My Sweet Lady escrita por Éle


Capítulo 10
Capítulo 10: No caminho, um clima!


Notas iniciais do capítulo

Trecho da música Crawling, de Linkin Park



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 Não estou louco e não fui facilmente manipulado! Do aeroporto para casa eles vieram brigando! Logo nas primeiras horas Alexander já começou a dar encima de mim e beijar meu pescoço! Ele é um pervertido que baixou o olhar quando Richard comentou sobre o tamanho de meu... Busto. Quis invadir meu novo quarto enquanto eu dormia e, ainda por cima o ouvi conversando com Richard no cinema sobre as outras garotas! Essa é minha impressão.

 Suspirei um pouco mais aliviado, afundando no banco. Não tenho 100% de certeza, então vou conversar mais com Richard depois. Eu sei que Alexander não é bonzinho, ele não me engana. Ficamos alguns minutos em silêncio. Ele não se atreveu a perguntar nada depois que eu deixara de lhe responder sua última pergunta. Estou sendo mal educado, não posso deixar as pessoas assim, no vácuo, ainda mais alguém com quem terei de morar nos próximos meses e também conquistar.

 -Onde estamos indo? – eu perguntei finalmente quebrando o silêncio.

 -Surpresa.

 Não soube o que comentar, pois tudo me pareceu vazio. Até gosto de surpresas, gosto de quando alguém se dedica a fazer algo para mim, mesmo que seja apenas pensar em um lugar para irmos. Acho que é porque nunca tive muito disso.

 Antes de deixar o silêncio reinar novamente, pensei em algo para dizer, mas nada me veio à mente. Olhei para baixo e vi meus próprios pés com uma sandália de salto agulha preta, minha unha pintada com uma pequena borboleta em cada uma delas. Aquilo era tão feminino! Eu nunca faria isso por livre e espontânea vontade. Encontrei um assunto!

 -Hey Alexander, você não comentou muito sobre como eu fiquei. Me achou feia?

 Só falta ele dizer que não gostou, daí sim eu me mato! Vi ele rir, espero que não seja de deboche. Será que ele não gostou? Acho que preciso agir mais como garota. Vou fazer um drama.

 -Você me achou feia, não é? Eu sei que sim, não importa o que eu faça, nunca serei bonita – choraminguei, dando altas gargalhadas por dentro. Meu primo realmente ficou preocupado. Fechei os lábios fingindo espalhar o batom, mas na verdade era para eu não rir.

 -Não Mel. Nunca te achei feia. Você ficou incrivelmente linda assim, toda produzida e arrumada, mas...

 Ah, qual é! Tem mesmo que haver o “mas...”? Podia limitar-se a apenas dizer o quanto me achou linda assim.

 -“Mas...?”

 Ele virou o rosto para mim, sorrindo meigamente, o que eu achei que era impossível ver.

 -Estrada – eu avisei, não querendo sofrer um acidente e morrer tão jovem. Alexander voltou sua atenção para frente.

 -Você parece tão desconfortável assim. Também não é fácil uma garota ter um rosto bonito naturalmente, mas você tem. Tens um rosto tão lindo que fica bem mesmo com o cabelo curto, não deveria usar de tanta maquiagem. Acho que algumas coisas ficaram bem melhores e outras não, por exemplo, você ficou linda com uma roupa mais feminina, mas o salto não lhe cai bem. Acho que uma sapatilha seria mais apropriado, também seria mais confortável para você. O cabelo ficou lindo dos dois jeitos. Suas unhas ficaram lindas. A maquiagem esconde sua beleza natural. Compreendes?

 Melhor só se Alexander dissesse que me prefere como garoto. Ele odiou o que eu odiei e, as coisas mais aceitáveis foram as que ele gostou. Isso é realmente um choque. Poderei usar roupas mais confortáveis, retirar o excesso da maquiagem... Por acaso ele lê pensamentos?

 Pela primeira vez pensando em mim como uma garota, eu sorri, deixando que meu primo percebesse. Não era necessário ir ao extremo para agradá-lo. Eu fiz uma transformação total por ele e, mesmo havendo coisas que ele achou melhor antes, ainda sim a transformação valeu à pena. Estou realmente feliz.

 -Obriga...da – agradeci me controlando, quase que falo “obrigado”, no masculino.

 -Desculpe se te chateei de alguma forma. Você realmente está linda, só fiquei compadecido em te ver tremendo no salto quando estávamos no cinema. Você não parece ser uma daquelas garotas obcecadas pela beleza, também não há motivo considerando o quanto você já é linda.

 Eu ri, colocando uma mão na frente da boca. Meu coração não se apertava mais ao pensar por tudo que eu passara e passaria. Sentia-me mais leve. Joguei a cabeça para trás e mordi o lábio inferior, sentindo o gosto estranho do batom. Balancei as pernas distraidamente, aceitando minha transformação. Não que agora eu goste, pelo contrário, ainda quero vestir uma calça jeans bem larga,um all star preto e uma blusa simples larga, mas de certa forma Alexander tornara para mim aquele estado suportável.

 -Impressão minha ou você está mais feliz?

 -Estou mais feliz – respondi sincero, mudando o rumo de meu olhar para o belo rosto de meu primo.

 -Por causa de alguns elogios? – ele perguntou com um pequeno sorriso brincando no canto de seus lábios. Sorriso este que me aqueceu por dentro.

 -Não apenas elogios. Você acertou exatamente no que eu gostei e não gostei. E, depois de você o máximo que consegui de alguém que viu meu “eu” de antes foi o deboche de Richard – eu disse inocentemente, mas logo me arrependi amargamente. Por que Richard debocharia de uma garota? Droga, eu sou um idiota!

 -Ele achou graça por ter um volume maior em seu busto – pelo menos Alexander é mais educado com as palavras. E ufa! Ele não desconfiou.

 -E o que você achou? – a pergunta simplesmente escapou de mim, como um pulo para fora de minha boca. Corei de imediato e virei o rosto para o lado. Ah, mas afinal, nem sou eu mesmo, é Melody. É impossível não corar, mesmo assim quero continuar com brincadeiras como esta. Eu nunca tive muita confiança em mim mesmo, sempre tive medo de dizer que gosto de uma coisa quando a outra pessoa gosta de totalmente o contrário. Sempre me adaptei ao gosto dos outros, que mal tem me divertir um pouco pelo menos uma vez?

 -Entendo que você queira ficar mais bela, e isso realmente ficou realista. Mas entenda que, para eu e Richard que sabemos sobre ser falso é realmente uma graça. Eu não me importo muito se essa parte do corpo feminino é volumosa ou não, mas seria decepcionante abrir a blusa e ver que são menores.

 Ergui meu corpo, virando-o na sua direção. Escancarei a boca e aumentei os olhos, sentindo aquela quentura de sempre no rosto. Levei ambas as mãos à frente de meus lábios, completamente surpreso.

 -Você disse isso mesmo? Não acredito que você disse mesmo isso!

 -Relaxa, estou só brincando. Também não havia como responder com seriedade essa pergunta.

 Sem retirar as mãos de meu rosto, atirei-me de volta no banco, quase rindo. Que safado! Tentei rapidamente mudar de assunto, sem querer pensar na “decepção” dele em, num momento de clima bem quente retirar minha blusa. Espera, eu não quero pensar nem em um clima quente entre nós! Isso nunca vai rolar! Mas isso tem que rolar!

 -Pode ligar o rádio? – pedi, tentando afastar aqueles pensamentos indecentes de minha cabeça.

 -Claro Lady – ele respondeu já direcionando sua mão ao rádio do carro.

 -Segunda vez que você me chama assim em menos de uma hora – constatei alto demais.

 -É que você está realmente parecendo uma princesa com essa roupa. Porém, o termo princesa eu não acho tão adequado, nem tão belo, prefiro referir-me a você como Lady.

 Eu ri. Então agora sou uma Lady. Isso é uma graça! Mas... Hã... Já que terá de ser no feminino, eu gosto de Lady...

 -Ok. Gostei. É... Mais exótico? – ri com meu próprio comentário, sabendo que, a partir de agora eu seria “Lady”.

 Finalmente o rádio fora ligado, tocando uma música de... Ohh, nossa! É Linkin Park! Não pude conter a surpresa.

 -Eu amo eles! – eu disse alto, quase histérico.

 -Sério? Não conheço muitas garotas que gostem. Isso não parece ser uma banda para publico feminino.

 Eu estava empolgado e nervoso ao mesmo tempo. Sempre acabo dando foras quando ajo como Michel sem pensar.

 -Como não? Eles são simplesmente LINDOS! E quando cantam... Meu coração dispara!

 Olha! Até que estou me saindo bem sem a ajuda de Richard para sair das enrascadas. Mas é bom eu começar a prestar mais atenção, não posso abusar da sorte.

 -Também gosto bastante deles.

 Quando me dei por mim eu já estava balançando a cabeça e cantarolando a melodia, sorrindo como um idiota. Isso é tão bom. Logo, o carro parou, estacionando em uma rua que me parecia normal, com um movimento bem comum.

 -Sabe cantar também? – ele perguntou debochado, mas não esperava por minha resposta.

 -É claro que sim! Todas as músicas! Acha que não sou uma fã completa? – mais uma vez quase que disse “um fã”. Essa coisa de falar no feminino é realmente complicada, estou vendo que vou acabar deslizando.

 -Então cante.

 -Ah não! Tenho vergonha e não sou boa com Linkin Park. Eles gritam e eu sou mais calma, com uma voz mais feminina.

 Enquanto conversávamos, a música acabou e começou outra da mesma banda. Alexander abaixou um pouco o volume, provavelmente disposto a me convencer e querendo escutar minha voz mais alta que o resto.

 -Está tudo bem, prometo não rir – ele disse em um tom sério, erguendo as mãos para eu ter certeza de que não havia nenhum truque, nenhum dedo cruzado...

 -Ok – eu concordei, sem nem pensar muito antes. Eu deveria cantar logo antes de desistir. EU gosto de cantar. Oh Deus, se eu parar por um segundo para pensar tenho certeza que desisto.

 Retirei o cinto, assim como Alexander. Virei-me na sua direção, apoiando ambas as mãos na beira do banco e comecei a pegar o ritmo. Ele me fitava sem rir, mas também sem seriedade. Apenas aguardava. Espero não pagar nenhum mico, não costumo cantar para os outros.

“Há algo dentro de mim que me puxa pra baixo da superfície. Consumindo, confundindo. Esta falta de auto-controle eu temo que nunca acabe, controlando. Parece que não consigo me achar novamente, minhas paredes estão se fechando. Sem um senso de confiança, estou convencido que há muita pressão para eu agüentar. Eu me senti desse jeito antes, tão inseguro.”

-There’s something inside me that pulls beneath the surface. Consuming, confusing.

 Sem perceber, comecei a me aproximar aos poucos, tendo o estímulo de Alexander.

 –This lack of self control I fear is never ending, controlling, I can’t seem – cheguei perto e, quando fiz menção de me afastar ele me segurou pela mão, aproximando-nos ainda mais. Eu sorri. Era uma música forte, mas eu cantava de forma diferente. Alexander sorria, e eu via em seus olhos que ele estava gostando. Continuei. –To find myself again, my walls are closing in.

 Quando me dei por mim, já estavamos tão próximos… Encostei meu rosto em sua bochecha, tocando-a com meu nariz, sussurrando-lhe a música sem desviar o contato de nossos olhos. Senti seu braço em minha cintura, mas meu corpo todo já estava dormente, tornando impossível que eu apreciasse melhor o contato.

–Without a sense of confidence, I’m convinced that there’s just too much pressure to take. I’ve felt this way before, so insecure… - a última palavra o cantor gritava, mas como não consigo apenas a segurei.

 Mesmo que fosse apenas um trecho pequeno da música, eu estava ofegante. Nossos rostos próximos demais. Seus vorazes olhos vermelhos me fitavam de uma forma indescritível, quase me devorando. Sua respiração batia em minha bochecha e pescoço, fazendo todos os pêlos da minha nuca se eriçarem. Como isso aconteceu? Eu não sou esse tipo de pessoa, eu nunca antes fiz algo assim em toda minha vida! E, se parar para pensar, eu estava cantando a música quase que... De forma sensual...


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Notas finais do capítulo

Mil agradecimentos a grecielelima por ter recomendado!
Perdão pela demora, tenho estado ocupada (mesmo o cap já estando pronto a um tempão), porque eu estava de greve, agora minhas aulas voltaram, manhã e tarde e irão comer todas minhas férias. Mas, tentarei escrever bem mais rápido!
Perdão por estar mudando um pouquinho o Michel, acontece com todos. E perdão por não ter respondido os reviews, mas, como disse ando sem tempo.