–Como assim mudar a aparência? -perguntei, franzindo o cenho.

–Mudar a aparência do tipo, cor de cabelo, modo de vestir…

–Bater com a cabeça? -perguntei de rompante, debochando da ideia de Claire. Ela fez uma careta de irritação e eu ri.

–Eu não me andei a drogar ou coisa do género, só estou a sugerir uma… Mudança de ar… -reprimi o riso.

–Mudança de ar? Responde-me com sinceridade. Quais foram as substâncias ilegais que consumiste? -perguntei sarcasticamente, vendo Claire passar de vermelha para azul. Ainda ri mais.

–Muito engraçadinha menina Renesmee! Parabéns pelas piadinhas mas… Estou mesmo a falar a sério.

–Explica-me melhor a ideia! -pedi empolgada. Ok… A ideia da Claire parece ser louca num primeiro plano mas pode resultar. Mas é claro que tem que levar uns ajustes meus, já que a Claire é um perigo.

–Mudavas a aparência o máximo possível, mas é claro, de forma a continuares linda. Dizias aos paparazzis que ias passar umas férias num sítio qualquer e voilà! Escola! -o plano não parecia mau de todo.

–Pela primeira vez na tua vida, tiveste uma boa ideia! -sorri para ela.

–És cruel quando estás deprimida!

–Obrigada Claire. Não é à toa que eu te amo tanto. -abracei-a com muita força e ela retribuí-o. Eu adorava Claire do fundo do meu coração. Ela era a melhor amiga que eu alguma vez poderia ter. Nos dois sentidos!

–Então vamos começar com o makeover? -perguntou entusiasmada, enquanto os seus olhinhos brilhavam pela expectativa.

–Isso é lá pergunta que se faça! Vamos! -arrastei-a para o meu quarto e fomos em direcção ao meu guarda-roupa.

–Ora vejamos… Rosa, rosa, rosa… Ah olha, mais rosa! Não tens mais nenhuma cor neste armário? -perguntou, olhando-me atentamente. Eu revirei os olhos.

–Tu sabes quais são as minhas imagens de marca! Cabelo loiro e roupas ROSA! -enfatizei o rosa para ela perceber. Mas qual é o mal de eu gostar de vestir rosa!? É uma cor como todas as outras!

–Exactamente! Nunca, nunquinha, nuncona, poderás utilizar rosa em abundância e cabelos loiros!-exclamou, cruzando os braços na altura do peito. Eu fiz biquinho.

–Não é justo… -murmurei emburrada. Eu ADORO vestir rosa! Não mereço este castigo.

–Se tu queres passar despercebida, é NÃO ao rosa. E que tal um azul escuro, um branco… São todas cores tão bonitas. -franzi o cenho.

–Tu sabes que essas cores não me ficam bem. O meu cabelo loiro parece que tem uma aversão a essas cores.

–Mas quem é que te disse que o teu novo eu seria loiro? -perguntou, com uma expressão de falsa surpresa.

–O que é que queres? Eu não vou andar com perucas! -avisei, arregalando os olhos ao me imaginar com uma. Um arrepio passou por todo o meu corpo.

–E quem é que te disse que irias usar uma peruca? -perguntou com um sorriso malicioso.

–NÃÃOOO!

…

–TU FIZESTE O QUÊ? -a minha mãe perguntava-me pela centésima vez naquele minuto. Ela estava completamente chateada por eu ter mudado o visual e ter decidido viver a vida de uma adolescente normal.

–Eu quero voltar a ser uma adolescente normal! -respondi pela centésima vez naquele minuto.

–Não podias ser uma adolescente normal chegando uma vez bêbeda a casa ou escrevendo uma asneira no braço? -arregalei os olhos com as opções que a minha mãe dava.

–Não!

–Querida, eu sei que tudo isto exige muito de ti mas… POR AMOR DE DEUS RENESMEE CARLIE CULLEN, QUE IDEIA É ESSA!?

–Foi a Claire que teve a ideia e eu gostei. Além disso, é uma oportunidade perfeita para viver a vida que nunca tive. -respondi, sorrindo. A minha mãe continuava branca como um fantasma. Respirou fundo umas cinco vezes e começou.

–Tentar fazer-nos passar pelo que não somos é muito complicado querida. É um abismo e tanto. E eu sei que tu vais acabar por sofrer, ou o mais provável, toda a gente descobrir e tudo dar errado. -o apoio da minha mãe é tão inspirador. -Eu disse que te apoiava em tudo mas… Não numa barbaridade destas! Eu sei que tudo o que devia acabar mal, vai acabar.

–Eu não vou voltar atrás. Já pintei o cabelo, já organizei tudo. Só falta receber a carta de identificação falsa e posso começar. Desculpa mãe… Mas eu preciso de fazer isto. Eu preciso de estar com pessoas que gostem realmente de estar ao meu lado e preciso de saber quem eu sou realmente. O meu verdadeiro eu.

–Mas este é o teu verdadeiro eu. Tu sempre foste famosa e talentosa. Eu pensei que eras feliz com a vida que tinhas. Com a família e amigos.

–Mãe! Não me interpretes mal. Eu adoro tudo o que eu faço, mas… Falta algo, entendes? Eu quero voltar a sonhar como uma rapariga de dezassete anos, completamente normal. -eu disse, abraçando a minha mãe.

–Não acredito que vou dizer isto… Se é isto que precisas, então eu estou ao teu lado minha querida. Encontra a tua vida…

–Kate Swan. -completei rindo.

–O meu apelido de solteira? -perguntou surpreendida.

–Digamos que é uma espécie de homenagem. -respondi sorrindo e voltando a abraçá-la. Era tão bom ter a minha mãe ao meu lado.

–RENESMEE CARLIE CULLEN! O QUE É QUE FIZESTE AO CABELO? -a voz do meu pai ecoou do lado da porta. Virei a minha cabeça de rompante e deparei-me com a expressão incrédula do meu pai.

–Pai… -agora é que ia ser bonito explicar ao meu pai. -Estás aqui! -abordagem errada!

–Ainda não me respondeste Renesmee. O que é que aconteceu ao teu cabelo?

–Ela quer voltar a ser uma adolescente normal. -obrigada mãezinha. -Edward, fofo, eu explico-te melhor depois. É uma longaaaa história. -a minha mãe cantarolou com um sorriso enorme. Suspirei baixinho, totalmente aliviada.

–Vai buscar o bilhete de identidade falso, que eu trato do teu pai. -ela sussurrou no meu ouvido, fazendo-me rir baixinho.

–Não te canses muito no “trato”. -sussurrei no seu ouvido, rindo em seguida. A minha mãe fuzilou-me, e sem dizer nada, foi ter com o meu pai.

Corri em direcção à porta das traseiras. Eu não podia correr o risco de ser vista, de forma alguma. Claire já me esperava do lado de fora.

–Vamos! Entra depressa dentro do carro! -abri a porta do carro e atirei-me lá para dentro, tentando encolher-me num canto para ninguém me ver.

–Coloca isto na cabeça! -ela entregou-me um saco de batatas e eu arregalei os olhos.

–Um saco de batatas? A sério? Não tinhas nada mais nojento em casa?

–Cala-te e põe isso na cabeça! Não sabes como foi difícil arranjar alguma coisa na casa da minha avó!

…

–Aqui está tudo linda! E já agora, ficas mais gostosa como morena! -mais um piropo de Mike Não Saba Mandar Piropos Newton.

–Obrigada… -murmurei, reprimindo a vontade de o mandar para o… Respira fundo Renesmee! Respira fundo!

Fui em direcção ao carro de Claire, que colocou a cabeça para fora.

–Já tens tudo?

–Sim. Pronta para ser a Kate Swan! -falei convicta.