Véspera de Natal escrita por Nymus


Capítulo 2
versão original


Notas iniciais do capítulo

Personagem: Jin Akanishi
Casal: Jin x garota original

Escrita pra um concurso de um fórum da JE que participo. ^^



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Estava nevando. Tinham anunciado uma nevasca pra aquela madrugada. Olhei novamente pro relógio na parede e conclui que meu namorado só podia ter se perdido em algum dos montes de neve que se acumulavam na calçada. Sorri. De alguma forma, eu não achava isso impossível.

A sineta da porta tocou, anunciando um novo cliente. Eu voltei-me a porta e meu namorado irrompeu por ela, sem fôlego e com a touca cinza torta na cabeça. Seu estilo era bem diferente do meu, Jin se vestia como uma estrela pop japonesa – ao menos foi isso que eu entendi dos vídeos que ele me mostrou quando fazia parte daquele grupo com nome de gato e que tinha rapazes lindos (é, eu realmente não fazia ideia do que eles estavam cantando em suas músicas, mas eles rebolavam o suficiente pra que a barreira do idioma fosse esquecida facilmente). Tudo bem, ele que vestisse o que quisesse, eu o achava lindo de qualquer jeito – minha preferência era aquela roupa japonesa que parecia um quimono e que ele me explicou que não era. Me desculpem, eu realmente não consigo decorar os nomes em japonês e isso é justificável. Observar Jin vestido daquela forma me fazia esquecer de tudo e eu não conseguia prestar atenção em nada que não fosse no corpo dele coberto por aquela roupa linda.

Tive que sorrir novamente, agora com um pouco de paixão. O que eu, hard-rock-girl, que trabalha numa loja de artigos eróticos, tinha de especial para namorar Jin Akanishi? Eu não sabia responder, acho que nem ele. O fato é que estamos juntos há quase dois meses, ele é um cara bacana e muito acanhado quando se trata de sexo – eu trabalho numa sexy shop, que ele espera? Que eu não vá querer provar algumas das coisas que eu vendo? E não que eu tenha levado algo que pudesse ofendê-lo, mas a primeira vez que sugeri um gel afrodisíaco, ele me olhou como se eu fosse louca (o que naturalmente não posso negar) e depois concordou quando eu expliquei o que aquilo fazia – ainda assim, Jin era fantástico.

Nos conhecemos num bar. É, há quem diga que o grande amor pode ser encontrado entre copos de cerveja, de tequila ou de vodca. Eu nunca acreditei nisso, afinal, havia algo mais depressivo do que acreditar nessa coisa de “príncipe encantando” e o pior, pensar que poderia encontrá-lo num bar? Pois é, eu paguei a língua. Eu olhei, ele estava lá e foi isso. Conversamos um pouco, eu achei que era conversa demais, e acabamos transando depois disso.

Tá, eu sei, você vai pensar “como assim, sem romance? Sem saber quem era? E se fosse um assassino? Blá blá blá...”. Eu nunca tive tempo pra romance, ainda não tenho. E assim, não é que eu transe com todo mundo que eu conheço num bar, mas convenhamos, estamos falando de Jin Akanishi... E não ouse pensar que estou errada, pois não estou. Se estiver pensando “bem, vendo por esse lado...” eu já adianto... Foi muito bom e eu não vou entrar em detalhes.

Gomen! – Jin disse em japonês. Eu sabia pouco do que ele falava, estamos na América, não sei japonês. Achava adorável quando ele falava em japonês... Tinha mesmo essa queda por asiáticos – embora Jin fosse meu primeiro namorado japonês – e suspirava sempre que os ouvia falar daquele jeito esquisito.

– Sem problemas. – Respondi e me aproximei dele. Jin sempre ficava encabulado quando eu tomava a iniciativa. O beijava da mesma forma. Ele sempre ficava envergonhado todas as vezes que me via e depois agia como um namorado normal. Ajeitei o gorro dele, sorrindo um pouco com a cor vermelha que tomava conta do rosto dele. – Estou feliz que tenha vindo.

– Você já vai fechar a loja?

– Não. Eric não apareceu, ele disse pra esperar. Vou fazer isso.

Eric era meu patrão gay. Uma figura. O conheci quando trabalhava no café da frente, meio período. Gostava de Eric. Ele não fazia perguntas estúpidas, sempre perguntava se o sexo com Jin era bom, pagava bem e era divertido. Se ele pedia pra esperar um pouco mais e passasse meu horário, eu esperava. Não porque sou boa pessoa, mas porque vou ganhar dinheiro com isso.

– Eeeh~... – Jin fez aquela sonoridade japonesa que eu achava adorável. – Então, vamos esperar. Eu gosto de ver você trabalhar.

Jin sempre olhava a vitrine do balcão. Mudamos todos os dias os acessórios. As vezes, eu notava seu olhar de interesse e quando ele erguia os olhos pra ver se eu o estava olhando, virava o rosto, ficando encabulado. Tínhamos colocado alguns acessórios com temas natalinos e por mais que isso pudesse ser estranho, vendia.

– Você gostou de algo? – Perguntei, usando minha voz casual de vendedora. Jin me olhou e riu, apontando pra uma cueca decorativa.

– Isso vende?

– Vende. – Eu ri com ele. Aquela peça era realmente ridícula. Tanto tempo trabalhando ali, eu havia descoberto que julgar o gosto alheio não ia me fazer vender mais. – Não ficou interessado, não é?

Zen-zen! – Jin respondeu rápido fazendo um gesto com a mão grande que indicava negação. Eu contive um suspiro. Achava mesmo uma gracinha quando ele fazia essas coisas. Ele tirou o celular do bolso e olhou o aparelho, fazendo uma cara de desgosto. – Estão me ligando novamente. Mesmo dizendo que não sou o tal de Paul, insistem em ligar...

Jin desligou o aparelho e eu estendi a mão em sua direção e ele me entregou o moderno celular japonês. Eu queria um daqueles, mas tinha vergonha de pedir um. Meu aparelho parecia tão atrasado... Tão sucateado perto do dele. Tinha uma foto nessa de papel de parede e eu sorri.

A foto tinha sido tirada depois que eu e o Jin rolamos pelo telhado da garagem por causa da neve. Minha mãe e aquela ideia estúpida de por luzes no telhado. Eu tentei me segurar, o Jin tentou me segurar. Nós dois escorregamos pelo gelo fino que estava no telhado e caímos num amontado de neve que meu irmão mais novo estava recolhendo pra fazer o Jack Frost. A foto foi tirada depois que conseguimos parar de rir. Jin, que nunca tinha subido num telhado antes, chorou de tanto rir. Ele estava se divertindo com a nossa queda e eu não achava tão engraçado depois que notei as minhas roupas molhadas. De qualquer forma, voltamos pra cima do telhado e prendemos as malditas luzes – que queimaram dois dias depois.

– O que eles querem com o Paul?

– Sexo.

– Mesmo? E o que te falaram?

Jin ficou corado e passou a mão na nuca, deixando o gorro torto novamente. – “Se eu pudesse te ver nu agora, eu morreria feliz”. Não que eu nunca tenha escutado isso antes, mas assim, no meu telefone particular... Nunca.

As vezes, eu pensava seriamente se Jin não praticava celibato no Japão. Ou se não teve namoradas suficientes pra ficar falando coisas eróticas pelo telefone. Fiz nota mental para ligar depois pra ele e iniciá-lo nisso.

– O que você respondeu? – Perguntei curiosa.

– Nada, não deu tempo. A mulher começou a falar o que ela estava vestindo e eu tentei interromper umas duas vezes e não consegui.

– Deve ter sido embaraçoso. Muitas garotas gritando perversidades pra você no show e não consegue interromper uma mulher no telefone? Ao menos que... Oh, você não gostou... Gostou?

– Eu achei engraçado. Mesmo tendo explicado que não era o Paul, a mulher continua ligando, agora me cantando. Disse que gostou da minha voz e do meu sotaque. – Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa.

Nos beijamos por cima do balcão. Veja bem, eu não sou do tipo ciumenta, mas meu namoro é recente e eu realmente gosto do Jin. O problema de quando começávamos a nos beijar daquela maneira era que não conseguíamos parar. Não que isso fosse alguma prioridade, essa coisa de parar, mas certamente que a loja não era lugar pra isso. De alguma forma – certo, eu nunca soube explicar como do nada eu estava do lado dele ou ele do meu lado, mas isso acontecia com uma frequência assustadora –, ele estava do meu lado, me segurando com força. Depois, Jin estava me comprimindo contra a parede e eu o estava incentivando a isso.

Foi quando a sineta da porta soou novamente e nos largamos com uma rapidez impressionante. Eu estava ajeitando meus cabelos picados quando fitei a porta para olhar pro suposto cliente e explodi em gargalhadas. Jin não entendeu e quando ele olhou pra porta, cobriu a boca a tempo de não gargalhar.

Eric aproximou-se de nós, com seus quase dois metros de altura, vestido de Papai Noel. Não havia nenhum problema em se vestir de Papai Noel, mas de rosa-choque? Botas envernizadas que iam até os joelhos, um curto shorts apertado, um cinto tão brilhante quanto as botas, a camiseta terminava no meio do peito sem cobrir a barriga dele. Ainda usava luvas com pelugem sintética e suspensórios ridículos – sério, Eric tem algum problema com suspensórios. O cabelo dele estava lambuzado de gel e usava um gorrinho de lado – e sabe-se lá como aquilo estava preso ali e nem ousei perguntar.

– O que foi? – Ele perguntou, deixando o saco do Papai Noel no chão e curvando-se para pegar algo dentro do saco.

Jin me abraçou, como sempre fazia, as minhas costas e descansou a cabeça no meu pescoço com um largo sorriso no rosto. Assim como eu, ele achava Eric um ícone gay de suspensórios. Agora, achávamos Eric um Papai Noel gay de suspensórios. O que diriam as crianças diante tanta difamação da imagem do “bom velhinho”?

– Nada. – Eu tratei de responder e segurei o braço de Jin que passava pelo meu corpo. Como eu adoro seu abraço. Certamente é o melhor lugar do mundo.

Eric ignorou nossas risadas e lançou uma revista estrangeira em cima do balcão. Jin a reconheceu, murmurando o nome e pegando pra ver. Era alguma revista lá da Ásia. Eric se aproximou do balcão, usando um ridículo batom vermelho e ergueu a sobrancelha fina – eu confesso, a sobrancelha dele era bem mais feita que a minha, tinha até vergonha quando estava perto dele.

Jin gritou. Eu achei que foi de espanto e quando o olhei, ele estava com a revista próxima do rosto murmurando coisas em japonês. Olhei pra Eric, um pouco confusa com o que estava acontecendo. Tentei ver a revista e Jin não deixou. Ele fechou a revista e a enrolou.

– O que foi? Deixa eu ver também.

– Não... Claro que não!

Olhei pra Eric. – O que tem na revista, Noel? Não é o Jin fazendo alguma coisa que eu não posso ver, é?

– Não! – Jin gritou, se defendendo. – Não é nada disso.

– Então deixa eu ver!

Devia ter sido a cara que eu fiz, sei lá. Jin ponderou alguns minutos e então me ofereceu a revista enrolada. Eu sorri pra demonstrar que preferia um namorado que não escondesse nada. Já bastava as mentiras com os outros namorados e tinha tendência natural a ficar desinteressada se percebia que algo estava sendo escondido.

Tudo bem, me concentrei na revista. Tinha um japonês na capa e um mosaico para ocultar suas partes íntimas. Eu não conhecia aquele rapaz mas Jin estava vermelho ao meu lado e pensei que talvez ele conhecesse.

– É alguém que você conhece? – Eu perguntei, folheando a revista e soltando uma exclamação alta depois. O rapaz tinha sido fotografado nu. Meus olhos estavam acompanhando as linhas do corpo dele e certa parte da anatomia.

Eu acho que o Jin notou meu olhar de deleite porque ele arrancou a revista da minha mão e a fechou com força exagerada.

– Você... – Ele disse, me olhando. – Tava olhando demais.

– Mas Jin, ele estava pelado! Como eu poderia não olhar?

– Yamapi vai passar o Ano Novo aqui comigo. Você vai ficar olhando pra ele assim?

– É seu amigo??? Me apresenta! – Eric se meteu em nossa conversa, sua voz soando estridente demais.

– Ele não é gay! – Jin defendeu o amigo.

– Não precisa ser... Eu não saio só com gays, queridinho! E olha que pra um japonês ele é...

– Jin não quer saber sobre isso, Eric. – Eu o cortei antes que ele começasse a falar baixarias e deixasse Jin ainda mais constrangido. – Deixa eu ver se entendi. Seu amigo que saiu peladão numa revista vai vir aqui no Ano Novo?

Ele confirmou com um gesto de cabeça. Eric começou a se abanar com as mãos e eu ri do gesto afetado. Jin parecia ter ciúmes e fiquei satisfeita por isso. Ainda assim, não podia deixar de provocá-lo.

– E um “ménage à trois” ele não topa?

Jin voltou a ficar vermelho, agora de raiva. Eu gargalhei e o abracei, explicando que era brincadeira – embora Eric tivesse comentado que ele gostou da ideia. Jin fez um bico com os lábios, ficou ofendido, mas acabou cedendo e me abraçando. Falamos tchau pra Eric, que ia fechar a loja e participar de alguma competição de Papai Noel na boate que ele frequentava, e eu e Jin fomos aproveitar nosso tempo juntos visitando as casas decorada dos famosos do outro lado de LA.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Não costumo escrever em primeira pessoa...



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