Kamelot. escrita por Tsukushi_Rose


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

-Boa leitura. o3o



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                             Uma figura quase angelical observava Achaiah, essa estava distraída demais para sentir sua energia. O anjo-caído que a observava, tinha longos cabelos num vermelho intenso, olhos brancos, trajava um sobretudo e uma calça –ambos num branco-, deixando seu abdômen definido amostra. 

                             Ele não estava feliz em vê-la como anjo, conhecia melhor do que ninguém as regras que ela deveria seguir. Mas via no rosto da jovem um sorriso contrastando seu olhar triste e magoado.

                             Ele havia caído, não por um pecado e sim por se apaixonar por uma humana e não se importar com as conseqüências. Agora ele podia observar o rosto pueril da filha, mesmo que de longe, ele podia vislumbrar a mulher que ela havia se tornado. Os olhos verdes como os da mãe, os fios vermelhos como os dele, o corpo delicado e coberto por uma túnica branca.  Por descuido, não percebeu quando outros anjos o sentirão, e vieram em sua direção.

                             -O que faz aqui, traidor? –Ouviu a voz conhecida, mas não fitou a imagem do outro anjo.

                             -Traidor?! –Riu divertido, levantando-se lentamente e caminhando para longe do outro.

                             Não iria lutar, não era como um demônio raivoso com sua própria espécie era apenas mais um anjo que havia caído. As coisas eram simples em sua mente, não lutava contra anjos e nem os deixava cair, as conseqüências não eram tão agradáveis, havia suas exceções, mas para ele, não trouxe nada de bom.

                             Ouviu passos vindo em sua direção, virou-se e se surpreendeu com a garota a sua frente. Não teve uma reação de imediato, ficando com o semblante sério e arqueando o cenho.

                             -Por que sua energia parece com a minha? –A jovem indagou, os olhos brilhando com um tipo de esperança.

                             Pensou em mentir, inventar qualquer desculpa que enganasse a garota, suspirando por se lembrar que não era bom nisso, mesmo depois de cair, nunca soube mentir.

                             -Tire suas próprias conclusões. –Disse, ríspido e com isso esperando que a garota se afastasse.

                             Ao invés do que esperava, sentiu os braços delicados circularem sua cintura, o abraçando apertado. Suspirou, havia se esquecido que era parecido com ela e a energia era mais semelhante do que qualquer coisa. Ela não é estúpida, lógico que perceberia, pensou um tanto desanimado.

                             -Não sou boba, só há uma explicação para a energia ser tão parecida. –Resmungou um tanto infantil, escondendo o rosto no corpo do anjo-caído.

                             -É, você e sua mãe tinham esse defeito! –Comentou, afastando-a aos poucos, com um sorriso mínimo. –Não quero que arranje problemas!

                             -Não vou cair por causa disso, não se preocupe. –Viu-a cruzar os braços e revirar os olhos, incomodada com a preocupação alheia. –Haviam me contado que estava mort...

                             -Para os demais anjos, eu morri assim que cai. –Falou sem tanto interesse. –Por que você está com cheiro de meio-demônio?

                             -Ah... –Riu sem graça, desviando o olhar para um prédio qualquer. –Por nada! –Viu o rosto da jovem corar levemente.

                             -Como ainda não caiu? –Disse um tanto interessado, era estranho ela ainda manter-se intacta. –Deveria cair assim que sentisse algo, ainda mais por um mestiço.

                             -É um pouco confuso. –Deu de ombros, deixando claro que também não entendia o porquê de ainda ser um anjo. –Dizem por eu ser diferente, é mais difícil de cair.

                             -Hum. –Ficou pensativo, fitando os olhos verdes e sorrindo. –Iguais aos da sua mãe. –Comentou, logo voltando ao semblante sério. –Por que escolheu ser anjo, ao invés de humana?

                             -Por que... –A jovem respirou profundamente, logo fechando os olhos e sorrindo. –Ficar perto do Dante, mesmo sendo humana, seria perigoso. Ser anjo, naquela época, parecia ser a minha única opção e por minha culpa a minha guardiã morreu...

                             -Então se tornou anjo por medo de viver ao lado dele, e por culpa. –Pareceu um pouco irritado com a escolha da jovem, apenas levando uma das mãos até o rosto dela e acariciando-o. –Adeus Charlotte!

                             -Você já vai...? –Falou fracamente, um tanto triste.

                             -Na verdade, você não deveria ter me visto! –Riu sem humor, se afastando aos poucos da garota. –Espero que não se arrependa da escolha que fez!

                             Caminhou, sabendo que a garota não o seguiria. Talvez por ter um instinto paternal, pensou em procurar o dono daquela energia demoníaca, não era o melhor em procurar energias, afinal não as decorava como a maioria, ter caído lhe trouxe muitos prejuízos.

                             A cidade não era tão grande ao seu ver, poderia demorar a achar o tal mestiço, mas não iria desistir. Caminhava dentro de uma ruela, observando o local sem tanta vida, e logo suspirando irritado com a presença que sentia.

                             -Ora, um anjo! –Ouviu o grunhido do demônio, voltando os olhos para cima e vendo-o saltar a sua frente.

                             -Ah um demônio... Desculpe, não estou com tempo pra brincar com você! –Falou debochando, saltando e logo ficando em cima de um telhado, vendo o demônio o seguir. –Quer tanto assim morrer?

                             -Como se um simples anjo-caído conseguisse isso. –Riu estrondosamente.

                             -Demônios são convencidos demais... –Murmurou.

                             O anjo-caído suspirou, retirando do seu próprio corpo um tipo de pistola - um tipo de arma que utiliza o sangue de seu dono e pelos anjos,chamada de Diviner. Mesmo que esse tenha caído, a arma celestial só deixaria de existir caso tivesse devorado um humano ou demônio - branca com detalhes dourados. Sorriu já vitorioso, desviando de um golpe e ficando atrás do demônio, com a pistola em sua nuca.  

                             -Deveria ter ido embora, teria mais tempo pra aproveitar sua vida... –Falou num tom cruel. –Demônios têm tendência em serem burros, quando são bestas!

                             Antes que esse fizesse algo, o anjo-caído atirou. À bala por conter seu sangue, foi desintegrando o pescoço do demônio, que agonizava e rugia de dor. Ele apenas observou o espetáculo, se lembrando que poderia ser considerado divertido, matar demônios.

                             -Droga, esqueci de perguntar se ele conhecia algum... –Parou, pensativo. –Ora, não lembro nem o nome dele. –Dito, voltou a guardar a pistola e caminhar.

                             Observou atentamente uma boate, erguendo o cenho e dando um leve tapa na própria testa, descrente. Tenho certeza que é a energia dele! Afirmou, caminhando lentamente para dentro do lugar, não prestou atenção nas dançarinas, mas sim em um homem em particular.

                             Os cabelos particularmente prateados, olhos num azul límpido e pele alva e clara. Sentiu o mesmo se incomodar com sua energia, e decidiu se divertir um pouco com isso.

                             Deixou sua energia angelical percorrer todo o local, e agora o meio-demônio parecia procurar o dono com os olhos, ainda que disfarçasse. Caminhou para fora da boate, seu instinto dizia que esse iria o seguir. Logo viu a imagem do meio-demônio sair procurando algo, sorriu ao imaginar que fosse a filha.

                             -Não é ela que está aqui! –Comentou, logo vendo os olhos azuis lhe fitar, curioso.

                             -Quem é você? –O meio-demônio parecia confuso, tinha certeza que a energia era de Charlotte. –Tenho certeza que senti...

                             -A energia da minha filha? –Perguntou, e pode ver receio no olhar do mestiço, sorrindo. –Não se preocupe, não sou um pai que veio tirar satisfação, só estava curioso.

                             -Pensei que anjos não fossem curiosos. –Disse desconfiado.

                             -Caídos tem seus defeitos. –Deu de ombros. –Por que deixou que ela se tornasse um anjo?

                             -Como se alguém pudesse impedi-la, na época ela estava decidida! –Sorriu sarcasticamente. –Se estava por perto, por que você mesmo não a impediu?

                             -Na época ela estava sendo protegida por um anjo bem irritante! –Falou sem tanto humor, revirando os olhos. –Agora ela não pode fazer quase nada, por ter se tornado anjo.

                             -Selena? –O meio-demônio ficou um tempo pensativo, suspirando ao ouvir a frase alheia. –Eu sei disso, foi ela que escolheu isso.

                             -Suponho que ela se fingiu uma ótima amiga da Charlotte. –Riu divertido. –Anjos também são traiçoeiros, até mais que demônios, afinal, ninguém desconfiaria.

                             -Ela manipulou a Char? –Sorriu irritado. –Vadia.

                             -Provavelmente. A morte não deveria estar nos planos dela, mas deu certo. –Dito, virou-se. –Desculpe atrapalhar sua diversão, realmente estava curioso ao seu respeito.

                             -Entendo. –O mestiço parecia estar pensativo, alem do semblante irritado. –Afinal, qual seu nome?

                             -Kamelot. –Mentiu, mas sabia que ele não notaria isso.

                             Voltou a caminhar, agora para longe da cidade em que sua preciosa filha estava, não queria vê-la cair, supondo que isso aconteceria cedo ou tarde, por amar alguém que não deveria, ou melhor, por simplesmente amar, anjos deveriam se tornar puros. Puros, grande idiotice, pensou com certa ironia. 


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Notas finais do capítulo

Reviewzin(?). *-*