Acordei com uma vontade louca de comer cachorro quente. Fui até a cozinha e preparei.

Não é nutritivo nem saudável e é claro que você não está autorizado a comer nenhuma besteira no café da manhã.

Gabriel apareceu com um café nas mãos, pegou uma lata de leite em pó e ia colocando. Deus, aquele pozinho branco me deixou hipnotizada.

-Que foi? Parece cachorro na frente de um frango de padaria.

-Me dá isso! – E coloquei no cachorro quente.

-Eca! Isso não é queijo ralado não! –Franziu o nariz – Alexia, Anna enlouqueceu de vez! – Gritou.

Alexia apareceu com a cara toda amassada.

-Ah cachorro quente, eu quero! –E foi morder o meu.

-Tá com leite em pó! –Gabriel avisou antes que ela mordesse.

-Argh, Anna!

-Tá uma delicia! – Falei enfiando todo na boca e lambendo os dedos. –Não sabem o que estão perdendo...

 -Até parece desejo de grávida. –Gabriel brincou.

Eu paralisei, olhei para Alexia que também estava paralisada.

-Gente, o que foi?-Gabriel ficou olhando de Alexia para mim.

-Meu Deus! Não! –Gritei.

-O que foi? – Gabriel repetiu, preocupado.

  -Anna anda vomitando, tendo desejos estranhos e transou há poucos dias. O que ela tem?

-Meu Deus, você tá grávida! –Constatou.

-Isso a gente já havia percebido. –Alexia murmurou.

-Ainda não temos certeza, não é? –Falei com um fio de esperança.

Filho, se você receber UMA multa, você vai ficar sem carro até o resto de sua vida.

É, Gabriel quebrou pelo menos dez regras de transito, chegamos a cinco minutos no supermercado que chegaria a pelo menos quarenta minutos se fossemos em um dia normal.

Pulamos do carro e fomos direto para a sessão feminina.

Porra, pra que merda tem tantos tipos de exame de gravidez?

Ah, só um aviso. Se você tiver um filho antes dos quarenta, seu filho vai nascer órfão!

-Você prefere fazer xixi no palito ou no copinho? – Gabriel me perguntou, me mostrando os dois.

Peguei os dois e fui para o caixa.                            

Pagamos e corremos de volta ao Plaza.

Fiz xixi no palito e no copinho, enquanto esperava o minuto mais longo do mundo Alexia me perguntou:

-Ele não usou nada? – Falou claramente me reprovando.

- Ele me usou. – Murmurei.

3...2...1.

-Aí, não sei se quero saber! Vê pra mim – Entreguei para Alexia que olhou e depois ficou me encarando em silêncio. – E aí?

-Deu negativo. –Ela falou.

Suspirei, caindo na cama.

-Você suspirou de alivio ou de decepção? – Ela me perguntou, sabendo que era a segunda opção, claro.

 Filho, eu sempre te amei e sempre vou te amar, não importa o que aconteça!!

-Sou muito louca de pensar assim? Mas sei lá, eu sempre me achei uma intrusa na minha própria família. E sabe, se eu tivesse um filho, talvez eu pudesse ter minha família.   

-Deu positivo. – Ela me contou.

-O que?

-Deu positivo, você tá grávida. Pelo menos, já sabe como se sente em relação à essa criança. –Abraçou-me  – Parabéns.

-Err... Valeu. Mas o que eu faço agora?

-Sei lá, Anna. Que tal contar para o pai, qual é o nome dele mesmo?

-Matthew. – Murmurei.

-Isso! Vai e lá diz pra ele que daqui a nove meses ele vai ser papai.

 -Como ele vai reagir? –Perguntei assustada.

Ela deu de ombros.

-Vou deixar você pensar. –Apertou meu ombro e saiu.

Desabei na cama.

-Eu deveria falar a ele? –Perguntei a mim mesma.

Era o certo, mas ele é arrogante e fez uma coisa terrível comigo. Quem me garante que ele não vai me humilhar de novo.

Sério, a vida não podia ser só um pouquinho menos difícil?

Por que, pense comigo...

Até semana passada eu era apenas uma estudante pobre, ignorada. Hoje sou a piada da escola e uma garota grávida de um cara mega rico e esnobe. Será que ele vai pensar que eu dei o golpe do baú?

AAAh! Segunda eu resolvo.