Amor. Um Sentimento Terrível. escrita por camila_guime


Capítulo 6
A Vila Sombria


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, vou tentar não deixar se repetir.
Boa Leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162693/chapter/6

Hermione continuou parada com uma parte do corpo e a cabeça para fora do banheiro, até que viu Draco erguer a cabeça do chão e se dirigir a ela:

— O que está fazendo? – Hermione sobressaltou e bateu a testa na porta. — Está me espionando, Granger? – Draco se sentou.

— Do que você está falando? Eu estava no banheiro! – Hermione disse tentando não soar culpada. Seguiu em direção ao seu saco de dormir. — O estranho era você acordado, perambulando por aí! Por acaso você estava me espionando?

Draco sorriu em deboche, o que fez Hermione lembrar de Jacques, e como ele sabia fazer suas atitudes parecerem ridículas.

— Eu com certeza não perderia meu tempo espionando você no banheiro!

— Vá à merda Malfoy!

— Má-criação, Grager... É tudo que eu não aturo... – Disse Draco, ameaçador.

— Ora quem fala! Nunca te disseram que você não é nenhum lorde inglês, não?

Draco inclinou-se para o lado em direção a Hermione e ela recuou alguns centímetros.

— Na verdade ninguém ousaria falar assim, exceto você. – Draco fez silêncio, e viu Hermione ficar sem resposta. — Mas compreendo: o que uma sangue-ruim fracassada teria a perder?

— Ora seu...

Hermione colocou a mão para dentro do saco de dormir procurando pela varinha, enquanto Draco esperava tranquilo sentado no chão ao lado dela. Como não encontrava o que queria, Hermione voltou-se contra ele na menção de dar-lhe uma bofetada, o que Draco aplacou segurando-a pelo pulso.

— Pare com isso, Granger... Vamos voltar a dormir, antes que alguém acorde ou meu querido tio apareça...

Draco apontou o olho-mágico com o queixo, mostrando a Hermione que ele não tirava a atenção dos dois. Frustrada e brava, Hermione virou-se de novo para o saco de dormir, mas sentiu que o aperto de Draco ainda segurava seu pulso. Olhou por cima do ombro para ele.

— Boa-noite – disse o sonserino largando-a e deitando, virando o corpo para o outro lado.

Hermione começou a se sentir perturbada. Naquele momento nunca desejou tanto poder estar no mesmo quarto que Lilá e Gina, ou poder sair da presença indesejada e ir se refugiar no seu salão comunal... Contudo, enfiou-se dentro do saco de dormir e se isolou nele, teve a nítida sensação de o olho-mágico estar pairando sobre ela, mas não se dispôs a olhar.

O dia amanheceu tépido, mas não havia sol. Em Espírito Bravo, Rony foi acordado com um berrador anunciando aos sete ventos que os alunos deveriam comparecer no lado de fora da estalagem. Levou alguns minutos e houve algumas filas para o banheiro, mas depois todo o grupo se encontrava numa espécie de quintal onde Septima os esperava.

— Bom-dia crianças.

— Bom-dia professora Vector.

— Vamos começar com um desafio hoje. O que temos aqui, crianças, é uma chave-de-portal. – Vector apontou para um objeto que até então ninguém tinha dado importância. Um vaso de barro com a boca quebrada, jogado na terra. — Ele os levará para um ambiente não tão agradável. Um labirinto, na verdade. Não haverá monstros, mas mesmo assim tomem cuidado. Na verdade, o objetivo é que vocês e seus parceiros trabalhem juntos para encontrar a saída. E advirto: não será um passeio. Vocês vão perceber isso. Têm uma hora para saírem de lá. Agora... Todos em pares, todos em círculo.

Enquanto isso, em Varinhas de Fogo, Harry e Gina conversavam aos sussurros sobre o que falaram isoladamente com Hermione e Rony noite passada.

— Eu estou com medo por Hermione. – Gina disse. — O Draco pode não ser muito corajoso, mas é muito inteligente.

— Hermione também é.

— É por isso que eu tenho medo. Se esses dois se estranharem, não vai ser uma briga em nível dos alunos do primeiro ano, que conjuram estalinhos e bombinhas uns nos outros...

— Entendo... – Harry pôde visualizar Hermione usando o Protego contra um Avada de Draco, e em seguida conjurando um Crucio nele.

— E Rony? Será que ele vai se dar bem?

— Rony está com aquele tal da Corvinal... – Harry fez pouco caso. — Rony é muito melhor que ele, e aposto que não vai ter trabalho, amenos que o outro atrapalhe.

Gina sentiu o ciúme no tom de Harry ao subjugar seu ex Miguel.

— Você deve achar o mesmo da Parvati, não?

— Da Parvati? Por que eu acharia que ela não é tão boa quanto a... Está com ciúmes da Cho? – Harry inquiriu e viu Gina apertar os olhos em resposta.

— Por que você fica com essa implicância com o Miguel também?

— Implicância?

— É. Não peço que goste dele, mas me incomoda que você não perca uma oportunidade para falar mal do garoto. E eu fico feliz que Rony não ficou com nenhum ignorante, aposto que vão se dar bem. Miguel pode ser um idiota, mas é muito aplicado.

— Sei... Aplicado em roubar a namorada dos outros!

Harry só se deu conta do que dissera depois, e viu Gina bufar.

— Então você tem raiva dele, não por que ele é meu ex, mas por que ele roubou a Cho de você?

— Não foi isso que eu quis expressar.

— Desculpe, Harry, mas eu não tenho mais paciência!

Gina levantou do gramado onde todos esperavam por Edward Scott. Harry se empertigou e foi atrás dela. Os alunos de Varinhas de Fogo estavam todos em duplas espalhados pela clareira onde se hospedaram, e os olhares se voltaram para uma Gina irritada cruzando o espaço aberto e indo para dentre as árvores. Logo depois, o grupo também seguiu Harry com os olhos, indo na mesma trilha que ela, e indiscretamente todos começaram a cochichar.

— Gina! Gina espera aí! – Mas a garota não parava, e marchava cada vem mais decididamente. — Ginevra, eu estou tentando conversar com você!

Foi quando Gina virou tão bruscamente que Harry quase bateu de frente com ela.

— Você está tentando conversar ou se gabar mais?

— O que?

— É, Harry, o que você espera me lembrando e falando coisas maldosas do Miguel ora sim, ora não?

— Gina? Andou tomando Chama de Dragão de noite? Sério, por que falando assim até parece que você ainda sente alguma coisa por esse Corner.

— Não, Harry... É só a ideia de você ficar criticando uma pessoa com a qual eu fui íntima enquanto ela não pode nem se defender... Além do mais, tem mais a ver com o que você talvez ainda sinta pela Cho do que o que eu possa sentir pelo Miguel!

— Gina, com certeza eu não sinto mais nada pela Cho. Eu quis você, e se Miguel não tivesse aberto mão a tempo, eu teria te roubado, pode ter certeza!

Gina ficou momentaneamente sob efeito das esmeraldas de Harry, mas assim que percebeu que ele estava a convencendo, desviou o olhar do dele e encarou os gravetos do chão.

— Tudo bem, Harry. Você não fala mais no Miguel e eu não falo mais da Chang.

— Ótimo. Agora podemos voltar para o acampamento?

— Na verdade vocês devem! – Uma voz grave falou vindo de dentro da floresta.

Edward Scott caminhou saindo das sombras em direção aos dois, conduzindo-os de volta para o grupo. Depois que todos se arrumaram em fileiras, como na sala de aula, Scott começou com as normas do dia.

— De acordo com o consenso dos professores, neste domingo, as duplas devem passar por um período de interatividade. Quer dizer que vão ficar juntos, trabalhar juntos, e devem evitar conflitos. Hoje vocês serão levados a um lugar especial, e o objetivo é encontrarem a chave-de-portal em uma hora e retornarem para cá. Particularmente, - Scott sorriu irônico, — esta tarefa está em nível de segundo ano, então estou esperando que retornem antes do tempo previsto.

Harry estranhou o modo sombrio e mordaz de Edward, e segurou a mão de Gina, que pareceu ter percebido o mesmo, correspondendo e apertando a mão de Harry. Havia três chaves-de-portal, um prato de cerâmica rachado, uma moldura sem retrato e uma gargantilha de couro. Três grupos se espalharam entre elas, e sob o comando de Scott, tocaram nas chaves.

Neville e Justino, Dino e Padma e outras duplas de Razão da Magia acabam de aterrissar de suas viagens através da chave-de-portal que Aurora Sinistra lhes preparou. O objetivo: encontrar a chave-de-portal certa para a volta.

Quando se situaram, encontraram-se dispersos num largo e extenso jardim. Além do jardim, montanhas e um horizonte infinito. A única coisa que existia naquele espaço que parecia isolado na terra era um imenso castelo. Tão grande que mesmo distante, eles precisavam curvar a cabeça para trás para poder alcançar seus telhados. A única dica era que deveriam tomar cuidado com os falsos atrativos, e que um dos parceiros seriam mais vulneráveis que o outro, devendo haver então, um zelo pelo par, e a obrigação de voltar os dois juntos, ou nenhum voltaria.

Neville e Justino se entreolharam e engoliram em seco. Dino olhou para a pobre Padma, pálida, mas com a expressão decidida e segura. Os demais do grupo começaram a se encaminhar para o castelo, e logo eles tiveram de fazer o mesmo.

— Olho na chave. – Neville comentou e Justino assentiu seguramente.

Numa outra parte do jardim:

— Não vou tirar o olho de você. – Dino avisou pegando a mão de Padma.

— Nem eu de você. – Assegurou a garota.

Contudo, em Magia Real, as coisas continuavam tão tensas quanto na noite anterior.

— Em duplas! – Comandou Jacques.

Simas andou até Pansy Parkinson, que o recebeu sob um olhar esnobe e uma jogada de cabelos que quase chicoteou seu rosto. Ele nunca a havia visto tão simples: jeans e camiseta, azul e branco, quase não parecia sonserina, se não fosse sua expressão de desgosto e tédio.

— Oi colega? – Tentou o garoto.

— Colega? – Pansy bufou. — Só preciso me livrar dessa palhaçada, grifinório, e não virar sua colega.

— Legal! – Simas ironizou. — Que doçura!

Pansy devolveu para ele um olhar frio e desprezível, mas que só fez Simas rir descontraído. Porém, num outro ponto do grupo, descontração era o que não havia.

— Granger? – Draco cumprimentou. Ou melhor, tentou, mas ainda assim seu tom era de desprezo.

— Precisa melhorar seu bom-dia. Um dia você consegue!

— Talvez, quando sua presença deixar de ser tão impertinente.

— Impertinente? Palavra complicada para você, não?

Hermione viu Draco a fuzilar com os olhos e esperou uma resposta que não veio. Os dois ficaram se encarando, e mesmo parecendo ter perdido aquela discussãozinha, Draco mantinha o ar de seguro e certo, o que iniciava uma guerra de olhares. Hermione sentiu o seu falhar por um momento, deixando Draco vê-la hesitar. O sonserino sorriu de lado e voltou sua atenção para Jacques.

—... Estejam juntos. Para garantir, espero que não se importem de utilizar essas pulseiras. – O professor conjurou um feitiço e, sem dar tempo dos alunos articularem ideias, todos sentiram leves e finos cordões mágicos envolverem seus pulsos, prendendo-os um ao outro.

— O que? – Draco e Hermione gritaram.

— Que porcaria é essa? – Draco se exaltou. — Não posso ficar preso na Granger, como vou poder lutar preso a essa sang... – todos o olharam esperando o desfecho, mas com Jacques ali, Draco amenizou: —... Essa garota!

— Cuidado com o ataque de pelanca, Draquinho, você não é o único infeliz aqui! – Hermione replicou e fez menção de cruzar os braços, mas desistiu quando a mão de Draco veio junto da dela.

— É. Muita gente infeliz mesmo... – Pansy concordou venenosa, do outro lado do grupo.

— Fale por você! – Simas provocou ainda rindo.

 — Já chega! – Jacques interferiu. — Eu avisei que não estão aqui para passarem um tempo fora de escola. Estão para aprender, e não apenas aprender a decorar um livro inteiro de feitiços, - olhou para Hermione, — ou aprender a se dar bem nas coisas, - olhou para Draco. — Estão aqui para aprenderem a se adequarem, e pensarem em conjunto no objetivo em comum que têm. Precisam driblar suas diferenças. Vocês não são mais importantes que seus alvos. Espero que entendam isso logo, senão, as consequências não serão nada boas.

Jacques caminhava de um lado para o outro como um general, e parou em frente à Hermione, enfrentando-a novamente com o olhar mais autoritário que detinha. Ela se sentiu acuada por dentro, mas naquela hora, foi a primeira vez que não demonstrou ter medo dele. Porém, ao lado dela, Draco não gostou nem um pouco da proximidade ameaçadora do “tio”.

— Podemos ir logo? – Propôs o sonserino.

Jacques não ergueu o olhar para Draco, tampouco deu ouvidos ao que ele disse. Voltou-se para toda a turma e, indo para trás dos objetos mágicos (um livro velho, uma vela de trinta dias e uma taça), anunciou:

— Às chaves. Agora.

Simas e Pansy foram até o artefato que estava mais próximo a eles. Hermione e Draco seguiram até a taça, assim como mais três duplas. Sob o consentimento de Jacques, tocaram na borda do objeto, e logo tudo começou a escurecer, rodar, apertar e segundos depois, se abrir deixando-os em queda livre no ar.

Não conseguiam ver ao certo nada além do céu e o chão se aproximado. Todos gritavam aterrorizados, até que Hermione conseguiu um jeito de puxar a varinha do bolso, e gritando anunciou:

— Aesto Momentum!

E a centímetros de se estatelarem no chão, Draco e ela frearam, caindo em seguida de forma mais controlada. Draco ainda estava estupefato quando tentou se erguer, desequilibrado. Como estava preso à Hermione, quase voltaram a cair enquanto tentavam achar o equilíbrio.

Os outros alunos se viravam como podiam, conjurando bolhas no chão antes de cair, enfeitiçando seus casacos e transformando-os em pára-quedas, etc...

Porém, quando já haviam se recuperado do susto, Draco e Hermione repararam que estavam todos em uma vila. Não era Hogsmeade. Ela um lugar tenso e abandonado, onde a rua serpenteava até sumir de vista dentre a neblina. Hermione se perguntava onde teria se enfiado o verão, pois um vento gélido assobiava e arrepiava seus braços. O objetivo daquele teste: encontrar uma vela da Babilônia e retornarem através da chama da vela de volta para o acampamento. Havia outras chaves-de-portal, outras maneiras de retornar, em casos de necessidade, mas não seria considerada vitória, amenos que fosse através da vela.

Um vento sombrio se apoderava de todo ar. As casas de telhado de duas águas seguiam todas idênticas: pequenas, velhas e decrépitas. Pontos de luz fulguravam fazendo sobras bruxulearem nos cantos. Um arrepio agourento percorreu a espinha de Hermione.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Comentários, criticas, opiniões?
Mila.