Confusões e Confissões por Ino Yamanaka escrita por -thais-estrela-


Capítulo 20
A última lágrima nunca cairá - PARTEIII(Cap.Final)


Notas iniciais do capítulo

Oi amores lindos do meu coração, como vão vocês?
Devem estar ouvindo o coro de Aleluia porque eu finalmente postei aqui, não é?
É que o capítulo já estava pronto, eu só precisava adicionar alguns detalhes e betar, só que toda vez que acontecia alguma coisa que não dava pra salvar e eu tinha que reescrever tudo de novo. Acho que isso aconteceu umas oito vezes...
Fora que nesse período de parada eu tive alguns imprevistos: provas, simulados, concursos de cosplay (Maru-ku, ganhei o/ depois me manda uma MP, tá?), comecei a escrever em um blog ,algumas apresentações, falta de internet, outras fics e blá blá blá.

Sabem qual é a parte triste de escrever esse capítulo? É que é o último. A FIC TÁ ACABANDO!!! Mas já estou trabalhando em três projetos:
>The rebelion love - a rebelião do amor /GaaIno (tô procurando alguém que escreva hentai, sou péssima pra isso. Alguém se candidata?)
>Depressão de desespero - o grito silencioso /original ou SasuSaku[Naruto] ou YamaMei[Sukitte ii na yo] ou KazeSawa [Kimi ni Todoke] (decidindo ainda)
>Desta vez, apenas confissões / GaaIno (esse é um nome alternativo para a nossa segunda temporada que vai ser mais curtinha e mais séria *----*)
Além da Terra das Sombras (http://fanfiction.com.br/historia/214733/Terra_Das_Sombras). Ufa.

Desculpem a sessão propaganda! Boa leitura ;)



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Pov’s Ino

Alguma vez na vida você já teve vontade de matar alguém? Eu já. Na verdade, acho que sempre quero matar alguém, talvez seja por isso que a Sakura sempre protege a cabeça com as mãos quando eu pego uma faca...[?] Mas naquela semana, o meu desejo assassino era incontrolável. Não era uma raiva simples, não, não mesmo. Sabe quando a pessoa que você mais ama te irrita a tal ponto que você queira jogá-la da beira de um enorme precipício, e , quando caísse lá em baixo, para garantir a dor e agonia, fatiar, machadar e marretar o corpo até que não sobre nenhuma tripa inteira para contar história? Era assim que eu me sentia (Lembrete: nunca me deixe brava).

“Por que o Gaara insiste em fazer isso comigo?” eu pensava. Era frustrante não ter trocado com ele nenhuma palavra depois do meu ato quase suicida. Porque, poxa, pensem comigo: Eu disse que ia me matar, ele veio salvar minha vida (até fez uma entrada dramática escancarando a porta), me abraçou, me chamou de louca, disse que me amava, me beijou, me agarrou e tudo mais. E o que mais me irritava era lembrar das suas palavras: “Sempre conta comigo” e saber que ele não estava lá comigo. Achei que depois de tê-lo visto chorar na minha frente, não haveriam mais segredos entre nós, muito menos mentiras. Lágrimas essas de crocodilo. Eu não parava de chorar, lamentando-me por ter sido mais uma vez enganada pela pessoa em que eu mais confiava.

– Será que isso tudo foi só um teatro para me levar para a cama? – eu me perguntava.

Daí passei a acreditar em uma coisa: No amor, nós somos todos animais. As mulheres são pequenos, felpudos e fofinhos coelhos de focinho cor-de-rosa, sempre muito indefesas e frágeis, já os homens são cobras grandes, venenosas e imponentes, que raramente têm piedade dos coelhos, quando não os protegem das outras, as cobras armam armadilhas para prender as presas, injetam seu veneno nos peludos animais e os comem sem piedade, saindo vitoriosas e triunfantes.

No meu caso, eu seria uma coelhinha amarela e o Gaara, não chegava a ser uma cobra, mas um crocodilo, que chora, buscando piedade da coelha, que se aproxima e é devorada. Babaca. Sentia neste momento vontade de assassinar um ser humano e castrar todos os parentes de jacarés da face da terra. E não tinha IBAMA que me segurasse.

Talvez eu tenha pensado nisso tudo em uma madrugada. Ignorei o horário, mandei a regra de esperar ele ligar para as cucuias e coloquei o Delgado para trabalhar, como se fosse adiantar de alguma coisa. As ligações iam sempre para caixa postal.

No outro dia, confesso que acordei um pouco tarde como em todas as tardes das férias (as catorze, para ser mais exata), pois ficar ligando para os outros de madrugada cansa bastante. Levantei da cama, meu estômago se movia vinte graus na escala Richter de tanto roncar de fome, por isso, almocei cerca de dois grandes pratos de macarronada e um pote de sorvete para depois fazer a higiene de sempre. Ultimamente eu tinha comido tanto que se eu virasse realmente uma porca, não me surpreenderia. Não faz mal sair um pouco da rotina nas férias, não é? Enfim, fiz o que tinha que fazer e quando terminei, cerca de dezessete horas, decidi ir à casa dos Sabaku, tirar aquela história toda a limpo. Eu sei que Gaara, nas horas vagas, prefere ficar em casa, lendo livros e assistindo TV. Parece programa de velho, não é? Só falta o dominó. (?)

Não sabia ao certo o que iria fazer lá, mas, na minha cabecinha com um só neurônio, eu tinha que fazer algo, se não me daria curto circuito. Sabendo que poderia ser tudo ou nada, tinha que me produzir, na verdade, sempre quero um pretexto para me produzir... De camiseta branca, shortinho jeans, salto azul royal e adereços rosa-choque, penteei os cabelos num grande rabo de cavalo, como de costume, deixei a franja cair sobre o rosto e peguei a chave da moto – falei que meu pai me deu uma moto de aniversário? Era uma moto antiga que ele tinha largada num canto da garagem, mas como ainda funcionava bem, ele a repassou para mim.

Decidi não usar capacete (como sempre), aquilo é o fim da picada para as cabeleiras femininas, mesmo o vento não contribuindo muito. Cheguei à residência e estranhei o fato de estar toda fechada, geralmente, a janela do quarto de Temari sempre está aberta, ela tem claustrofobia e isso alivia seu medo. Não deve estar em casa, pensei. Bati na porta a primeira vez:

– Gaara, você está aí? – perguntei não obtendo resposta alguma. – Gaara? - Dei a volta para ver a porta dos fundos. Fechada também. Espiei pelas frestas das janelas e vãos das portas, mas não conseguia ver muita coisa, as luzes estavam apagadas.

De repente senti algo cutucar meu ombro por trás, virei-me e dei de cara com uma garota que passeava com seu cão. Ela era bonita, muito bonita. Seus olhos eram verdes e tinha cabelos ruivos.

– Você quer falar com alguém? – ela me perguntou.

– Sim, meus amigos moram aqui, então não se preocupe, não vou roubar ninguém. – eu ri.

– Ah, não! – ela corou – Não quis dizer isso. Gomenasai. É que eu moro a umas casas daqui e fiquei sabendo que eles viajaram esta madrugada.

– É, Temari não gosta de ficar sem fazer nada nas férias, típico dela. Kankuro pode ter ido junto, o que acho difícil, mas eu tenho certeza de que o Gaara está por aí. Deve estar dormindo, esse preguiçoso! – não dei muita importância a informação que ela me dera, já que eu conhecia bem o ruivo Sabaku, ou pelo menos, achava que conhecia.

– Nee-chan – ela me chamou, tirando-me dos meus devaneios -, parece que foram todos os quatro.

– Quatro?! Ah, Tia Shika e Matsuri devem ter ido junto. Kankuro não desgruda da namorada e Temari obrigaria o namorado dela a ir, mesmo ele morrendo de preguiça. Não entendo bem qual é o laço que une esses dois. – falei sozinha mais uma vez.

– Nee-chan, você está bem? - Tadinha, nunca tinha estado na presença de uma louca e sua primeira vez foi logo comigo.

– Sim, sim, por que não estaria? – ela não me respondeu – Mas então, qual é o seu nome?

– Yamoto Sakura. – disse-me timidamente.

– Sakura?! Sabia que a minha melhor amiga também se chama Sakura?! Lógico que você não sabia, não é?! Ela se chama assim porque tem o cabelo cor-de-rosa, acredita? Mas cá entre nós – pus a mão ao lado de boca, como se fosse contar um segredo - , você é mais bonita que ela.

Pisquei um olho para ela, que riu.

– E o você, sempai?

– Eu o quê? – ela riu novamente ao me ouvir.

– Qual o seu nome?

– Ah, eu sou Yamanaka Ino, mas não precisa decorar o Yamanaka porque ele não vai permanecer por muito tempo, quando eu me casar com o Gaara meu nome vai ser Sabaku no Ino. – eu sorria estranhamente, olhando para longe me imaginando com um vestido de noiva que me deixasse mais linda do que já sou.

– Você é namorada do Gaara-sempai? – Sakura me perguntou incrédula.

– Não, não. Ainda não. – fiz sinal negativo com a mão e dei ênfase ao “ainda” – Ele ainda não me pediu em namoro e eu vim aqui justamente pra saber quando é que isso vai acontecer. – estiquei o pescoço para olhar pela janela da casa, ainda com esperanças de que houvesse alguém lá dentro.

Novamente recebi um olhar descrente, mas não me abalei. Já estava acostumada com isso.

– Você tem certeza de que está procurando o garoto certo? – ela perguntou inocentemente ainda com expressão de como se estivesse falando com uma maluca.

– Sim, Sabaku no Gaara, o ruivinho sem graça e gostoso que mora ali. Ih, não posso falar a palavra “gostoso” na sua frente, não é? Você é muito pequenininha, não deve ficar ouvindo essas coisas pervertidas. – pensei alto – Ei, você não deve ouvir coisas pervertidas, ouviu?

– Hai. - Ela confirmou com a cabeça.

– Então, o que você ouviu foi : Sabaku no Gaara, o ruivinho sem graça e muito bonito que mora ali. – ela riu e depois me olhou um pouco mais séria.

– Falando sério agora, nee-chan, minha mãe viu mesmo todos os Sabakus entrando no taxi.


– Ah, deixe de bobagens, ele não viajou. Deve ter ido se despedir no terminal. Vou ligar para o Shikamaru, ele deve saber de alguma coisa.

– Alô? – ele se atendeu coçando os olhos.

– Estava dormindo, Tia Shika? – Ino o provocou.

– Ah... Não, chapinha rosa. – provocou-a depois de mentir – O que você quer, eu estou meio ocupado agora.

– Ôh preguiça, sai desse corpo! Eu queria saber se você sabe do paradeiro da sua namorada. – ela revelou.

– Quer saber onde Gaara está? – ele riu.

– Gaara? – respondeu nervosa, tentando inutilmente disfarçar que Shikamaru estava certo – Quem quer saber desse traste?

A pequena Sakura que via a Yamanaka ao telefone riu baixinho, assim como ele no outro lado da linha.

– Quer dizer que ele não te contou? – disse provocativo – Gaara está ficando mais esperto, deve ter ido atrás de um bar de estripe para aproveitar seus últimos dias de solteiro.

– Vamos, seu nerd, diga logo onde ele foi. – a impaciência mostrava-se presente.


– Eles voltaram para Suna.

Ao ouvir estas palavras, eu estagnei. Cheguei até ao ponto de deixar o telefone cair no chão. Então eles tinham retornado a Suna? Era por isso que a casa estava tão escura? Se mudariam de novo para lá? Por quê? Eu me perguntava. Sabia que Gaara odiava o pai com todas as fibras de seu corpo e a possibilidade dele fazer-lhe uma visita era mais que nula, era negativa.

Daí, senti alguma sensação muito estranha e quando dei por mim, a Sakura que eu acabara de conhecer gritava meu nome em desespero por meu corpo ter caído no chão, ao lado do celular. Não ouvia muito bem ela, muito menos a voz de Shikamaru preocupado e abandonado do outro lado da ligação. Revirei os olhos e os fechei. Tive um desmaio.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Gaara pov’s

Já estava na última semana que me manteria em Suna, mas eu já não suportava permanecer ali por nem mais um minuto. O ar daquela casa era árido demais. Não, o fato de estarmos em meio ao deserto não justificava o clima que se mantinha entre mim e meu pai, a questão era que nós sabíamos que a qualquer momento teríamos nosso acerto de contas, só não tínhamos a data marcada ainda. E até que aquele momento chegasse nos preparávamos de acordo com o possível, assim como todos na mansão Sabaku.

Minha permanência ali me remetia à infância sofrida que passei e uma imensa depressão se apossava de meu ser cada vez mais rápido, acompanhada de ódio e rancor. Eu sabia que ficar remoendo tais sentimentos me faria fazer alguma besteira uma hora ou outra, mas também sabia que era justamente isto que ele planejava e esperava de mim. Mas eu não jogaria o mesmo jogo que ele, ou talvez até jogasse, mas com as minhas próprias cartas. Ele não venceria, não desta vez.

Já era um menino crescido e maduro, papai não mandaria mas em mim. [n.a.: sim, eu sei que essa frase ficou estranha.]

E como se não bastasse tudo isso, Kankuro e Temari estavam no auge da mais purae bela nostalgia. Aquilo era um parque de diversões do qual eles nunca se cansariam de brincar. Sem deixa-los saber, eu sentia ciúmes e principalmente ódio. O rancor crescia em mim rapidamente.

Todo esse esforço para não vê-lo. Seria muito mais fácil ter ficado em Konoha e não passar por nada disso, você supõe, mas talvez pudesse ter sido pior. Meus irmãos estavam tão felizes ali que impedí-los de viajarem para ficarem em nossa casa tristes me faria um verdadeiro monstro.

O que purificava minha alma eram os pensamentos que eu tinha com ela, minha loira. Como ela estaria naquele momento? Sentia vontade de tocá-la e sentir seus lábios nos meus cada vez mais. Ainda não sei dizer se o que eu sentia falta era o seu corpo ou a sua personalidade. As cenas da nossa primeira noite percorriam meus olhos frequentemente. Eu estava com saudade. Talvez pela primeira vez deixei permitir que tais sentimentos penetrassem se não, eu sairia dali para um hospício. Mas me preocupava muito o fato de eu não ter lhe comunicado a viagem repentina. Eu tinha certeza de que aquilo acabaria com tudo o que tínhamos vivido nos últimos dias. Por isso, também tentava esquecê-la.

Para não enlouquecer de vez com a situação e minha própria mente, desperdiçava o mínimo possível de tempo dentro da casa do imperador e por isso, perambulava a vila durante a maior parte do dia, até mesmo comia fora quando possível.

Era uma experiência no mínimo diferente de tudo o que qualquer pessoa normal está acostumada. Por quê? Eu era famoso por lá, por ser um dos possíveis sucessores do trono e principalmente pelas histórias complicadas do meu passado e polêmicas com o meu pai. As pessoas temiam a minha presença e temiam ainda mais a possibilidade de que eu as liderasse algum dia. Para Suna eu era um monstro.

Flash Back on.

Há vinte anos , o grande oásis conhecido como Suna estava entre as cinco vilas mais prósperas do Japão, mesmo com tantas críticas alheias ao sistema arcaico do governo imperial. Durante todas as quatro gerações de imperadores, seus sucessores foram sempre descendentes diretos, sempre ficava ao trono o filho primogênito.

Yondaime Kazekage iniciou seu cargo despreparado pela morte repentina de seu pai em um acidente aéreo quando voltava de uma conferência internacional no ocidente. O povo nada esperava daquele garoto tímido e sem muitas expressões, na verdade, muitos duvidavam de sua capacidade de governar um lugar tão importante e por isso tinha seu cargo ameaçado pelos patriarcas e outros membros do parlamento. Todos achavam que não duraria um ano no trono sem sofrer ameaças de morte ou provocar quebra em algum dos processos de desenvolvimento que a vila passava.

O fato de seu irmão mais novo ter maior porte físico, ter um ótimo senso de justiça e bondade, mostrar grande talento para bolar estratégias e ser bem mais comunicativo com os residentes dificultava mais ainda sua vida. Ele sempre fora o preferido do pai e Ren, mesmo sendo o destinado por direito à governar, sentia-se inferior.

Assim, sua infância fora muito complicada, cheia de pensamentos pessimistas que faziam mal a si mesmo. Sentia-se rebaixado e completamente humilhado, mesmo o irmão não tendo culpa daquilo. Tornou-se um garoto de poucas palavras e sem expressões, aparentemente inofensivo e fraco. Mas as aparências costumam enganar.

Sempre tímido, o Yondaime deixou que os membros da assembleia governassem em seu lugar, como era desejo dos moradores de Suna, sendo um mero representante de função decorativa.

Com a posse do trono, Ren fora obrigado a casar imediatamente com uma mulher de um antigo e influente clã. Sua primeira missão para mostrar que estava apto de governar era engravidá-la e garantir o próximo sucessor. Karura possuía beleza mediana, ela era normal aos olhos de qualquer um, mas era dona de uma delicadeza e bondade absurdas. Com o tempo, mostraram-se felizes com o casamento, criando fortes laços. Estavam apaixonados um pelo outro.

Alguns meses se passaram e o Kazekage foi pego de surpresa pela notícia de que o irmão tivera um pequeno menino. Sua fama passou de misterioso e insípido à imprestável e infértil e pela primeira vez, mostrou vontade de fazer algo: provaria a toda aquela gente que não era inferior.

Passou a se dedicar mais a carreira política e a se comunicar um pouco mais, passou a cuidar do corpo, criando massa muscular. Estava conseguindo aos poucos a simpatia do povo e tentava voltar a subir a taxa de desenvolvimento do lugar. Pouco tempo depois, sua esposa engravidou.

Quando Temari nasceu, em vez de frustração por não ter tido um filho homem, Ren ficara encantado pela beleza da pequena criança e sua felicidade era evidente. Dois anos depois sua alegria foi plena com a chegada de Kankuro, pois provara para si próprio que era capaz de liderar a vila de sei pai. Enfim, tomou posse total do poder e agora passara de objeto de decoração para o móvel de maior uso da casa. Sabaku no Ren era de fato a maior autoridade do deserto.

Alguns meses se passaram até que uma carta chegasse com a notícia de que Sunagakure tinha uma dívida imensa com Konoha. Divida esta que vinha desde três anos antes, desde o governo do Terceiro Kazekage. O fato era que o grande desenvolvimento que o oásis vivia naquela época se dava por uma alta aposta que seu pai tinha feito secretamente, emprestando uma alta quantia de capital da vila amiga. O plano era arriscado, sim, de fato, mas felizmente dera certo e a dívida estava sendo paga em parcelas, aos poucos, de acordo com a ampliação dos negócios.

O débito teria sido facilmente pago em cerca de um semestre, mas com a morte do Terceiro, não havia mais, além do Hokage de Konoha, alguém que soubesse do acordo. A vila aliada desconhecia o fato e por isso não se deu ao trabalho de notificara dívida, acreditando que o atraso fora uma mera desordem com a troca repentina de governantes, mas os anos se passaram e os juros aumentaram de forma absurda. O capital aumentara de tal forma que a alta quantia emprestada agora se multiplicara ao triplo.

O desespero tomou conta do novo imperador que decidiu não pedir ajuda imediata aos conselheiros, pois temia o afastamento de seu cargo tão suado. Tentou conversar com o Hokage, mas este não abrira mão da quantia, pois agora era ele que passava por dificuldades. O pagamento começou a ser feito de forma monótona, e após mais um ano, apenas um sétimo da dívida havia sido pago.

Em casa, não conseguia dar a devida atenção aos filhos e a mulher que já estava à espera da terceira criança. Sua única fonte de energia e esperanças era sua família, por pouco tempo.

Gaara nasceu com pouco mais de um quilo e meio, prematuro, fraco e órfão materno. Sim, Karura sofreu uma forte hemorragia durante a gravidez e foi obrigada a fazer um parto de emergência. Era uma vida pela outra: ou se salvava a mãe, ou se salvava o pequeno Gaara. Ela optou pela cria, logicamente.

Quem cuidara da criança fora seu cunhado que também dava atenção aos outros dois meninos, mas sua aplicação era voltada principalmente ao pequeno ruivo que, sendo nascido de seis meses e meio, precisava de mais cuidados.

O imperador, diferente dos outros membros da família, não se conformara com a “substituição” de uma vida pela outra. Amava sua esposa mais que qualquer coisa, mais que a seu povo, mais que a suas crias, mais que a si próprio. Além de o culpar pela morte de sua amada, o Kazekage desprezava seu caçula pelas lembranças do passado e a ideia de que Gaara superasse Kankuro quando crescesse. Não queria que seu primogênito passasse pela mesma humilhação que ele quando criança.

E para a desesperança deste, a evolução da vila estagnou. Estava difícil conseguir dinheiro extra para quitar a dívida. Os anos foram se passando, os pagamentos atrasavam e um dia, a notícia vasou e seu posto estava novamente ameaçado.

Certo dia, seu irmão, o favorito ao trono, veio tirar satisfações em sua casa.

– Como se sente ao manchar o nome de meu pai?

– Nosso pai se equivocou ao fazer um acordo tão arriscado e não ter dito a ninguém. – respondera sério.

– Está óbvio que você criou toda esta história para lucrar à custa do nosso povo! Como ousa botar a culpa no meu pai? - Perguntou em tom provocativo.

– Nosso pai! – Exaltou-se - E duvido que você daria conta de tudo isso.

– Duvida? Como assim, você duvida?! Eu sempre fui muito melhor que você, todo mundo sabe disso. – Este não obteve resposta. O mais velho apenas abaixara a cabeça e pressionara os olhos. “Então era assim que ele pensava esse tempo todo?” perguntava-se. Ren achava que esta subestimação que recebia era apenas dada por alheios e por isso nunca culpara seu irmão, não diretamente. Ele sempre amou seu irmão, mas agora, seu amor se foi e o ódio e o rancor tomaram conta deste lugar.


Depois de mais algumas horas, sangue jorrou para todos os lados e este acerto de contas resultou no óbito de seu rival.

Gaara foi o único a presenciar esta apavorante cena que permaneceria para sempre em sua mente. Seu pai, sem saber bem o que fazer, ainda com a prova do crime, uma adagua antiga que servira até aquele momento como decoração da mansão do imperador, ensanguentada em suas mãos, posa-a nas mãos do menino que agora tinha cinco anos, ameaçou acriança para que não contasse nada a ninguém e fugiu.

Uma das empregadas da casa achou o menino calado e imóvel, e ao perguntar ao menino o que acontecera, recebeu uma resposta falsa e surpreendente:

– Eu o matei.

Flash back off

A partir daí, todo e qualquer crime que ocorria na cidade, por maior que fosse meu álibi, era culpa minha, uma criança de cinco anos. Por isso, passei a maior parte da minha infância fugindo do calabouço da mansão Sabaku. E tudo isso para encobrir meu pai.

Os mais velhos que acreditavam em superstições acreditavam que eu era possuído por algum demônio ou coisa assim, diziam que eu era amaldiçoado, chegando até a virar lenda na vila. Era engraçado, mas aquilo me doía tanto, de forma que não há como explicar com palavras. Mas ainda não era o principal motivo de não gostar de estar ali. Eu já estava sufocado demais e precisava ir embora.

Só que havia uma única coisa ali além da felicidade de meus irmãos: a cidade destruída. Talvez fosse por isso que gostasse tanto de passear por lá.

A Suna que me recordava era repleta de casas em forma de tigelas, muitas árvores e animais, famosa pelos grandes e quilométricos prédios, sendo o principal e mais alto deles o gabinete do Kazekage. As crianças sempre sorridentes e as pessoas viviam em mais perfeita paz.

Agora estava totalmente diferente, devastada e abandonada. As árvores sumiram, e o oásis mais parecia com qualquer outro lugar do deserto. Não se via mais criança alguma nas ruas, apenas pobres fazendeiros com seus equinos e bovinos esqueléticos e miseráveis moradores de rua.

Qualquer um sentiria vontade de chorar apenas por estar ali, mas em meu rosto, a vontade de sorrir era imensa, na verdade, eu queria gargalhar, só não o fazia temendo ser linchado no meio da rua pela população.

Andando mais um pouco, encontrei ele, ali parado, de costas para mim, bem ao meio do grande teatro principal da vila fitando o horizonte com semblante sério e pensativo. Dali era possível ver toda a aldeia, mas era difícil haver alguém por lá pelos acontecimentos passados. Foi ali onde fui selado em frente de todos. Selado por ele.

O único som que se ouvia era o do vento que fazia a areia se espalhar pela área oval. Ali era como o Coliseu Romano, onde aquela imensa quadra a céu aberto era envolvida por uma arquibancada em formato de meia lua. A acústica daquele lugar era absurda, fazia com que um simples assobio se igualasse a uma grande sinfonia tocada por alguma orquestra.

E o descuidado aqui, fez a bobagem de dar um passo à frente. Ato este que foi revelado por ter ecoado por entre os degraus do teatro. Ele virou rapidamente e surpreso, pois não sabia que tinha companhia.

– Ah, é você. – ele iniciou nossa conversa. – Vim aqui para ficar sozinho, mas é bom ter sua companhia.

– Se quiser, me retiro sem problema algum. – era assim que nossas conversas haviam sido durante essas quatro semanas. Estava pronto para me virar e ir embora.

– Não! – ele se exaltou, como se realmente temesse que eu saísse dali. Mas rapidamente tomou seu jeito normal. – Faz algum tempo que eu venho querendo mesmo conversar com você.

– É, eu também queria que me explicasse algumas coisas.

– Coisas? Que coisas? - Me olhou intrigado.

– Primeiramente, por que requisitou tanto a minha vinda a Suna? Não sou idiota e sei que Temari não teria todo aquele trabalho de me forçar vir aqui para ficar passeando em vão. Ela e Kankuro poderiam muito bem virem sem mim. – disse pausadamente enquanto o som das minhas palavras ecoava pelo teatro. – O que quer de mim, Papai? – a última palavra foi quase que cuspida.

– Você era tão fraco e calado quando saiu daqui – ignorou-me -, agora é um homem. Confesso que fiquei muito orgulhoso ao lhe ver quando chegou com seus irmãos. – como ele não obteve resposta, continuou. – Apesar de tudo o que aconteceu aqui, ainda gosto deste lugar. É onde volto a sentir que sou humano.

Ele voltara a fitar a vila ao horizonte, era como se eu estivesse falando com outra pessoa completamente diferente.

– Humano? Justo aqui? – o provoquei. Dei alguns passos, ficando em pé, ao seu lado, também olhando a vila distante.

– Irônico, não? – ele sorriu de canto e depois deu um breve suspiro. – Mas sim, aqui é onde volto a sentir algum sentimento de novo. É onde volto a ser mais um mero mortal. As lembranças daquela tarde me vem frescas todas as vezes que venho aqui, é como se tivesse acabado de acontecer e a imagem de ver você, ali ajoelhado perante mim me faz sentir tanta ...

– Alegria? – não me contive e o interrompi. Estar ali também me remetia à cena trágica daquela tarde.

– Antipatia. – repreendeu-me – Antipatia, ódio e rancor de mim mesmo. – fiquei totalmente surpreso com aquela declaração, o olhei, assim como ele me lançou um olhar morto, como se não tivesse motivos para viver. Suspirou mais uma vez. - Desculpe Gaara. Sei que nada do que eu diga pode apagar as marcas que ficaram em nosso passado, eu mesmo não suporto olhar minha própria face no espelho. Tudo o que vejo é o reflexo de um monstro.

Essa declaração me atingiu como se uma flecha envenenada rasgasse meu peito. Por mais que eu não quisesse aceitar, sabia que ele estava sendo sincero. Estava ali, ardendo em seus olhos a raiva que sentia de si mesmo.

Não era fácil aceitar, nem para mim, nem para ninguém. Desde que eu saí do avião, estava à espera de uma grande discursão, uma grande briga com ele que me faria nunca mais retornar para aquele lugar em nenhuma das hipóteses. Esperava mais um bate boca, uma sala destruída ou até mesmo um nocaute do que um pedido de desculpas, ainda mais vindo da boca dele.

Resolvi não lutar contra, mas ainda não me aliaria.

Abri a mão direita, coloquei-a sobre o nariz e fui subindo, colocando minha franja para cima e revelando minha testa. Queria mostrar para ele que as marcas ainda estavam mesmo lá. Quando o imperador viu o kanji gravado em meu rosto, estancou.

Aquele era o real rosto do arrependimento.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O Kazekage ainda vai trazer muitas surpresas pra gente! Aguardem!
Semana que vem eu volto (prometo) com a última parte da Fanfic. Tá acabando, gente!!!

Estou esperando recomendações e comentários, okay?

Beijinhos de açucar :*



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