossas mãos, como se meditasse.

-Não. Eu não falo com ela há quase três anos. – E sorriu amarelo.

-Por quê?! Você não deveria...

-Você fala isso por que está grávida.

-Não, eu falo isso por que minha mãe não está mais aqui e eu desejo todos os dias a sua presença, enquanto você despreza a sua mãe só por causa de birra.

-Sua mãe fugiu com o colega de trabalho? – Ele perguntou claramente magoado.

-Não, morreu.

-Ah, sinto muito.

-Eu sei. –Tirei a minha mão da sua.

Ficamos o resto do tempo, calados. Demorou mais ou meia hora para chegarmos à sua casa, quer dizer, mini palácio.

Filho, espero que um dia você tenha a oportunidade de conhecer essa propriedade, ela é simplesmente magnífica!

-Você mora aqui? – Perguntei fascinada.  

-Não, vim assaltar. – Falou sarcástico.

Mas depois assentiu.

Entramos, e sério me senti pequena diante daquilo tudo. Era muito grande e bonita a casa de seu pai.

Involuntariamente busquei por sua mão, entrelaçando nossos dedos.

Subimos três lances de escada, que Jesus, um balão de oxigênio seria uma ótima pedida agora.

Ele me levou até um quarto totalmente azul, que logo percebi que era dele.

Sabe o porquê?

Bagunça!

Sério, seu pai é o cara mais bagunceiro de todo o planeta!

Ai Ai, filho se você sequer deixar uma camisa jogada no chão...

Tirei algumas roupas e sentei na cama. Ele me observava como se estivesse analisando cada movimento meu, não gostei nada disso.

-E Gabriel como fica nessa história toda? – Ele me perguntou duro.

Franzi o cenho, o que diabos Gabriel tinha haver com isso tudo?

-Ele é o seu namorado, não? – Ele me perguntou, com a mandíbula rígida.

-Ah! –Falei lembrando agora do fingimento – Não, ele é namorado da minha amiga.

Ele bufou.

-Duvido.

-É sério, eu só fiz aquilo por que eu tava fula com você, ele não passa de um bom amigo meu.

Ele sorriu.

-Ah, então você ficou com ciúmes de mim? – Falou debochado.

Dei de ombros.

-Eu achava que gostava de você.  – Falei me levantando, sem nem olhar para ele.

-Achava? – Perguntou confuso – Dá para, por favor, olhar pra mim?

-Sim, Matthew. Eu achava, eu não acho mais! – Falei irritada– Você acha que me magoou pouco?

Ele olhou para baixo.

-Tudo bem, eu acho. –murmurou.

-Então, se eu vou dormir aqui, você vai dormir aonde?

Ele olhou para mim com divertida surpresa.

-Aqui com você. Ou você realmente achou que ia ter um quarto só pra você?

-Sei lá, não vai ser estranho?

-Provavelmente. – Deu de ombros - Mas meu pai piraria se você ocupasse espaço mais do que estritamente o necessário, sabe ele meio egoísta.

Quem sai aos seus não degenera...

Só percebi que tinha falado isso alto, quando ele se jogou em cima de mim e começou a fazer cócegas. Acho que fiz muito barulho já que alguém bateu na porta e uma menininha apareceu.

-Matt? – Ela perguntou com a mão nos olhos. –Posso ver?

Ele riu e sentou à cama.

-Pode.

Ela suspirou de alivio.

-Nossa! Que linda! – Ela falou vindo na minha direção e me abraçando. – Sou Anna, irmã de Matt e você?

-Anna. – Falei rindo e abraçando.

-Anna é o meu nome! –Ela falou confusa.

-O meu também!

-Ah, legal! Ela não é linda, Matt? Parece minha Barbie – E mostrou uma boneca que realmente fazia lembrar-se de mim. – Você é o quê de meu irmãozinho?

-Eu sou... Eu sou...- Eu lá sabia o que eu era dele?

-Ela é minha namorada. – Ele falou quando eu não sabia que merda dizer.

O queixo dela caiu mais que o meu! E olhe que não é pouca coisa.

-Que é? – Ele perguntou na defensiva.

-Você nunca teve uma namorada antes. –Anna explicou – Mas ela é linda, então eu deixo.

Nós rimos.

-E se eu fosse feia, você não deixaria? – Perguntei.

Ela franziu o nariz.

-NÃO! – E riu.

-Aninha, eu e sua nova cunhada temos uma coisa para te contar...

-Robert Pattinson virá no meu aniversário! – Ela arriscou esperançosa.

-Não, não é isso, mas se você se comportar até lá, quem sabe? – Ele falou com carinho.

-Ahhh, fala logo.

Ele me olhou e falamos juntos:

-Você vai ser titia!

-Mentira!  -Seus olhos se esbugalharam de surpresa.

Tocou na minha barriga, pôs o ouvido para te escutar e tentou falar com você.

 Sua tia vai acabar fazendo você dizer “socorro” como primeira frase!

Depois de tomar chá com Anna, e pôr-la para dormir, fui para o quarto.

Acredita que já havia anoitecido e seu querido pai havia sumido?!

Joguei todas as porcarias dele da cama para o chão, tirei aquela roupa apertada, pus uma camisa dele e deitei.

 Sabia que gravidez dá um sono danado?

Ouvi a porta abrir e fechar lentamente.

-Boa noite, Matthew. – Falei sonolenta.

-Te acordei? – Ele perguntou cauteloso.

-Não, eu ainda não tinha pegado no sono.

-Você tá brava? – Ele ainda estava hesitante.

Percebi que ele estava esperando que eu jogasse um salto em sua cabeça. Bom, bem que ele merecia, mas não por que ele saiu.

Sentei na cama e o encarei.

-Eu não sou sua dona, Matthew. Nem sua namorada de verdade, pelo que notei. Não precisa me dar satisfações nenhuma.

 Ele olhou para mim, aliviado.

-Nossa, até que você é legal. – Ele comentou.

-É, aproveita.

Eu nem quis perguntar qual a idéia que ele fazia de mim, sabe, eu preferia nem saber...

-Ei, essa camisa é a minha favorita! – Ele reclamou.

-Foi a única limpa que eu achei.

-A Cida lava todos os dias ela, par que EU possa dormir com ela.

-Pelo amor de Deus, Matthew. –Revirei os olhos – Tu é mimado, viu? 

-Sou, agora passa.

Arranquei a droga da camisa e joguei no seu rosto. Depois peguei um travesseiro e joguei no chão.

-Durma bem. – Falei apontando para o chão.

-Você acha que eu vou dormir...

-Bem longe de mim? – Falei o interrompendo – Sim, lógico.

-Garota, não abusa...

-Se não o quê, Você me bota pra fora? –Perguntei – Você realmente quer me deixar milionária né? Com um teste de DNA você vai me sustentar por resto da vida...

-Você não faria...

-Não?! Testa! Eu não sou as cabeças ocas de qual você está acostumado... Olha que não pagar pensão alimentícia dá cadeia, viu?

-Onde eu fui amarrar meu cavalo. –Resmungou. – Mas, por favor, posso dormir na cama?

-Não.

Mas pô , ele era o dono dela, não é?

-Pode, mas fica bem distante de mim, tá?

-Não precisa pedir duas vezes.

Virei para o lado e ele para o outro, o ouvi esmurrar o travesseiro.

Por que cada pontinho do meu ser queria abraçá-lo agora?

É, sua mãe é mais imbecil que seu pai...


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