P.O.V. Justin

__JB, você tem certeza que não vem com a gente? – Adam perguntou enquanto eu colocava meu tênis.

__Não, quem sabe em outra oportunidade? – falei aéreo, meus pensamentos estavam na garota de cabelos dourados que há poucos minutos estava atraindo olhares com um mini short enquanto estava treinando com as líderes de torcida.

__Droga, dude. Perdemos dois companheiros. – um dos caras falou - __O JB e o Spencer.

__Três. O nosso garanhão aqui – apontou para o Liam que terminava de se vestir e riu - __Vai ter uma noite de sexo selvagem.

__Onde o Spencer foi? – perguntei curioso.

__Tá com a gostosa da Jéssica no auditório. Se eu ficasse sozinho com ela, já tenho em mente o que faríamos. – Luke falou malicioso e antes de eu repreender ele, Adam tomou a frente.

__Seu idiota tenha respeito com ela.

__É, seu filho da puta, te arranco os dentes. – Sean falou e Luke deu um risinho sem graça.

__Aonde você vai? – Adam me perguntou.

__Resolver uns problemas. – falei saindo vestiário enquanto eles gritavam “Nooossaa como a bicha ta misteriosa”.

Vi as líderes de torcida saindo do vestiário feminino e depois de contar quantas eram e notar que faltava apenas uma e que essa era a qual eu queria atormentar, entrei no vestiário com passos silenciosos.

Allyson estava de costas passando aquele negócio melecado na boca. Ela virou e se assustou a me ver, mas logo voltou à posição normal.

__Vestiário feminino. – ela cantarolou.

O modo indiferente com que ela falou me fez ficar nervoso.

__Precisamos conversar.

__Já conversamos Justin. – falou ela e a incerteza em sua voz me incentivou a continuar, ela também notou a incerteza e logo se apressou em completar de maneira gentil. - ­__Eu já esqueci e você deveria seguir meu conselho.

Andei até a porta e a tranquei.

__Temos um problema Allyson, eu não consigo esquecer... Nem a sensação de te beijar e nem a sensação de te magoar. – tentei sorrir para tornar as coisas leves - __Não vamos sair daqui enquanto não conversamos. Pra valer.

Allyson ficou em silêncio por um longo tempo, acho que ela pensou que se não falasse nada eu iria abrir a porta e dizer “Já entendi, pode ir”. Quando notou que eu não faria isso pareceu apavorada.

__Você enlouqueceu? – ela falou contida.

__Quem enlouqueceu foi você. Achou que eu era apenas fumaça? Que você poderia me assoprar e eu voaria pra longe? – encostei-me a parede - __Achou errado.

__Não. – adquiriu uma expressão esnobe - __Quando um não quer dois não brincam. Justin me deixa sair, me manter presa com você não vai mudar nada.

__Você não vai sair. – expliquei irritado e vi um brilho de raiva cintilar nos olhos dela, mas foi só por um segundo já que no outro...

__O que eu quis dizer foi: Me manter presa não faz de você menos idiota.

__Allyson, só o que eu quero é que nos acertemos e depois a gente pode dar uns amassos. – falei rindo e parece
que foi a gota d’agua para ela. - __Eu sei que você me quer.

__Quer saber? Então vamos conversar. – ela começou a se aproximar de mim com os olhos brilhantes - __Eu estava apaixonada por você, bobinha e completamente na sua e isso me ajudou em algo? NÃO. Só me fez ficar vulnerável, a sua mercê. Eu não estava me importando muito, sempre caio de cabeça quando estou apaixonada, as eu pensei que era recíproco e que estávamos na mesma... Linha de raciocínio. – ela estava a dois passos de distância de mim e atirava as palavras furiosamente como facas e mesmo distante dela ainda me encolhi com a fúria em seus olhos e em sua voz.

De repente ela ficou apenas parada, a raiva dissolvendo e pude ver até o esboço de um sorriso.

__Eu me sentia incrível com você, cada vez que você me beijava... Cada beijo deixava um gosto de quero mais e
quando eu me dei conta... – deu de ombros deixando a voz ficar doce - __Eu já estava viciada, em tudo... Cada coisinha em você me atraí de um jeito assustador.

Meu olhar deixou o chão bruscamente e eu busquei os olhos dela, mas assim que ela me viu sorrindo, seu olhar se tornou frio e arrogante novamente.

__E eu pensei que causava um terço desse efeito em você e que estávamos juntos nisso. – se aproximou o dedo indicador apontado para mim - __Que fossemos... Namorados. – ela riu já em minha frente e continuou com a voz fraca - __Aí eu descobri que não passávamos de amigos.

Ficamos nos encarando.

__Me desculpe se eu te magoei. – estiquei minha mão para tocar o rosto dela lentamente com medo da reação, mas ela continuou me olhando enquanto eu tracei a linha do queixo dela - __Não foi a minha intenção.

__Mais doeu Justin. – ela falou com a voz fraca. A maneira como os olhos dela marejaram, fizeram eu me sentir errado de estar aqui a tocando ou pedindo desculpas, como se já estivesse feito e não tivesse volta. Eu a magoei. A pessoa mais doce que eu já conheci e a garota mais meiga que eu já conheci.

__Eu só não sabia o que nós éramos namorados, ficantes ou sei lá. Não quis te expor contando nada sem a sua permissão. – expliquei. - __Eu entendo o fato de você me odiar. Eu quero me estapear, sério mesmo. Eu só precisava conversar com você e entender porque você estava com raiva, eu prometo ficar longe, se é assim que você quer.

Ela suspirou.

__Dói ficar longe de você. – ela falou de olhos fechado enquanto eu traçava os lábios dela.

Agora eu fiquei confuso. Garotas não se decidem. Eu a magoei e se eu ficar longe a magoa também.

__O que? Allyson... – ela murmurou algo que eu não entendi. - __O quê você disse?

Ela abriu os olhos rapidamente e colocou a mão na minha nuca me dando um susto.

__Me beija. – ela falou meio impaciente e um sorriso se formou em meus lábios antes que os mesmo se encontrassem com os dela.

Tomei posse do corpo dela e a imprensei na parede, ela soltou um gemido baixo e suas mãos entraram pela parte de cima na minha camiseta, se arrastando pelas minhas costas. Nossas línguas se tocavam preguiçosamente, sem pressa.

Ela me empurrou levemente e riu.

__Você fica animado rápido. – comentou sorrindo. Fiquei feliz ao ver que quem causou aquele sorriso foi eu.

__Você que falou para eu te beijar. – acusei. - __Não me culpe por ter uma namorada linda.

Ela mordeu o lábio inferior e desencostou o corpo do meu.

__Sobre isso. Não somos namorados, não ainda.

__O quê?

__Eu quero ir devagar. – explicou ela. - __Se você quiser vai ser assim.

__Tudo bem. – ergui os braços em forma de rendição, me inclinei para voltar a beijá-la, mas ela colocou o dedo sobre a minha boca.

__Vamos ser exclusivos.

Franzi a testa.

__Isso ta me cheirando a namoro. – provoquei.

Ela foi até o seu armário que ainda estava aberto e o fechou.

__Mas não é. – ela falou dando deombros. - __Quero só ver o que a Luce vai achar disso, ela te quer.
__Isso é ciúmes? – falei rindo e ela se virou brava.

__Só tô de olho no que é meu.

__Seu hein? Isso ta me cheirando a namoro. – provoquei novamente e ela passou por mim destrancando a porta.

__Mas NÃO É. Já tô repensando essa ideia de sermos exclusivos.

Me apressei em segui-la e seguimos pelos corredores da escola.

__O gatinho do Drake quer sair comigo. – ela falou sorrindo e eu bufei. Aquele cara é um idiota e nem consigo
enxergar a razão pela qual a Allyson me trocaria por ele.

__Problema dele. – resmunguei. Ela sorriu enquanto eu segurava a porta para ela passar.

__Eu sinto um cheirinho de ciúmes. – provocou ela.

__Eu sinto cheiro de idiota. – retruquei.

__Um idiota pelo outro, fico com você. Você é mais bonito.

Sorri. Ela começou a seguir para a saída do estacionamento e eu a segurei pelo braço.

__Aonde você quer ir? Eu te levo. – ofereci rodando a chave no dedo.

__ÍÍÍ isso ta com cheiro de namoro, quer me levar pros lugares e tudo mais. – brincou ela sentando no capô da Ranger Rover. - __Isso só vai se tornar namoro quando eu quiser, entendeu?

Bati continência e ela riu. Me encostei na perna dela.

__Aonde você quer ir, senhora?

__Eu tenho que ir pro ballet. –
ela desceu do capô e caminhou até a porta do carro.

__Minha garota faz ballet. – falei orgulhoso. - __Eu também arraso no ballet saca só meus movimentos irados...

Comecei a dançar e Allyson fez uma careta.

__Pelo amor de Deus. Santa descoordenação. – me empurrou para perto da porta do carro - __Como motorista
você é melhor, então entra no carro e me leva pro ballet.

Destravei o alarme rindo e entramos no carro.

__Nem parece ser 16:00... Ta meio... Escuro. – Allyson comentou e eu ri.

__Deve ser porque são 18:30. – respondi a fazendo arregalar os olhos.

__VOCÊ ME MANTEVE PRESA POR DUAS HORAS? SEU BABACA. – deu um gritinho fino e balançou a cabeça loucamente, me fazendo ficar assustado. Allyson estava ofegando quando parou e ficou me encarando emburrada.

__O que você ta olhando? – perguntou entredentes.

__Eu pensei que garotas só faziam isso na TV. – comentei sem graça.

__Pois bem, você estava errado. Você anda assistindo TV de mais Justin, o que você fez no vestiário foi coisa de série de TV americana, prender um garota contra a vontade dela. – falou ela toda mimada.

__Desculpe. – respondi emburrado. - __Pra onde vamos então?

__Pro Subway. Eu tô com fome. – ela falou olhando os borrões que passavam pela janela.

Cara, eu tô morte de fome e nada melhor que eu lanche do Subway cheio de gordura... SUBWAY? QUE PORRA É ESSA? Não tem uma gota de gordura.

__Você disse Subway? – perguntei chocado.

__Foi. Caso você não tenha notado eu engordei 3 quilos. – ela falou apontando para a barriga coberta pela blusa quando meus olhos se perderam nas pernas dela.

__E vai engordar mais três quilos, porque estamos indo ao Mcdonalds. – falei fazendo o retorno para a escola, ali perto havia um Mcdonalds.

Ela ficou calada, mas seu sorriso foi refletido na janela.

__Adoro quando você é controlador.

__Adoro ser controlador, então cuidado. – avisei a fazendo rir. - __Adoro a sua risada.

__Eu tenho que confessar uma coisa – falou ela ainda corada com a minha frase anterior - __Eu senti sua falta.

__Eu sei, meus encantos são infalíveis. – falei me gabando e ela riu - __Também senti sua falta Allyson.

__Bom, então não seja um idiota de novo. – resmungou ela corando. - __Agora, acelera aí que eu tô com fome.

P.O.V. Liam

__Ouviu o que eu disse? – minha mãe gritou bem perto do meu ouvido.

__Escutei, eu tinha escutado na 3ª vez que você disse. – resmunguei.

Ela suspirou e eu revirei os olhos sabendo o que viria a seguir, o sermão insuportável então já me apressei em corta-la.

__Mãe, o otário esta lá fora te esperando. – informei e ela me mandou um olhar repreensor - __Você disse que eu
não podia chama-lo assim na frente dele e ele esta lá fora.

Ela analisou meu rosto e acariciou a minha bochecha me deixando meio sem ação.

__Eu coloquei alguém pra ficar de olho em você Liam. – avisou e eu segurei a risada.

Como se eu não tivesse ouvido ela falar no telefone com a Jéssica hoje a tarde, grande guarda-costas ela me arrumou, o guarda-costas mais irritante de todos.

__Você não pode ir e confiar em mim?

__Não da maneira como você vem agindo. Irresponsável – ela bronqueou e logo beijou minha bochecha. - __Sabe que eu amo você certo? – falou ela chorosa e eu suspirei.

__Sim mãe. Você não me deixa esquecer. – falei a empurrando para a fora de casa. - __Boa viagem, cuidado com a neblina e te vejo no domingo.

Fechei a porta na cara dela e subi correndo pro meu quarto. Tomei um banho rápido e comecei a procurar uma roupa pra vestir.

Mais que porra aconteceu no meu guarda-roupa?

Ta tudo arrumado, como é que eu vou achara alguma roupa desse jeito?

Peguei uma camiseta branca e minha jaqueta de couro preta, uma calça jeans escura e supras pretos. Estava arrumando meu cabelo quando meu celular tocou.

__Cara, cadê você? As pistas tão quentes. Não vai vir não?– Tom falou abobalhado... Idiota, aposto que já andou
fumando.

__Claro que vou. – respondi.

__Pensei que sua véia ia embaçar o baguio e tu ia ficar em casa comendo biscoitinho da mamãe. – zombou ele e quase não entendi o que ele disse. Definitivamente ele havia fumado alguma coisa.

Revirei os olhos.

__Cara, minha mãe foi viajar e só volta no domingo. Eu vou com o Jeep e pretendo voltar com o Lamborguini do Jimmy.

__Você vai correr de Jeep? – perguntou o idiota.

__Só se eu quiser comer poeira né o retardado? O Derek ta levando as chaves do Bugatti 16.4 Veyron, hoje a coisa vai ser boa. – falei saindo do quarto.

Tom assoviou.

__Você vai voar, dude.

__Ta, tá. Daqui a pouco a gente se fala e para de beber Tom, você já um idiota e ainda inventa de beber... – desliguei. Tranquei as portas e fechei as janelas.

Entrei na garagem assoviando, apaguei a luz e entrei no carro. Saí da garagem e fechei a porta da mesma.

Quando eu cheguei na “festa” a animação já tomou conta de mim. Todos aqueles carros incríveis e velozes... A noite ia ser interessante.

Estacionei no canto mais escuro e saí do carro, dando a volta para ir para onde a música tocava alta e pessoas dançavam animadamente.

__LIAM. – me virei com o sorriso animado e logo o desmanchei e andei lentamente para perto do ser humano que me chamou.

__O que faz aqui? – perguntei baixo.

__Lugar legal. – Jéssica parou de olhar ao redor e me encarou - __Não esta feliz em me ver? Não vai me dar um sorriso?

Forcei um sorriso e logo voltei e expressão normal.

__Já sorri, agora vaza!

__Não. – ela pareceu irritada - __Eu adoro o perigo – percebi - __Quem sabe o amor da minha vida não esta aqui?

Dei uma risada mal-humorada.

__Ou a sua morte. – ironizei. - __Aqui você não vai encontrar ninguém que presta.

__Ui, adoro. Então aqui só tem BadBoy? – ela deu um sorriso pervertido - __Quem precisa de amor? Quem sabe eu não encontro uma noite de sexo selvagem?

Como se para enfatizar o que ela disse um carinha passou do nosso lado e a olhou dos pés a cabeça mordendo o lábio inferior. QUE FILHO DA PUTA SEM VERGONHA.

Jéssica estava sorrindo para ele.

__Ô SEU FILHO DA PUTA, VOCÊ QUER MORRER? – perguntei furioso, o cara tirou um pedaço de papel e enfiou no bolso de trás do short dela.

__Você é o namorado dela?

__Namorados não são os únicos que tem armas. – ameacei e ele ergueu os braços em forma de rendição e se afastou.

Jéssica me encarava tentando segurar a risada.

__Liam, acho que você ta um pouco nervoso. Relaxa – ela colocou as mãos nos meus ombros. - __Sente a música e dá uma dançadinha. – ela começou a dançar de um jeito estranho.

Analisei ela atentamente. Era a primeira vez que a via assim de perto desde que ela tinha cortado o cabelo. Ela quase parecia um anjo, os olhos verdes bem marcados e os
cabelos emoldurando o rosto, mas o que estragava tudo era a roupa.

O mini short e a blusa regata cinza fina, pode parecer um roupa inocente... Para garotas como a Naomi ou a Sarah, mas a Jéssica.. Ela tem as pernas grossas e mais bunda que as garotas americanas. Muita perna de fora e muita informação com muitos idiotas pra apreciar a vista.

Ela estava absolutamente sedutora com aquela roupa, porque não parecia vulgar, só parecia linda e sexy e é melhor eu desviar o rosto agora.

__Agora eu sei por que você vem aqui. É bem animado. – ela comentou sorrindo.

__Tá na hora de ir pra casa. – falei a pegando pelo braço.

__Por que você vai pra casa agora? – ela perguntou confusa.

__Você vai. – expliquei. Ela parou de andar, me olhou de cima a baixo e soltou o braço.

__Eu não vou a lugar nenhum. Você não manda em mim. – ela me mandou um olhar irritado para enfatizar - __Só você pode ser irresponsável?

Suspirei.

Ela não vai ir embora.

Talvez isso seja o que ela precisa. Uma dose de perigo, pra voltar correndo pra casa.

__Tudo bem, então fica. Espero que você se divirta. – dei as costas para ela e segui para onde Tom estava conversando com o Derek.

__Ei ô seu cuzão. Pensei que ia dá o cano. – Derek falou sorrindo e jogou as chaves do Bugatti na minha mão -
__Cuida bem hein?

__Pode deixar. Cadê o Jimmy? – perguntei olhando para Jéssica que andava até o porta-malas de um Mustang onde tinha um balde cheio de gelo com bebidas dentro.

__Acabou de ir pegar uma bebida. Acho que vocês são os próximos a correr. – Derek falou.

Aposto que ela vai pegar uma coca-cola, pensei, ainda olhando para Jéssica enquanto ela pegava uma garrafa de Smirnoff Ice e abria a tampa com o dente me deixando completamente chocado.

__Vocês viram? – Jimmy falou se aproximando de nós, fez um toque comigo e encostou-se ao carro ao nosso lado.
Ele apontou para Jéssica e sorriu - __Carne nova no pedaço. E de primeira.

Eu já não gosto dele e ele ainda vem com esse papinho pro meu lado?

__Aposto dez dólares que ela tem 18. – Derek falou.

__Não, dude ela tem cara de 17. – Tom discordou analisando.

__Ela tem 15. – respondi de má vontade.

__Você a conhece? Apresenta pra mim. – Jimmy falou animado.

__Não é pro seu bico, Jim. – Derek zombou nos fazendo rir.

__Se eu ganhar a corrida de hoje, você vai me apresentar, fechado? – Jimmy propôs.

__Fechado. – falei apertando a mão dele. Eu fui até o Bugatti e o levei até a linha de partida marcada com spray verde. Jimmy parou o Lamborguini dele ao meu lado enquanto a contagem começava. 10, 9, 8...

__Abre essa porcaria. – Jéssica falou enquanto tentava destravar a porta.

__Não vou abrir.

__Abre logo. –mandou ela.

__Não. Não vou abrir merda nenhuma.

__ABRE ESSA PORRA LOGO. – gritou ela.

__ Você enlouqueceu? – perguntei chocado. Ela suspirou, pegou impulso e entrou pela janela.

__Saí do carro. – gritei irritado.

__Não vou sair. – falou ela cruzando os braços.

__Eu vou te jogar pra fora.

__Aí eu te quebro na porrada. – ameaçou ela.

__Jéssica, você vai... – ela me interrompeu.

__Liam... – eu interrompi ela.

__Cala a boca e me ouve. – gritei.

__LIAM, A PARTIDA JÁ FOI DADA. – me virei para frente e o carro do Jimmy já estava a um metro de mim. Me
apressei em acelerar e passei voando pela garota que tinha feito a contagem.

__Nossa você é muito ruim nisso hein? – Jéssica zombou e logo começou a rir tirando a minha concentração.

__Você que tirou a minha concentração. – briguei e a encarei de relance. Ela parecia estar se divertindo. - __Coloca o cinto.

Ela me obedeceu sem reclamar.

Acelerei, mas havia me esquecido que o que vinha agora era uma curva e logo o carro derrapou de leve perdendo a velocidade. Voltei a acelerar e já conseguia ver o carro de Jimmy.

__Mais que droga a gente vai perder. – resmungou Jéssica. Alcancei o Jimmy e ele ficou fechando a minha passagem, dançando entre as faixas feito um idiota.

__Empurra ele. – incentivou Jéssica. - __Antes pagar um conserto de carro com um Lamborguini na garagem do
que ficar chupando o dedo.

Dei uma risadinha de leve, fiquei lado a lado com Jimmy e impulsionei o carro em sua direção, mas ele não cedeu e o impacto foi forte do lado do passageiro.

__Filho de uma égua. – Jéssica reclamou. Continuamos seguindo lado a lado, toda vez que eu ia ultrapassar ele batia na lateral do carro.

Jéssica começou a revirar a bolsa.

__O que você ta fazendo? – perguntei confuso a encarando de relance.

__Resolvendo o nosso problema. – respondeu ela, logo em seguida soltando um “AHÁ, te achei!”. Tirou uma garrafinha de Smirnoff da bolsa e tirou a tapinha, bebendo um gole. - __Bate nele.

Fiz o que ela mandou e quando estava próximo do carro de Jimmy, Jéssica jogou a garrafa no vidro do carro o
fazendo se estilhaçar e Jimmy tomar um susto fazendo o carro derrapar. A distração que eu precisava. Eu o ultrapassei e fiz a curva, para voltar ao ponto de partida.

Jéssica gritava animadamente, seus olhos brilhavam e quando passamos pela linha de chegada onde as pessoas
rodearam o carro ela saiu do carro e começou a pular de felicidade.

Tom e Derek começaram a gritar ao meu redor. Tom de animação e Derek de raiva.

__Como isso aconteceu? – Derek apontou para o amassado (gigante) na lateral.

__Bom... Erros de percurso. – falei dando um sorriso amarelo. - __Não se preocupa, eu pago o conserto.

Ele continuou a acariciar o amassado enquanto eu caminhei até Jéssica que estava encostada no capô do carro.

__Você estava certa.

__Sim, por isso ganhamos.

__Eu ganhei. – corrigi.

__É, você ganhou. – ela ficou
olhando para as pessoas dançando um pouco a nossa frente. Quando voltou a olhar para mim seu olhar estava sério. - __Você faz isso sempre?

__Correr? – ela assentiu - __Sim.

Ela suspirou e passou a mão pelo braço levemente molhado pela garoa que caía.

__Não vou dizer mais nada a você, se quer fazer faça. Você não entende como você é importante.

__Pra você? – provoquei e ela desviou o olhar.

__Sua mãe fica preocupada e desesperada que algo aconteça. – falou ela mudando de assunto.

__Jéssica, não é tão perigo... – uma sirene de policia soou alta e todo mundo começou a correr. Jéssica me encarou sorrindo.

__O que estava dizendo? – ela perguntou irônica.

__Que ta na hora de ir embora. – peguei ela pelo braço e comecei a correr em direção a onde havia estacionado o
Jeep com a chuva que havia aumentado atrapalhando a minha visão. Parei tentando ver onde eu estava, mas as pessoas correndo desesperadas ao meu redor e o barulho alto dos carros atrapalhava a minha visão.

Minha mão desceu pelo braço de Jéssica e se entrelaçou com sua mão. Ela encarou nossa mãos entrelaçadas e sorriu.

Abrimos passagem pela multidão e chegamos ao Jeep, destravei o alarme e entramos molhando tudo.

__Você ta bem? – perguntei pegando o rosto molhado dela em minhas mãos e ela suspirou.

__Tô. Só meio tonta por causa dos Smirnoffs que eu tomei. – colocou a mão na cabeça e fez uma careta.

Uma pessoa bateu no vidro do lado da Jéssica nos dando um susto.

__ABRAM A PORTA. – gritou o policial batendo no vidro.

Acenei para ele e Jéssica deu o dedo mostrando a garota doce e educada que ela é, o que o fez bater com mais força no vidro, aí ele abriu a porta – que não estava travada – e pegou a perna da Jéssica a puxando para fora. Ela se debateu enquanto ele arranhava as pernas nuas dela, ela chutou o rosto dele o fazendo soltar a perna e se agarra na porta enquanto ela tentava a tentava fechar, mas o policial não soltava.

Me inclinei e a ajudei a puxar a porta, logo a travando em seguida. Jéssica estava ofegante quando se encostou no banco.

Dei partida no carro e com muita dificuldade consegui sair sem ninguém me seguir. Fomos o caminho todo em silêncio, os únicos barulhos eram o da chuva e os dentes da Jéssica batendo de frio.

Estacionei na entrada da minha casa.

__Por que estamos aqui? – ela perguntou olhando ao redor agitada. - __Aqui não é minha casa.

__Eu sei, mas é a minha. – respondi tirando a chave do contato.

__Você tem que me deixar em casa. – exigiu ela.

__Com essa chuva, é meio difícil que eu consiga achar o caminho pra lá. – expliquei.

__Eu não... Mas... LIAM.

__O Billy ta em casa? Você vai se encrencar se não voltar?

Ela suspirou e encostou a cabeça no banco.

__Não, ele sempre costuma viajar no final de semana. É só que... que... Que eu não quero ficar aqui.

__Qual o seu problema com a minha casa? – perguntei ofendido. Ela me olhou nos olhos.

__Meu problema é com você. Eu não quero passar mais tempo com você. Minha cota de Liam por hoje já ta cheia. – explicou friamente.

Aí. Essa doeu!

__Tudo bem. – dei de ombros - __A decisão é sua. Se você não quer ficar numa casa quentinha, com toalhas secas e uma ducha das boas. – abri a porta do carro - __O problema é seu e esse problema pode ser mental.

Ela estreitou os olhos para mim e abriu a porta saindo do carro e caminhou até a mim na chuva.

__Você é um idiota. – falou rancorosa e foi andando até a entrada.

***

Desci as escadas e vi a TV ligada. Já haviam passado 20 minutos desde que chegamos. Eu subi para tomar meu
banho e Jéssica ficou na sala. Eu não ouvi nenhum barulho dela, nem gritos ou xingamentos, nem reclamações ou barulhos de ela fazendo alguma coisa. Só o silencio que de certa maneira é bom, mas não normal quando se tem Jéssica em casa e me deixou preocupado.

Dei a volta no sofá e a vi deitada, os lábios estavam escuros e seu rosto pálido. Apesar de parecer estar cochilando, seu queixo não parava de tremer. Continuava com a roupa molhada.

__Jéssica. – cutuquei o braço dela e ela suspirou abrindo os olhos lentamente em fendas. - __Por que não foi
tomar banho?

Ela estremeceu.

__Eu... Não consegui. – respondeu ela com a voz fraca. - __ Ta frio demais.

Passei as costas da minha mão pela bochecha dela a fazendo fechar os olhos. Parecia a bochecha de um morto.

__O-o quê você esta fazendo? – ela perguntou quando passei meus braços pelas costas e joelhos dela a trazendo
pro meu colo. Subi as escadas e entrei no meu quarto, empurrei a porta do banheiro e a coloquei sentada na banheira.

Tirei as botas dela e liguei a torneira da banheira. Jéssica puxou o pé quando a água quente o tocou, ela parecia estar entre o sono e a realidade, meio sonolenta e completamente dispersa.

__Jéss?

__Hmmm... – ela abriu os olhos e seu corpo relaxou.

__Você deveria tirar a roupa, para eu poder colocar na secadora e você tomar um banho quente.

__Você pode me ajudar?

Aí, caramba.

Hesitei. É só a Jéssica, eu a conheço desde criança, já fiz isso várias vezes, principalmente quando os pais dela estavam em crise e ela inventava de beber com as malditas líderes de torcida e eu não podia deixa-lá ir pra casa, então ela dormia aqui.

Comecei a tirar a blusa dela, sem nem um pingo de resistência da parte dela. Coloquei a blusa ao meu lado e fixei meu olhar na calça enquanto eu a tirava e colocava junto com a blusa.

A água quente já batia na barriga dela e sem querer (juro pela minha mãe mortinha que foi sem quere) meu olhar caiu nela, tipo, por inteiro. Eu sou um cara e tinha uma garota de calcinha e sutiã na minha banheira. A garota mais
linda que eu já vi, sendo o rosto ou o corpo... Tudo perfeito.

Ela olhava diretamente para mim, não sei se ela percebeu para onde eu estava olhando, mas ela me olhava de um jeito estranho.

__Esta se sentindo melhor? – perguntei.

__Um pouco. – ela se endireitou na banheira e passou a mão pelo braço. - __Está mais quente. Obrigado.

__De nada. Eu deveria ter reparado em você desmaiada no sofá antes, me desculpe. – falei me sentando no chão e colocando a mãos na água.

Ela analisou meu rosto.

__Por que esta sendo tão legal?

Eu não estou sendo legal, só... Normal. Acho que ignorar ela não foi muito bom, já que fazer uma coisa tão
normal como cuidar dela a faz achar que estou sendo legal.

__Eu estou normal.

Ela riu.

__Você passou uma semana inteira me evitando. Me desculpe se ver você se preocupando comigo me choca. –
ironizei.

__Me desculpe, eu só não sabia como agir.

Como você age quando esta se atraído pela sua melhor
amiga?

__Talvez se você me contasse o que esta havendo a gente possa resolver juntos. – ela falou e pegou no meu braço.

__É complicado. – mordi o lábioinferior e ela suspirou.

__Certo você não me conta nada mesmo. – deu de ombros.

__Dramática. – revirei os olhos.

__Só não gosto disso Liam, de não saber as coisas, esta me afetando e você esconde de mim. – ela se aproximou de mim. - __Não estou gostando do rumo que as coisas estão tomando, não confio mais em você e nem você em mim e já que você não toma nenhuma atitude...

Ela colocou a mão na cabeça e gritou. Me aproximei assustado.

__O que foi?

Ela levantou o rosto mordendo o lábio inferior e me pegou pelos ombros me trazendo para dentro da banheira
espirrando agua por todo o banheiro.

__Sua louca, pensei que você tivesse com dor. – falei ofegante. Jéssica olhou para minha camiseta branca que estava transparente e gargalhou.

__Seu bobo.

Peguei a cabeça dela e com cuidado a afundei. Ela submergiu ofegante e engasgou.

__Quer me matar? – ela perguntou rindo. Me sentei no canto oposto olhando para ela e encostei minhas costas na
banheira. Ela se sentou da mesma maneira que eu e sua perna encostava-se à minha. Ela estava com os cabelos molhados e rindo alegremente.

__Você deveria ter visto a sua cara.

Bufei.

__O que você queria fazendo isso?

Ela parou de rir instantaneamentee veio se aproximando de mim, passou uma perna de cada lado do meu corpo e sentou na minha perna.

__Quero que você me conte o que esta acontecendo e eu quero seja agora. – Jéssica falou séria. Eu ainda estava
meio chocado pela maneira como ela esta... Tipo, molhada aquele jeito, de calcinha e sutiã. Me subiu um calor do cacete e uma vontade de...

__Liam? – estralou os dedos na frente do meu rosto.

__Eu vou tomar um banho frio e depois conversamos. – tentei me levantar, mas ela não deixou.

__Vamos conversar agora.

__Por favor, Jéssica. Prometo que conversamos, mas primeiro eu vou tomar um banho frio.

Ela piscou os olhos atordoada.

__Por quê? – aproveitei a distração dela e me levantei.

__Tem roupas suas no meu quarto, das noites que você dormia aqui. Vou colocar essas na secadora. Termina de
tomar banho aí que eu vou tomar no quarto da minha mãe. – saí da banheira e torci minhas roupas.

__Você fica muito sexy molhado. – Jéssica falou rindo e logo parou quando percebeu o que disse. - __Seu cabelo,
ele fica... Sei lá. Só é sexy. Mais pras outras garotas, não pra mim.

Saí do banheiro sorrindo.

***

Jéssica estava sentada no assento da janela, olhando para a casa do pai dela. Continuei secando meu cabelo com a toalha enquanto andava na direção dela.

__Vou dormir no quarto de hospedes? – ela perguntou sem se virar. Franzi a testa.

__Não, quer dizer, você quer dormir lá?

__Você quer que eu durma? – rebateu ela se virando para me encarar.

__Você que sabe. – dei de ombros - __Pensei que queria conversar.

Ela se levantou.

__Mas agora eu não quero mais. – falou ela exasperada.

__E por que não?

__Você fez tanto alarde, quer dizer, parece que é uma coisa importante e grave. – ela começou a andar de um
lado para o outro - __Você me conhece muito bem, parece estar com medo da minha reação então à coisa é tão ruim que eu vou reagir mal e eu não quero ficar brava com você, não mais do que eu já estou depois de você ter me deixado.

Ela suspirou.

__Não mais brava do que eu já fico diariamente com você. – ela se virou para me olhar - __Pode não parecer e
eu odeio isso, mas eu simplesmente amo você e não quero te perder. Então eu não quero saber.

__Jéss... Você não vai me perder. – falei tentando a acalmar, parecia que ela ia explodir a qualquer momento.

__Eu já estou te perdendo, você esta escapando por entre meus dedos Liam. Eu não posso perder você, não você, faz ideia do quanto eu amo você?

Me levantei para abraça-la, mas ela recuou.

__Ei, Jéssica, eu já disse que não importa o que aconteça...

__Você já me deixou uma vez e eu nem sei o porquê. Eu fiz algo de errado?

__Você não fez nada.

__SE EU NÃO TIVESSE FEITO NADA VOCÊ NÃO TERIA IDO. – ela gritou - __Foi por que eu beijei você?

__O que? – o choque em minha voz soou alto - __Claro que não.

__Eu tava bêbada e você sabe que eu enlouqueço quando estou bêbada.

__Não foi por isso.

__ENTÃO FOI POR QUÊ? – ela gritou enfurecida.

__Foi por que o Jeffrey quis. – gritei de volta e ela ficou parada no lugar me olhando e logo depois começou a caminhar para a porta.

__Aonde você vai? – perguntei confuso.

__Você vai ficar mentindo e colocando a culpa nos outro então eu vou embora. – falou ela. Corri atrás dela e a joguei em meu ombro enquanto ela se debatia, a joguei na cama.

__Você não vai a lugar nenhum.
__ME SOLTA!

Sentei na perna dela e coloquei os braços dela acima de sua cabeça, os segurando lá e a impedindo de fugir.

Ela grunhia de raiva.

__Solta meus pulsos.

__Você vai fugir?

__Você vai mentir?

__Como você sabe que eu estou mentindo?

__Talvez por que sua resposta foi sem sentido e idiota?

__Será que é porque você não a ouviu toda?

Ela ficou calada.

__Posso te soltar? Promete não fugir?

__Eu não prometo nada.

__Então não vou soltar.

__Tá legal, eu Jéssica Walker prometo não correr porta a fora. – ela falou irônica - __Pode soltar agora?

Soltei os braços dela e caí deitado ao seu lado. Virei o corpo dela para o meu e procurei seu olhar, mas olhava para a parede atrás de mim.

__Eu estava meio bêbado naquela noite lembra? – ela assentiu - __Já era a terceira vez na semana e era somente
quinta-feira. Eu te deixei em casa e segui para a casa do Adam buscar meu moletom, você me ligou para dizer que sua mãe tinha morrido quando eu já estava no caminho de casa. Eu cheguei a casa e quando abri a porta minha mãe e o Jeffrey estavam sentados no sofá, junto com mais dois caras vestidos de preto. Falaram que eu não podia seguir assim, bebendo e chegando tarde. Jeffrey já estava querendo se livrar de mim a um bom tempo e eu já tava sabendo, comecei a ficar preocupado quando minha mãe soltou um “Sinto muito” e... – hesitei - __Os caras que estavam sentados no sofá se levantaram e me “imobilizaram” e quando eu acordei estava na academia Militar da Califórnia.

Os olhos de Jéssica voaram para o meu rosto.

__Pode parecer mentira, mas eu só conseguia pensar em você e na sua voz quando você me ligou, em como você
deveria estar, o que o Billy ia fazer com você e eu pensei que você sabia.

__Não, sua mãe me disse que você tinha ido viajar.

Suspirei.

__Agora você entende? – perguntei.

__Sim. VOCÊ É UM IDIOTA. – me assustei com o tapa que ela deu no meu peito - __Por que não me falou isso antes?

__Eu... Sei lá. Tô falando agora não tô?

Ela analisou meu rosto e logo um sorriso se formou nos lábios dela.

__Eu fico tão feliz que você não tenha me deixado por que quis e tal. Você sabe que eu estava preparando seu
assassinato não sabe?

Gargalhei, coloquei minhas mãos na cintura dela e a puxei para perto de mim a envolvendo num abraço. Senti sua respiração no meu pescoço e sem nenhuma explicação meu coração começou a martelar alto.

__Você vai dormir comigo não vai? – perguntei no ouvido dela.

__Na sua cama? – ela perguntouquando nos afastamos.

__Sim, como quando nos éramos pequenos.

__Você era tão apegado a mim.Lembra aquele tempo que você pulava a janela para dormir comigo porque não
conseguia dormir sem mim. – ela falou toda metida.

__Lembro. Me arrependo de ter te contar isso, você ficou se achando.

__Como foi que você disse? – ela falou me ignorando - __Jéssica, eu gosto do seu cheiro e de encostar o nariz no
seu pescoço. Você era tão fofo quando era pequeno.

__Agora eu sou sexy, principalmente quando estou molhado. – ela desviou o olhar mordendo o lábio inferior.

__Cala a boca e vai apagar a luz. – falou me empurrando da cama. Fechei a porta e desliguei o interruptor. Tirei a blusa e a joguei na cadeira do computador. Caminhei para a cama e me deitei.

Jéssica estava sentada prendendo o cabelo num rabo de cavalo.

__Sobre aquele negócio de eu ter te beijado... Foi só maneira de dizer. Eu não te beijei, sabe? Tipo, beijo de verdade. – ela se enrolou nas palavras.

Soltei uma risada baixa.

__Eu me lembro.

Ela se virou bruscamente.

__Se lembra do que?

__De você, me beijando dentro do carro quando eu fui deixar você em casa.

__Você imaginou isso.

__Não, eu me lembro bem da sensação. Não foi a primeira vez.

Ela gemeu.

__Vamos desenterrar as coisas mais velhas agora?

__Foi a 4 anos atrás, nem faz tanto tempo.

__Você se lembra? – ela perguntou deitando ao meu lado sorrindo.

__Você não?

__Claro que sim, como eu posso esquecer meu primeiro beijo?

Flash Back On*

__Jéssica! – chamei batendo na porta.

Estávamos no parque de diversões “Broken Arrow”,ele vinha para Atlanta todos os anos e ficava de Janeiro a Abril. A mãe de Jéssica estava andando pelo parque junto com a minha mãe e nos deixaram andando com nosso grupo de amigos, contanto é claro, que eu ficasse de olho na Jéssica
e eu aceitei, afinal, não sabia os problemas que uma garota de 11 anos pode causar... Até acabar no banheiro feminino com Jéssica tranacad em uma das cabines e recebendo olhares tortos de toda mulher que entrava.

__Jéssica alguém fez algo com você? Foi o Noah? Eu
mato... – ela abriu a porta e saiu de cabeça baixa.

__O Noah tentou me beijar.

__Você não queria?

__Claro que sim, eu só... Nunca... Fiz isso antes.

Arregalei os olhos.

__Nunca?

__Nunca.

__Mesmo?

__Mesmo.

__Nem no espelho?

Ela franziu a testa.

__Por que eu iria beijar o espelho?

Fiquei parado olhando pro rosto dela. Já havíamos conversado sobre beijo porque eu sempre contei para ela das garotas que eu beijei.

__O que eu faço Liam? Se eu fizer algo de errado
vai ser o mico do século.

__Calma, a gente pode sair de fininho.

Ela arregalou os olhos e logo o olhar que eu tanto conhecia (e odiava) tomou conta do seu rosto.

__Tive uma ideia. – ela falou me puxando para fora
do banheiro. Andamos até a roda gigante e Jéssica parou em frente a ela sorridente.

__Jéssica, seja lá o que você esta pensando... Para
agora! – falei assustado e ela tentou me interromper falando alguma coisa, mas eu ignorei - __Nunca dá certo esse seus planos malignos e...

__Cala a boca, Liam e me ouve.

__Ta e o que você esta aprontando?

__Você é muito burro mesmo. – ela revirou os olhos - __Estou aqui há horas te falando para me beijar. Me beija logo.

A olhei chocado e ela suspirou.

__Eu treino com você, você me ajuda com esse negócio de beijar já que você é tããão experiente e depois eu beijo o Noah, simples. – ela continuou quando viu minha expressão hesitante - __ Quer dizer, beijar você não pode ser tãão ruim, as garotas são completamente apaixonadas por você
na escola... Deve ter alguma razão.

__Certo. Você... Quer que eu te beije ou você vem e... – me enrolei com as palavras e ela riu.

__Como você faz com as garotas? Quero que você aja
como se eu fosse uma delas, bom não tão vadia quanto, mas como você as beija?

Ela encostou-se à grade que rodeava a fila para a roda gigante e ficou me olhando com seus grandes olhos verdes enquanto eu refletis sobre o que ela me pedido. Não havia como eu beijar ela como beijava as outras, ela é diferente e se eu fizer algo errado ela me espanca e... Eu nunca beijei uma garota tão bonita como ela, sem contar que eu a amo. Ela é minha melhor amiga.

__Vai demorar? Esqueceu como se faz? – provocou ela
rindo.

__Olha, eu vou fazer isso, mas se você quiser parar, você me fala.

Ela arregalou os olhos.

__É ruim? Eu sempre pensei que era nojento e tal, mas a Allyson falou que era bom... Aí droga, faz logo. – fechou os olhos.

Dei uma risada baixa da cara dela e fui me aproximando lentamente.

__Rápido Liam, não precisa ficar com medo de me assustar, mamãe e Tia Katy adoram me arrastar para filmes de romance, eu sei como é que é. Não sou tão inocente quanto pareço – ela explicou me puxando pelo braço para perto dela.

Isso é muito difícil, afinal ela parece um anjo completamente inocente e eu o cafajeste que a esta desvirtuando.

Passei as costas da minha mão pela bochecha dela e seus olhos nunca deixaram os meus.

Fui a imprensando levemente na grade, ela olhou para a minha boca e se inclinou para frente. Meus lábios se encontraram com os dela e senti o corpo dela relaxar sobre a grade. Foi apenas um longo selinho, eu não queria assustar ela, não queria a beijar como eu beijava as outras, queria que fosse especial.

Peguei na cintura dela e apertei, soltei os lábios dela por um segundo e sem abrir os olhos ela se inclinou para frente e encostou os lábios nos meus. Acho que foi bem na hora que ela colocou a mão quente na minha nuca que eu perdi o controle. Pedi passagem com a língua e lentamente ela deu, quando minha língua encostou na dela a senti apertar a minha nuca com um pouco mais de força e eu logo a soltei me encostando na grade ao seu lado. Ela estava ofegante e de olhos fechados.

Caramba, será que ela tá bem?

__Como foi? – ela perguntou ofegante.

__Bom.

__Só bom? Tipo, bom o suficiente.

Ah tá que eu ia dizer que foi MUITO bom...

­­__Acho que sim.

__Liam, me dê algo. Ou foi bom ou não, não tenho “acho”.

Fiquei calado.

__Certo. Obrigada por ter feito o que eu pedi. – me virei a tempo de vê-la desencostar da grade. - __Você me tratou igual trata as suas vadias.

Minha boca se abriu em um perfeito “0”.

__Obrigada. Agora eu sei o que elas gostam você. – ela sorriu para mim e começou a se afastar - __Te vejo na montanha russa.
E se afastou de mim.

Será que ela não sentiu o que eu senti? Acho que foi coisa da minha cabeça já que no dia seguinte ela me tratou normalmente e me na mesma noite beijou o Noah.

Flash Back Off*

__Eu beijei o Noah e foi horrível. – Jéssica falou rindo. - __Que beijo mais sem graça e melado.

Gargalhei.

__Foi melhor com você. – admitiu. - __Sei lá, eu estava menos nervosa e acho que aproveitei mais... Foi engraçado.

__Claro eu sou o Sr. Beijo-Inesquecível. – me gabei e ela riu.

__E eu sou a Sra. Beijo-Inesquecível, aprendi com o mestre e arraso corações. – brincou ela. - __Mas isso é ruim. Eu não quero namorar agora e beijar incrivelmente bem faz os garotos gamarem em mim.

Gargalhei.

__Eu não tô brincando. Olha só o caso do Spencer. – minha risada cessou na hora com a menção do nome dele - __Não sei o que eu faço, ele pareceu querer algo sério, mas eu não quero e não quero magoa-lo.

Senti a raiva e a posse tomar conta de mim.

__Você beijou o Spencer? – falei furioso

__Beijei. – ela falou confusa.

__Quando?

__Antes de entrar no porta-malas do seu carro. Ele disse umas coisas e me beijou. – ela franziu a testa - __Foi
estranho.

Suspirei aliviado. Aquele estranho quer dizer que ele não é “o” cara.

__Foi muito lento e parado. – ela suspirou - __Eu sou muito exigente e se continuar assim vou acabar sozinha.

__Eu tô aqui.

__E você esta com a Naomi. Não vou ficar de vela.

Revirei os olhos.

__Não é nada sério.

__Fala isso para ela. – Jéssica deitoude barriga para cima e olhou para o teto mordendo o lábio inferior - __Queria ser mais como a Allyson... Entrar de cabeça no amor. – ela me olhou - __Não consigo, sabe? Esse negócio de confiar... Não me cheira bem e eu não vejo como pode acabar de um jeito que não seja mal. Você já amou?

Dei de ombros.

__Eu amo você.

Ela riu e tirou a franja - que havia soltado do rabo de cavalo – dos olhos.

__Amar... De namorado para namorada.

Grunhi.

__Credo, claro que não. Por que eu vou dar o poder de outra pessoa partir meu coração? Claro que não.

Ela ficou calada analisando meu rosto.

__Por isso que eu amo você.

__Pelo o quê? – perguntei confuso.Ela pareceu pensar.

__Não sei... Por tudo. Cada coisinha. Até o fato de você ser um chato. – nós rimos - __Só amo você e é engraçado porque eu consigo enxergar todos os seus defeitos, mas parece que eu amo você mais por isso. – voltou a olhar pro teto suspirando - __Dude, amar é confuso.

Ela ficou de costas para mim, puxou minha mão para a cintura dela, me fazendo deitar atrás dela a abraçando e encaixando meu nariz no pescoço dela.

__Ah, acho que além de tudo, eu te amo por você não ser meloso. – fizemos um “Eca” juntos e logo rimos.

__Boa noite, Liam.

__Boa noite Jéssica.

E lá estava eu, segurando meu mundo inteiro em meus braços...