Steiner e Meminger escrita por Mrs Jones
Liesel Meminger se sentara na soleira da porta, observando a cidade lá embaixo. Já era noite e Rudy ainda não tinha aparecido.
Ao lembrar se da discussão que ocorrera horas antes, Liesel deixou uma lágrima escorrer. Depois de tanto tempo, o destino ia separá-los novamente?
*Flashback ON*
- Não gosto da forma como tem se comportado - ela ouviu Rudy dizer. - Você não me dá atenção nenhuma... Só quer saber da livraria, e dos rapazes que aparecem por lá todos os dias...
- São só fregueses... - ela disse.
- Fregueses que estão interessados na sua pessoa... Eu tomaria cuidado se fosse você...
- Sou eu quem não está entendendo... Você nunca me tratou dessa forma...
- Você nunca me deu motivo...
Liesel explodiu:
- VOCÊ É UM EGOÍSTA QUE SÓ PENSA EM SI MESMO! EU TENHO O DIREITO DE SER FELIZ E POSSO CONVERSAR COM QUEM EU QUISER... NÃO ME INTERESSA SE VOCÊ NÃO GOSTA DAS MINHAS AMIZADES, SOU EU QUEM AS ESCOLHE E NÃO VOCÊ...
- EU PENSEI QUE FOSSEMOS AMIGOS, LIESEL... PENSEI QUE TIVESSE UM POUCO MAIS DE CONSIDERAÇÃO...
- E EU TENHO!
- ENTÃO POR QUE NÃO ME DÁ UM POUCO MAIS DE ATENÇÃO SÓ PRA COMEÇAR?
- EU TENHO UMA VIDA! ACHA QUE EU TENHO TEMPO PRA VOCÊ VINTE E QUATRO HORAS POR DIA?
- PENSEI QUE IA DAR CERTO... EU NÃO DEVERIA TER VOLTADO! SE EU SOUBESSE O QUE IA ACONTECER EU NEM SEQUER VOLTARIA...
- AH É? ENTÃO POR QUE NÃO VOLTA? VOLTE PARA O LUGAR ONDE TEM VIVIDO OS ÚLTIMOS ANOS...
- É exatamente isso que eu vou fazer - e dizendo isso Rudy virou as costas e foi se.
- Rudy... - Liesel chamou uma vez. Chamou várias vezes ao se dar conta de que ele não voltaria. - Rudy... - então ela chorou... até não poder mais...
* Flashback OFF*
A dor da lembrança ainda importunava Liesel. Ela acreditava que ele fosse voltar. Ficou muito tempo esperando. Mas ele não apareceu.
- Liesel? - Ilsa apareceu na porta, usando camisola e robe. Os cabelos soltos e os pés descalços. Liesel virou a cabeça para olhá-la, uma lágrima ainda escorria por seu rosto - Acho que ele não vem...
Liesel quis protestar... Quis dizer que ele viria... Só que tinha orgulho demais para aparecer... Mas a mãe tinha razão... Ele não vinha...
Liesel foi se deitar ainda sentindo a dor que ele lhe causara. Por que ele tinha feito isso? Por que estava agindo dessa forma? Será que todas as grandes amizades acabavam assim? Ou não seria amizade?...
- Você está bem? - Liesel perdera a conta de quantas vezes ouvira aquela pergunta durante o dia. É claro que ela não estava bem... Você estaria bem se brigasse com o seu melhor amigo? Suponho que não...
- Eu e o Rudy brigamos - ela anunciou.
- Brigaram foi? - disse Max arrumando as estantes lotadas de livros - Eu me perguntava quando é que isso ia acontecer...
- Sabia que isso ia acontecer?
- É claro que eu sabia... Ciúmes... é o que ele tem... Sabe disso? Ele não suportou ver o sucesso que você tem com os rapazes...
Liesel não disse nada.
- Acho que você devia procurá-lo. A não ser que o orgulho fale mais alto...
- Ele não vai querer falar comigo...
- Vai sim... É só você pedir com jeitinho...
Para a surpresa de Max, Liesel desatou a chorar.
- Eu não queria Max... Não queria brigar com ele...
Max a abraçou.
- Não foi sua culpa.
- Foi sim... Eu não dei atenção a ele... Eu...
Nesse momento, Rudy entrou na loja, viu a cena e pensou o pior.
- Lis!
Liesel e Max se separaram, assustados.
- Então é isso, não é? Você fica aqui se AGARRANDO COM OS RAPAZES! SUA SAUMENSCH IDIOTA!
- Não fale assim com ela - gritou Max.
- Eu falo com ela como quiser!
Max partiu pra cima de Rudy. Nos segundos seguintes, Liesel viu uma luta entre os seus dois melhores amigos... e não pode fazer nada a não ser implorar pra que parassem...
Rudy tomou um soco no nariz e revidou. Max terminou com um filete de sangue escorrendo da boca. Até que Rudy se afastou e saiu pela porta entreaberta. Liesel se aproximou do palco da luta, Max ainda recuperava o fôlego. Havia muitos livros espalhados e por sorte as estantes não desabaram. Aquilo precisava ter um fim. Ela não suportaria mais um ataque de ciúmes de Rudy...
Devia ser a milésima vez que Liesel ia ler no Amper. Aquilo a confortava, embora ela não estivesse muito concentrada naquele momento. Talvez fosse a centésima vez que ela lia "O Assobiador". Ela não sabia por quê, mas adorava aquele livro.
Liesel voltava pra casa quando resolveu parar na ponte do rio. Debruçou-se e contemplou a água que corria lá embaixo. Seria uma boa dar um mergulho, mesmo o tempo não estando muito quente. Ela sabia nadar razoávelmente bem. Se ficasse na margem não haveria perigo.
Ela largou o livro sob a árvore na qual costumava se sentar para ler e tirou os sapatos e as meias. Olhou em volta e viu que não havia ninguém por ali. Não haveria mal algum em tirar o vestido. Ela o fez e ficou só com a roupa de baixo. Experimentou a água com os pés e depois entrou.
Depois de alguns mergulhos, Liesel ficou boiando na água com os olhos voltados para o céu. Era extremamente refrescante e ela poderia ficar ali durante séculos se pudesse.
Fechou os olhos por uns instantes, sentindo os raios de sol em seu rosto. Alguns segundos depois, porém, não mais sentiu o calor do sol em seu rosto, uma sombra tapara-os. Decerto alguma nuvem teria entrado na frente do sol. Mas quando Liesel abriu os olhos, viu os contornos de uma pessoa. Ela quase se afogou de tanto susto.
- Seu... Saukerl imbecil! O que pensa que está fazendo?
Rudy não disse nada. Apenas a observou. Liesel se levantou, controlando a fúria. Se esquecera que não estava usando quase nada. Rudy fitava Liesel com uma expressão divertida. Talvez não esperasse ver a antiga vizinha daquele jeito. Subitamente Liesel se lembrou de vestir-se.
- O que está fazendo Saukerl? Vire-se enquanto eu me visto...
- Não vai adiantar de nada... Você está encharcada...
Liesel se vestiu, mesmo estando toda molhada. Rudy tivera o bom senso de virar-se, pois não queria que Liesel batesse nele... Já apanhara demais naquele dia.
- O que veio fazer aqui? - perguntou Liesel, escorria muita água de seus cabelos loiros.
- Eu vim lhe pedir desculpas... - Rudy ainda estava de costas para Liesel. Parecia não querer encara-la... Devia estar se sentindo muito constrangido...
Liesel não disse nada. Ficou olhando a terra molhada na beira do rio.
- Eu... senti ciúmes... de você...
Liesel encarou Rudy quando ele ficou de frente pra ela.
- Sentiu?...
- Sim... Me perdoe, Lis...
Liesel sorriu.
- É claro! É claro que eu perdoo você...
- Ah, Lis...
- Mas com uma condição...
- Que condição?
Liesel o olhou por uns instantes e em seguida o empurrou no rio. Ela começou a rir freneticamente, assim que viu o rapaz todo encharcado.
- Saumensch!
Rudy correu atrás de Liesel até conseguir segurá-la e atirá-la no rio. Os dois ficaram brincando, feito duas crianças felizes... Rindo feito bobos e atirando água pra todo lado...
- Você me paga, Liesel! - ele resmungou assim que saíram do rio. O sol já estava se pondo e dali a pouco o tempo ia esfriar.
- Ah, mas foi divertido, não foi?
Rudy riu. Seus cabelos pingavam água e ele teve que tirar os sapatos, pois estavam tão encharcados que faziam seus pés escorregarem.
- Foi sim! Você me perdoou ou não?
- É claro que eu perdoei, mas eu devia era bater em você...
Rudy ficou de frente pra Liesel. Olhou bem dentro de seus olhos e sussurrou:
- Que tal um beijo, Saumensch?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Oie! Desculpem a demora! E então, mereço reviews?