Pov. Marília.

– Alguém pode me explicar o motivo desse lugar existir escondido no topo de uma colina no meio do nada? – falei para Thalia, Percy e Quíron, quando Annabeth saiu para buscar água para mim.

– É uma longa história. – Thalia falou depois de um longo suspiro e se deitou na cama em que estava com os pés para fora, Percy fez o mesmo na cama vazia ao meu lado.

– Marília você conhece a mitologia grega? Sobre deuses e tudo mais? – Quíron começou.

– Minha mãe contava histórias sobre mitológicas quando eu era pequena, mas me lembro vagamente.

– Pois bem. Esses deuses das suas histórias de infância existem de verdade. – ele continuou se apoiando na cadeira em que estava.

– Impossível. – respondi balançando a cabeça e meu segurando para não rir.

– Esse é um dos motivos desse acampamento ser escondido, como você mesma disse, esses deuses que eu mencionei, andam por ai como se fossem pessoas normais, e vezes ou outra se relacionam com mortais... E você é fruto de um desses relacionamentos. Uma meio-sangue, semideusa, como preferir.

– Eu preciso de um motivo plausível pra acreditar nisso.

– Acho que é melhor você mostrar pra ela aquele vídeo de instruções. – Percy falou encarando o teto.

– Faz tempo que eu não vejo aquele vídeo, nem me lembro o que ele diz. – Thalia falou se sentando.

– É muito cumprido? – perguntei olhando para Thalia.

– Uns quinzes minutos. – Quíron falou.

– É só o básico, depois com o tempo você se acostuma com a prática. – Percy falou se sentando também.

– Eu vou pedir para que alguém o traga. – Quíron disse indo até a porta.

Foram exatos quinzes minutos explicando a existência dos Dozes Deuses, dos monstros que me perseguirão quando sair daqui, e me matarão se não estiver preparada, e os seres mitológicos que me cercam. Tudo em desenho animado.

– Como vocês esperam que eu acredite que Deuses existem me mostrando um vídeo em desenho animado? – falei me sentando a maca.

– Ela tem razão. – Thalia concordou. – Esse vídeo é uma vergonha.

– Quem teve a idéia de fazer isso? – Percy disse apontando a tela da TV que agora estava preta.

– Grouver. – Quíron disse ainda incrédulo com o que acabará de ver.

– Só podia ser. – Thalia falou se jogando na maca.

Pov. Percy.

Assim que o vídeo acabou Annie entrou com Rachel no quarto, minha namorada levava o copo de água até Marília. Aqueles poucos segundos foram um dos melhores momentos da minha vida. Estava vidrado naquela garota loira que andava até a maca, que me pareceram ser lentos para que eu a admirasse.

Só sai de transe quando fui acertado na cabeça com um travesseiro. Percebi que foi lançado por Rachel, pois a maluca estava rindo da minha cara. Mudei minha atenção para Marília, a mesma havia acabado de levar o copo a boca e começar a beber, quando o símbolo verde surgiu em sua testa.

Todos começaram a observá-la incrédulos com a descoberta. Quando a garota descobriu que focávamos sua testa, a mesma a cobriu com a mão e perguntou o que acontecia.

– Você é filha de Poseidon. – Thalia falou apontando para a garota.

– Mas como?... – Marília tentava falar.

Rachel mexeu nos bolsos e tirou de lá um espelho pequeno e entregou o objeto a minha irmã. A menina o pegou e começou a observar o pequeno tridente que estava em sua testa e agora desaparecia.

– Sinceramente? – Marília começou a falar depositando o copo em cima da mesinha que estava ao lado de sua cama.

Todos nos olhávamos esperando a reação dela. Talvez surpresa, felicidade, raiva, por descobrir que agora sua vida se tornaria um inferno. Mas não. Foi à única coisa que eu jamais esperaria ouvir de qualquer semideus.

– Eu ainda não acredito nesse lance de que Mitologia Grega existe mesmo. – ela disse com todas as letras na maior simplicidade.

– Como assim você não acredita? – Thalia começou a surtar. – Um tridente apareceu na sua testa, você acabou de ver o vídeo mais idiota do mundo, mas que pelos menos explica tudo resumidamente da Mitologia Grega. – ela dizia andando de um lado para o outro. – Foi perseguida por um monstro até aqui, nunca ouviu falar desse acampamento por ai. E ainda não acredita? – Thalia completou parando e batendo as mãos no colchão da maca.

– Não – Marília respondeu sem se importar com o surto, como se fosse à coisa mais normal do mundo.

– Essa garota é sua irmã mesmo. – Rachel falou para mim.

Eu a encarei franzindo o cenho como se aquilo fosse um tipo de indireta e depois olhei para Annie que estava rindo da minha cara. Ela não se importou e veio até mim. Como eu estava sentado na maca ela encostou o quadril entre as minhas pernas, colocou as mãos no meu rosto e depositou um selinho demorado em meus lábios. Sem que eu pudesse fazer algo mais ela se virou para frente. Passei meus braços por sua cintura e cochichei em seu ouvido.

– Você me deve essa. – ela deu um sorrisinho tímido e seu rosto corou.

– Você está de brincadeira com a minha cara não é? – Quíron começou a falar e todos nos surpreendemos com as suas palavras.

Marília não mudou sua fisionomia de negou com a cabeça. Quíron bateu as mãos nos braços de sua cadeira de rodas, com um olhar incrédulo e começou a se levantar lentamente.

Suas pernas se transformaram e pernas de cavalos e seus pés em cascos. Sua cintura começou a ficar peluda. A manta caiu a seus pés e a parte inferior do corpo de um cavalo surgiu atrás do centauro. No lugar em que a cadeira de rodas deveria estar, só sobrou uma caixa de papelão.

– Agora você acredita? – ele disse levantando as mãos na direção das costelas.

– Aham. – Marília respondeu com os olhos arregalados.

– Já estava começando a pensar que você era maluca. – Thalia disse erguendo os braços dramaticamente e todos nós rimos de sua cara.

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