-Ryuu!

Um garoto de cabelos escuros,pele clara e olhos verdes com uma blusa branca e uma calça preta,segurando um caderno de capa marrom se virou com um olhar meio distraido e atendeu ao chamado de uma mulher com cabelos ondulados castanhos e vestido branco.

-Estou indo mãe.-respondeu o garoto.

O garoto andou e parou na frente de uma grande mansão ao lado de sua mãe,um homem de terno marrom e um adolescente que parecia ter 17 anos com uma jaqueta cinza e uma calça jeans.

-Essa casa é muito legal pai.-falou o adolescente

-Agradeça a sua mãe.Ela que me mostrou esse lugar.-disse o pai abraçando a mãe.

-O quarto maior é meu pirralho.-falou o adolescente se aproximando da porta.

-Não me chame assim.-sussurrou Ryuu.

O pai abriu a porta e todos entraram ao mesmo tempo.Ryuu se sentiu estranho, depressivo e uma pequena pulsação de seu coração percorreu suas veias e chegou inperceptivel aos seu ouvidos.

Ele viu todos se separarem para vasculhar a casa,mas sua mãe foi a unica que ficou a seu lado naquela grande mansão.Ele percebeu que a casa estava com um cheiro estranho de mofo e pó.

A casa era grande e algumas luzes estavam queimadas ao longo do corredor.A casa era bem antiga e precisava de uma reforma em todas as paredes...

-O maior quarto é meu!-girtou o adolescente do segundo andar.

...E os quartos também,provavelmente.

-Venha Ryuu.Eu quero lhe mostrar uma coisa.-a mãe disse levando Ryuu ao segundo andar.

Ryuu não gostava de ficar perto da mãe.Apesar de ela sempre ser gentil com ele,havia vezes que Ryuu sentia que ela escondia algo sobre seu pai...

-Olhe pela janela Ryuu.-pediu a mãe encarando a janela.

Ryuu deixou de encara-la e viu um jardin coberto de flores e arvores pela janela do segundo andar.Não conseguia entender.Aquele jardim parecia tão bem cuidado.Olhando somente para ele não parecia que a casa era assim tão velha e abandonada pelo tempo.

-Eu vinha aqui muito com seu pai quando ele estava vivo.-disse a mãe. Ryuu olhou assustado olhou de canto para a mãe sentindo uma pequena pulsação em seu peito.

-Esse era o lugar preferido dele.-continuou.

-Onde ele esta agora?-sussurrou Ryuu.

Quando Ryuu fez essa pergunta sua mãe sorriu maliciosamente e o agarrou pela garganta colocando seu rosto colado ao vidro da janela.

-Sabe que eu não sei.Provavelmente ele esta em algum lugar enterrado no jardim.-respondeu a mãe apertando Ryuu.-Ele construiu esse lugar e simplismente...-ela parou ficando em silencio.

Quando Ryuu estava quase perdendo a consciencia,sua mãe o soltou e ele caiu no chão engasgado tentando recuperar o folego,enquanto parava de tossir aos poucos.

-Ryuu voce esta bem?-perguntou a mãe gentilmente.-O que foi que te aconteceu?

Ryuu sentiu uma onda de raiva e confussão o preencher por inteiro e seu coração estalou em uma palpitação um pouco mais perceptivel do que as outras,mas nem tanto para ele sentir ou perceber.

-Eu vou esconder isso pra voce.Voce deve ter se queimado,não é?Não se preocupe.Eu vou cuidar de voce.-falou a mãe passando um pano umido no pescoço de Ryuu e depois enrolando um cachecol.

"Eu odeio isso."

Na hora do jantar,todos agiam normalmente como se nada tivesse acontecido.Como se Ryuu nem estivesse usando aquele cachecol maldito em volta de seu pescoço para esconder as marcas de um acontecimento estranho e inesquecivel para ele,mas completamente apagado da memoria de sua mãe.

"Lugar maldito."

Ryuu escolhera um quarto normal,mas nesse mesmo havia uma porta extra num dos cantos.Ele viu dentro do comodo,mas não havia nada de mais,a não ser uma escada que levava para um porão grande.

Ryuu estava cansado,irritado,confuso e se sentia completamente sozinho no silencio daquele comodo. Algo estava errado.Não só com ele,mas com tudo.A casa.A mãe.O pai morto.O pai substituto.O irmão chato.A essencia da casa.Havia um erro muito grande em tudo ao redor dele.

Apesar disso tudo o incomodar,Ryuu se deitou e dormiu.Mais uma vez uma palpitação preencheu o vazio e o silencio daquela noite escura,só que mais uma vez...Quem estaria ali para prestar atenção a uma forma de vida tão pequena e tão inperceptivel quanto aquela que palpitava no interiror de Ryuu?