Un Baiser Plus escrita por H_S


Capítulo 30
Capítulo 30 - Runaway


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Desculpa pela demora, eu sei que demorei, mas eu tive uns contra tempos, mas agora eu finalmente vou poder postar mais rápido e com mais frequência.
Muito obrigada pelos comentários de todos vocês. Continuem comentando por que é muito importante, e claro, me deixa muito feliz.
Está aqui o capítulo trinta, bem eu vou pedir para vocês terem bastante atenção com os detalhes, por que eles vão ser fundamentais daqui pra frente.
Sem música hoje, deixo aberto para vocês ouvirem com o que preferirem.
Sem mais delongas!
Boa Leitura!



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UN BAISER PLUS

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Capítulo 30

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Runaway

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"Seu coração pode se partir, mas só assim pra você saber que tem um".

Mr. Popper's Penguins - (Os Pinguins do Papai)


Cuidadosamente, as mãos de Mikoto encheram os copos com o chá quente e depositaram uma folha de camomila fresca, o deixando mais forte. Remexeu a colher, e, então, a depositou sobre a cozinha, num gesto praticamente automático, depositou o copo a frente de Minato e Kushina. Suas mãos enroscaram o copo quente e seus olhos permaneciam vidrados, encarando o vapor quente subir, sentia o inchaço nos seus olhos e as lágrimas que ainda insistiam por sair gritando em seu corpo.

– Nós sentimos muito, Mikoto... – a voz de Kushina saiu em um tom de melancolia. Mikoto era sua conhecida de longa data, lembrava-se claramente quando levavam Naruto e Sasuke ao parque para passar horas os empurrando nos balanços enferrujados ou quando ela podia servir de confidente em assuntos mais delicados, que Minato não seria capaz de entender. Naquele momento tinha uma sensação de pena pesando em seus ombros, não desejaria estar no lugar dela, Minato era como seu mundo particular, não conseguiria pensar em ter uma vida sem os olhos azulados e os cabelos loiros do marido.

– Estão fazendo de tudo o possível para solucionar o caso, mas como sabe, temos a folha. Fugaku não tinha testamento e também não deixou explicito qual de seus filhos assumiria as coisas, obviamente esse poder passa para você, e seria mais lógico se Itachi assumisse... – Minato se sentia desconfortável por tratar de negócios em um momento de luto como se instalava pela residência dos Uchihas, mas sabia muito bem que a economia e nem as empresas suportariam até o final do luto sem a parte dos Uchiha estabilizada.

– Não... – a voz de Mikoto deu uma leve apertada. Virou o chá quente contra a garganta, e sentiu sua língua queimar, mas realmente não se importava. Apertou as mãos novamente contra o copo antes de direcionar seus olhos a Kushina e Minato – Não poderíamos deixar isso para depois? Eu realmente sinto muito, mas não tenho cabeça nenhuma para lidar com isso agora...

– Eu entendo, Mikoto. Mas a Folha é composta por um conjunto de empresas, Fugaku era responsável por estabilizar tudo, desde crises a falência de empresas sócias ou concorrentes. Se não tivermos um representante dos Uchiha em menos de três dias, deve entender que a parte de Fugaku será anulada e um membro sorteado irá assumir a empresa.

– Em outras palavras, você irá assumir? – Mikoto perguntou depositando seu copo sobre a mesa – Minato, por favor, não vamos nos enganar. Sei que os Hyuuga, até mesmo Sabaku e Yamanaka, não estão nem um pouco interessados se meu marido foi assassinado em um hospital... Sei que se importa, mas o mundo não, eles só estão interessados em garantir que o dinheiro continue entrando em seu bolso e os mantendo mais ricos... – sentiu sua garganta se apertar mais uma vez, mas apenas retirou a folha de camomila de dentro de seu copo – Sim, quem deveria assumir é Itachi, mas ele não me parece bem, não quero conversar sobre isso com ele, nem mesmo com Sasuke, como eu disse, eu não tenho nenhuma condição... Por isso, você é a melhor pessoa para assumir agora. Sei que é competente o bastante pra isso...

Minato deu um leve aceno com a cabeça. Não estava realmente esperando assumir tudo, principalmente depois de uma crise como a que estava ocorrendo, mas Mikoto mantinha a razão, não havia alternativa, Naruto era um herdeiro estável, mas no caso de Fugaku, não lhe possuía ninguém completamente apto para assumir seu cargo.

As mãos de Kushina se depositaram sobre as de Mikoto, que apenas as apertou em resposta, seus olhos estavam encarando a aliança em seu dedo, lembrava-se claramente dos votos, até que a morte os separe. Também se lembrava do dia em que ele lhe compara um colar, pérolas, por que havia dito uma vez o quanto era fascinada por elas, assim como também se lembrava do dia em que ele a levara ao porto, junto com Itachi e Sasuke ainda muito pequeno, para um passeio de barco.

Aquele realmente era um ponto final, ou talvez, um livro que fora jogado no canto antes de ter um final digno, não sabia ao certo, mas sabia que a vida de Fugaku fora interrompida por questões maiores do que poderia entender, mas tinha completamente certeza de o quão doloroso seria lidar com isso.

Espontaneamente, passou seus braços sobre Kushina e deixou suas lágrimas saírem. Não conseguiria lidar sozinha com os destroços que haviam sobrado dos Uchiha.

xXx

Naruto mastigava brutalmente um pedaço de carne. Sentia suas narinas bufando de raiva enquanto encarava a cena. Hinata, Kiba e o cara que sempre esquecia o nome. Era alguma coisa com “S” disso tinha completamente certeza. Simplesmente não conseguia entender por que depois de toda uma conversa sobre “mantenha distância dele e ninguém irá se machucar” Hinata insistia em manter uma relação de paz e amizade.

– Pode ser um pedaço de carne morta, mas ela ainda tem sentimentos, ok? – Shikamaru murmurou, folheando seu pequeno livro de táticas de shogi, até o momento já havia praticado todas as que já haviam sido sugeridas no livro de setenta e cinco páginas.

– Cala a boca. – Naruto murmurou com sua boca cheia, forçando sua garganta a engolir o bolo de carne que havia se transformado o pedaço de bife. Bebeu toda a latinha de refrigerante antes de começar a picar raivosamente a carne.

– Por que simplesmente não pede para ela não andar com ele? Assim menos carnes sofreriam. – Shikamaru murmurou, fechando seu livro e encarando o olhar cortante que Naruto o mandava.

– Eu já fiz isso! Mas ela diz que o Shino e ela são amigos desde pequenos e isso inclui o Kiba, e que agora as coisas estão diferentes e blábláblá. Ela fica rindo com ele, almoça com ele... E eu? O que eu sou agora? Um trapo?

– Bem, ela vê sua maldita cara todo o santo o dia agora... – Temari murmurou, comendo um pouco de seu pudim, Naruto e Hinata eram oficialmente o primeiro casal a se instalarem e começarem uma vida juntos. Sentia uma pontada de inveja, já que queria ter os mesmo planos com Shikamaru, mas ele parecia confortável o bastante na casa de sua mãe.

– Mal começamos a faculdade e agora você vai ter um acesso de ciúmes por que sua namorada não está vinte e quatro horas andando atrás de você como um cachorrinho? Tenha paciência... – Neji murmurou, revirando sua bandeja de comida. Era naquele momento que sentia um grande ódio por não ter um grupo de amigos com um QI mais elevado.

– Não quero que ela me siga como um cachorro... – Naruto murmurou, limpando o molho de churrasco de sua boca – Mas também não quero que ela passe a maior parte do dia perto de certas pessoas, que já fizeram certas coisas.

– Olha, por que simplesmente não deixamos a Hinata na dela, conversando com o Kiba e o Shino... E continuamos a comer? Temos que nos concentrar... Estamos começando a faculdade, finalmente! – a voz de TenTen trazia um leve tom de animação e irritação ao mesmo tempo, que ninguém sabia exatamente em que parte se encaixavam.

– Dane-se que a faculdade começou... Eu só quero que Hinata sente-se aqui. Conosco. E não... Com... Aquela coisa. E o esquisitão do carinha de capuz... – Naruto murmurou impaciente, colocando mais um pedaço de carne em sua boca cheia de molho de churrasco.

– Existem coisas mais interessantes do que a Hinata e suas novas companhias... Como por exemplo, o fato do seu pai assumir a folha... – a voz de Gaara soou pela primeira vez, estendendo o celular com a manchete clara e objetiva.

– Não brinca... – Naruto murmurou, lendo cuidadosamente cada palavra. Realmente aquilo era mais do que estava esperando. A morte de Fugaku já havia sido trágica o bastante, e justo no momento de luto seu pai assumiria tudo? Agora fazia total sentindo por que Sasuke se recusara de vir à faculdade naquele dia. Perguntava-se se era por esse detalhe ou por que a morte do pai havia sido impactante o bastante? Suspeitava da primeira opção – Quando isso saiu?

– Hoje à tarde. Apareceu primeiro na TV, mas não demoraram muito para garantir que milhares de cópias estivessem nas bancas antes do meio dia. A morte de Fugaku não fez mal dois dias, e estão mais preocupados em quanto tempo os Uchiha irão falir. Estão considerando a posse do seu pai como a falência total dos Uchiha. – Gaara murmurou, começando a tocar na comida fresca em sua bandeja.

– Impossível, meu pai não faria isso com Mikoto...

– Eu sei. Mas não estão nem ai pra isso. – Gaara deu os ombros e começou a comer seu macarrão com brócolis. Sua mente estava a mil, realmente não sabia o que pensar. Fugaku morto. Minato assumindo. E Ino no hospital. Apertou o cenho. Não deveria estar pensando em Ino naquele momento, mas não conseguia evitar. Sinceramente, estava ficando cansando de apenas pensar em Ino e de ter que suportar todos os problemas que ela criava a sua volta.

Um silêncio se pairou na mesa. Realmente haviam coisas mais importantes acontecendo do que namoradas, início de faculdades e futilidades comuns.

xXx

Ryu tinha seu corpo pequeno e gorducho sobre a barriga de Sasuke, não demorou muito para que suas pequenas mãozinhas começassem a tocar em cada parte do rosto de Sasuke, puxando sua orelha, cabelo e até mesmo tentando puxar os cílios de seus olhos.

Sasuke mantinha suas mãos firmes segurando o corpo de Ryu, o deixando se entreter do jeito que quisesse. Sua mente estava completamente absorta em coisas mais profundas, desde cada palavra que seu pai havia lhe dito antes de morrer, sobre como ele o segurava ou como lhe explicava as coisas mais idiotas quando era pequeno. Estava se esforçando para se lembrar de seu pai, como um bom pai, uma boa pessoa, mas sua mente estava completamente presa apenas na Folha. Sobre como as empresas vinham em primeiro lugar. Sobre como seu pai havia perdido sua maratona de jogos de futebol por que estava ocupado demais com a papelada.

Sempre se perguntava se não era um fardo, mas depois de um tempo começou a entender que simplesmente seu pai não se importava. Não se importava com os jogos, não se importava como eram suas notas na escola, apenas se importava nos seus resultados com sua imagem. Por isso a rebeldia, o descaço, as drogas. Itachi também era um peso nisso tudo, mas talvez aquela fora a única maneira de ter um pouco de atenção.

Seus olhos se direcionaram para os verdes de Ryu, o encarando enquanto mantinha uma das mãos praticamente dentro de sua boca. Soltou um pequeno sorriso pra ele, gostava de tê-lo por perto, sinceramente, esperava que fosse um bom pai para Ryu. Não queria ser exatamente como seu pai, como tinha uma breve dúvida que viria a ser, mas mesmo que fosse, queria ser diferente de alguma forma, mesmo que isso significasse frequentar jogos e se importar com todas as notas na escola.

Ouviu as batidas na porta. Num esforço tremendo desencostou seu corpo relaxado do sofá, e segurou Ryu com seus braços de forma desajeitada, ainda não sabia ao certo como segurá-lo, mas sabia que era apenas uma questão de prática. Girou a maçaneta antes de encarar a roupa completamente branca acompanhada por um jaleco, os fios curtos presos desajeitadamente para cima e a bolsa preta sendo segurada apenas por dois dedos.

– Por que não disse que ia pegá-lo?! – a voz de Sakura saiu furiosa – Sei que gosta de ficar com ele, mas você tem que me avisar quando faz isso! Eu fui até a creche e ele não estava... Quer me matar?

– Ei... Calma... – Sasuke murmurou, voltando a caminhar para dentro – Eu me esqueci de te ligar.

– É, eu percebi isso... – Sakura murmurou irônica. Deixou sua voz morrer logo depois, e sentiu uma onda de culpa, sabia que as coisas com Sasuke não andavam tão bem desde que a morte de Fugaku veio á tona, e então deixou seu corpo relaxar apenas por saber que Ryu estava em segurança – Desculpe, mas eu fiquei preocupada... Eu ia levá-lo para a casa da minha tia... Mas se você vai ficar com ele, eu tenho de voltar para a faculdade.

– Certo. – Sasuke deu os ombros apenas, colocando Ryu novamente sobre seu corpo e encostando suas costas cansadas no sofá.

Sakura hesitou seus passos em direção à porta. Estava dividida entre consolá-lo ou voltar a estudar todas as funções do órgão do corpo e suas prováveis doenças. Seu corpo se aproximou do sofá o bastante para conseguir fitar de um bom ângulo o rosto de Sasuke.

– Como você está, hein? Não fala comigo direito e ainda por cima... – sua fala se interrompeu completamente com a voz grossa de Sasuke murmurando impaciente.

– Estou falando com você. Apenas quero um tempo para pensar, ok? Isso não é crime.

– Sim, mas, seu pai foi assassinado, Sasuke. Quer você queira ou não. E eu estou preocupada com você e agradeceria se você parasse de me ignorar e começasse a me dizer o que você está sentindo. Eu realmente estou... Preocupada.

– Sakura... Tem certas coisas que eu preciso fazer sozinho. – a voz de Sasuke saiu dura o bastante. E um breve suspiro escapou pelos lábios de Sakura. Havia realmente agido dessa forma logo após que seus pais estavam mortos, não queria saber de ajudas e muito menos apoio, se achava capaz o bastante para lidar com a situação sozinha, mas não era.

– Se você não quer falar, eu não posso fazer nada. Mas eu estou aqui, ok? – Sakura achou aquela frase tão idiota como havia soado. Mas era verdade, estaria ali se Sasuke precisasse.

– Bom saber. – murmurou sem interesse. Não havia realmente prestado atenção nas palavras dela, na verdade, não estava prestando atenção em muita coisa ultimamente.

Sakura o encarou por mais alguns segundos antes de coçar um pouco sua cabeça. Não sabia mais o que dizer, estava sem argumentos. Tentava comparar sua dor com a de Sasuke, mas ele perdera o pai de uma forma mais trágica do que havia perdido os seus.

– Eu volto para pegá-lo mais tarde. – murmurou colocando as mãos em seu jaleco de forma impaciente, e caminhando em direção à porta, não sabia ao certo se ficava extremamente furiosa ou ao menos tentava compreendê-lo.

Simplesmente, tentava fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

xXx

Os olhos de Misha se mantinham fechados. Não via mais sentindo em mantê-los abertos e encarar as paredes sujas, seu corpo já parecia completamente fundido contra a parede fria. Frio. Já sentia seu corpo completamente frio por dentro, mexer um pequeno membro parecia uma tarefa difícil, os hematomas finalmente haviam parado de pulsar por seu corpo, parecia completamente acostumada com a dor. Para ela não se passava de nada mais além de algo passageiro.

Ouviu os passos pesados, e já não encolhia mais seu corpo. O medo ainda estava ali, presente e persistente, mas ao mesmo tempo, acomodado. Não havia sentido em resistir, era fraca. Disso aqueles meses presa foram o bastante para lhe mostrar o quão frágil e fraca era.

As mãos quentes envolveram seus braços finos, a puxando para cima, seu corpo não fazia nenhum movimento, apenas se esforçava para se manter em pé, se preparando para o que aconteceria adiante, mas as mãos quentes segurando gentilmente seu rosto fora o bastante para ambos de seus olhos abrirem.

Como se tentasse digerir aquele momento sentiu seu cérebro simplesmente congelar, e encarar as esferas negras fixas e inatingíveis, seus ouvidos pareciam ter se tornados surdos, por que a única coisa que conseguia era fitar os lábios rápidos de Itachi murmurar algumas palavras.

–... Você me ouviu? – a voz de Itachi saiu ríspida, enquanto seus braços seguravam os ombros de Misha com firmeza – Eu vou tirar você daqui. Mas, preciso que seja rápida, faça o que eu mandar e não tente nada, está me ouvindo?

Misha tentava pronunciar alguma palavra, mas parecia que seu vocabulário havia sido completamente extinto, sua garganta completamente apertada e sua língua arrancada. Deu um aceno com a cabeça, ainda tentando reanimar todos os seus neurônios.

Itachi checou a arma pela segunda vez, mantendo-a firme em sua mão, seus passos seguiram cuidadosamente pelo piso áspero do galpão, dando pequenos ecos, os pés descalços de Misha deixavam-na imperceptível, considerava aquilo algo positivo, mas sabia que o desafio maior era tirá-la dali sem ser notada. Ouvia respiração sua descompassada, secretamente compartilhava da mesma sensação, estava nervoso, sabia que as possibilidades de aquele plano dar certo eram pequenas comparadas com a chance de dar errado. Mas uma parte de seu corpo queria apenas pensar nos prós ao invés dos contras.

Apertou ainda mais a arma em sua mão quando conseguia ouvir os gritos de Hidan, queixando-se de outra partida perdida de pôquer, fechou os olhos por um estante repassando novamente o plano. Colocou a arma no cós de sua calça, antes de se virar para Misha e começar a sussurrar pequenas instruções.

– Vou distraí-los. Não é grande coisa, mas você terá um momento para fugir antes que vejam você, corra, dentro de um quilometro terá um posto de gasolina vá para a parte de trás e se tranque no banheiro, não fale com ninguém. No terceiro boxe, tire o tampão do vaso, dentro vai achar uma bolsa com dinheiro, se limpe, compre uma roupa e espere por um carro preto. Serei eu.

Misha tentava acompanhar cada palavra que Itachi murmurava. Sua mente praguejava por concentração, tinha que entender cada instrução com perfeição se realmente quisesse abandonar aquele lugar.

– Fique com isso. – Itachi murmurou, estendendo sua arma, seus olhos se mantinham presos com os azulados de Misha – Qualquer coisa use-a.

Misha pegou a arma de forma desajeitada, era a primeira vez que realmente tocava em uma. Sentia uma pontada de excitação, parecia exatamente como nos filmes, mas completamente aterrorizante e sem certeza de um final perfeito.

Itachi desceu calmamente as escadas, e então sentiu uma onda de olhares presas sobre seu corpo. Hidan parecia não ligar com sua presença, enquanto estava muito concentrado em sua jogada, Sasori o encarou com o cenho franzido, dando uma longa tragada em seu cigarro. Mas apenas um par de olhos o encarava com intensidade, os olhos caramelizados de Konan.

– Alguma novidade com a russa? – Kisame murmurou, afiando uma de suas facas favoritas. Sua voz saiu em descaso, sem se importar muito com a resposta.

– Não. Tudo continua a mesma coisa. – Itachi murmurou ao seu tom mais natural. Seus olhos se moviam discretamente em direção à escada, sabia que dependeria de Misha para descer e correr dependia dela não perder o momento certo.

– Não é de se esperar. A garota só berra e chora. – Zetsu murmurou em sua voz rouca, rompendo uma pequena gargalhada de Kankuzo.

Misha manteve seus passos silenciosos, apoiando seus pés cuidadosamente os degraus. Ouvia as conversas, mas apenas as ignoravam, seus olhos se mantinham abertos sobre o mar refletindo o brilho forte da lua, o que apenas a deixava maravilhada. Voltou-se para a mesa de pôquer, quatro sentados, o ruivo apoiado sobre uma caixa, mais próximo do portão havia uma garota e um cara cheio de piercings e então Itachi, não conseguia achar o loiro, mas tentava não se concentrar nisso. Encarou a arma em sua mão e então disparou um tiro na direção contrária ao portão principal. Numa súbita onda todos se levantaram e encaram a área dos barcos.

Aquele era o momento. Pensou completamente decidida, rodou agilmente seus pés contra a escada, estava fraca, mas tentava ignorar a dor no seu corpo, o cansaço e tudo que pudesse lhe impedir, apenas tentava correr o mais rápido possível. Ouviu os gritos altos e abafados, haviam lhe notado, aquilo apenas foi um aviso para correr mais rápido, conseguia sentir a humidade da madeira contra os pés, e então percebeu o vento em seus cabelos, havia saído. Mas não havia chegado nem a metade do caminho.

Seu corpo pendeu para trás, sentindo um puxão forte em seu corpo, um grito escapou por seus lábios enquanto fitava os cabelos loiros de Deidara, pânico estalou sobre seu corpo enquanto só conseguia fitar sua arma sobre o chão.

– Aonde pensa que vai, hein? – um tom irônico escapou em sua voz, o corpo de Misha se remexeu com força, mas os braços de Deidara apenas se apertaram mais a sua volta, sem opções, fincou seus dentes sobre a pele, com toda a força que conseguia, Deidara afastou uma de suas mãos contra seu corpo - Desgraçada!

Misha forçou seu corpo para frente, tentando desesperadamente alcançar a arma, mas as mãos de Deidara se mantinham firmes, conseguia ouvir os passos se aproximando. Seus olhos começavam a se encher, não podia simplesmente dar errado, não agora.

Mordeu bruscamente o lábio inferior, buscando força, empurrou seu corpo para trás, fazendo Deidara bater em uma viga e suas mãos fraquejarem por um minuto, esforçou-se para pegar a arma e continuar a correr. Sentia a respiração de Deidara apenas a alguns centimentros atrás, tentando pegá-la novamente, mas apenas apressava seu passo.

Não conseguia pensar em mais nada. Nada além de correr. Dor, sofrimento, esperança, nada mais vinha à tona, não se importava em pisar em uma pedra, ou de ouvir barulho de carros, tentava se concentrar apenas em correr. Seus olhos viraram para trás e agora fitava todos retornando ao porto, sabia que iriam pegar armas e carros, sabia que agora eram os momentos decisivos de sua fuga.

Não sabia o quanto faltava para o posto de gasolina, mas sabia que não teria tempo, correu em direção à praia, sentia a área contra a sola machucada de seus pés, encarou em volta e fitou uma pequena ponte entre a praia, um grande vulto escuro, entre madeiras e rochas. Seguiu naquela direção, encolheu seu corpo, da melhor maneira para ser ignorada, podia sentir a água batendo no seu corpo, insetos roçando em sua pele. Medonho e assustador. Mas não teria nada mais assustador do que voltar para lá.

*2*

Misha mantinha seus braços envolta de seu corpo, embalando a si mesma, como uma barreira invisível para o mundo. O vestido extremamente sujo e rasgado contribuía para sua aparência ser ainda mais notável, seus cabelos despenteados e sujos, os hematomas e os corte em seu braço, tudo aquilo a colocava como centro de atenção.

Seus olhos brilharam quando fitaram o posto a alguns passos de distancia, seguiu lentamente em direção aos carros estacionados em uma fileira organizada e uma loja de conveniência aberta, com algumas pessoas comprando ou comendo algo.

Sentia-se cansada, mas não parou, praticamente lutando para se manter em pé seus passos seguiram para a parte de trás da loja, conseguia acompanhar olhares curiosos a encarando, um desconforto pesou em seus ombros, mas não trocaria uma palavra com ninguém, assim como havia mandando Itachi.

Sentiu pânico ao ver uma figura sair ao meio da escuridão, mas então, seus olhos encaram com completa ternura as feições conhecidas. Teria de ser eternamente grata a aquele homem, Itachi Uchiha, seria sempre seu grande e eterno salvador.

– Fez um bom trabalho. – Itachi murmurou imparcial lhe estendendo uma mochila – Vamos logo, você ficou um bom tempo escondida, devem estar procurando por você ainda, temos que ir agora.

A mão de Itachi deslizou por seu ombro e a empurrou gentilmente em direção ao carro, acomodou-se no banco, então o viu estender um casaco, seus olhos encararam por um minuto antes de agarrar o casaco completamente sem jeito.

– É a coisa mais quente que tenho aqui. Durma um pouco. Não vou machucar você, nem levá-la de volta para aquele lugar, confie em mim. Apenas isso.

xXx

Ino esfregou lentamente suas têmporas antes de prender uma presilha contra seus cabelos, retirando a franja de seus olhos e deixando-os completamente soltos. Colocou cuidadosamente os saltos, e retirou as faixas grossas de gaze enroladas em seus pulsos. Seus olhos encararam a paisagem se passando rapidamente sobre seus olhos. As coisas estavam iguais, na mesma monotonia. Respirou fundo apenas de ficar pensando o que poderia dizer para Gaara, realmente tinha estranhado o fato dele não ter ido ao hospital, ou não tê-la enchido com aquele velho discurso de que era sua vida e que tinha de parar com isso.

Sentia uma onda de culpa por ser tão cínica com tudo, mas não sabia como agir. Sinceramente já considerava tudo uma grande perda de tempo, assim como também já se conformado com o que era, mas sabia que Gaara não. Como poderia continuar com aquele relacionamento se Gaara não era capaz de entender aquele pequeno detalhe? Era naqueles pequenos momentos que se rebatia internamente: Queria alguém que lhe entendesse e aceitasse ou simplesmente a mudasse? Ainda não havia chegado a uma conclusão, mas aquela comparação sobre Sai fazia sentindo. Ele entenderia e aceitaria. Mas compreensão era tudo o que queria?

Suspirou em frustração. Não sabia o que queria. Apenas sabia que queria sua mãe longe, o mais longe que o mundo permitisse. Sinceramente seus problemas familiares eram o grande resultado de todos aqueles cortes, somados com várias decepções adolescentes, claro. Mas do que importava tudo aquilo, se nada parecia ser o suficiente para concertá-la?

Num grande esforço, se colocou para fora do carro e caminhou em direção ao número dezessete, escrito singelamente no muro da residência dos Sabaku, desde que o pai de Gaara havia morrido, ele ficara lá, Kankuro e Temari haviam arrumado seu próprio lugar nos últimos meses, mas Gaara permaneceu ali, parecia ter boas coisas ali para ele, Ino sempre apostavam que eram as vagas lembranças que aquela casa trazia de sua falecida mãe, ou quem sabe, a falta delas.

Encostou seu corpo no batente da porta, logo após de dois toques de campainha, passou os dedos ao meio dos fios loiros. Sentia uma sensação esquisita, quase como um velho pressentimento. Gostava de pensar, que aquela sensação, era seu pequeno poder, quando sentia aquilo, sabia que algo de bom ou ruim iria acontecer. Não sabia ao certo o que esperar, mas sua parte sã apostava claramente em um final drástico.

Encarou os olhos verdes e os cabelos avermelhados assim que a porta abriu. Seu corpo se ajeitou ao batente, assumindo uma postura um tanto mais ereta.

– Você não foi até o hospital. – deu os ombros. Seu tom tentou sair indiferente, tanto quanto os olhos de Gaara estavam, mas fora uma tentativa quase inútil.

– Não me deixaram entrar. Seu pai foi muito rígido em questão de visitas, isso se aplicou a mim.

Os olhos de Ino se apertaram por uns segundos. Gaara estava estranho. Estava? Estava ou eram apenas coisas de sua cabeça? Desejava saber o que exatamente se passava em sua cabeça naqueles momentos, queria que os pensamentos gritassem em alto e bom som, mas infelizmente, apenas conseguia ter uma visão enigmática impressa no rosto do ruivo.

– Não perdeu muita coisa.

– Imagino que não.

– Qual é o problema com você?

– O problema comigo? Quem tem um problema aqui é você, Ino.

O cenho de Ino se franziu, na mesma intensidade que o de Gaara. Não estava emocionalmente apta para uma discussão, justamente com ele, mas não era do tipo que simplesmente dava o braço a torcer, assim como Gaara não era o que cederia.

– O que quer dizer com isso? Vamos começar com isso de novo? Por que simplesmente não para com todo esse discursinho idiota e simplesmente não entende que não interessa o que acontecesse você não vai conseguir me mudar. Eu não sou uma princesa presa no castelo e você não é o príncipe encantado!

– Pois deveria ser. Quem sabe assim você tivesse um pouco de juízo em sua cabeça, o que realmente está faltando, não acha?

Ino bufou. Seus olhos se apertaram e então seu corpo caiu contra o sofá, encarou Gaara com convicção de que agora seria uma nova discussão. Mas então apertou um pouco suas mãos, sabia que aquele era o momento para finalmente se ajeitar as coisas.

– Gaara, olhe, se quer ficar comigo, precisa entender duas coisas, meu gênio e que eu sou uma suicida. Se não está satisfeito com um ou com nenhum dos dois, então temos um problema.

– Então temos um problema. – a voz soou irônica e dura ao mesmo tempo – Não me conformo. Nunca vou me conformar com isso, e pare de agir como se fosse à coisa mais natural do mundo, não é e nunca vai ser. Por que simplesmente não entende que existem pessoas que se importam com você.

– Gaara, isso não vem desrespeito a você. Isso é apenas comigo. Não envolve mais ninguém!

– Envolve a todos. E quer saber, se deixasse de ser tão egoísta talvez você percebesse isso.

Ino se sentiu desarmada, cansada e mais destruída. Seguiu com seus passos em direção à porta, apertou seu pulso e colocou uma mão sobre o rosto antes de se apoiar contra o carro. Um suspiro escapou sobre os seus lábios. Compreensão ou salvação? Talvez um pouco de compressão e salvação. Nunca saberia ao certo.

xXx

To Be Continued


Notas adicionais:

* - Roupa Ino


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Eu tenho um notícia triste pra dizer, que estamos indo em reta final da fic, U.B.P tá chegando no final, mas lembrem-se que teremos a segunda temporada, e que eu quero todos vocês acompanhando ok?:D
Deixem os review's de vocês falando o que acharam do capítulo ou o que acham da história.
Novos post's em breve.
Vejo vocês nos review's
Kisses and more kisses
H_s