Assim que chegamos ao hospital vi que Atena não estava lá; só então eu percebi que ela deveria estar matando a companhia aérea para ter uma passagem no próximo voo para cá.

- Sua mãe está a caminho? – Perguntei.

- Ela já havia conseguido duas passagens para Nova Iorque e estava embarcando, deve chegar aqui em três horas, ela pegou um avião muito rápido; mais até que o jatinho dos Chase.

Ok! Eles têm um jatinho particular, mas isso não importa.

- Você já está melhor?

- Já, mas não quero vê-lo enquanto minha mãe não chegar, de qualquer jeito duvido que os médicos nos deixem entrar.

Entramos no hospital e fomos falar com a recepcionista, uma ruiva que estava analisando uma pilha de papeis que deveriam medir mais que um metro de altura.

- Boa Tarde! Gostaria de saber como estar o Sr. Max Chase; ele deu entrada aqui há algumas horas vitima de um infarto – pedi a recepcionista.

- Só um instante – ela saiu de trás da pilha de papeis e digitou alguma coisa no computador – Ele está sendo operado agora, aparentemente os médicos encontraram uma veia entupida perto do coração, se quiserem aguardar podem se dirigir a sala de espera ou ao refeitório, a cirurgia deve demorar mais umas duas horas.

- Obrigado – Annie agradeceu com a voz chorosa, já pude ver algumas lágrimas descendo por seus belos olhos.

Dirigimo-nos a sala de espera, nos sentamos em um sofá branco, eu apoiei a cabeça de Annie no meu ombro e ela começou a chorar silenciosamente, eu tentava consolá-la de alguma forma, mais infelizmente nada parecia funcionar, ela chorou tanto que dormiu. Já estava quase dormindo também quando sinto alguma coisa vibrar no bolso da calça de Annie, seu celular. No visor indicava que Atena estava ligando.

- Como vai a minha sogrinha – sei que não devia mais eu precisava fazer uma piada.

- Cadê a Annie Percy? Não me diga que... – ela respondeu com a voz falha, aparentemente Poseidon estava tendo o mesmo trabalho que eu.

- Nós estamos no hospital, e não pense besteira, ela está dormindo no meu ombro, enquanto o avô dela, seu pai está sendo operado. Não se preocupe eu estou cuidando da sua filha.

- Espero mesmo. Como o papai está?

- Pelo que a enfermeira nos disse, ele tinha uma veia entupida perto do coração, a cirurgia deve está terminando; onde a vosso senhoria se encontra juntamente com seu esposo.

- Estamos descendo do avião, dentro de alguns poucos minutos chegamos aí; a limusine tem sirene de polícia.

- Então até breve.

- Cuide da minha filha enquanto eu chego genrinho.

Ela desligou, e Annie acordou.

- Quem era?

- Sua mãe, ela acabou de chegar; já está a caminho.

- Alguma notícia?

- Não, eles ainda não devem ter terminado.

- Estou com medo que não dê tempo falar a verdade para ele – ela disse recomeçando a chorar – eu sempre sonhei com o dia em que ele me chamaria de minha neta.

A abracei com força, fazendo carinho nos seus belos cabelos loiros.

- Vai dar tempo Annie, pensamento positivo.

Ela parou de soluçar e me beijou devagar.

- Vamos comer alguma coisa, já são quase sete horas.

Ela assentiu, mais ainda estava triste. O refeitório estava vazio, peguei algumas besteiras para comermos, enquanto Annie me esperava numa mesa afastada das outros, ela estava fitando o vazio, com algumas lágrimas descendo pelo rosto. Annabeth sempre foi forte, mais quando ela desabava, era triste de ver, e para mim era pior, eu podia vê-la triste mais eu ficava mais, ver uma pessoa que você ama triste é como se alguém muito próximo de você tivesse morrido, mas você não tivesse admitido a ele o quanto era importante em sua vida. Eu sabia que o pior iria acontecer, mais como diz o ditado “A esperança é a última que morre”.

Ela comeu pouco soluçando de vez em quanto. Até que Atena chegou correndo, Annie se levantou e a abraçou, ambos começaram a chorar como bebês. Poseidon vinha logo atrás com a blusa molhada, baixei os olhos para a minha própria e percebi que não estava melhor que a dele. Aproximei-me dele.

- Como foi à viagem?

- Longa, especialmente para mim – percebi que seus olhos verdes tinham as marcas fortes de olheiras, e sua voz estava cansada.

- Péssima maneira de passar as primeiras semanas de casamento – ele assentiu se sentou à mesa em que Annie e eu estávamos e começou a comer com gosto um bolinho que estava na bandeja. Foi então que percebi que não havia ligado para minha mãe desde que havia chegado ao hospital. Afastei-me do refeitório e fui ligar para ela no corredor.

- Alô! – Paul atendeu.

- Oi Paul, onde está minha mãe?

- No banheiro vomitando, aparentemente ela não gosta muito de cachorro quente, não com muito molho.

- Você pode dizer a ela que o Sr. Chase está na sala de cirurgia, ele tem uma veia entupida perto do coração; Atena e Poseidon acabaram de chegar e provavelmente foi ficar aqui por um bom tempo.

- Claro Percy, Sally já estava ficando preocupada, mais ela aí não ia ser legal, os enjoos estão muito fortes, assim que ela parar de vomitar por tudo eu e ela vamos para aí no carro dela.

­- Obrigado Paul, até logo.

- Não há de que. Tenho que ir limpar o banheiro, de novo.

Ela desligou e eu sorri limpar o banheiro de vômito não é um bom programa para uma sexta-feira à noite. Voltei ao refeitório e encontrei uma cena lastimável; Atena e Annie estavam chorando descontroladamente enquanto Poseidon parecia perdido, tentando consolar as duas, enquanto um médico as olhava com pena, parecia ter acabado de proferir as piores palavras do mundo para parentes tão próximos: “Não há esperança, só um milagre”. Corri para o lado de Annabeth e a abracei com força, por trás dela lancei um olhar interrogativo a Poseidon e este apenas fez sinal para que esperasse elas se acalmarem. Continuei abraçado com Annie até que ela parou de soluçar e eu levantei sua cabeça, dei um beijo apaixonado nela.

- Eu estarei sempre aqui – limpei suas lagrimas – agora vá ao banheiro lave seu rosto e depois me explique o que aconteceu.

Ela assentiu e puxou Atena para que fosse com ela.

- O médico veio nos avisar que provavelmente ele não passará dessa noite, o coração está muito debilitado, ele disse também que elas poderiam vê-lo mais que deveriam estar calmas para não agravarem mais a situação, ele também disse que o Sr. Chase quer que o seu advogado venha aqui para acertar o testamento.

- Elas não poderão contar nada a ele, se ele está tão ruim assim. Ainda bem que estamos aqui.

Deixei-o sozinho e me dirigi ao banheiro onde fiquei esperando Annie voltar, também precisava me recompor, molhei meu rosto e me preparei para a noite. Annabeth mais do que antes precisaria de mim.