Então Eu Nasci... escrita por Jeamalo


Capítulo 5
4. Um mundo além daqui


Notas iniciais do capítulo

Praticamente saido do forno para vocês.Não deixem de ler minha outra finc "A prometida".



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                       4. Um mundo além daqui

Já fazia um tempo que eu notara que existia um mundo além de minha bola. Bom, eu tinha a forte sensação de que sim, mas agora eu tinha certeza disso. Eu sentia coisas apertando e mexendo com minha bola, e elas vinham de fora. Isso só aguçava minha curiosidade.

Eu imaginava como ele seria. Quente e aconchegante como minha bola? Maior? Eu esperava que sim, pois logo já não caberia mais nela. Haveria outras pessoas lá? Como elas seriam? Como seria minha mãe? Eu sabia como ela era por dentro, mas e por fora? Será que ela ainda me amaria quando já não estivéssemos mais interligadas, eu esperava desesperadamente que não.

Outras coisa que estava me chamando a atenção, era o fato de minha audição estar melhorando ao ponto de eu já poder perceber algumas coisas nesse mundo desconhecido. A primeira evidentemente foi a voz de minha mãe. Nossa ela era tão absolutamente tão linda e doce quanto eu me lembrava, mas aos poucos estava se tornando mais rouca e fraca, e isso me assustava, eu não a ouvia sempre, então não podia saber porque isso estava acontecendo com ela. Mas algo me dizia que não era algo bom.

Outras vozes surgiram também. Uma grave e gentil que vinha sempre acompanhada de apertões a minha bola. Uma mais fina e forte e o que eu mais gostava nessa era como era sempre atenciosa com minha mãe. Sempre que eu ouvia-a ela estava preocupada com minha mãe lhe perguntando se precisava de algo ou como se sentia, e até mesmo preocupada comigo.

Haviam ainda mais duas vozes mais graves e duas mais finas, mas essas eu pouco ouvia, não sei se porque talvez não ficassem tão perto de minha mãe, ou talvez simplesmente não falassem tanto quanto as outras. Mas cada uma tinha sua peculiaridade. Das mais graves uma era mais áspera e seria, enquanto a outra era mais alta e debochada. Já as finas uma era meio estridente, como sinos, sempre agitada, a outra era serena e calma e parecia estar sempre acalmando e pondo ordem nas outras vozes. Imaginei que talvez essa fosse à mãe e me perguntei o quanto ela seria semelhante a minha mãe.

Mas de todas as vozes a que eu mais gostava aquela que eu amava quase tanto quanto a da minha mãe era a dele. Apesar de sua voz estar sempre tingida de dor e tristeza isso não diminuía sua beleza. Ela era grave mais suave como veludo. Era a voz do meu pai. Eu soube disso novamente através de minha mãe e seus sentimentos.

Eu podia sentir através dela um amor sem medida por ele. Tão forte e lindo quanto o que ela sentia por mim. E isso me fez ficar mais atenta a sua voz, além é claro de sua beleza natural.

Meu amor por ele, no entanto, não nasceu de nenhuma dessas coisas, mas daquilo que vi estampado em cada uma de suas palavras. Mesmo no meio de tanta dor, a qual eu não fazia ideia do motivo – mas fosse ele qual fosse com certeza era uma injustiça – eu podia ver o amor, amor por minha mãe.

Não era apenas gentileza como a voz fina e forte, ou doçura como a outra mãe, ou carinho como a voz de sinos, ou como qualquer outra. Havia dedicação absoluta e resignada e uma preocupação obcecada nela. Ele a amava verdadeiramente e abnegadamente, assim como ela a ele. E isso era incrível. Fazia-me pensar se ele a amava tanto assim e se ela me amava daquela maneira, então talvez ele também me amasse.

Essa ideia deixava-me muito feliz. Porque qualquer um que amasse minha mãe tanto quanto eu sabia que ele amava teria meu amor. Mas mais do que isso sua voz me embalava tal como a dela, se não bastasse identificar que ele era através dela, eu já seria capaz de perceber sua importância para mim simplesmente pelo fato se sua voz ser uma das coisas mais lindas que meus recém descoberto ouvidos já tinham ouvido.

Assim como eu me apaixonara pela voz e por minha mãe, agora eu me apaixonara por meu pai e sua voz de anjo e apesar de todo o aconchego não via a hora de sair da bola e estar com eles. De estar com meus pais.


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Notas finais do capítulo

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