Começo a chorar desesperadamente e vou até Clara. Pego-a no colo e a abraço fortemente. Adormecendo assim ao seu lado... 

Acordei com um pouco de cor nas costas, mas nem me importei.

Olhei Clara dormindo e fiquei com pena de acordá-la. Fiquei realmente com medo de deixá-la na escola. Se alguém entrou aqui em casa...quem sabe em outro lugar?

Pensando nisso, decidi faltar à faculdade hoje e deixar Clara faltar à escolinha. Vamos ver se a tal pessoa irá mandar alguma coisa.

 ...

Durante a tarde toda, fiquei na sala com Clara. Graça a deus, não recebi nenhuma mensagem ou nenhum...bilhete debaixo da porta.

Quando deram 18:00, escutei a campainha tocar.Gelei. Com medo, levantei do sofá e fui até a porta. E novamente, antes de abrir a porta, passaram algo por debaixo dela. Sem hesitar, corri e abri a porta para ver se conseguir identificar quem era a pessoa, mas minha tentativa foi em vão. Não havia ninguém lá fora. Angustiada, voltei para dentro de casa e peguei o papel. Nele estava escrito:

“Ficou com medo né? Ainda bem que entendeu o recado. Espero que continue na linha, senão... “

Isso foi o suficiente para fazer com que lágrimas escorressem pelo meu rosto. Encostei-me na parede e escorreguei até o chão. Fiquei ali por pelo menos uns 10 minutos, até sentir mãozinhas pequenas segurando meu braço

-Mama? – levantei a cabeça e vi Clara. Puxei-a e a abracei fortemente

-Que foi? – ela perguntou

-Nada – respondi e afaguei seus cabelos

-Foi o Justin?- olhou-me com os olhos arregalados

-Não! – respondi sem hesitar – Não foi ele – beijei seus cabelos – Fica tranquila. Não houve nada okay – senti Clara me abraçar forte, fazendo com que mais lágrimas se acumulassem em meus olhos

Ficamos assim por um bom tempo até eu levantar e levá-la para o banho.

Mais tarde, quando Clara estava dormindo,meus pais já tinham chegado e eu estava em meu quarto, senti meu celular vibrar. Uma mensagem. Anônimo

Com o coração acelerado apertei para ver a mensagem

“Esteja na Rua ****** às 21:00 horas de amanhã. Vá SOZINHA!”

____

No dia seguinte, fui para a faculdade e Clara foi para a escola. O dia estava seguindo razoavelmente bem, a não ser....

-Sarah! Quer para de andar e falar comigo? – Sim, Justin estava me seguindo o dia todo querendo falar comigo – SARAH! – berrou.

As pessoas pararam o que estavam fazendo e nos olharam. Abaixei a cabeça e senti Justin segurar meu braço e me puxar resmungando algo do tipo “Cuidem de suas vidas”

Ele me arrastou até uma parte mais afastada do campus e disse:

-Quer me contar algo? – Permaneci em silêncio

-Então é assim? Você não vai falar comigo? – fez uma pausa - O que aconteceu com você? – Novamente não disse nada e então permanecemos assim, em silêncio. Pelo menos até ele ser quebrado pelo som do meu celular. Outra mensagem

Abri minha bolsa e peguei meu celular. Novamente a mensagem com as mesmas coordenadas:

“Esteja na Rua ****** às 21:00 HOJE! Vá SOZINHA!”

Com a respiração acelerada, engulo a seco. Tenho medo só de pensar sobre o que acontecerá essa noite

-O que foi? – Justin perguntou

-Nada

-O que foi? O que a mensagem diz pra você ficar tão....tensa?

-Nada – digo novamente

-Me dá aqui

-O que?

-Seu celular. Me dá – estendeu a mão

-Não – afastei o celular dele

-Sarah...- então ele vem até mim e travamos uma “luta” pelo celular, até ele vencer

-VOCÊ NÃO VAI! Afinal, que tipo de mensagem é essa? Quem está te mandando? O que essa pessoa quer? – disse assim que leu

-Nada que te interesse – arranquei o celular de sua mão

-Você não vai né?

-Seu eu vou ou não o problema é meu

-Então eu vou com você

-NÃO! – disse e ele cruzou os braços e levantou as sobrancelhas – Digo, eu não vou – menti – Mas se eu fosse você não poderia ir nem se quisesse, porque na mensagem diz para eu ir S-O-Z-I-N-H-A

-Então você vai – parecia mais uma afirmação do que uma pergunta

-Olha, eu não tenho que dar satisfação da minha vida pra você

-Sarah..- parecia magoado – O que deu em você? Você anda tão estranha...O que houve com o nosso acordo, pacto, combinado...sei lá o que era. Pensei que enfrentaríamos isso juntos. Pensei que me amasse como eu te amo

-Justin.. – minha voz falhava – E-eu...é claro que eu te amo, mas é q..

-Mas é que o que?

-Justin você tá casado, meu pai odeia você e...e isso dificulta ainda mais as coisas

Ele abriu a boca, mas nenhum som saiu. Cheguei a pensar que, no momento em que eu disse aquilo, ele desistiria de tudo

-Eu sei...Sei que estou casado, sei que seu pai me odeia, sei que tá tudo muito difícil. Mas eu pensei que estávamos juntos nessa

Engoli a seco. Estávamos juntos nessa? Eu seria capaz de por em risco a vida de duas pessoas que eu amo? Acho que não..

-Justin, acontece que...acho não irá dar certo – sentia o nó na minha garganta ao dizer isso – Acho melhor você seguir a sua vida – podia sentir as lágrimas se acumularem em meus olhos

-O que...mas.. – sua voz falhava – CHEGA! TEM ALGUMA COISA DE ERRADO ACONTECENDO. ATÉ ALGUNS DIAS VOCÊ ESTAVA DE ACORDO E AGORA..- mas o interrompi

-SIM! ESTAVA. CONJUGOU CERTO! AGORA CHEGA DIGO EU! CANSEI DISSO! CUIDA DA SUA VIDA QUE EU CUIDO DA MINHA – por dentro, estava morrendo ao dizer isso

Não esperei para ver sua reação, só me virei e corri até meu carro indo pra casa

...

Quando deram 21:00 estava pronta para ir para o tal lugar. Disse para os meus pais que iria para a casa da Julia. Qualquer coisa estaria no celular. 

Entrei no carro e dirigi até o local combinado. Era um lugar meio....deserto, escuro...Não parecia o tipo de lugar onde as pessoas viriam...inteligente a pessoa que me mandou vir até aqui. 

Nervosa, abri a porta do carro e sai.Tranquei o carro e andei um pouco até...