Looking Back escrita por Laryssa Costa


Capítulo 1
Meu Pequeno Milagre


Notas iniciais do capítulo

Como eu avisei nas mensagens privadas de vocês, a fanfiction está reescrita! Obrigada as que vierem visitá-las novamente. Beijos, e Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162894/chapter/1

— Bells, você tem certeza? – Rosalie se sentou na ponta da minha cama enquanto eu terminava de arrumar as malas. – Eu não me sinto bem de como amiga, deixar você voltar para aquele lugar. Eu... Eu não quero que você volte do mesmo jeito que você veio.

Rose, como amiga e psicóloga que infelizmente não podia mais fazer meus acompanhamentos, era mais do que um ombro em quem eu podia me apoiar para qualquer situação. Quando eu cheguei aqui, a seis anos atrás, desolada, acabada, e com uma depressão que eu achava impossível de poder ser tratada, ela me ajudou. Eu tinha apenas dezessete anos quando acabei minha escola, e quando, bem, aconteceu tudo. Tive que me afastar de tudo e todos, tive que sair da cidade... Praticamente começar uma vida nova. Sim, isso seria ótimo para qualquer pessoa. Se eu não tivesse deixado algo para trás. Responsabilidades pendentes para trás. E era isto que estava me impulsionando para frente.

— Rose, são apenas quatro e no máximo seis meses. O Doutor James falou que seria uma maravilhosa experiência eu fazer residência em uma cidade pequena, sem falar que vai ser remunerada. Minha família está lá, minha mãe está subindo pelas paredes quando eu contei que vou passar um tempo com eles em Forks – Ri um pouco – Então eu volto, definitivamente. Você sabe que eu preciso trazê-la.

— Ela vai vir morar conosco? – Rosalie olhou para mim com animação, já olhando para a minha mala, vendo se eu estava levando alguma coisa para ela. – Sabe, com você formada e comigo formada e já terminando mestrado, nós podíamos fazer uma reforma neste apartamento, ou mesmo...

— Rose! Você está noiva. – Falei para ela rindo, como se fosse óbvio – No final do ano você nem vai estar mais aqui na Califórnia, então, por favor.

Ela simplesmente suspirou como quem dissesse “e daí?”, mas no fim, ficou quieta. Por fim, fechei minhas duas malas, chequei meus documentos e peguei meu celular enquanto íamos entrando no carro para poder ir ao aeroporto. Assim que peguei minha passagem e achei o nome da cidade de destino, lembranças não muito boas vieram à minha cabeça:

Seis anos atrás, Forks.

“Segurei minhas emoções para não poder desabar em meio à multidão que me rondava no intervalo. Já tinha sido muito magoada, não queria que isso se compartilhasse a pessoas que nem ao menos conheço. Ter Ângela ao meu lado por um lado me fazia ter um terço de segurança, me fazia ter esperanças a seguir lutando... Ela era a pessoa que foi verdadeira comigo. Mas olhando por outro lado Jessica também estava ao meu lado e isso me fez ter uma dor maior no peito, ela me lembrava das mentiras e falsidades pelas quais eu sempre passei.

Sentir que a pessoa que você mais confiava, lhe confiava até a sua própria vida lhe dando as costas em um momento de sensibilidade foi a pior coisa que já passei. Eu já tinha me acostumado com rejeição pelas pessoas ao meu redor, mas por uma amiga...essa seria a primeira vez. E como é um sentimento novo, vem sempre mais forte, mais cortante, mais doloroso. Uma dor tão profunda que afeta até sua própria alma.

Alice simplesmente para de falar comigo de uma hora para outra, sem mais nem menos, do dia par a noite... Sem nenhuma explicação. E simplesmente quando eu mais necessito. Quando uma tal pessoa finalmente me fez pensar que eu tinha descoberto que o amor entre um homem e uma mulher era algo mágico, ele me joga a verdade, dizendo que eu era apenas um jogo imbecil de adolescentes imaturos e idiotas.

— Você está bem Bella? – Ângela sussurrou discretamente no meu ouvido, em meio aquele aglomerado de vozes e gritos, enquanto as outras meninas na mesa, Jessica e Lauren, falavam de algum baile que provavelmente eu deveria saber.

Fiz um sinal negativo com a cabeça. Sabia que Ângela seria discreta se me ajudasse a sair dali, e tive razão. Ela pediu licença calmamente dizendo que iria no banheiro e me convidou para ir junto. Assenti e ela me seguiu em silencio até o banheiro, que por sorte estava vazio.

— Quer ir embora? - Ela pegou em minha mão, sua sinceridade era tão clara em sua voz quanto eu seus olhos. Meus olhos encheram-se d’água e eu fiz um sim com a cabeça. – Ei, tudo bem. – Ela falou preocupada. – Quer desabafar?

Não queria falar nada em voz alta, e eu também não queria dizer, mas eu precisava. Alice não queria me escutar, eu estava sufocada. Então fiz um gesto que com toda a certeza ela entenderia. Coloquei minha mão na barriga e comecei a chorar. Ela fez um sinal de surpresa, mas depois sorriu um pouco e veio me abraçar, enquanto eu me agarrava a sua farda escolar, deixando as lagrimas rolarem, sem me importar em amassar suas roupas.

– Depois que tudo passar, vai ficar tudo bem. Não vou contar a ninguém, fique aqui... Vou dizer ao diretor que está passando mal e ligar para seu irmão Emmett vir lhe buscar está bem Bella?

Isso era tudo que eu precisava para me acalmar mais. Fiz um sinal positivo com a cabeça e comecei a limpar minhas lagrimas com as palmas das mãos. Ela saiu do banheiro e eu tranquei a porta logo em seguida, encostando-me nela e comecei a deslizar pela parede chorando novamente... Logo estava sentada no chão, colocando as mãos entre cabelos em sinal de desespero e desolação. Afinal, o que eu faria agora? Eu só tenho dezessete anos.

Não demorou muito para que ela aparecesse batendo na porta dizendo que conseguiu a autorização do diretor, como boa aluna ele sempre acreditava em suas palavras. Disse que já tinha ligado pra Emmett que ele já estava vindo me buscar, pedi para ela me dar um tempo para eu me ajeitar... não iria sair da escola com a cara amassada e os olhos vermelhos – típicos de uma fracassada – então me recompus um pouco e fiquei aliviada assim que ouvi o sinal para os alunos entrarem para as salas.

Assim que sai do banheiro Ângela já tinhas minhas coisas em mão, agradeci a ela e fui esperar Emmett na secretaria da escola. Ele não demorou muito a aparecer; logo que chegou foi me perguntando se eu estava bem, desatei a chorar de novo e ele apenas me abraçou e me levou até o carro. Não falou nada durante o caminho inteiro e quando chegamos em casa meus pais estavam sentados na sala me esperando preocupados.

— Bella! – Minha mãe me abraçou forte e afagou minha cabeça – o que aconteceu? Eu sabia que você não devia ter comido aquilo ontem, eu disse que você poderia ter passado mal, lembra?

Olhei para minha mãe, e ela sempre me passou confiança. Seria melhor contar para ela agora do que depois... a minha situação poderia piorar e eu não queria mais voltar aquela escola. Mas será que ela me olharia do mesmo jeito?

— Tenho uma coisa para contar pra vocês. - Falei em voz baixa e me sentei no sofá. Minha cara estava meio inchada e eles já tinham consciência de que eu tinha chorado, e muito, eles se sentaram em minha frente e Emmett ficou em pé ao lado do sofá esperando pela... Noticia.

Olhei para meu pai e odiaria ver seu olhar para mim assim que eu dissesse. O que ele pensaria de mim? Que criou uma vagabunda, uma qualquer? Se eu não confiasse tanto em minha mãe e meu irmão eu acharia seriamente que seria expulsa de casa.

— Estou grávida. – Falei em uma voz quase inaudível.”

Seis anos após, agora.

No aeroporto, Rosalie me abraçava pela sétima vez e meu voo sequer tinha sido chamado. Ela estava tirando algumas fotos nossas ali mesmo e dizia “para lembrança, vou ficar provavelmente mais de quatro meses sem você”. Minha gravidez não foi fácil e depois ficar longe da minha filha seis anos também não foi fácil. Mas na época, eu não tinha muitas escolhas. E a melhor escolha que eu tinha de escolher era poder conseguir uma vida em que eu poderia dar o melhor futuro possível para a minha pequena Rennesme. Sim, esse era seu nome.

Minha família sempre vinha me visitar nas comemorações especiais. Dia das mães, Dia das Crianças, Natal e Ano Novo. Infelizmente, as férias não era algo que eu poderia passar com minha filha, decidi optar pelo curso de Medicina em na Universidade da Califórnia, o que me fez dedicar um tempo altamente integral aos estudos. Quando eu não estava estudando para minha filha, estava no skyper com a minha filha. Não consegui pegar a sua fase de primeiras palavras, mas eu sei que ela disse “mama” e depois “vovó, onde está mama?” e então eu chorei. Não consegui pegar a sua fase de perguntas, o que foi até uma coisa boa, pois não queria explicar como ela pode ter uma mãe... Mas não um pai.

— Ela é a coisinha mais fofa que eu já encontrei em toda minha vida. – Rose falou enquanto olhava algumas fotos de Rennesme no meu celular, que minha mãe tinha me mandado a pouco tempo. Ela ainda iria completar seis anos, e isso me deixava com uma dor no coração. Minha filha era simplesmente linda. Seus cabelos castanhos acobreados, ruivos ao sol, já estavam chegando a sua cintura. Eles eram lisos e assim que iam chegando nas pontas, ondulavam naturalmente. Puxou para mim, tendo a pele branca mais do que o normal, mesmo que pegasse um sol a mais. Adorava música, e estava fazendo umas aulas de dança em uma escolinha perto da nossa casa.

Pareciam coisas bobas para quem via de fora, mas quando se passa seis anos sendo uma mera expectadora da vida de uma vida que você gerou, é simplesmente doloroso e cada detalhe é precioso.

— Diga para ela que a Tia Rosalie está com muitas saudades e espera vê-la logo! – Rose praticamente gritou enquanto eu estava indo para o corredor de embarque e as pessoas olhavam-na como se fossem louca e eu simplesmente ri e fiz um sinal de ok. Quando eu cheguei aqui, ela foi exatamente a amiga que eu precisava. E nunca a trocaria por nada. Louca do jeito que fosse ou não.

Seis anos atrás, Forks.

“Minha mãe começou a me olhar mais atentamente, mas com seus olhos arregalados com o choque. Meu pai colocou uma cara de desespero em seu rosto, e indignação. Meu irmão foi o primeiro a explodir:

— Quem foi o desgraçado? – ele perguntou com uma fúria evidente em gritos, mais alto do que sua voz normalmente era por pura raiva, mas não me mim... Sim do imprestável que me fez isso, e eu comecei a chorar... De vergonha, de desespero, de humilhação, de nojo de mim mesma. Eu tinha acabado com minha vida... Mas isso seria o de menos, ela já estava mais que acabada mesmo.

Minha mãe se levantou em passos lentos e se sentou ao meu lado, olhando bem fundo dos meus olhos... como se pudesse enxergar dentro deles, ou mais que isso, pudesse ver a verdade por trás deles, enxergar minha alma e meus pontos fracos.

Ela me abraçou repentinamente, acariciando meus cabelos como quando eu era pequena e estava triste. Chegou bem perto do meu ouvido e falou em sussurro:

— Sei que não é só isso que lhe deixa vulnerável e fraca por dentro. Não precisa me contar nada se não quiser, só quero que tudo que você achar melhor pra você me avise que tomarei as providencias.

Me afastei um pouco e a olhei com surpresa. Foi então, pela primeira vez que compreendi o que é ser mãe. Ela não precisava ser minha amiga pra saber das coisas que eu estava passando, ela sabia apenas por um olhar, apenas por uma feição que eu fazia.

— Filha - Meu pai falou tomando a minha atenção – Não vou brigar com você por isso. Você já deve estar sofrendo o suficiente por sua consciência, mas você terá que arcar com a responsabilidade sozinha.

— Eu vou ajudá-la, em tudo que ela precisar. – Minha mãe falou com uma autoridade enorme, como se estivesse me protegendo com sua própria vida.

Meu pai olhou contrariado para minha mãe e virou as costas, saindo da sala. Meu irmão ainda estava vermelho de raiva, olhando para um ponto invisível da sala, provavelmente pensando em todas as formas possíveis de se controlar ou de matar quem tivesse feito isto comigo. Sua irmã mais nova.

Algumas semanas passaram e eu não voltei a escola. Alguns colegas ligaram, minha mãe mentia dizendo que eu não estava bem. Não era exatamente mentira, afinal, era a época de enjoos, o que foi uma boa ideia desaparecer. O Diretor foi diretamente a minha casa, tendo reclamações evidentes das minhas faltas e que os testes para as universidades logo iriam se abrir e do modo como eu estava lidando com a escola, iria ser reprovada em todas para quais eu me inscrevesse. Minha mãe o enxotou da nossa casa, e tomou todas as providencias possíveis para eu não me preocupar mais com isso. Emmett já frequentava a faculdade, então não era algo que ele precisava se preocupar. Minhas visitas ao médico eram frequentes, tanto para minha saúde quanto para a do bebê. Pré-natal e todos os outros foram responsabilidades da minha mãe, e claro, em sigilo absoluto.

Outro dos meus grandes problemas. Visitas ao médico. Hospital. E isto não tinha nada a ver com fobia. Tinha a ver com o pai imbecil desta criança indesejada. Do adolescente imaturo que virou as costas juntamente com sua irmã, nas horas que eu mais precisava. Carlisle Cullen, pai de Edward Cullen era o dono do maior Hospital de Forks, e o melhor médico da cidade. Minha vida se resumia a hospital e meu quarto, chegou uma época que senti repulsa e até ódio do que eu carregava em meu ventre. Pensei em suicídio, pensei em aborto, mas depois de uma tentativa absurda, enquanto eu estava com os remédios em mãos, eu pensei “Sua imbecil, a culpa é sua, não dele.”.

Minha mãe sempre me protegia. Eu estava tomando este papel agora, e mal tinha começado minha parte e já estava sendo um mal exemplo. Que tipo de pessoa eu estava sendo afinal? Comecei a ver a ignorância que estava injetada em meus olhos. Eu iria protege-lo do mundo ao seu redor. Sei que poderia não ter sucesso, mas eu tentaria.

Quando cheguei ao sétimo mês, minha mãe não recebia mais visitas em casa com frequência e agora os telefonemas eram poucos, simplesmente porque minha mãe inventou a todos que eu tinha ido estudar na Califórnia, onde meus “tios” moravam. Eu realmente iria para lá, mas apenas após o nascimento de meu filho. Que aliás, eu tinha descoberto que era filha! Comecei a estudar para o teste da Universidade da Califórnia e assim que minha bebê nascesse e pudesse já ficar um pouco independente de mim, eu iria sair da cidade.

Ainda estava em depressão por tudo que eu tinha passado, minha mãe estava sempre ao meu lado e meu irmão também. Meu pai ainda estava meio afastado da gente, por me protegerem tanto. Mesmo estando desgastada e tudo mais, uma parte de mim era feliz por ter minha filha como a coisa mais preciosa para mim.

Doutor Carlisle acompanhou minha gravidez e meu parto em sigilo absoluto, com direito a assinatura de papeis com advogados e tudo. Eu pedi e meus pais aceitaram, afinal, eles não queria que eu ficasse falada naquela cidade empestadas por pessoas fofoqueiras. Assim, ele estava proibido dizer a qualquer pessoa (principalmente de sua família) sobre minha gravidez. E isso me deixou mais do que satisfeita, e muito aliviada.

Assim que minha filha nasceu, eu queria leva-la comigo para a Califórnia. Mas minha mãe disse que não era a escolha mais sensata a fazer, pediu para eu pensar no meu futuro e no futuro de minha Rennesme. Era melhor eu ir para San Francisco sozinha, recomeçar sozinha, estudar sem preocupações, ter a minha vida emocional equilibrada, para assim voltar e poder escolher fazer o que quiser. Ela sempre estaria ali esperando por mim, sabendo que eu sou sua mãe.

Foi difícil fazer a escolha, mesmo sabendo que não tinha muitas alternativas melhores. Aceitei ir só, porque seria melhor tanto para mim, quanto para ela. E foi o que eu fiz.”

Seis anos após, agora.

Assim que o avião desembarcou e eu pude sentir o ar úmido e o tempo abafado, que eu realmente senti falta, sorri um pouco. Fazia seis anos que não pisava neste lugar, mas parece que eu fiquei fora somente uns dois dias.

— Bella! – Minha mãe gritou em um ponto do aeroporto, que como não tinha tanta estrutura como o de San Francisco, os carros ficavam estacionados onde bem entendessem, se não prejudicasse o pouso do avião.

Olhei para onde a voz vinha e encontrei minha mão na porta do carro entreaberta, acenando agitadamente esperando para que eu a visse, e sim, estava com lágrima nos olhos. Típico de Renné Swan. Ri um pouco e olhei para os outros dois que estavam me olhando também. Emmett estava mais forte do que eu me lembrava e tinha um sorriso enorme de moleque no rosto, que eu sempre amei. E em seus braços, estava a minha pequena princesa sorrindo de orelha a orelha. Seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo e alguns fios estavam soltos e pregavam em sua pele, e ela estava com um vestidinho branco esvoaçante. Meu pequeno anjo, minha pequena salvação.

— Mamãe! – Ela gritou e se sacudiu dos braços de Emmett que a colocou no chão e ela saiu correndo em disparada para onde eu estava descendo. Ela não desacelerava, e não haviam desconfianças. Independente do inferno que tinha sido meu passado nesta cidade, eu tinha deixado um anjo em minha espera.

E quando ela pulou em meus braços, como se eu fosse a única pessoa que ela queria ver e abraçar em todo o mundo, eu percebi que aquilo era minha casa. Mesmo se meu coração não estivesse totalmente curado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Blog: consequenciadaspalavras.tumblr.com ; Qualquer coisa, podem ir lá que eu estou a disposição ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Looking Back" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.