Até que se Tornem Lembranças escrita por Aki Nara


Capítulo 15
Capítulo 15 - A Verdade




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Laura novamente desceu antes que Luiz pudesse guardar a moto, mas desta vez ele foi incisivo.

 

- Espera, Laura! Não adianta você correr... Entramos juntos! – ele abriu a garagem para guardar a moto e quando saiu sorriu ao encontrá-la lhe esperando. – Boa menina!

 

Ele a abraçou passando-lhe segurança e força enquanto caminhavam direto para o escritório e quando entraram no recinto, Jaqueline esperava por eles, seu semblante carregado de preocupação.

 

- Você está louco! E pensar que você é o irmão mais centrado carregando a Laura de moto numa hora dessas! - Marco foi o primeiro a falar em tom agressivo.

 

- E sou normalmente, ainda bem que não foi pra você quem ela pediu socorro, desesperada do jeito que estava!

 

- Desculpa... – Laura disse num fio de voz enquanto seus olhos suplicavam pelo transtorno que pareceu ter causado sem pensar, ficou mais tranqüila ao ver que Luiz balançou a cabeça em negativa, ele não havia se importado nem um pouco.

 

- Parem! Eu peço a vocês dois que vão dormir e deixe-me ter essa conversa com Laura a sós – Jaqueline disse num tom delicado, porém que não aceitava recusas. – Boa noite, meus filhos!

 

- Boa noite!

 

Luiz se despediu de Jaqueline beijando-a em sua fronte. Ele caminhou até a porta enquanto seus olhos davam aquele aviso mudo para Marco, não parecia que eles simplesmente iriam para seus quartos e dormir.

 

- Laura... Filha... – Jaqueline começou – Eu tinha que ter dito antes, mas quis esperar você se adaptar... E pelas coisas que Jorge me falou eu não pensei que você se importaria com ele... Tirei conclusões precipitadas... Seu vínculo com ele é maior, afinal ele é seu pai!

 

- Onde ele está, mãe? – achou melhor ser direta.

 

- A bebida se tornou um vício e em vez dele tomar um drink, era a bebida que tomava conta dele, de sua alma, de seu jeito de ser e o que sempre fez Jorge mudar completamente. Nós passamos por muitas dificuldades, a maioria financeiras, e eu confesso, talvez não tenha sido uma boa companheira para ele, porque em vez de ajudar eu só conseguia deixá-lo mais irado e isso minou aos poucos nosso relacionamento a ponto de ficar insustentável, quando ele não conseguia argumentar ele me batia – lágrimas escorriam pelas lembranças infelizes que ela nunca presenciou, sua mãe precisava lhe dizer tudo aquilo e por isso escutou calada. – No início achava que era uma fase, um obstáculo que podia vencer sozinha, mas eu estava enganada e eu simplesmente desisti. Quando sai de nossa casa tive que sair com a roupa do corpo, nunca havia trabalhado e pretendia te buscar assim que conseguisse me sustentar, mas a vida não é fácil, vivi de favores num abrigo para mulheres na mesma situação, até conseguir o emprego e subir de cargo no hospital foram cinco anos.  Nos divorciamos litigiosamente e o juiz decretou abandono de lar... Eu tinha perdido você...  Então, conheci Paulo e mesmo sabendo que não o teria por muito tempo, eu me casei com ele e desde então procuramos reverter a decisão do juiz, mas... Só consegui isso agora.

 

- Quando você foi embora, mãe. Por um tempo ele parou de beber e foi um superpai, guardo boas lembranças dele. Agora você me contando a sua história começo a entender o que aconteceu com ele, acho que ele sempre teve esperanças que você voltasse. Ele recomeçou a beber e perdeu o emprego na mesma época em que você casou de novo. Agora sei que ele via você quando me batia. Eu sei como você se sentiu impotente. Pra mim sempre foi mais fácil comprar a cerveja dele e fugir das vistas. Eu também desisti...

 

- Tudo que posso dar a seu pai é minha amizade... Orgulhoso do jeito que é deve ter sido difícil pra ele me procurar, mas ele veio até aqui pedir minha ajuda para se internar... Não por mim, mas por amor a você. Por que ele quer continuar sendo o superpai e não o monstro como ele mesmo disse que se tornou. Ele está numa clínica para dependentes e no momento não pode receber visitas porque a fase de desintoxicação é dura.

 

- Quando poderei vê-lo? É muito longe daqui?

 

- Fica a duas horas daqui, o lugar se chama Esperança e nem parece uma clínica, na verdade é um sítio onde eles mesmos precisam plantar e cuidar dos animais.  Dois meses, eu te peço esse tempo, vá para a escola e tente se adaptar a nós enquanto isso, você poderá visitá-lo uma vez por mês a princípio e as visitas poderão aumentar gradativamente de acordo com a recuperação dele. Você é capaz de fazer isso por nós?

 

- Faço, mãe! Ver como vocês são felizes me deixou insegura hoje e me deixou com saudades do papai, por mais que ele tenha os seus defeitos e por mais que a minha vida tenha sido uma droga nesses últimos tempos, ele é a única família que tive até agora.

 

Jaqueline estendeu a mão para Laura e ela correu para abraçar a mãe.

 

- Ah filha! Nada impede que você faça parte desta família também – a sua mãe lhe dizia enquanto beijava sua fronte e acariciava seus cabelos.

 

- Eu juro que vou tentar... – era a única promessa que podia fazer naquele momento para não decepcioná-la e dar uma chance a si mesma.


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Notas finais do capítulo

Bom... Esta foi a história, mas ainda tem mais né? O que vocês acham que vai acontecer com o Marco e com Luís? Será que eles vão dormir como dois anjinhos?(hehehehe)