Amigos escrita por camila_guime


Capítulo 1
Depois de um tempo.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Espero que gostem!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/161040/chapter/1

Amigos

Segunda temporada.

O despertador tocou histericamente às cinco horas da manhã, fazendo Rachel dar um salto debaixo das cobertas. Segurando a cabeça com as duas mãos, a garota tentava raciocinar. Quando finalmente entendeu que não era um sinal de incêndio, mas sim aquele maldito aparelho, inclinou-se para o lado e o desligou.

No criado-mudo, uma foto sempre a fazia sorrir sem perceber: estava ela num parque de diversões, de mãos dadas com um rapaz de sorriso largo, que esticava o braço provavelmente tirando a foto. No outro ponto da paisagem atrás dos dois, um rapaz louro, de beleza jovial, puxava uma loirinha, magrinha e pequena, que tentava empurrar o algodão doce na cara de um outro rapaz. Este último, maior que os outros, e tentava fugir do alcance da loira e ao mesmo tempo era puxado por uma garota morena, de longos cabelos cacheados. Danilo Luxer, Ethan Stark, Vicktoria Santiago, Alan Castellan, Vanessa Salazar. Os amigos. Bons momentos...

E olhando um pouco mais para o lado, no calendário perto da foto, uma data saltou aos olhos de Rachel, com uma anotação por cima:

“Faculdade”.

Aquilo a encheu de um súbito medo, misturado com ansiedade. Não era seu primeiro dia, mas era o primeiro dia daquele quarto semestre. Então, sentindo todo seu corpo doer pelo frio da noite e o sono, ela sentou apoiando os pés no chão e se levantou. Na sua mente nada passava com exatidão. Era muito cedo e ainda parecia noite do lado de fora da janela, mas ela não podia se dar ao luxo de fazer corpo mole. A faculdade de direito Statera era praticamente do outro lado da cidade para ela, que morava longe, e não podia se atrasar.

Fazendo tudo correndo, Rachel conseguiu tomar banho, se vestir e passar uma leve maquiagem em quarenta minutos. Sem um segundo a mais, sua mãe a chamava na parte de baixo da casa.

— Rache! Rachel desça logo! Danilo está aqui!

Não foi preciso gritar mais. Logo se ouviu o barulho de passos correndo na escada, e no instante seguinte, uma moça alta, de longos cabelos castanhos apareceu trajando uma camiseta e um jeans, trazendo três livros num só braço e uma bolsa de ombro.

— Dan! – Rachel suspirou parando na sala.

Havia um rapaz sentado de costas para a escada, no sofá. Ele olhou por cima do ombro. Pele bronzeada, cabelos lisos e curtos, meio desordenados, o mesmo largo sorriso estampado da foto, num rosto forte de linhas retas. Danilo Luxer se levantou, colocando cuidadosamente uma xícara de café na mesinha de centro, e foi até Rachel, abraçando-a forte e dando-lhe um beijo nos lábios.

A mãe de Rachel arranhou a garganta mesmo não estando na sala, como se pedisse permissão para entrar.

— Tudo bem mãe! Não estamos fazendo nada! – Disse Rachel.

Uma senhora de aparentes quarenta e poucos anos adentrou no cômodo, trazendo um pacote embalado em um saco de papel de padaria. Danilo se postou ao lado de Rachel comportadamente enquanto a senhora conversava com a filha.

— Tudo bem, eu vou comer, mãe... – Rachel assegurava.

— Se ela não comer, você me avise... – Senhora Fox disse a Danilo.

— Pode contar comigo! – Ele acenou.

— Isso mesmo! Fique do lado dela! Traidor! – Rachel brincou puxando Danilo em direção à porta. — Eu não sei se eu volto para o almoço... Talvez eu vá encontrar o Alan!

— OK, contanto que você coma... – Senhora Fox gritou de dentro da casa.

— Eu vou comer mãe...

Rachel abriu a porta do carro de Danilo enquanto ele dava a volta e se posicionava ao volante. Os dois puseram o cinto ao mesmo tempo e depois Rachel tentou acomodar a bolsa e seus livros atrás do banco. Danilo arrancou pela rua deserta.

— Como vai minha linda advogada? – Danilo puxou conversa.

— Cansada.

— Mas acabamos de sair das férias!

— Eu sei, mas... – Rachel suspirou. — Eu acho que essa faculdade me tirou horas de sono irrecuperáveis! Acho que por toda minha vida vou sentir esse mesmo cansaço...

Danilo arqueou as sobrancelhas.

— Nossa, Rae, que horror! Eu disse que sempre achei ruim você ter parado com o futebol! Acho que se ainda jogasse, não só estaria numa estadual como também estaria mais feliz.

— Ah, mas eu estou feliz com o direito! – Rachel defendeu. — Eu só estou cansada, é diferente...

— Bem que você poderia entrar em alguma atividade esportiva novamente, o que acha? Mesmo sendo academia...

— Dan... Isso é uma indireta? Você quer dizer que eu não estou em forma? Tudo bem, eu sei que estou a uns dois anos parada e relaxei. Pode ser sincero, vai...

Danilo começou a rir, o que fez Rachel parar de falar e corar nas maçãs do rosto.

— Rae, por favor! Você está completamente em forma... – Disse ele entre um fôlego e outro. — Muito linda!

Rachel olhou para as próprias mãos, vermelha como uma rosa, segurando um sorriso satisfeito e tímido. Ela pôde sentir que naquele momento, Danilo brevemente a avaliou por inteira, fazendo surtir nela uma onda de calafrio.

— Pare de me olhar assim... – Ela pediu.

— Sempre te olhei assim...

— Não... Está diferente.

— Tudo bem, eu vou tentar me focar na pista. É mais fácil em você, mas eu faço um esforço...

Rachel deu uma tapa no braço do garoto ao notar seu tom canalha. Os dois continuaram maior parte do caminho ouvindo música e cantarolando um pouco. Uns quarteirões antes da faculdade de Rachel, eles retomaram a conversa.

— Eu não posso me atrasar pro primeiro horário. É História do Direito, e a professora é uma carrasca!

 — Sabe, Rae, você deveria se mudar. Acordar cinco horas é desgaste demais.

— Já falamos sobre isso. Eu não vou morar com você sozinha... – Rachel sorriu, o que fazia Danilo ferver em frustração.

— Eu sei. Você disse isso... – Suspirou derrotado. — Mas você mora muito longe da Faculdade, isso deve estar te cansando mais. Não que eu me importe em passar aqui e te pegar, mas eu falo por que...

— Eu sei! Você está certo. Na verdade eu tenho uma proposta para morar mais perto de lá, só que está incerto ainda...

— E quem te propôs isso? Alguma colega?

— Não... Foi... Foi o Alan...

Danilo apertou as mãos no volante quando o carro deu uma guinada brusca para a esquerda. Rachel sentiu o coração na garganta, mais pela cara de desgosto do namorado do que pelo acidente.

— Desculpa.

— Rachel, essa eu não entendi! – Danilo falou segurando o tom.

— Dan, você sabe que entre Alan e eu nunca, jamás, aconteceria nada! Ele é praticamente meu irmão, seria um nojo. E ele mora com a Vanessa, que é namorada dele, então você não tem por que sentir ciúmes...

Rachel viu o maxilar de Danilo trincar.

— Acontece que eu tenho todas as razões pra ter ciúmes da namorada que eu tenho e, aliás, ele já te beijou uma vez, lembra? Segundo ano, naquele hospital...

— Seu rancoroso! Não foi nada! Já faz tanto tempo, e já foi tão explicado... Foi por minha culpa que ele me beijou, eu o fiz me beijar, só que foi lá, naquele momento! Eu nunca vou querer beijá-lo de novo. E ele não faria isso por mim nunca mais!

— Como se fosse um sacrifício para um garoto te beijar!

— AH! – Rachel riu. — Eu vou tomar isso como um elogio.

— Então é por isso que vai almoçar com ele hoje? Pra dá essa resposta a ele? – O ciúme era latente no tom do garoto.

— Também. Eu e ele temos uma coisa pra resolver... Coisa de família. Família dele, se é que você ia perguntar.

Danilo expirou se sentindo derrotado por Rachel. Ele duvidava muito, mas não da fidelidade de Rachel, e sim do controle de Alan. Ele sabia que Alan sempre se manteve a uma boa distância de Rachel, mas também nunca escondera que a amava de alguma forma... Especial.

— Tudo bem, Rae. Se você aceitar o convite do Alan, tudo bem...

— Mesmo?

— Não. Mas eu não vou me impor. Você sabe o que faz.

O argumento da responsabilidade. “Você sabe o que faz”. Sempre fazia Rachel sentir um nó no peito.

— Eu sei o que eu faço. – Falou tentando soar o mais confiante possível. — E eu nem decidi ainda, então, relaxa...

Rachel se inclinou para o lado de beijou o rosto de Danilo, que se derreteu e acabou sorrindo ao estacionar.

— Entregue.

Eles saíram do carro e Danilo deu a volta para encontrá-la na calçada.

— Sua mãe disse que era pra você comer isso aqui. – Danilo ergueu o saquinho de lanche e o equilibrou sobre os livros de Rachel, que fingiu ter esquecido daquilo. — Não pense em ficar sem comer.

— Não, não. Obrigada!

Rachel fez menção de virar e entrar pelo prédio da faculdade quando foi surpreendida por Danilo, pegando os pertences dos braços dela e encostando-os sobre o carro. Em seguida, abraçou Rachel pela cintura e a beijou. Foi tão de repente, que ela não teve a oportunidade de se preparar, o que, na situação dela, era mais que perigoso.

De uns tempos pra cá, Danilo estava começando a reagir nela de forma diferente, mais forte e intenso que o habitual, de maneira que Rachel receava pelo seu autocontrole. Como ele conseguia, facilmente, fazê-la perder a noção de espaço, fazê-la perder a força de autoridade. Quando Danilo a beijava, era só ele em sua cabeça, e lhe custava muito de sua força de vontade para fazê-lo parar.

E foi puxando por essa força que Rachel imprimiu uma distância entre ela e ele e, sem fôlego, apoiou o rosto no ombro do rapaz. O sinal barulhento do início das aulas escoou escola afora.

— Seu tempo. – Danilo avisou.

— Minhas coisas... – Rachel se lembrou.

Arrumando tudo nos braços de novo, Rachel se preparou para entrar. Foi subindo os degraus de fora do prédio. Lá em cima, ainda virou para olhar Danilo jogando-lhe um beijo e entrando no carro. Em seguida, junto com mais um toque do sinal, seu celular começou a vibrar. Driblando as pessoas no corredor, Rachel conseguiu alcançar o aparelho no bolso da calça.

— Oi?

— Rae!

— Vickie! Tudo bom?

— Bom? É, eu acho que está bom, não tudo, mas não é disso que eu quero falar agora... – Disparou uma loira que andava apressada pela cidade, atulhada com uma bolsa, um tubo porta-planta, e uma pasta de couro.

Rachel riu do outro lado da linha, o que fazia Vicktoria sentir uma vontade imensa de ver a amiga.

— O que houve? Como você está?

Vickie tentava responder ao mesmo tempo em que gesticulava para os carros deixarem-na passar. Um buzinou tão em cima dela, que ela teve que correr equilibrando no braço a bolsa Victor Hugo.

— Estou indo para um museu agora. Tenho uma pesquisa para fazer, mas, afinal, quando é que vou poder ver minha amiga?

— Eu não sei, você é a sumida, não eu! Eu continuo sempre na mesma cidade. – Rachel rebateu animada. — Mas espera aí? Quer dizer então que você voltou?

Vickie se desequilibrou um pouco ao subir o nível da calçada e tentar passar pela porta do Museu de Arte e História da cidade.

— É. Eu estou de volta! – Vickie anunciou. Rachel deu um grito do outro lado. Os alunos da faculdade se viraram para ela no mesmo instante, e ela teve de mudar de corredor rapidamente. — Mas e então, a gente poderia visitar aquele restaurante tailandês que a gente gostava na hora do almoço?

Rachel hesitou enquanto sentava num banquinho da faculdade.

— É que na hora do almoço eu ia ver Alan. Mas poderia ser à noite. Stark deve estar louco pra te ver, e poderíamos ir à casa onde ele toca!

— Eu não acho que Stark esteja assim tão louco pra me ver... – Vickie murchou e ao mesmo tempo deixou transpassar seu tom de brava.

— Ih, vocês não brigaram, brigaram?

— Rae, eu não sei quando eu não brigo com esse cabeçudo! – Vickie teve que baixar o tom enquanto andava pelo salão do museu.

— Mas Vi... Você nem estava na cidade, como poderiam ter brigado?

— Estamos falando do Ethan Stark, e não é preciso ficar no mesmo planeta que ele pra ele encrencar comigo. E quer saber? Eu já cansei!

— E o que isso quer dizer?

No museu, um guarda começou a gesticular para Vickie desligar o celular. Ela displicentemente fechou a cara para ele, que logo em seguida fez questão de pôr à mostra um par de algemas em seu cinturão.

— Ahn... Rae?

— Vickie?

— Eu tenho que desligar... Tem um guarda-pé-no-saco me fuzilando com os olhos. É que eu estou dentro do Museu agora. Então à noite você me encontra naquele restaurante tailandês. Beijo!

Sem dar tempo de Rachel responder, Vickie desligou e se desajeitou ao tentar colocar o celular de volta na bolsa sem deixar cair as outras coisas. Quando virou para trás, o guarda-pé-no-saco se encontrava às suas costas.

— “Pé-no-saco”? – Inquiriu ele.

Vickie tentou dar-lhe um sorriso amarelo que mais que nunca pareceu “culpado”.

Enquanto isso, num outro ponto da cidade, um relógio ainda despertava. Sete horas. Alan Castellan tomou um susto com o hino de futebol do time que sua namorada jogava. Meio atordoado, sentou-se na cama para desligar o aparelho. Tentou fazer uma nota mental para pedir a ela que trocasse aquele toque barulhento.

Sob um suspiro sonolento, Alan olhou ao redor tentando se situar. Vanessa não estava em canto nenhum do quarto, então, ele se levantou pondo uma bermuda no corpo e saiu em direção ao banheiro. A porta estava aberta, mas o boxe fechado, onde sua namorada tomava banho. Aproveitou para escovar os dentes e lavar o rosto.

Alan notou no espelho que seu cabelo estava maior do que o habitual, e o que era um pequeno topete estava quase para virar uma franja preta, sombreando a testa. Suas olheiras não haviam diminuído com as férias. Continuavam ainda levemente arroxeadas como sempre, porém, estava disposto a voltar para a lida com a faculdade de medicina. Mal esperava para poder encontrar Rachel e contar a boa nova do semestre.

Pensando em seu futuro, Alan foi até a cozinha e começou a preparar um café. Estava concentrado em seus planos quando viu, através do reflexo da janela, sua namorada passar pela porta, apressada do banheiro em direção ao quarto. E depois, já vestida com um short e sutiã, passar de volta do quarto para o banheiro. O roda-roda dela começou a desconcentrá-lo.

Intrigado e divertido ao vê-la se arrumando, Alan sentou à mesa perto da porta e continuou espiando a pressa da moça. Ela amarrou o longo cabelo cacheado num rabo de cavalo, ao mesmo tempo em que tentava calçar um tênis sem o auxílio das mãos. Desequilibrada, caiu sentada na cama, o que fez Alan rir sem querer alto demais.

— Ótimo. Pode só rir ou pode vim aqui ajudar? – Ralhou ela.

— Que humor! – Alan continuou rindo, o que deixava Vanessa louca de amores e raiva.

Assim que Alan se abaixou, ela foi logo colocando o pé no joelho dele para que amarrasse os cadarços.

— Você vai ter treino até que horas? – Perguntou Alan.

— A manhã toda, e à tarde uma preparação. – Respondeu Vanessa pegando uma blusa e vestindo enquanto o outro tênis era amarrado.

— Mas um treino já não é uma preparação?

— A preparação é mais forte que o treino, e mais específica. Tem mais a ver com a preparação para o time que você vai pegar do que com qualquer coisa.

— Hum...

Vanessa viu Alan prender sua atenção no laço mais do que realmente era necessário, o que indicava que ele ficou insatisfeito com algo. E ela sabia o que era.

— Eu preciso fazer isso. Jogar é minha profissão.

— Eu não disse nada. – Defendeu-se Alan, e foi sentar numa ponta da cama.

— Nem precisou! Olha... Você não vai ter faculdade hoje?

— Vou regularizar a re-matrícula hoje.

— Então. À noite a gente se vê... – Vanessa prosseguiu em tom meigo, escorregando-se para o lado dele. — Você me espera chegar, e eu posso fazer algo especial...

Alan odiava quando Vanessa blefava, e tentou se manter o mais abstinente possível, mesmo com a mão dela caminhando estonteantemente pela suas costas, a boca dela tentando seu pescoço, o seu perfume inebriando-o...

Farto e à beira da tontura, Alan desistiu e puxou Vanessa para seu colo, beijando-a profundamente. Ela riu demonstrando sua vitória, e por vingança, Alan a pôs debaixo de si e desceu com a mão para onde sabia ser o ponto fraco dela: os quadris. Vanessa começou uma crise de riso enquanto Alan não desistia de deixar beijos por seu pescoço. A morena já se encontrava sem ar de tanto rir, mas Alan só parou quando os dois ouviram o agudo grito do bule indicando que a água estava fervida.

Vanessa ergueu o rosto assustada.

— Você estava fazendo café?

— Tentando.

Vanessa caiu aos risos de novo deixando Alan para trás e indo até a cozinha. Alan aproveitou para pegar uma toalha e uma muda de roupa. Os dois tomaram café e, assim que Vanessa acabou do seu, uma buzina foi ouvida.

— Minha deixa. – Avisou Vanessa, e novamente viu Alan tentar segurar sua expressão de inconformado.

— Vai lá! – Disse ele sem ânimo.

Vanessa deu um beijo mal correspondido em Alan, e seguiu para porta, onde a Van da equipe de futebol a esperava. Assim que ela saiu, Alan foi atender ao telefone que começara a tocar.

— Pronto.

— “Pronto”? Pronto? Por acaso você é um secretário? – Uma voz zombeteira falou do outro lado da linha, dando um susto em Alan e apagando qualquer resquício de sono. — Fala irmão!

— Stark! E aí? Está de bobeira?

— Claro que não. Só estou nos remixes... – O outro se gabou. Alan podia ouvir as batidas do som no fundo da ligação. — Então, você vai dar uma passada por lá hoje á noite?

— Não sei... Vanessa só vai aparecer em casa à noite hoje...

Alan escutou o amigo do outro lado da linha começar uma risada debochada.

— Vanessa, quem diria! Pra quem falava que não ia se amarrar...

— Eu não estou amarrado! Isso se chama compromisso, é diferente. – Alan encostou-se na bancada da cozinha vendo que o papo ia render. — Aliás, como anda seu caso chiclete?

— O que?

— Loiro e burro ainda por cima...

— EI! Não ofende!

— Eu estou falando da Vickie, seu lerdo! Sabe noticias da loirinha?

— Não tenho certeza... Ela deve ter voltado ontem à noite...

— Beleza! Na sua boate, hoje à noite:Vi, Rae, você, eu...

— Acho que não vai rolar... – Stark desanimou.

— Por quê? Brigaram? – Alan perguntou. O silêncio de Stark foi esclarecedor. — Eu sabia! É por isso que você sumiu essa semana. Vocês estavam em crise...

— Não sei quem estava em crise! Não tem ninguém amarrado aqui, irmão, e eu estou solteiro há muito tempo!

Foi a vez de Alan começar uma risada debochada.

— Sei... Devo lembrar da noite que você declarou juras de amor? Eu lembro, foi no nosso último fim de semana, há... Três semanas. Você disse até que era homem de uma mulher só!

— Eu devia ter bebido.

— Não, não. Você estava muito sóbrio, irmão. – Alan riu ao lembrar. — Mas quer a verdade? Não me admira em nada!

— O que? Como assim?

— Você e a Vi: vão e voltam... Daqui pro fim da semana você vai declarar amor de novo.

— Ah, com certeza não, irmão. Eu cansei! Quem não dá assistência perde para concorrência. E quem não corre pro avião, fica a ver navios...

— O que? – Alan riu da idiotice de Stark.

— Depois eu sou o loiro burro...

— Tudo bem! – Alan suspirou, cansado de rir. — Hoje eu vou almoçar com a Rachel, você poderia procurar algo útil pra fazer... Tipo: ligar para Vickie e a chamar para comer alguma coisa...

— Você cismou com a Vicktoria agora! Eu não vou voltar atrás.

— A final, por que brigaram?

— Entra no face book dela, você vai entender. O álbum é: Congresso de Julho, Amigos. Você vai me dar razão.

— Eu duvido. Vai dizer que brigaram por que ela tem fotos com amigos?

— Não. Agora escuta: o que mais você vai fazer à noite?

— Eu falei. Vanessa vai chegar em casa. Não sei se não tenho nada pra fazer...

— UH... Você e Vanessa. Em casa. À noite. Coisa boa não deve ser...

Alan riu do amigo.

— Não seja tão indecente!

— Indecência é o que vocês fazem, não o que eu penso!

— Vá ao assunto, não temos por que falar de Vanessa e eu! – Alan estranhamente se sentiu exposto.

— O que eu ia dizer é: Eu chamo o Dan, você vai com a Vanessa, se quiser, e Rae pode ir também se ela quiser. Vão prestigiar meu novo som hoje. Não vão se arrepender!

Alan expirou pensando sobre a ideia. A nova casa onde Stark tocava era a sensação da cidade à noite, e parecia uma boa maneira de se divertir um pouco mais com Vanessa, estar entre todos os amigos de novo...

— Bem... – Alan respondeu. — Isso me parece bom.

— Isso é bom, irmão! – Stark garantiu.

— Então às oito horas, na casa, pra comemorar...

— A nossa liberdade!

— Ê-lau-ê! – Alan brincou.

Continua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura.
Deixem comentários e recomendações sobre o que poderia ficar melhor ou o que gostaram para que continue assim.
Obrigada mais uma vez.


Mila