Sympathy for the Devil escrita por Lolis


Capítulo 5
Lantejoulas, vodka e propostas.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal? Preparados para mais um capitulo?
Enjoy!
Ah, e bem vindos leitores novos!



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Onde eu estava? A sim. Na parte em que eu sou carregada contra a vontade até o apartamento de uma desconhecida.

- Estamos quase chegando... – ela falava ignorando meus resmungos.

Já havíamos subido um monte de escadas e agora nos encontrávamos num corredor conhecido.

- Meu apê é aquele ali – ela apontou para a porta de frente a HellHouse.

- Ótimo. Somos vizinhas de porta – falei irritada.

Ela bateu palmas animada.

- Isso não é totalmente demais? – ela mordeu o lábio inferior numa tentativa frustrada de não demonstrar tanta felicidade.

- Sim, é maravilhoso. – eu poderia parecer entediada, mas por dentro havia uma chaminha de esperança tentando gritar coisas do tipo: “Seremos melhores amigas para todo o sempre!” ou até então “Vamos fazer tranças, comer sorvete e falar de garotos!”

Medo.

Glister continuava a me puxar. Paramos de frente a porta da sua casa. Ela pegou um molho de chaves de debaixo do tapete cor de rosa e abriu, revelando um apartamento quase normal.

Só não era totalmente normal, por conta da capa de estampa de zebra que ela cobria o sofá. Fora isso, era uma casa... comum.

Isso baixou muito minhas expectativas. Digo, eu esperava algo meio Barbie Malibu, com as paredes, os azulejos e os moveis em variados tons de rosa e lilás.

- Legal, não? – ela falou me tirando dos devaneios.

- É... normal... – murmurei incrédula.

Glister riu.

- Espera só para ver o meu quarto. Você vai retirar esse normal rapidinho. Vamos, entre. Não faça a tímida, Draffy...

Entrei cautelosamente olhando para tudo. O pingüim em cima da geladeira cheia de anotações feitas em papeizinhos amarelados, me encarava. Eu senti os olhos dele me acompanhado pela cozinha.

Depois vinha a sala, com o sofá zebra, uma TV pequena e uma mesinha entulhada de revistas de moda e comportamento. Entramos pelo mini – corredor, onde tinha o quarto de ‘bagunça’ (onde ela passava roupas), o banheiro, e o quarto dela. Pintado de rosa – chiclete e recheado de pôsteres da Madonna e do Prince.

- Bom, retiro o que disse – admiti – Seu quarto é realmente diferente da casa...

- O que achou dele?

- Intimidante – ri nervosamente. Ela me acompanhou, embora eu ache que o riso não fosse nervoso, e sim espontâneo.

- Você é a pessoa mais engraçada que já conheci... – ela sorriu ternamente – Venha, vamos arrumar roupas secas para você.

Ela abriu o guarda-roupa e foi jogando varias peças de roupas na cama pink.

- Hum, Glister?

- Sim?

- Não acho que eu vestiria isso... – falei pegando um top cheio de lantejoulas douradas.

- Besteira – ela fez um barulho de descaso com a boca.

Engoli seco.

- Vamos ver estas...

Ela jogou uma pilha de vestidos, batas e calças de algo que deveria ser plástico, nos meus braços.

- Vai, experimenta. Entra ali na suíte e se vista. Vamos fingir que estamos numa loja...

Revirei meus olhos e entrei na suíte. Joguei as roupas dentro da banheira e fui pegando peça por peça. Decidi ver um vestido primeiro.

Um vestido de couro vermelho.

Vesti com a maior dificuldade do mundo. Aquilo ficava pegando na minha pele e me sufocando. Já sem ar, abri a porta.

- Ah! – Glister deu um gritinho – Fabulosa!

- Ar... – pedi debilmente. Ela franziu o cenho.

- Tudo bem, talvez outro...

Aquilo se repetiu por uma meia – hora. Ao que me lembro, devo ter experimentado umas mil peças de roupas.

Calças pantalona (segundo minha mais nova amiga, enlanguesceram meus quadris), batas festivas (e quando eu digo festivas, eu digo festivas mesmo) e vestidos que quando entravam em mim, não queriam mais sair.

Eu já estava desanimada, principalmente depois de testar todas as estampas de animais da Ramona.

- Isso é mais difícil que achar um Versace em liquidação de esquina... – ela filosofou.

- Minha roupa já secou há essa hora – comentei em pânico. Só a possibilidade de provar mais calças de fibra me aterrorizava.

- Não, não secou – ela observou astutamente. – Ah! – ela arregalou os olhos assustadoramente azuis.

- Oh meu deus, o que há? – perguntei pensando que ela estava tendo um ataque ou coisa parecida. Mas ela se limitou a saltar de volta no guarda – roupa e a abrir umas gavetas.

- O que diabos você está fazendo...

- Não, não, não... não... ahã! ACHEI!

- Acho o que?

- A sua roupa. Como eu não pensei nisso antes...

Eu pude ver uma luz vinda do céu, e um coro angelical. Meus olhos brilharam e eu gaguejei.

- Obrigada Senhor...

Glister sorria satisfeita segurando a maxi T-shirt do Aerosmith.

- Eu ganhei do vocalista dessa banda, e nunca usei. Acho que pode servir para você dormir, ou usar amanhã para sair...

- É perfeita, Glister! – exclamei dando pulinhos na cama.

- Ah, eu sei... – ela jogou os cabelos loiros charmosamente para o lado. – Mas amanhã ponha sua calça. Mesmo se não tiver seca ainda. Você pode ser presa por andar só de camisetão na Sunset Boulervard, ouviu?

- Ahã...

- Eu vou bater no apartamento as onze. Esteja pronta...

- Sim... Glister?

- Diga.

- Me dá a camiseta. POR FAVOR!

Ela me jogou a camiseta. A peguei como se minha vida dependesse disso.

- Se troque – ela pediu – Vou estar na cozinha fazendo algo para a gente comer. Gosta de torta?

- Claro.

- Legal então. Venha logo.

Já deveria passar das sete quando sai do apartamento da Glister.

Ela bem que insistiu para mim passar a noite lá, mas eu tinha que ver se os garotos não haviam se trancado para fora.

- Onze horas fica marcado – ela me avisou pela ultima vez ameaçadoramente.

- Ok, passa lá e nós vamos.

O rosto dela se iluminou num sorriso.

- Ah, Draffy! Vai ser tão divertido!

Não pude deixar de sorrir timidamente.

- É, então é isso. Onze horas, certo?

- Onze horas.

Sai da casa e me encontrei no corredor vazio. Se eles não estavam drogados no corredor... onde estariam?

Enfiei a chave na porta e abri com tudo. Vazio. O lugar estava vazio.

- Onde aquelas criaturas se meteram... – resmunguei.

Acendi a luz e fui até a cozinha surrupiar um pouco de Jack Daniels.

Me sentei no sofá e liguei a TV. A cada canal mudado era um gole da bebida.

Eu comecei a me sentir zonza, então larguei a garrafa aos meus pés e me reclinei no sofá.

Mal me dei conta que comecei a dormir ali mesmo. Com o braço jogado e as pernas caídas para os lados.

Só fui perceber que havia cochilado quando acordei subitamente devido a um barulho na porta.

Alguém batendo.

- Merda... – levantei grogue.

As batidas continuavam.

- O que quer? – berrei nervosa. Eu não fazia idéia do infeliz que era, mas o desgraçado iria sofrer por me acordar.

Me arrastei até a porta e abri. E para minha surpresa (mentira, surpresa nenhuma) Axl, Slash e Duff, estavam parados na minha frente. Todos com a maior expressão de insolência.

- Argh... – reclamei voltando para o sofá e me deitando de volta ali.

Duff acendeu a luz.

- Apague. – pedi.

- Não – ele retrucou.

Enfiei minha cabeça no sofá tentando inutilmente me sufocar.

- Bebeu demais? – Slash perguntou distraído.

- Hum – Hum – assenti me levantando. – Que horas são?

- Já é de madrugada... – ele respondeu dando um longo gole na minha vodka.

- Onde você estavam?

- Ensaindo... – Axl falou desconfiado – E você?

- Por aí... Hey, devolve Slash... – pedi a garrafa de volta. Ele me ofereceu um pouco.

- E os outros? Steven e Izzy?

- Foram indo para a festa já. Passamos aqui para pegar um pouco de dinheiro...

- E te perguntar uma coisa... – Slash passou os braços por cima do meu ombro.

- Ótimo. O que vocês querem? – emburrei.

- Te fazer uma proposta... – Duff falou calmamente soprando fumaça na minha cara.

- Qual seria?

- Precisamos de carne nova para o clipe da musica Patience. Topa? – Axl tentou.

Me recordei que há uns meses atrás eu havia assistido o clipe no YouTube. Mas, eles se referiam a que papel? O da senhora de vestido preto ou das prostitutas oferecidas?

- Vocês querem que eu faça o que no clipe?

- Apenas represente o que pedirmos. E então? Aceita?


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Notas finais do capítulo

Será que a Draffy vai aceitar? *musica de suspense*