8. Primeiros contatos

Apesar de meus esforços sobre-humanos não pude evitar continuar machucando minha mãe. Pelo menos agora eu podia ouvi-los com grande clareza. Eu os ouvia conversar, mas sem ter certeza do assunto abordado, uma das poucas vezes em que consegui, pude perceber que estavam preocupados com o estado debilitado de minha mãe e com o fato de meu crescimento estar pondo em risco sua vida.

Nesse dia em especial eu tentava prestar atenção na conversa que acontecia do lado de fora de meu casulo, olhando mais atentamente hoje, acho que seria a melhor definição para o que era aquilo. A voz rouca havia voltado e posto fim ao clima tenso que se estalara depois de eu quase quebrar a bacia de minha mãe. Ele e a voz fina e determinada estavam discutindo como sempre. Minha mãe e ele falaram um pouco e então todos ficaram em silencio. O silencio me incomodava um pouco, era muito silencioso no casulo e eu gostava de ouvir as vozes, especialmente quando minha mãe falava diretamente comigo. O silencio perdurou até ser interrompido por meu pai.

_ Você disse alguma coisa? _ ele perguntou a alguém.

_ Eu?_ disse minha mãe. _ Eu não disse nada.

Eu não compreendia aquela conversa louca que eles estavam tendo, mas não importava, com tanto que continuassem falando estava bom pra mim. Perdi-me na melodia de suas vozes até meu pai falar algo que me surpreendeu.

 _ A... o bebê gosta do som da sua voz. _ ele estava falando com minha mãe evidentemente.

Mas como ele sabia disso? Como sabia que eu gostava do som da voz dela?

_ Santo Deus, você pode ouvi-lo! _ gritou minha mãe me assustando e me fazendo dar um movimento brusco.

_ Psiu _ murmurou meu pai. _ Você assustou a coi... ele.

Senti minha mãe afagar meu casulo, aquilo me transmitiu uma sensação boa de amor e ternura e me senti plena e muito feliz.  Eu tinha a quem eu amava a minha volta e agora eles também podiam me ouvir, eu não fazia ideia de como ou porque, mas eu não sabia de muitas coisas então não me preocupei com isso na hora. A única coisa que importava era que eles poderiam saber o quanto eu os amava.

_ Desculpe-me bebê. _ pediu ela.

Ela não tinha do que se desculpar, ela me dera tudo e eu a amava demais e, no entanto a feria. Era eu quem devia desculpas a ela.

_ O que ele esta pensando agora? Ouvi-a perguntar.

­_ A cois... ele, ou ela está... _ meu pai pareceu ter dificuldades em saber ou em escolher as palavras certas. É evidente que naquela época eu não tinha conhecimento do nome do que eu sentia ou do que sentia apenas me concentrei e pensei em meus sentimentos para com minha mãe e torci para que aquilo o ajudasse. _ Está feliz._ ele disse.

Fiquei feliz ao saber que aquele sentimento tinha um nome: feliz. E assim como eu estava eu senti quando esse mesmo sentimento tomou conta de minha mãe e ela parecia estar crescendo a meu redor, tamanha era sua felicidade naquele momento.

_ É claro que está feliz, bebê lindo, é claro que está _ disse ela me afagando novamente através do casulo, eu queria que ele não fosse tão grossa pra que eu pudesse sentir melhor seu toque. _ Como poderia não estar, aí todo seguro, aquecido e amado? Eu o amo tanto, pequeno EJ. É claro que você está feliz.

Descobrir que aquele sentimento tão bonito que nutríamos uma pela outra se chamava amor só me deixou mais animada. Duas novas palavras em um só dia, sem falar que descobri que me pai pode me ouvir! Isso era tão incrível eu já o amava tanto, amava sua voz e agora ele poderia saber disso. Como que para ilustrar meu pensamento eu o ouvi dizer.

_ Ele também gosta do som da minha voz.

Isso pareceu deixa-lo feliz e eu me senti muito satisfeita.

Eles começaram a discutir nomes para mim estavam em duvida entre EJ ou Renesmee. Eu não tinha conhecimento algum sobre palavras ou nomes para saber se eram bons, mas tudo parecia bom pra mim ao som da voz de minha mãe. E não apenas pelo seu ritmo ser calmo e doce, mas pelo amor contido na pronuncia de cada silaba.

_ O que foi? _ a ouvi perguntar, provavelmente a meu pai. _ O que ele esta pensando agora?

Eu senti algo frio e duro encostar em mim.

_ Ele a ama_ sussurrou meu pai com sua voz agora muito próxima, então era ele que havia encostado em mim. _ Ele simplesmente adora você.

Sim eu a adorava, eu o amava eu estava feliz completamente feliz ali com eles. Eu sentia todo o amor de minha mãe somado a seu toque quente sobre mim, assim como agora também sentia o toque frio de meu pai e suas palavras tão cheias de admiração. Nós estávamos felizes e em breve estaríamos juntos.