My Sweet Lady escrita por Éle


Capítulo 6
Capítulo 6: Menino ou Menina? Quem sou eu? Parte 1


Notas iniciais do capítulo

O título real do capítulo era: "Cabelo comprido, unhas pintadas, saia, maquiagem... Quem sou eu?", mas o Nyah! não me deixou colocar porque era muito grande, daí modifiquei, mas ainda prefiro o primeiro.
Boa leitura



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 Minha manhã não fora nada normal (sim, eu acabei dormindo o resto da tarde e a noite toda). Meus primos brigavam o tempo todo e competiam por mim, enquanto minha tia xingava a tudo e todos por estar fazendo qualquer coisa com a filhinha dela. Fiquei feliz por tudo estar “normal” mesmo depois de meu ataque.

 Combinamos que, depois do almoço iríamos eu e minha tia no shopping para meu funeral como Michel e o renascimento de Melody, ou seja, tudo de menina e muito mais! Depois do passeio mortal com minha tia eu não voltaria para casa e, sim, teria a honra de estrear meu visual indo no cinema acompanhado pelos meus ‘gatíssimos primos. Pelo menos a segunda parte será boa porque eu amo cinema e vou ir acompanhado de dois garotos simplesmente lindos, de dar inveja a qualquer um!

 Já meu tio eu ainda não conheci, simplesmente ele é “ocupado de mais” e, talvez isso seja bom, talvez não seja tão fácil assim enganá-lo de que sou uma garota, mas realmente não posso conter a curiosidade. Ele é um mistério!

 Fomos apenas eu e minha tia de carro para o shopping, Richard e Alexander até tentaram ir junto, mas receberam ameaças de morte (de minha tia, claro) porque queriam estragar a surpresa, surpresa esta o qual eu morro de medo.

Passo 1: Guarda-roupa.

 Nossa primeira parada foi uma loja de roupas, até aí tudo bem, agora o problema: Loja de roupas somente femininas.

 -Hey Mel, aonde você vai?

 Droga, ela percebeu que eu estava dando meia volta, pronto para sair da loja.

 -Ahh tia, esqueci minha bolsa no carro! – menti, mas tudo bem, já estou me tornando especialista nisso.

 -Ah filha, mas não tem problema nenhum, compramos outra bolsa para você e tudo o que havia dentro!

 Ela aproximou-se de mim (que já estava com um pé para fora) e me puxou pelo braço para dentro, já seguindo na direção das roupas mais peruas possíveis.

 -Mas meu celular estava dentro! Ele tem toda minha agenda e tal, insubstituível! – mentira, meu celular está no meu bolso. Se ele tocar agora me mato.

 -Melhor ainda filha, assim ninguém nos interrompe enquanto fazemos fabulosas compras – ela disse tão animada... Já escolhendo algumas roupas.

 Com um suspiro, desisti. Mentir é horrível e de nada me adiantará, mesmo que sigamos até o carro buscar sei lá o que o qual eu tenha dito esquecer, logo voltaremos para a loja e o pesadelo irá continuar, não poderei mais fugir.

 -Olha como isso é perfeito para você filha! Ficará lindo!

 E ela jogou na minha cara um vestido cor de rosa cheio de babados. Sabe que até fiquei mais feliz quando vi a atendente vindo ajudar? Então, nem precisei dizer nada, a moça e minha tia logo começaram uma conversa que parecia ser muito interessante, observando de fora, claro, o que não é meu caso.

 -Esta é minha filha, Melody – apresentou-me minha tia, animada ao extremo –Queremos arrumar completamente o guarda-roupa dela! – ok, estas palavras me afetaram mais do que eu esperava.

 A atendente analisou-me dos pés a cabeça, com um olhar sério e eu corei. Será um problema se ela perceber que há algo entre minhas pernas.

 Já até sei algumas roupas que ficarão perfeitas nela! Tenho uma saia jeans que deixará a todos os caras babando! Uma jardineira com um desenho lindo em strass, um vestido simplesmente magnífico...

 Minha tia interrompeu-a com um gritinho agudo, incrívelmente feliz. E elas conversaram e conversaram sobre quais roupas ficariam perfeitas em mim, enquanto eu apenas seguia a elas sem muito interesse. Na verdade, eu não odeio tanto assim fazer compras, apenas quando tenho de ficar no setor feminino. As únicas coisas femininas que eu gosto são bijuterias, mas não muito.

 -Filha, vem logo! Vamos para o provador agora - chamou-me minha tia, retirando-me de meus pensamentos.

 -Vou ter de experimentar todas? - perguntei desanimado, seguindo-a.

 -Todas não, apenas as mais lindas! E, claro, escolher aquela que você usará hoje no cinema com seus irmãos, eles ficarão morrendo de ciúmes com o monte de garotos que irão paquerar você.

 Sinto muito lhe desapontar tia, mas dúvido que eu me torne o centro da atenção dos garotos. Sou pequeno, magro, sem busto, sem os atrativos mais importantes de uma mulher.

 Quando deixaram as roupas no provador eu entrei lá e, adivinha? Uma pilha enorme de roupas me aguardava! Tipo, muito grande mesmo.

 -Você vai comprar tudo isso tia? - eu perguntei, me sentindo mal com aquilo. Ela ia gastar muito dinheiro com aquela brincadeira de Melody, isso não está certo.

 -Claro, essas são as que você irá experimentar, as que eu e Denise temos certeza de que você ficará bem já estão separadas para comprar.

 -Mas... A senhora irá gastar tanto dinheiro com tudo isso...

 -Ah, não se preocupe filha, temos bastante dinheiro e meu marido não se importa que eu gaste, afinal, minha nova filha vale a pena! Ah, e por favor, não me chame de senhora, me entristece que você me veja assim – ela disse aquela última parte em um tom tão melancólico que até me afetou.

 -Sim mãe, desculpe – eu respondi fingindo felicidade, sabendo que isso a alegraria de uma forma descomunal.

 Fechei a porta da cabine, pronto para começar com a tortura. Mexi e remexi naquele bolinho de roupas procurando pelas peças menos femininas possível, mas, ao perceber tudo o que me aguardava até achei que estava protagonizando o filme “Missão Impossível”.

 -AHHHH! – é, fui eu a gritar, felizmente não de forma masculina.

 -O que foi filha?

 Tapei a boca com uma das mãos enquanto que, com a outra jogava longe a peça íntima feminina que estava ali. Meus olhos estavam arregalados, ao mesmo tempo em que eu ouvia o “Bum, bum” de meu coração alto demais.

 Ah Deus, eu sempre fui um garoto tão bonzinho! Simpático, amigável (mesmo que tímido). Sempre respeitei meus pais, nunca passei do horário, não sou vingativo, faço qualquer coisa parta ajudar os outros... Então por que logo eu o Senhor escolheu para maltratar desse jeito?

 Bem, talvez, eu saiba o porquê. Porque não se trata de mim, se trata de minha tia e meu primo. Se trata do melhor para os outros, como sempre foi e, se eu sou tão bonzinho quanto me julgo ser, então eu não deveria estar reclamando, apenas sorrindo e ajudando.

 -Mãe, eu não quero aparecer aí de roupa íntima.

 Como sacrifício, eu iria vestir aquelas peças, mas não desfilar! Imagina só, não, nem quero imaginar! Não seria possível!

 -Eu não vou aparecer de roupa íntima!

 -Tudo bem filha, você pode apenas colocá-las por baixo da roupa. Agora vai, veste logo que estamos nervosas!

 -Ok.

 Fechei os olhos e escolhi uma ao acaso. Acabou sendo uma saia xadrez rosa e preta com uma igualmente preta e rosa, com um belo gatinho branco e felpudo na frente, belo se não fosse eu a vestir.

 Botas de couro de salto alto, meia-calça... Vou parar por aqui antes que eu entre em depressão.

 -Ta dá! – eu disse desanimado assim que abri a cortina.

 -Que linda! Perfeita! Essa é minha filha! Vira.

 Com um sorriso amarelo, dei um giro. Não quero admitir, mas eu sei andar de salto alto e não é por sorte.

 -Essa com certeza sim! Agora vai lá e coloca o shortinho jeans, o menor que tem, uma blusa curtinha deixando aparecer o umbigo e o boné roxo com gliter. Depois o vestido de flores e borboletas!

 ‘Tá brincando, ‘né? Flores e borboletas? Umbigo de fora? Gliter? Derrotado, voltei para o provador.

 Eu me odeio!

Passo 2: Cabeleireiro.

 Quando entrei naquele lugar cheio de mulheres que não paravam de falar, homens homossexuais atendendo a todas, cosméticos de dar medo, moças com tanta maquiagem que mal conseguiam mexer o rosto e cadeiras e revistas aos montes, quase desmaiei.

 Superando aquela primeira impressão avassaladora, tentei encarar a tudo sorrindo, mas não deu. Minha tia obrigou-me a colocar muitos apliques, o suficiente para deixar meu cabelo na altura da cintura. Meu lindo cabelo agora estava comprido, liso e loiro porque, mesmo que eu já fosse loiro é difícil encontrar a mesma cor em tintas, então eu tive de pintá-lo com uma tinta que, diz o cabeleireiro não possuir amônia e sair com facilidade.

 Você acredita se eu disser que há gliter rosa, uma mexa rosa e uma presilha em forma de coração em meu cabelo? Pois foi isso que eu vi na frente do espelho.

 -Senhorita Rosana, a senhora não vai acreditar em quem é essa bela moça sentada na cadeira...

 Juro que recém agora descobri o nome de minha tia, isso é vergonhoso.

 -Oh Santo Deus...

 Ela me olhou com tanto brilho no olhar que por alguns segundos eu não me arrependi de ter feito todas aquelas mudanças. É claro que em poucos dias (ou talvez horas) acharei uma desculpa para retirar tudo aquilo, mas ela fez com que eu me sentisse... Bem em ser Melody, em finalmente poder dar-lhe a filha que ela nunca teve.

 Eu sorri. Minha tia sorriu. Ela estava quase pulando de alegria, literalmente porque já estava remexendo-se feito louca.

 -Tão linda, tão linda! Minha filha é a garota mais linda do mundo!

 Pelo menos alguém me acha bonito, mesmo que seja como garota.

 -Imagina só quando você fizer um book e eu poder mostrar para as outras mães, ficarão morrendo de inveja da minha filha linda! E quando sairmos juntas... É tudo tão perfeito! Está tudo dando tão certo!

 Mais uma vez eu sorri, feliz por minha tia, mas sem querer olhar para o espelho, eu acabara por odiar mais ainda meu próprio reflexo.

 Passo 3: Unhas

 Fomos a uma manicure e pedicure. Sabiam que, para pintar as unhas tem que deixar os dedos murcharem primeiro? Eu não. Assim que eles viraram passas a mulher veio disse que iria “cortar as cutículas”, mas, para mim foi como se ela quisesse arrancar os pedaços de meus dedos. Doía, mas cada vez que eu choramingava ela insistia em dizer “é apenas cutícula, é necessário retirá-la para que as mãos fiquem lindas e bem tratadas”. Juro que me deu vontade de socar aquele alicate goela abaixo nela, mas eu nunca faria isso, nem ao menos a xinguei, agüentei, quieto, como o homem que sou.

 Depois, aquela senhora surgiu-me com longas unhas postiças e eu apenas limitei-me a imaginar como seria me coçar com aquelas coisas, provavelmente iria arrancar um pedaço de minha pele. Agora entendo porque as mulheres brigam com cabelo e unha: os dois provocam dores horríveis.

 Pensei que ela apenas pintaria minhas unhas, mas minha tia insistiu para que ela desenhasse uma borboleta em cada uma delas... Deu tanto trabalho... Perguntei a mim mesmo o porquê de tudo aquilo, se em no máximo uma semana já teria tudo descascado, mas me segurei para não perguntar e ofender.


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Notas finais do capítulo

Peço mil desculpas por tamanha demora, e mais desculpas ainda por esse péssimo capítulo! Os motivos de meu atraso incluem, pc estragado, formatado e sem word. Mas, principalmente 4 mortes.
Eu sei que toda a espera para esse capítulo horrível não valeu a penas, mas, a "parte 2" que também não é nenhuma maravilha já está pronta (dividi para que o capítulo não ficasse muito grande e vocês mal acostumados) e eu postarei em um ou dois dias, dependendo de vocês.
Por favor pessoal, não desistam da história agora que retornei. Não demorarei mais e, o capítulo 8 tenho certeza que todos irão adorar! Esse sim valerá a pena esperar!
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