Amigos escrita por camila_guime


Capítulo 6
Feridas e Fogo... Fogo.


Notas iniciais do capítulo

Caprichado pra vocês! Espero que possam rir ou chorar...
Boa Leitura!



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Cap. 06

No café mais próximo, Rachel e Vanessa sentaram numa das mesinhas redondas dispostas na calçada. Vanessa trajava roupas esportivas, calça, tênis e moletom, o que indicava que ela vinha direto do treino. Rachel pedira um chá para as duas, já que sua amiga precisava se acalmar. Somente depois que o garçom trouxe o pedido, elas voltaram a conversar.

— Eu sei o que deve estar pensando... – Disse Vanessa. Sua voz alterada por um misto de tristeza e medo. — A gente nunca mais se viu e, de repente, eu apareço assim: descontrolada...

— Na verdade eu estou pensando mais no que pode ter acontecido do que o fato de você ter reaparecido do nada, - Rachel tentou amenizar, mas Vanessa não parecia normal. — Tem a ver com o Alan? Alguma coisa aconteceu?

Vanessa bebeu do chá antes de responder, suspirando.

— Tem a ver sim, mas... Não é realmente o que “aconteceu”, é o que vem acontecendo...

Rachel puxou o ar já até imaginando. Sabia pelos problemas que Alan e Vanessa passavam, mas não por que ele contasse, e sim por que de certa forma era fácil saber os motivos das tensões de Alan, sempre muito transparente. Contudo, eles mantinham um relacionamento fechado, e Vanessa chegar o ponto de aparecer recorrendo a Rachel era algo que a alarmava.

— Então? – Rachel incentivou e apertou a mão de Vanessa sobre a mesa.

— É que... Eu fiz uma coisa. Era tudo que ele menos queria. Vai ser muito doloroso... – As lágrimas já voltavam aos olhos de Vanessa ao passo que Rachel entendia. — Eu estou com medo, mas é preciso...

— Você veio pra me contar? – Rachel testou, mas Vanessa balançou a cabeça negativamente. — E então?

— Eu vim por que preciso saber se você poderia me... Ajudar talvez não seja a palavra certa, mas... Você poderia?

Rachel expirou e olhou à tarde que se esvaía no fim da rua. Voltou para Vanessa sem saber que atitude tomar.

(...)

Danilo e o resto do time se encaminhavam para o vestiário quando o treinador o chamou, deixando o resto do grupo ir à frente.

— Luxer eu tenho planos pra você. – Disse o homem corpulento quarentão.

— Ótimo.

— Domingo vai ter um amistoso e eu vou te pôr como titular. Sabe o que isso significa?

E se Danilo sabia! Claro!

— Com certeza, senhor.

— Então amanhã, depois e no outro dia quero você aqui das sete ao meio-dia e das duas às sete. Posso contar com isso?

Danilo engoliu em seco. Era tempo demais, mas não podia dizer não.

— Com certeza, senhor.

O treinador deu uma tapa na costa de Danilo o dispensando. Já preocupado com o que faria de sua vida, Danilo seguiu para o banho. Tinha que fazer trabalhos para o curso à distância, reservar tempo para os amigos, para Rachel, e ainda tinha compromissos com seu pai e a Pousada. Teria de virar nos trinta...

(...)

Rachel ouviu tudo que Vanessa dizia, mas quanto mais tentava entendê-la, mais achava que ela estava agindo errado, por um lado.

— Então você assinou contrato... Vai para a Espanha. Assim, do nada?

Vanessa já havia parado de chorar, mas ainda parecia péssima.

— Não... Eu tinha feito um teste para seleção há algum tempo. Eles me enviaram um convite que eu não tive coragem de mostrar pro Alan. A gente estava tão bem... Sabia que se contasse, íamos brigar. Eles até me deram o prazo de um mês para assinar. Eles me fizeram treinar duro, e eu acho que nunca sofri tanto pra ser boa.

— Mas você sempre foi... – Rachel tentou dar ao menos um apoiozinho. Sabia que era difícil se manter dentro da linha, longe do fracasso nesse mundo competitivo e exigente, por isso preferiu o direito.

— Só que nos últimos tempos, mesmo ainda estando por aqui, bem... As coisas só se agravaram. Digo, entre Alan e eu...

— Sei...

— E eu sei que se eu disser “Querido, estou indo para Espanha, volto em um ano, tchau!” as coisas só vão piorar. – Lágrimas brilharam nos olhos de Vanessa de novo. — Eu não queria ter de dizer isso a ele. Vou fazê-lo sofrer. Eu vou sofrer mais. E por mais que eu não queira, eu sei que vou acabar metendo os pés pelas mãos e dizendo o que não queria dizer. Eu sei, eu sempre faço isso.

— Então você não quer mais magoá-lo?

— Não!

— Mas ir embora sem dizer um adeus é jeito de proteger alguém? – Rachel não queria ser dura, mas não aguentava a ideia de Alan ficar abandonado.

— Ao meu modo é a melhor saída! Você tem que acreditar: será muito pior se eu contar!

— Espera que eu dê essa notícia enquanto ele descobre que você sumiu?

Rachel parecia ultrajada, e Vanessa começava a perceber o fracasso de sua ideia.

— Eu sei que parece horrível. E mais quando eu tento me justificar. Mas eu não posso fazer mais que isso, eu me conheço. Eu não quero que Alan fique me odiando.

— Mas quer ir embora e deixá-lo aqui te amando sozinho, sem um adeus, sem uma justificativa, para que eu venha e conte a brilhante notícia.

— Rachel, você não pode me julgar. Abandonaria seus sonhos se você fosse eu? – Vanessa finalmente se alterou. E as lágrimas só caiam mais. — Eu não tenho uma família que me dê apoio. Sou só eu, Alan e minha carreira, de onde eu tiro todo meu sustento pessoal. Como poderia abrir mão de uma oportunidade dessas? Eu ia viver como? À custa dele? Trabalhando atrás de um balcão qualquer ou na loja de ferragens do meu pai?

— Vanessa, eu não questiono o fato de você correr atrás do que gosta, do que faz, mas não vou ser porta-voz de uma notícia que vai partir o coração do Alan assim. É mais digno e justo que vocês conversem e se entendam entre si.

— É esse seu ponto final? – Vanessa perguntou.

— Lamento, mas não vou fazer parte disso. Não posso.

Vanessa expirou tentando raciocinar. Rachel continuou a encarando e vendo o quão perdida e apavorada ela ainda estava.

Ao final, as duas se levantaram e se abraçaram. Sabiam que não tinham nada pessoal, só não cediam uma a outra. Depois, Vanessa pegou um táxi para casa, e Rachel outro para a casa de Stark.

Chegando lá, o louro a atendeu à porta assim que viu quem era pelo olho mágico. Quando abriu para ela, Rachel saltou para ele num abraço apertado.

— MINHA RAE!

— MEU FOFÃO!

Stark soltou Rachel em seguida a isso.

— Fofão? Você não aprende Rae? Qualquer adjetivo menos “fofão” e “tchutchuco”, por favor! – Stark parecia

Rachel desatou a rir, entrando na casa e indo, familiarmente, se largar no sofá. Stark tornou a fechar a porta e foi se sentar com ela, ajuntando as dezenas de papéis e apostilas espalhadas pelo estofado.

— Estudando, Star?

— Claro. Quero em livrar dessa faculdade logo! E em pensar que ainda faltam dois anos...

— Pra mim faltam três e eu sem bem o que é querer arrancar os cabelos por isso! E o que estava pesquisando? – Rachel tentou virar o notebook para dar uma espiada, e estranhou quando Stark o pegou de repente, parecendo acanhado. — O que foi?

— Nada. Era só... Uma pesquisa idiota, você vai rir de mim.

— Não. Não vou não.

— Vai sim. Mas... Mudando de assunto – Stark fechou o notebook. — Danoniho só vai chegar lá para as nove. Ainda são sete!

— E quem disse que eu vim pelo Dan? – Rachel sorriu docemente. Stark também, de forma alegre e satisfeita.

— Glória irmão! – Exclamou feliz. — Rae veio passar um tempo com o cara aqui! – Disse pulando no sofá ao lado de Rachel e puxando-a para seus braços.

— É, mas... Também vim falar de ontem. Não pense que esqueci!

Stark murchou, voltando a se sentar recatado.

— Eu já expliquei tudo pra todo mundo. Não acredito que o Dan ainda não falou nada pra você!

— OK, ele falou, mas eu não vim aqui falar sobre o que o Dan me disse! – Rachel tentou ser convincente. — Eu quero saber de você, irmão. – Rachel soou engraçada tentando falar como Stark.

— E o que o irmão quer saber?

— Não vou perguntar o que te deu pra bater no Augusto. Eu sei o que te deu. Eu quero saber o que sucedeu. Como você está?

— Na verdade, muito bem! – Rachel estranhou e Stark riu. — Eu vi a Vickie hoje. O que me dá medo é ela não ter te ligado pra contar!

Rachel deu uma tapinha no braço de Stark, o que não fez nem cócegas.

— O que você pensa? Que somos um ciclo de fofocas? – Rachel riu.

— Eu sei bem que a gente parece aquele tipo de família que, se um deu um espirro, o tio mais distante fica sabendo quem passou a gripe!

Rachel riu mais.

— Você tem cada analogia Star!

— É. Eu sou genial! – Stark se gabou, mas logo tornou para a questão. — Pois é. Eu fui falar com a Vickie.

— No hotel dela? Mas como descobriu?

— Não. Na faculdade dela.

— STARK!

— Que é? Eu fui antes da aula, ela estava entrando. – Ele tentou amenizar. Sabia que Rachel não ia gostar da ideia de ele poder ter perturbado Vickie, ainda mais na faculdade. — Além do mais, a gente terminou direito dessa vez.

— COMO?

— Terminando. Numa conversa civilizada!

— CIVILIZADA? Não sei o que mais me surpreende!

— É, vai rindo! – Stark assumiu uma pose sóbria, o que só o tornava mais engraçado.

— Eu preciso ver a Vickie...

— Sua desconfiança em mim é brilhante!

Rachel se condoeu e escorregou para o lado de Stark, o abraçando de forma fofa.

— Desculpa grandão. Eu acredito, mas não consigo me conformar. Convenhamos... Há anos vocês estão juntos, mesmo brigando. Vai ser estranho deixar de ver isso...

— Mas relaxa, Rae, a gente vai estar melhor que antes...

Rachel sorriu e plantou um  beijo na testa de Stark, o que ela não sabia era o que significava aquela frase para Stark.

— Já que faltam duas horas pro Dan chegar, vamos ver um filme?

— JÁ É! – Stark saltou do sofá. — Você escolhe um DVD aí que eu vou pegar uns biscoitos com leite lá dentro.

— Biscoitos com leite? Vocês têm isso aqui? – Rachel estranhou sendo a casa de dois rapazes jovens (e um tanto desligados pra essas coisas).

— O Dan e eu não dormimos sem leite! – Stark confidenciou deixando Rachel na sala se acabando de rir.

Quando foi arrumar o sofá para assistirem ao filme, quase bateu no notebook no braço da poltrona. Ela sabia que era errado, mas curiosa, abiu o aparelho para ver o que Stark escondera. Assim que a página abriu, Rachel ficou passada: “INGRESSE NO EXÉRCITO, E AJUDE A PROTEGER SEU PAÍS”.

Ao ouvir os sons de Stark na cozinha, Rachel tornou a fechar o notebook mais que depressa e foi até a estante escolher o filme.

(...)

Alan se sentia muito mais satisfeito depois do dia que teve. Tinha a sensação de que tudo havia dado certo. Sua vítima o perdoara, e seu chefe tinha lhe dado à chance de cuidar um pouco dela, e assim se sentia mais redimido. A única coisa que ainda o afligia era não ter tido notícias de Vanessa. No caminho para casa, tinha a nítida esperança de que a encontraria, nem que fosse brava, nem que fosse para brigar com ele. Precisava dela. A angustia de ter um problema tão importante ainda mal resolvido era perturbadora.

Porém, sua esperança desceu pelo ralo quando chegou à porta de casa e encontrou tudo escuro. A grade trancada, um silêncio geral. Então Vanessa ainda não tinha voltado dos seus treinos...

Alan pegou o molho de chaves e, desanimado e estafado, abriu cadeado por cadeado, colocou a moto pra dentro, e depois abriu a porta de casa. Acendeu a luz do primeiro corredor, que iluminou as portas da sala, cozinha, banheiro e quarto. Como de rotina, caminhou até a porta da sala, deixou sua mochila na mesa de canto, tirando dela o jaleco que usou no dia. Seguiu para a cozinha, acendendo a luz de lá e indo para a área de serviço. Deixou o jaleco no cesto e aproveitou para deixar a camisa e calça que usava também. Quando voltou para a cozinha, estranhou uma refeição dentro do microondas. Mas como esteve distraído de manhã, imaginou ter esquecido lá dentro. Voltou para o corredor principal e foi até o banheiro. Pegou a toalha do gancho e tomou um banho. Após isto, finalmente se encaminhou para o último cômodo, seu quarto.

O interruptor ficava mais dentro do quarto, mas Alan já sabia achar o botão sem problemas com a escuridão. Porém, antes de acender a luz, tomou um susto. Deparou-se com a silhueta de Vanessa à janela. Acionou o interruptor mais que depressa.

— Vanessa?

Ela estava encostada no canto da janela, quase coberta pela cortina. Parecia estar distraída, até que se virou de supetão para Alan. Ele notou que suas pálpebras inferiores estavam vermelhas, assim como a ponta de seu nariz. Sempre ficava assim quando chorava. Logo ele ficou preocupado.

— Alan... – Vanessa suspirou.

— Você está bem?

— Alan...

Vanessa tornou a perder o controle de suas emoções e a chorar copiosamente. Correu para Alan, que sem saber o que fazer, tomou-a nos braços. Parecia muito delicada, muito ferida. Pequena e frágil, como nunca foi em mais de quatro anos de convivência.

— Calma, calma... – Alan tentava, mas parecia só piorar a crise de choro.

Alan levou Vanessa para se sentar na cama, ela soluçava e mal conseguia falar. Ambos se olharam, e Vanessa podia ver a confusão virando dor nos olhos de Alan. Tinha tanto o que dizer, mas nem um pingo de coragem para contar a verdade. Tocou seu rosto como se ele fosse de ouro, e o beijou como na época que tinham dezesseis e dezessete anos. Nunca pensou que poderia sofrer por deixar alguém. Alan era a melhor coisa que ela teve desde que perdeu a afinidade com seus pais, sendo acolhida pela amizade de Rachel e edificada pelo futebol. Era tudo que ela tinha, mas não era o suficiente para viver, em outros aspectos.

— Alan, desculpa... – Ela soluçou. — Desculpa, desculpa...

— Ei! – Alan puxou-a para seu peito. — Não precisa pedir desculpas. Amor...

— Eu não quis dizer que eu não... Não me importava! Eu me importo, você sabe disso, não sabe?

— Claro.

— Desculpa.

Alan ainda tentou a acalentar, e foi quando notou quão quente a cabeça de Vanessa estava. Com certeza deveria estar à cima de 37 graus.

— Espera aí... – Disse ele se levantando. — Eu vou pegar um remédio pra febre.

— Não, não, não, não, não... – Vanessa o puxou pela mão. — Fica comigo. Não sai de perto de mim.

— Mas você precisa...

— Fica. – Ela decretou.

Alan continuou parado de pé, intransigente. Vanessa se levantou, passando o braço em volta dos ombros dele e o beijando com fervor. Alan continuou aturdido, completamente incerto do que deveria fazer com Vanessa tão fora do comum (não fosse sua voz de autoridade). Tomou um susto quando sentiu Vanessa puxando sua toalha da cintura e jogando-a pra algum canto do quarto.

— Vanessa, você tem certeza que...

— Eu quero. Preciso que fique comigo.

Vanessa não deu trégua para Alan pensar e o tomou para si. Alan não tinha como recusar um desejo do qual ele partilhava. Não era tão certo assim, nas condições em que estavam, mas era tão inevitável quanto a viajem de Vanessa que ele desconhecia.

Vanessa sabia que o que estava fazendo poderia piorar ainda mais as coisas, mas não resistiria. Era perdidamente apaixonada por Alan, e faria os últimos momentos valerem quanto puderem.

(...)

Rachel ainda não engolira a página sobre Exército que Stark estava lendo no notebook, mas não teve coragem de perguntar nada. Tentava se manter distraída assistindo ao filme ao lado do amigo, que agia com naturalidade, sem desconfiar nada.

Era uma comédia, e somada às próprias piadas que Stark falava eventualmente, Rachel quase não conseguia parar de rir. Apesar de ter pouco tempo livre, ela percebeu que precisava de mais momentos assim.

— Hei! – Disse tentando achar o fôlego depois de rir horrores. — Precisamos sair. Nós cinco de novo.

— Também acho. Preciso reinventar novas formas de perturbar o Dondoca, ele está aprendendo a ignorar minhas provocações, e não tem graça.

— Você é mau, Sr. Stark!

— Sou nada! Eu sou a alegria desse circo! Você é a trapezista, o Danilo é o palhaço. – Rachel riu. — Alan é o mágico e Vickie é...

— Malabarista?

— Pode ser. Mas uma má malabarista. Não sabe andar pela rua sem derrubar todos os trecos que carrega!

— Star!

— Ora é verdade. E eu seria o... O que sobrou?

— O leão?

— Leão?

— Todo circo tem leão. – Rachel disse brilhantemente.

— É. Gostei disso! Mas... Por que eu sou o único animal?

Rachel começou a rir sem conseguir falar. Foi quando a porta foi aberta e o barulho de chaves fez com que eles se virassem para olhar.

— Palhacinho! – Stark disse de forma feliz, abrindo os braços para Danilo.

— O que? “Palhacinho”? – Danilo ergueu uma sobrancelha. — Você por aqui!

— Eu moro aqui! – Stark exclamou.

— Eu sei! Eu estou falando é da única pessoa bonita nessa sala! – Disse Danilo. — Depois de mim, claro.

Rachel riu.

— Convencido. Quer competir beleza comigo?

— Depois eu sou convencido! – Disse Danilo indo até atrás do sofá e abraçando Rachel por cima do encosto.

— Por favor, não se agarrem na minha presença, seus despudorados! – Stark reclamou.

— Então faz favor de sair? – Danilo implicou.

— Eu não. Eu estou vendo filme! – Stark ergueu o queixo, fazendo birra.

Rachel ria mais.

— Vem Dan! Esse filme é uma palhaçada só!

— É... Eu preciso ver uma comédia nova. Já me enjoei do Stark, todo dia aqui pentelhando...

Danilo alfinetou e Stark tacou-lhe um biscoito.

— Eu vou me superar.

— Impossível! – Danilo riu.

Rachel puxou Danilo para se sentar com eles. Estava ela num canto e Stark ao seu lado. O loiro, de pirraça, não se afastou, fazendo com que restasse apenas o outro canto do sofá para Danilo. Então eles assistiram o fim do filme assim, Rachel e Danilo nas pontas e Stark bem no meio dos dois, espaçoso e engraçado.

O filme não durou muito do meio pro fim, e logo Stark estava se espreguiçando exageradamente.

— UAU! Precisamos comprar esse DVD! – Disse ele rindo.

— Mas esse DVD já é nosso! – Danilo disse entediado.

— IH É! – Stark riu. — Eu não sei vocês, mas eu vou tomar um banho. Sabem como é... Coisas acontecem quando a gente ri muito.

— STARK! – Rachel e Danilo gritaram ultrajados.

— UÉ! Você também riu horrores Rae!

— STARK! – Rachel gritou sozinha.

— Eu estou falando de dor de garganta. – Stark explicou. — Estavam pensando besteira, não estavam?

Stark estreitou os olhos para Rachel a fazendo corar.

— Não dê ouvido! – Danilo disse finalmente podendo se arredar para perto de Rachel. — Esse maluco não fala coisa com coisa.

— Isso: ignorem o que Stark diz. Podem ficar aí! Eu vou pro banho!

Stark deixou a sala rindo. O silêncio se apoderou do cômodo até a porta do banheiro bater e o barulho do chuveiro ressoar. Rachel e Danilo ficaram sentados no mesmo lugar, Danilo foi quem falou primeiro.

— Teve um bom dia, Rae? – Perguntou puxando-a para seus braços.

— Um dia bem chato... – Disse manhosa, abraçando-o.

— O que você fez? – Danilo beijou seu maxilar.

— Li um monstro de livro... – Rachel puxou pela memória. Mas de repente, só conseguia pensar em Danilo. — Fiz... Uns artigos sobre direito civil... – Rachel sentiu um beijo mais forte bem no meio de sua garganta. — Ah... Tive que reformular cláusulas pro meu chefe num processo que... – Danilo envolveu sua cintura a apertando um pouco. — Que está sendo muito difícil... E... — Danilo inclinou Rachel para trás, e ela recostou-se no braço do sofá. Sua garganta em chamas. — Depois eu... Esqueci... De...

— Senti sua falta, o dia todo. – Danilo disse, finalmente parando e olhando nos olhos dela.

Rachel estava tão tonta e inebriada quanto ele. Possuíam uma química que derrotava o autocontrole de ambos, mas Rachel era quem mais conseguia lutar.

— Eu também. – Ela respondeu, contudo, o que deu brecha para Danilo beijar-lhe a boca, a afogando aos poucos.

Rachel agarrou os cabelos de Danilo quando ele apertou sua cintura de novo. Era incontrolável. Toda ação dele correspondia a uma reação que a deixava cada segundo mais amedrontada. Rachel tentou respirar fundo, o que empurrou seu tórax contra o dele, e permitiu Danilo passar o braço por baixo dela, a suspendendo para seu colo.

Rachel sentiu um espasmo tão diferente do que já sentiu antes que a fez aproveitar o movimento para pular fora do sofá. Vermelha e totalmente sem ar.

— Eu... – Ela tentou não parecer tão brusca, mas estava visivelmente perturbada.

— Rachel, desculpa.

— Pelo quê? Não... Quer dizer... Não foi nada! Não foi... – Rachel não sabia o que dizer enquanto procurava por suas coisas com o olhar. Encontrou a bolsa e os livros na mesinha de canto. — Eu tenho que ir. Minha mãe tinha que pegar Rebeca na casa da tia Fee e eu acho que já estão em casa...

— Tudo bem, eu te levo em dois minutos! – Disse Danilo se pondo de pé.

— NÃO! – Rachel disse disparada, pegando seus pertences nos braços. — Quer dizer... Não se incomode Dan.

— Rachel, não seja cabeça dura, está de noite...

— Eu vou ficar bem.

— Leva meu carro então. – Danilo arremessou as chaves para ela pegar. Sabia que se oferecesse ela não pegaria.

— Eu te agradeço muito então... – Disse docemente.

— Dirige com cuidado. – Danilo se aproximou para beija-la mais uma vez, mas Rachel só permitiu um breve beijinho.

— Tudo bem, até amanhã.

E saiu apressada pelo pátio da casa até o carro de Danilo. Arrancou com cautela e só teve tempo de ver Danilo acenando na porta.

Danilo voltou-se para a sala, e deu de cara com Stark.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Demorei menos nesse?
Bem, preciso realmente das críticas de vocês! Boas ou ruin! Deixem um review, mesmo pequeno!
Obrigada por ler!
Mila.



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