Sério, Alexia é completamente doida!

Ela me levou para um salão mega chique no centro, onde um homem que usava muito rosa veio até nós.

-Alexia Hesttings no meu humilde estabelecimento?! – Ele gritou, dando um faniquito.

-Olá, Mancha deixa de ser uma garota vem ajudar minha melhor amiga.

-Amiga de Alexia é mi... Ai meu Deus! –Ele deu um gritinho a me ver. – Você foi atropelada por um caminhão, querida?

-Ela tá tão mal assim? – Alexia perguntou.

-Mal? Esse visu mendiga que você está usando é mal. Ela está péssima! –Tocou em meu cabelo – Calma querida, Mancha está aqui para te jogar um bote salva-vidas, ok?

Assenti, me segurando para não rir de um cara tão dramático.

O que eu posso dizer de salão de beleza? É um tédio!                                          

Fiz coisas que eu imaginava ser impossível.

Meus cabelos antes curtos que nem Joãozinho agora batia nas costas. Santo mega Hair... Enquanto Mancha me fazia de Barbie, Alexia sumiu, dizendo que ia fazer compras.

Depois de cabelo pronto, sobrancelhas feitas (Deus, como dói fazer isso) e unhas manicuradas, Alexia apareceu com Gabriel atrás carregando umas cem sacolas de roupas mega caras.

-Agora está na hora de se vestir. –Ela falou admirando o trabalho de Mancha, ele havia coberto todos os espelhos a mando dela, pois ela disse que queria me fazer uma surpresa.

-Sério? –Perguntei saindo da pequena e improvisada cabine.

A louca da Alexia havia me entregue lingeries, uma mais vulgar que a outra.

-Qual é, é sexy. – Falou. – Não é amor?

-Com certeza. –Ele respondeu ao seu lado, me encarando.

-Gabriel, saia daqui! – Gritei fechando a porta.

-Ah, me poupe Anna! –Ele falou – Você já me viu sem roupa umas mil vezes!

-É diferente! Você um modelo mega famoso e eu...

-Uma gata! – Ele completou, mas depois o ouvi gemer.

-Valeu Alex, te devo uma. –Gritei.

-De nada. – Ele falou seca. – Agora, por favor, vista esse. – E me passou um vestidinho preto.

- É para eu respirar nesse vestido?

-Não. – Mancha e Alex falaram em uníssono.

Saí depois de calçar uma linda sapatilha preta. Todos me observavam de queixo caído. Senti-me corar.

-Ah, gente! Sou eu, Anna! –Falei me sentindo sem graça.

-Dá uma volta. – Alex falou girando o indicador.

Fiz o que ela pediu e ela deu um pulo da cadeira e me abraçou.

-Agora posso te chamar de gostosa! – E bateu na minha bunda.

É, essa é sua madrinha! Doida, eu sei.

-Agora vamos dar uma volta. – E me arrastou para fora.

-Pelo menos, me deixe olhar no espelho.

-Não! – E me fez passar por todo mundo sem nem saber como estava.

Estava me sentindo uma palhaça com aqueles saltos enormes. Porém todos os caras que passava pela gente acabavam me secando.

-Sorria e relaxa – Alex sussurrou no meu ouvido.

Sorri, e fingi que estava com as mesmas roupas que eu usava normalmente e comecei a me divertir com os caras que deixavam cair o copo quando me via.

-Anna?! – Apenas o som da sua vez me fez ficar arrepiada.

Virei-me e encontrei Matthew abraçado com Bianca, uma peguete dele. Senti meus olhos marejarem. Merda, merda, merda!

Filho, eu quero que saiba como sua mãe pode ser uma completa idiota!

Quis sair correndo e chorar o máximo que meus olhos conseguissem, mas não consegui fazer nada, eu sequer piscava.

Senti alguém tocar minha cintura e pude ver Gabriel me abraçando. Olhei pra ele que piscou pra mim, procurei Alexia e ela havia sumido.

- Baby, esse é o seu amiguinho de escola? –Falou dando ênfase no amiguinho.

Percebi Matthew trincar os dentes e tencionar o maxilar.

-Matthew, prazer.  –E apertou a mão dele, achando pelo que pude notar, que estava botando força demais, porém não sabia o quanto Gabriel podia ser forte. ‘             

-Gabriel, o prazer é todo meu. – E abriu seu melhor sorriso.   

  Senti Bianca se perder nos dentes branquíssimos dele e se esquecer de Matthew.

- Anna, você está muito bem... – Falou ele me analisando.

-O-Obrigada. –gaguejei.

-Amor, eu tô cansado e tenho uma sessão de fotos amanhã cedo, você se importa se fomos agora? –Ele perguntou, me salvando.

O que eu não esperava foi a grande virada que ele fez com o meu corpo pondo a mão na minha boca e me beijando de mentira, porém nos escondendo pelo meu cabelo.

-Então, Michael, né?-Perguntou simpático.

-É Matthew...

-Tanto faz. Tchau. -E me arrastou para longe deles.  

   Ainda dei uma espiada por cima do ombro. Matthew parecia perdido e com raiva. Bem feito!

-Valeu. – Sussurrei.

-De nada. – Falou pondo o braço nos meus ombros.

Encontramos Alex na praça de alimentação. Ela tomava um milk-shake super distraída, como sempre. Gabriel segurou sua cadeira e tremeu.

-Terremoto! –A fez derramar toda sua bebida na blusa.

Sorri sem vontade e me sentei à sua frente. Ela me encarou esquecendo até de brigar por ele ter estragado sua blusa.

  -Ele é um idiota e não te merece. – Ela tocou em minha mão. – Agora gata desse jeito, você pode conseguir qualquer cara assim! – E estalou os dedos.

-Eu não quero qualquer cara, quero Matthew. – choraminguei.

Ela olhou para Gabriel que deu de ombros.

-Vocês me levam pra casa? Quero sair daqui! – Falei me levantando.

-Pra sua casa ou a nossa casa? – Gabriel me perguntou ao volante.

-A minha, eu preciso ficar sozinha um momento. – Falei encostando a minha cabeça na janela e deixando as lagrimas que eu continha todo o caminho do shopping ao carro rolarem pelo meu rosto estragando toda a maquiagem que Mancha teve o trabalho de fazer. 

Que grande imbecil eu estava sendo agora. Aqui, vestida como uma patricinha e me sentindo a menina mais excluída de todas. Estava me sentindo um lixo.

É filho, é esse o efeito Matthew Black, por favor não seja que nem ele!

Assim que cheguei, saltei e peguei as inúmeras sacolas na mão da minha amiga.

-Tem certeza que não quer que eu entre?

Neguei com a cabeça.

-Promete que liga?

Assenti e acenei um tchau enquanto eles davam a volta.

Subi as escadas do meu deprimente prédio. Peguei a chave na minha mochila e abri a porta. Encontrei papai caído no chão, bêbado novamente.

Joguei as compras no sofá e o levantei, ele estava desacordado. Levei-o até o quarto passando pela porta aberta do quarto de Melany, minha meia-irmã vadia. Ela estava agarrada ao namorado no maior amasso.

-Pelo menos, fecha a porta. –Bati a porta tão forte que papai murmurou algo.

E logo depois, botou toda a bebida pra fora em cima de mim e do meu vestido novo. O levei até o quarto e o deitei na sua cama. Fui para o meu quarto, arranquei o vestido e o joguei no lixo.

  Chorei, chorei até meus olhos não agüentarem e eu acabar dormindo de cansaço.