PVO Nessie

Digamos que a minha vida não é a mais simples… O que é que pensarias sobre uma adolescente que foi deixada para o pai criar com oito meses, que sempre viveu sendo a rejeitada, que só tem dois amigos e não se importa sobre a opinião dos outros? Pois… Essa sou eu.

Eu não reclamo da minha vida, até dou graças a deus à minha mãe por me ter abandonado, já que a única família que preciso é o meu pai. Ele é a pessoa mais certa na minha longa e complicada vida.

-Sabes… Até não é assim tão mau… -a voz de Edward roubou-me dos meus pensamentos.

-Dizes isso porque não é a tua mãe… Desculpa Ed. Eu às vezes falo sem pensar. -culpei-me mentalmente. Edward Anthony Masen Cullen. Um nome demasiado complicado para uma pessoa tão simples e querida. Ed, como é o tratava, era o meu melhor amigo. Um irmão. Vivia comigo e com o meu pai, já que os pais morreram e a tia não quer saber dele.

-Não faz mal. Mas voltando ao assunto anterior, talvez viver com a tua mãe e com a tua irmã por uns tempos te faça bem. Talvez até te tornes… -eu fuzilei-o.

-Eu preferia arrancar um braço do que ser uma bonequinha de plástico como a minha mãe.

-Não exageres…

-A minha mãe abandonou durante DEZASSETE ANOS! Provavelmente perdeu o cérebro no meio de tantos sapatos e roupa. E o meu pai perdeu o cérebro no meio de tanto álcool para a engravidar!

-Ei, o teu pai disse que não estava bêbado!

-Claro… Dormir com uma riquinha metida à besta daquelas por livre e espontânea vontade? O senhor Charlie Swan? -ri alto. -Está bem… E eu sou a mãe Natal!

-Eles ficaram juntos durante três anos.

-E conseguiram ter duas filhas. Tens que admitir, eles não brincavam em serviço.

-Eu ainda acredito que te possas identificar com a tua mãe…

-Quando eu for contra uma parede e bater com a cabeça nela durante 20 MINUTOS, talvez aí me identifique com ela. -disse sarcasticamente. -Além disso, não vou só eu. Tu e o meu pai também vão ficar lá hospedados.

-Como é que será a tua irmã?

-Primeiro que tudo, só tens autorização para namorar aos 20 ANOS! Segundo, a sério que estás interessado na bonequinha de plástico dois? Na princesinha de cabeça oca?

-Quantas alcunhas é que já arranjaste? -perguntou a rir.

-Eu tenho que estar preparada e levar o meu melhor material para aquela casa.

-Estou a ver… O teu pai não vai gostar muito…

-Não é para ele gostar. Quanto mais eu provocar, mais cedo saímos de lá.

-Se for por esse andar, vamos chegar lá, dar meia-volta e voltar para cá.

-É essa a intenção.

-Mas eu adorei a tua reacção. Tiveste um verdadeiro ataque… -murmurou no meio de risos.

-Foi uma reacção natural… -Ed interrompeu-me.

-Natural? Ias arrancando a cabeça do teu pai à dentada quando ele te deu a novidade!

-Não vamos exagerar…

FLASHBACK ON

-Tenho uma novidade para vocês os dois… -o meu pai anunciou, ao entrar na cozinha.

-O que é? -perguntei curiosa.

-É complicado…

-NÓS NÃO NOS BEIJAMOS!-gritei desesperada. O meu pai tinha a mania de fazer Renesmee Swan (leia-se eu) e Edward Cullen (leia-se Ed) um casal. O que não é bem do meu agrado… Quer dizer, o Ed é super atraente, é o rapaz mais deslumbrante que já vi mas… Ele é o meu melhor amigo, um irmão e seria muito estranho. Ele também sente o mesmo que eu, portanto senhoras casamenteiras desse lado, não dêem uma de Charlie Swan, ok?

-Não, não é isso. Eu e a tua mãe voltámos a falar.

-O…K…?

-Encontrámo-nos através de amigos e voltámos a falar. Ela diz que adoraria poder ver-te e ter uma relação de mãe/filha contigo. -o meu pai parecia apreensivo.

-A sério? A SÉRIO? COMO É QUE TU ME VENS PERGUNTAR UMA BARBARIDADE DESSAS!?

-Nessie acalma-te… -Edward estava a tocar-me no ombro, tentando reconfortar-me.

-NÃO. EU ODEIO ESSA AMOSTRA DE MÃE! QUEM É QUE ELA PENSA QUE É? O QUE É QUE ELA PENSA QUE EU SOU? UM CACHORRINHO QUE SE PODE PASSAR DE MÃO EM MÃO!? ELA QUE ARDA NO INFERNO!

-Querida é a tua mãe…

-EU NÃO TENHO MÃE!

FLASHBACK OFF

-Ok pronto… Talvez tenha exagerado um bocadinho em mandar a mulher para o inferno… Mas isso não me tira o direito de a mandar para o inferno!

-É a tua mãe.

-E a mulher que me abandonou quando eu tinha oito meses. Ainda dói. -eu nunca seria capaz de admitir isto a alguém, mas Edward não era “alguém”, era o meu melhor amigo.

-Dá-lhe uma oportunidade.

-Meia-oportunidade.

-O que é que isso significa?

-Que à mínima letra que ela diga mal, eu volto para casa.

-Estás a exagerar!

-Tu é que estás a exagerar! Pronto… Vou dar uma “oportunidade”. -fiz o jeito das aspas com os dedos, na palavra oportunidade.

-Finalmente desistes desta guerra ridícula.

-Eu não disse que ia desistir, disse que lhe ia dar UMA oportunidade. Mas a guerra só está a começar.

-Vão ser três meses mágicos… -Ed murmurou sarcasticamente.

…

-Já arrumaste as tuas coisas? -o meu pai apareceu atrás de mim.

-Estou a tratar disso. Pai, tens a certeza que é uma boa ideia?

-Dá uma oportunidade à tua mãe. Ela ama-te. -ele proferiu com um sorriso.

-Como? Diz-me quantas mães amam as filhas e deixam-nas para serem criadas com os pais? Nenhuma! Porque se deixas a tua filha para um canto qualquer, é porque ela não é boa o suficiente.

-Eu sei que guardas muito rancor dentro desse coração lindo. -ele colocou a mão sobre o meu coração. -Mas eu sei que a vais perdoar.

-Eu não contava muito com isso.

-És uma Swan típica. Orgulhosa até ao dedo mindinho do pé. -o meu pai gracejou.

-O meu dedo mindinho é lindo! Ok?

-Claro minha linda. Tu és linda. -abri um sorriso enorme. -Apesar dessas roupas largas…

-Eu tenho a certeza que a bonequinha de plástico vai reclamar das minhas roupas. Podemos deixar isso para amanhã?

-Sim. -assentiu, sorrindo. Abraçámo-nos forte e o meu pai saiu do quarto.

Tenho que me preparar para o inferno na Terra… Devo ter assassinado alguém na minha outra vida para merecer isto!