1997 escrita por N_blackie


Capítulo 72
Romulus




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O cheiro de marshmallows enchia a cozinha como uma nuvem açucarada, e Romulus exalou aquilo como uma droga. Animados com o fortalecimento de Regulus, Jack e Ron foram a uma vila trouxa próxima e roubaram alguma comida do mercado local, e Lewis assava um frango e marshmallows parecendo um programa de cozinha trouxa. Romulus nunca vira o amigo tão feliz na vida quanto quando viu a comida chegando.

“Agora, abrimos o forno e conferimos o cheirinho!” Lewis abriu o forno e abanou as mãos na direção do rosto, trazendo a fumaça do assado para si. Romulus descansou a cabeça no braço do sofá, analisando a corrente do colar de Adhara entre os dedos.

Apesar de seu caráter maligno, ele se via fascinado pela horcrux. A corrente era mais prateada do que o normal, e a pedra, mais brilhante e chamativa. Se aproximasse a joia do ouvido, podia ouvir sussurros e suspiros sedutores. Era como se a coisa quisesse ser usada. Impressionante.

“Cara, que cara de tarado você tá!” Jack passou por ele e bagunçou seus cabelos. Romulus despertou de seu transe, e viu o garoto tomando água num banco. Estava todo suado.

“Onde você tava?”

“Treinando. Ads e Mione tão treinando com o meu tio, então decidi ficar por perto atirando umas facas. Gostei desse negócio, acho que vou continuar treinando depois da guerra. Claro, se eu sobreviver. “

“Cara, a essa altura acho que se você morrer, sua irmã te mata.”

Jack riu.

“Com certeza. Ela tá legal comigo, não vou nem arriscar mudar isso... Queria que Leonard pudesse ver ela assim.”

” Sente falta dele, mesmo?”

“Sinto, cara, que maluquice, né?” o garoto colocou o copo na pia e roubou um marshmallow do pote de Lewis. “Leo e eu nunca fomos tipo, Fred e George, sabe? Mas eu sinto falta do cabeçudo. Ele com certeza saberia adivinhar as outras horcruxes. “

Romulus sorriu. “Hey, precisa de ajuda, Wormtail?”

“Claro que não!” Lewis cantarolou em resposta, “Estão quase prontos! Ai, que delícia de comida! Moony, monte a mesa!”

“Vou chamar o pessoal.” Jack saltou da cadeira.

Habilmente, Hermione conjurou um confortável fogo mágico para ficar no centro da mesa, e sendo Lewis um cozinheiro talentoso, o jantar que se seguiu tinha todos os itens de um abraço. Romulus não queria parar de comer para parabenizar Wormtail, e nem precisava. Pela cara dele, a maior recompensa era comer da própria comida.

“Muito obrigada, Sr. Black, não sei como faríamos sem o senhor.” Agradeceu Hermione, e Adhara assentiu de boca cheia. Regulus sorriu, ainda meio fraco. De súbito, no entanto, sua expressão de tornou sombria.

“É quase um sonho estar aqui com vocês. Achei que nunca mais fosse sair daquele inferno.”

“Papai disse que tinha quase certeza de que foi Lestrange...”

“Sirius é um cara esperto. Foi mesmo. Não sei como ele saiu de Azkaban... Céus, gostaria que tivéssemos matado ele quando pudemos. Lutamos no meu caminho pra casa. Ele me estuporou, e quando acordei estava nas celas de Lucius e Narcissa. “

“Porque pegaram você?” Harry questionou. Regulus riu ironicamente.

“Na cabeça deles, sou um traidor. Me meti com o que não devia quando tinha a idade de Jack aqui, e quando cai fora, eles ficaram com raiva. Não tiro a razão deles, de certa forma. Fui responsável por entregar uma lista de nomes ao ministério. Tive que fugir da Inglaterra.”

“Ah, é por isso que você mora em Paris!” Jack falou de boca cheia, sem conseguir controlar a surpresa. “Pollux podia ser um cara mais legal se morassem aqui!”

“Pollux é um cara legal, você que é um babaca.” Adhara retrucou, e quando Jack se voltou para ela, voltou a comer. Romulus sorriu ao ver uma mancha vermelha subindo pelo pescoço dela. O sorriso de Regulus se tornou mais sincero.

“Ele também gosta muito de você, Adie. Enfim, achei que essa história estava no passado, mas quando estava na cela, falavam o tempo todo disso. Cada dia que passava eu ficava mais surpreso por estar vivo, e claro, com mais medo do que eles realmente tinham planejado para mim.”

“Eles não podiam fazer pior que te matar, não?”

“Acredite em mim, Lewis, há coisas muito piores do que morrer. O que acabaram fazendo comigo, por exemplo. Quando estava embaixo do piso da sala dos Malfoy, ouvi bastante coisa. Sobre as horcruxes, não ouvi nada abertamente, mas algumas coisas me chamam a atenção agora que sei que elas estão sendo refeitas. Um dia, Rodolphus estava meio preocupado porque o Lord das Trevas queria fazer sete de alguma coisa, e disse que se a alma dele ficasse mais fraca, poderia sumir. Com certeza estava falando de horcruxes. “

“Isso faria com que ele tivesse...” Ron contou nos dedos, “catorze? Onze? Quantas vezes dá pra dividir a alma de alguém?”

“Inúmeras, mas cada uma delas lhe desfigura mais. Mas se tem uma coisa que aprendi nesses anos, é que nada para Voldemort pode ser insignificante. Esse é o grande ponto fraco dele, se for ser franco com vocês. Ele não iria deixar uma horcrux num cofre, ou num lugar aleatório. Agora, pendurar uma delas no pescoço de um traidor para se alimentar da vida dele... Aí sim.”

As últimas palavras de Regulus saíram quase num sussurro, como se estivesse falando sozinho.

“Você nunca mais O viu?”

“Só no dia em que fomos a Little Hangleton. Estava meio desacordado também, não podia ver onde estava indo. Bella perguntou o que estavam fazendo – ele a levou dessa vez, provavelmente porque não queria me carregar – e ele disse que aquilo era a minha prisão, e que eu finalmente iria servir pra alguma coisa. O resto da conversa eu ouvi muito vagamente, meio dormindo, mas acho que o que ele quis dizer é que usaria a morte de Dumbledore pra fazer a sétima horcrux. E a de James para fazer a sexta.”

Harry ficou pálido.

“Ele não faria- não, Regulus, meu pai não está-“

“Não acho que esteja ainda, ou os caras que tomavam conta de mim teriam dito alguma coisa. Tampouco Dumbledore. Mas o tempo dos dois está contado. Acredito que vocês têm grande responsabilidade nisso. Ouvi os dois dizendo que Voldemort estava interessado em vocês. Particularmente em Adie e Jack.”

“Há, se ele pensa que vai me levar pro meio daquela corja-“

“Duvido que seja por isso. Sirius e Marlene criaram vocês bem. Não fazem ideia do quanto são raros. Vocês e Leonard, claro. A árvore genealógica direta de vocês três é impecável. Pelo lado de Sirius porque nossos pais, assim como os pais deles e por aí vai, não casaram com trouxas em nenhuma geração. Pelo lado de Marlene há essa mesma coincidência. Não que isso signifique nada, mas o sangue de vocês é tão puro quanto se pode ter. Ele provavelmente drenaria vocês dois e colocaria o sangue num pote. “

“Ah, mas que visão linda pro jantar.”

“Desculpem. Bem, se duas horcruxes ainda não foram feitas, temos cinco para buscar. O colar e a cobra são duas que conhecemos. Uma temos, outra não. “

“Tem a Ordem de Merlin do meu pai, também. “

“Três, então. Temos que pensar em objetos que sejam representações de seus donos, ou que pelo menos tenham significado para eles. A Ordem de Merlin é óbvia: James a ganhou justamente por matar Voldemort. O colar é a chave de Azkaban. Sirius o confeccionou de forma que obedecesse só a ele e seus descendentes diretos, como Adie aqui. Ele só se tornou o que se tornou pela guerra. A cobra é a ligação com o passado... Podemos considerar que Remus e Peter também foram essenciais para a queda dele, pode ser-“

Romulus sentiu um frio na barriga, e bateu na própria testa. Fora burro, fora inocente e burro!

“A cabeça! A droga da cabeça, tava na nossa cara!”

“Como?”

“A cabeça, lembra? Na mesa da minha casa! Aquilo não era fresco, estava com um cheiro horrível. O meu pai matou Fenrir Greyback na batalha do Ministério. Deve ser a cabeça dele!”

“Quem conservaria uma cabeça de lobisomem de vinte anos?” Jack afastou o resto do frango de si.

“O próprio ministério.” Hermione apoiou a cabeça na mão, e Romulus sentiu que ela estava acompanhando seu pensamento. “Quando a guerra acabou, um memorial foi aberto, não? Greyback era o lobisomem mais importante da época, é óbvio que os aurores iriam usar a cabeça dele pra provar que o homem estava mesmo morto! “

“E devem ter posto no memorial... Que fica no ministério.” Harry exclamou.

“Precisamos voltar para a minha casa!” Romulus quis se levantar, mas Lewis o impediu.

"Não! Primeiro acabamos de comer, e depois destruímos a que já temos. Depois a gente vai pegar a cabeça nojenta.”


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