A pequena janela permitia ver um pedaço do céu. A Marca Negra em seu braço esquerdo ardia como se houvesse um incêndio queimando a pele. As paredes de pedras pretas separavam-na dos outros, separavam-na dos antigos companheiros e até mesmo da radiação solar. Mas agora era noite, e tudo o que se podia perceber era o alvoroço dos guardiões. Não eram simples guardiões de prisão. Estes vestiam capas e arrastavam com elas toda a tristeza e sofrimento que o mundo era capaz de reunir. Oh Merlin, como era escuro! O lado de dentro era podre, assim como os membros dos dementadores que circulavam a ilha.

Um estrondo fez a bruxa olhar para cima. Algumas pedras caíram ao seu lado, uma delas caiu sobre um prato de comida no chão. Uma cratera se formou no teto, sendo possível enxergar outros seis compartimentos, que foram totalmente destruídos.

– Milorde, você está aí? – Bellatrix disse, sua voz enfraquecida pelas más condições em que viveu durante quinze anos. – Milorde!

Uma nova explosão foi o suficiente para que na prisão se abrisse uma nova cratera. Bella pôde notar dois homens correndo em direção à gigantesca abertura. Três dementadores viram claramente os dois homens saírem de suas celas, mas estranhamente, não os detiveram.

A Marca Negra queimava tanto, mas tanto, que Bella passou a língua por cima dela, lembrando-se de como a adquiriu, quando tinha apenas dezessete anos. Com dificuldade, caminhou entre os destroços até o enorme buraco formado. Flutuando a frente, havia um homem excessivamente pálido, usando uma longa capa, que esvoaçava com a ventania. Os dementadores, como que ordenados por ele, não se moviam.

Bellatrix, percebendo quem era que estava ali no ar, começou a dar uma gargalhada prazerosa, gutural, demente. A vontade de se jogar na direção de seu mestre era inevitável, mesmo estando a mais de quinhentos metros de altura. Então Lord Voldemort se aproximou em meio ao início de uma tempestade, entre os relâmpagos, entendendo a mão branca de unhas longas.

– Venha, Bella. Tudo não passou de uma longa noite de quinze anos. O pesadelo acabou.

A mulher segurou sua mão e, surpreendentemente, notou que estava no ar, como se voasse ao lado dele. Voldemort encarou seus olhos.

– O tempo não significa nada para nós. Pois veja só, Bella! – Voldemort falou sorrindo. – Ainda temos um garoto para matar e um exército para formar.