POV Bella

O barulho de água no cômodo ao lado já havia acabado, mas eu não conseguia tirar meus olhos do papel à minha frente. Sentei-me na beirada da cama a procura de apoio. Positivo, Edward Cullen. Biopsia. Não podia estar acontecendo isso. Não com ele. Não com nós dois. Passei a mão pelo cabelo beirando o desespero, jogando-os pra trás, fazendo dele a mesma bagunça que estava meu estado de espírito.

A porta foi aberta e através dela passou o homem que eu achava que conhecia tão bem. Ele me olhou assustado e aos poucos seus olhos desceram para as minhas mãos. Não sei ao certo o que se passou pelo seu rosto naquele momento, talvez dor, angustia, raiva, desespero, medo ou talvez tudo junto. Parecia que uma onda de sentimentos transpassava pelo rosto do homem que eu amava.

Eu o encarei, incerta, e ao encontrar seus olhos verdes que eu tanto admirava uma grossa lágrima escapou pela minha face. Ele adentrou o quarto e fechou a porta atrás de si, olhando sempre para o chão. Como se quisesse fugir de mim, da nossa conversa, no inevitável. Respirei fundo duas vezes e tomei coragem.

– quando iria me contar? – minha voz saiu rouca, mas decidida. Ele continuou calado e não me encarou, então eu entendi – então era isso? Você não me cntaria, não é, Edward? Faria comigo o que fez com as outras. Para você foi apenas mais um caso de verão... Você não gosta de mim.

–Não! – ele balançou a cabeça – não pensei assim! – ele finalmente me olhou – você foi especial, mas...

–Mas nada! Você só está esperando eu ir embora, afinal são férias e elas um dia acabam... você não confia em mim como eu confio em você, não é?

–Bella, por favor... Não é nada disso, olha me escuta... – ele disse meio perdido, se ajoelhando na minha frente e pegando minhas mãos sobre meu colo, eu desviei os olhos – aquele dia em que vi você e Alice eu tinha acabado de descobrir. Eu passei aqui em casa e deixei minhas coisas, mas queria ficar sozinho, então fui pra praia. Mas deu tudo errado, eu encontrei minha irmã e você, a garota mais linda que eu já vi – ele passou as mãos pelo meu rosto limpando uma lágrima – percebi que te queria, mas em contrapartida existia essa doença e eu não sabia como lidar com ela, como ainda não sei. – ele olhou para os lados e colocou a mão nas têmporas – o que eu quero dizer é que não posso te dar um futuro. Eu vou morrer.

– existe tratamento – o lembrei.

– isso só adiaria e traria ainda mais sofrimento para minha família. – ele falou se levantando.

– Você acha que eles já não estão sofrendo o bastante? – disse intensa, o encarando.

–olha, eu quero que fique comigo até o final das férias, mas quando elas acabarem – ele ficou de costas pra mim – eu quero que se esqueça que eu existi um dia em sua vida.

– Não, nunca! Você não pode fazer isso comigo, conosco! Não pode me afastar de você... essa é uma decisão minha! Tem que fazer esse tratamento e eu vou ficar do seu lado até você se curar.

– eu não vou te submeter a isso. Não vai ser como você está pensando, vai ser ruim, Bella, horrível. Não posso fazer isso com você. – ele dizia contrariado. Balançando a cabeça instintivamente.

–eu... eu não ligo. Faz o tratamento, Edward. Se não for por mim faça por sua família. Ela está sofrendo com isso tudo.

–me prometa uma coisa então? Somente isso me fará fazer o tratamento.

–qualquer coisa.

–no final das férias, faça o que eu te pedi – quando eu ia protestar, ele se virou e a imagem de vê-lo chorando me calou – quando você se for, eu começarei o tratamento.

–eu não posso fazer isso – dizia, mas pra mim do que pra ele. Coloquei as mãos na cabeça e chorei desesperadamente.

–mas vai fazer. É a minha condição. E então, qual a sua resposta?

Tudo se passou pela minha cabeça. Todos os momentos que passamos juntos. A primeira vez que nos vimos na praia, o primeiro beijo, os dias que passamos juntos, apenas curtindo um ao outro. Pensei em Esme, em Carlisle, em como eles ficariam felizes ao ver Edward começar o tratamento. Pensei em Alice, em seu sofrimento nos últimos dias.

Então me faltaram palavras, e a única coisa que consegui fazer foi chorar e abraçá-lo. Não conseguiria existir sabendo que por eu ter sido egoísta, eu tirei dele sua ultima chance de sobrevivência. Apertei-o contra mim, sentindo seu corpo quente contra o meu. Ele chorou junto comigo e de uma hora pra outra seu sofrimento era o meu e o meu o dele.

Eu o amava, e tinha uma vaga impressão que ele também. E no entanto, não poderíamos ficar juntos no fim das contas. Era uma realidade incrivelmente cruel, mas a encararíamos fortes, mas infelizmente não juntos. Eu daria a ele toda a força que eu tinha e a vida dele seria minha melhor motivação