Back To December escrita por Allie Próvier


Capítulo 1
De volta para Dezembro... ( Único )


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.
;)



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Back To December

   Ele passou a mão pelos cabelos quando o riso alto e divertido dele saltou de seus lábios. E suas bochechas coraram quando ele abriu os olhos após o riso. Seus amigos ainda riam de alguma piada interna.

-Bella?- ouvi Alice me chamar, mas não lhe dei muita atenção.- Bella, olha para mim.- a ouvi novamente, mas continuei parada encarando Edward do outro lado do estacionamento. Alice segurou meus ombros e obrigou-me a olhar para ela.- Acorda, garota. Antes que eu quebre as minhas unhas te batendo.- dei um sorriso murcho, tentando lhe mostrar que estava bem. Alice permaneceu com a expressão séria.- Tire esse sorriso murcho da cara.- gemi de preguiça e me soltei dela.

-Eu estou bem.- falei, dando uma rápida olhadela para Edward e em seguida para Alice novamente, antes que ela me desse um tapa.

-Ah, claro. Dá para perceber. Agora me escute.- Alice se aproximou de mim perigosamente. Ela parecia uma fada, com sua altura de gnomo e seus cabelinhos curtos e arrepiados para todos os  lados.- Se você continuar com essa sua expressão débil e de “Me desculpe, Edward! Eu ainda te amo!”, eu realmente irei te bater.- arqueei minhas sobrancelhas. Alice era assustadora quando queria. Suspirei, encostando-me no Porsche amarelo-canário de Alice.

-Desculpe.- murmurei. Alice fez uma expressão de pena e acariciou minha cabeça.

-Não se desculpe. Quero apenas que você pare de se lamentar, Bella.- ele disse baixinho, para que os outros a nossa volta não escutassem nossa conversa. Lágrimas vieram aos meus olhos, mas eu as segurei.

-Alice, não dá. Quero dizer, eu que terminei com ele. Eu que disse que não queria mais nada, sabe? E pensar nisso agora dói. E dói muito. Acho que quando dizem que você só dá valor à algo quando perde, estão certos.- as lágrimas escorreram sem a minha permissão.

-Caramba, garota. Eu vou te bater.- ela murmurou com voz de choro, me abraçando fortemente. Ficamos ali, abraçadas. Por cima do ombro dela, eu olhei para Edward, e vi que ele nos observava. Mas quando nossos olhares se encontraram, ele fez uma expressão de mágoa e virou o rosto, falando algo para oa amigos e indo para dentro da escola rapidamente. Arfei fracamente, fechando os olhos.

(...)

   Durante a aula de Física, eu sentava ao lado de Edward. Quando terminamos, continuamos como uma dupla por ordem do professor, mas era sempre uma situação muito tensa. Ficávamos nos encarando pelo canto dos olhos, e quando tínhamos alguma tarefa pra fazer, a nossa conversa era essa:

Edward: “Eu respondo da questão um até a seis. E você da sete até a doze.”

Eu: “Ok”.

   E só. Quero dizer, ele nem me olhava, sabe? Era como se fôssemos dois completos estranhos que não querem nem ao menos se olhar, não querem se conhecer. Mas eu entendia que a culpa era minha. Éramos bons juntos. Um completava o outro, mas eu surtei. Eu comecei a ficar cansada dele, mas agora eu percebo que estava cansada mesmo era de mim. E terminei tudo o que tínhamos com ele. E terminar um relacionamento com alguém nunca me doeu tanto, nunca me deixou tão tão triste.

   Mas hoje era diferente. Eu não o olhei nem por um segundo desde que entrara na sala, e ele fez o mesmo. Fui fria com ele sem nem pensar, quando ele falou comigo sobre qual parte ele faria no exercício, eu apenas assenti com a cabeça e fiz a minha parte. E na hora em que o sinal tocou, eu arrumei meu material devagar, calmamente, e quando terminei ele ainda estava lá terminando de arrumar o seu. Quando cheguei à porta da sala, senti seu olhar em minhas costas, mas não me virei. Eu já não queria ver mais nada.

(...)

   Na hora de dormir, eu fiquei apenas deitada em minha cama enquanto encarava o teto. Desde que terminei com Edward, isso era comum de acontecer. E eu ficava no mais completo silêncio relembrando de tudo. Eu relembrava de como fui embora do parque naquele dia, eu relembrava das rosas que ele levara para mim e que eu as deixei morrer da pior forma, eu relembrava de quando o aniversário dele passou – há duas semanas e meia atrás – e eu não liguei. Eu também relembrava do Verão, de todas as horas bonitas. Cada minuto ao lado dele era extremamente gratificante. Perfeito. E o sorriso dele no banco do passageiro, enquanto cantávamos nossas músicas preferidas, era a visão mais bonita. Mas eu ainda não o amava como amo agora. Esse sentimento fortíssimo que toma conta de mim agora apareceu no Outono.

E logo veio o frio. Com aqueles dias escuros, com o medo e a insegurança se arrastando em minha mente. E tudo me preocupava, tudo me irritava. E Edward me abraçava, dizia que tudo iria ficar bem, que ele estava ali. Que sempre estaria ali. Ele me dava todo o amor do mundo.

E tudo que eu dei em troca foi um Adeus.

   As lágrimas vieram aos meus olhos quando lembrei da expressão dele quando terminei tudo. Seus olhos ficaram semicerrados e úmidos. Eles brilhavam mais do que nunca, mas não de felicidade. Brilhavam porque tentavam com toda a força manter as lágimas ali, presas. E suas bochechas ficaram rosadas, sua testa franzida e seus lábios entreabertos. Por um segundo, olhando-o, eu pensei que ele houvesse parado de respirar, mas logo o ar saiu de sua boca com um arquejo e ele sorriu. Um sorriso forçado. Daquele que você dá quando tenta segurar as lágrimas, sabe? Quando sua vontade de chorar é imensa, mas você não quer mostrar fraqueza, e então você sorri sem nem ao menos perceber. E eu apenas abaixei a minha cabeça e suspirei. E quando o encarei de novo, o sorriso forçado não estava ali, e sim as lágrimas. Elas caíam vagarosamente e, nervoso, ele passou as mãos no rosto retirando todas elas e deu um passo para trás, voltando a me olhar. E Edward assentiu. E me deu as costas. E quando ele me deu as costas e deu o primeiro passo, eu disse  “Desculpe-me”.

E agora eu fico aqui, toda noite, todas as horas do dia, por ter feito tudo que fiz. Por ter dito tudo o disse. Eu queria voltar no tempo, e eu sei que se voltasse eu faria tudo certo, porque eu nunca, jamais, iria querer ver aquelas lágrimas caindo de seus olhos por minha culpa. Por uma idiotice minha.

   Limpei as lágrimas e suspirei. Olhei para a janela do meu quarto e vi as folhas da árvore ao lado da casa balançarem devido ao vento frio que havia lá fora. Me aconcheguei mais por entre as cobertas e encarei o teto novamente. E aos poucos fui me entregando ao sono.

(...)

   Hoje haveria jogo de Basquete no colégio. E Edward era o capitão.

Fui assistir ao jogo à pedido de Alice, já que ela e Edward são irmãos.

Sim, irmãos.

Alice é mais nova que ele apenas um ano. Fui praticamente arrastada até o ginásio por aquela nanica e quando chegamos lá, as líderes de torcida pulavam, cantavam e sorriam.

-É sério, você ficaria uma graça numa roupinha daquelas.- Alice me disse, dando um sorrisinho. Revirei os olhos.

-Claro, claro. Com maria-chiquinha eu iria ficar ainda mais linda.- Alice riu e logo conseguiu achar dois bancos vazios na segunda fileira da arquibancada. Ficaríamos assistindo ao jogo bem de perto. Nos sentamos e Alice começou a procurar por Edward. Fiquei na minha e percebi que as líderes de torcida estavam à uns 3 metros de onde estávamos. E Jéssica estava na frente, balançando aquela juba loira à là Jenifer Aniston de um lado para o outro. Fiquei encarando aquela garota, e concluí uma coisa: Ela era ainda mais ridícula quando torcia. E como eu também senti vontade de torcer.

Torcer o pescoço dela. Acho que assim ela tomaria vergonha na cara.

Eu não gostava de Jéssica, nem um pouquinho. Quando eu entrei na escola, há quatro anos atrás, ela derrubou refrigerante em cima de mim. Beleza, normal, isso acontece. Aí, eu comecei a ficar um pouco popular, porque as pessoas quando me conhecem gostam de ficar perto de mim, e eu conheci uma pessoa, que conhecia outra pessoa, que conhecia outra... e assim por diante, e logo eu me vi falando com quase todos do colégio. E ela não gostou, começou a me dar foras e tudo o mais. Mas eu não deixo nada barato, não levo desaforo para casa, então isso só a deixou com mais raivinha de mim.

Mas tudo piorou quando eu conheci Edward. E ficamos amigos. E ele me pediu em namoro na frente de todos. Jéssica começou a se jogar em cima de nós dois, tentando nos separar a todo custo, mas nunca conseguiu. Agora eu terminei com ele, e ela só faltou me abraçar e me agradecer por isso, mas acho que se conteu e se contentou em apenas me lançar um olhar de repulsa e um sorrisinho debochado. Mas eu nunca vi Edward abraçando-a depois que terminamos, nem ao menos o vi conversando com ela. Apenas cumprimentando.

Mas eu vou te falar: Eu realmente me controlo muito para não chamá-la de...

-Vadia.- olhei para o lado rapidamente e vi Alice comendo biscoito e olhando para Jéssica.

-O quê?- perguntei, um pouco zonza.

-Jéssica. Vadia. Vaca. Nojenta, idiota, babaca e...- tapei a boca da Alice, já que a voz dela começou a ficar muito alta. Ela riu e eu retirei a mão de sua boca.- Tudo bem, me controlarei.- sorri junto com ela.- Mas que Jéssica Stanley é vadia, isso você não pode negar.- ri alto e peguei um dos biscoitos que estavam no saquinho em suas mãos. Alguns minutos depois, ouvimos o apito do técnico do time. Seria o nosso time contra o do Colégio Mackerel, de Seattle. O dia estava frio, como era de costume em Forks. E o jogo começou.

(...)

   O último lance foi de Edward. E Forks High School, nosso colégio, ganhou. Os assobios e gritos de felicidade ecoaram por todo o ginásio. Os amigos de Edward, os que não jogavam, saíram da arquibancada e foram ajudar a levantar Edward. O sorriso dele era grande, seus olhos refletiam felicidade. Ainda sentada, olhei para os meus pés e, quando olhei para Edward novamente, o vi me encarando profundamente. E ficamos assim, encarando um ao outro. Como num transe. E quando eu saí desse transe e olhei para o lado, vi Jéssica Stanley me olhando, com raiva. Arqueei uma das minhas sobrancelhas, sentindo um frio na espinha. E então, um sorriso convencido estampou seu rosto e ela me deu as costas, indo em direção à Edward, que agora estava sendo colocado de volta no chão. Fiquei acompanhando-a com o olhar, já prevendo o que ela iria fazer.

-Não, não...- murmurei, sentindo uma dor incômoda no peito. E então, meu pesadelo se concretizou: Jéssica rodeou o pescoço de Edward com seus braços finos e branquelos e lhe tascou um beijo. E não foi um beijo qualquer. Foi aquele beijo que fez todos assobiarem e até se afastarem um pouco, surpresos. E Edward, ainda com os olhos abertos, levou seu olhar até mim e olhou de volta para Jéssica, fechando os olhos e passando os braços pela cintura dela. Edward correspondia ao beijo, enquanto eu ficava ali, igual à uma babaca.

-Vamos sair daqui.- Alice sussurrou, pegando em uma das minhas mãos e me puxando para a saída do local. E eu fui, sem pestanejar nem olhar para trás. Quando chegamos ao estacionamento, eu vi o rosto de Alice. E seus olhos pequenos e castanho-dourados estavam um pouco avermelhados, mas lágriams caíam pelo canto de seus olhos. Ela virou-se para mim e pôs as mãos em meu rosto, uma em cada bochecha, e me olhou profundamente nos olhos.- Não vai ficar assim, ok?- ela disse.

-O quê?- perguntei, sem entender nada. Ela desviou o olhar de mim e tirou as mãos do meu rosto, indo até o carro e abrindo-o.- Alice, me responda!

-Consegue voltar sozinha?- ela perguntou, parada em frente à porta aberta de seu Porsche.

-Claro.- eu disse. Ela sorriu, sem lágrima alguma nos olhos agora.

-Ótimo. Mais tarde eu te ligo.- e entrou em seu carro, dando partida logo em seguida. E eu fiz o mesmo. Não iria ficar ali no meio daquele estacionamento para ver Edward e Jéssica saindo de mãos dadas do ginásio, fato que com certeza aconteceria daqui à alguns minutos.

(...)

-Bella, posso entrar?- ouvi minha mãe perguntar do outro lado da porta. Mandei ela entrar e logo ela adentrou meu quarto, sorrindo. Parecia bem feliz. Sentou-se à minha frente na cama, segurando um envelope marrom-claro.

-O que é isso?- perguntei, morrendo de curiosidade.

-Algo que tenho certeza que você irá adorar.- sorri, sem entender.- Algo que você queiria muito.- arregalei os olhos e ri, tirando o envelope das mãos de Renné Swan.

-Não pode ser...- eu murmurava enquanto abria o envelope com pressa. E quando o abri e retirei os papéis que haviam de dentro dele, meu coração deu um salto de felicidade. Gritei, dando um abraço em minha mãe. Ela riu da minha euforia. E quando eu me sentei e me acalmei, lendo cada palavra dos documentos, ela me disse algo que me fez paralisar.

-Mas filha, a viagem será daqui à cinco dias.- levantei o rosto rapidamente, encarando-a de olhos esbugalhados.

-A senhora está brincando, né?- ela negou com a cabeça.- N-não pode ser! Quando eu me inscrevi para o programa de intercâmbio, disseram que seria daqui à um mês!

-Parece que adiantaram a viagem para daqui à cinco dias.- passei as mãos no rosto, largando o papel no colo.

-Ai meu Deus... eu não posso ir para Londres daqui à cinco dias, mãe!- falei, começando a tremer um pouco.

-Então eu ligarei para a agência e cancelarei sua viagem.- ela disse, esticando o braço para alcançar os papéis no meu colo. Quando ela conseguiu pegá-los, eu os arranquei de suas mãos rapidamente. Ela me olhou, sem entender nada.

-N-não, eu... eu irei.

(...)

   Era a oportunidade da minha vida. Era um dos meus sonhos. E eu não tinha nada a perder.

Quando contei à Alice, ela surtou. Não sabia se me parabenizava ou se chorava porque eu iria embora dali à cinco dias. O intercâmbio duraria oito meses.

Era Sábado, eu iria embora dali à quatro dias e Alice estava em meu quarto, ajudando-me a arrumar minhas malas. Ela também levara alguns vestidos novos que ela havia usado apenas uma vez e que, segundo ela, “eram a minha cara”. Havíamos ído ao Shopping comprar roupas novas, inclusive botas, calças jeans, casacos de moletom e cachecóis. Estava fazendo muito frio em Londres.

Enquanto arrumávamos as minhas malas, ouvíamos músicas e fofocávamos sobre o pessoal do colégio. Rimos muito, como sempre acontece quando se está ao lado de Alice. Ela jantou lá em casa, e quando deu nove e meia da noite Alice foi para casa. Como eu estava muito cansada também, dei boa-noite aos meus pais e fui para o quarto. Quando me deitei, apenas me lembrei um pouco de Edward e logo caí no sono. O dia havia sido longo.

(...)

-Beeellaaa!!!- olhei para trás, assustada, e vi Rosalie correndo em minha direção. Como sempre, estava em cima de um salto alto e com seus cabelos loiros naturais e impecavelmente longos, macios e brilhantes. Arregalei os olhos quando vi, sim, ela iria me dar um daquelas abraços que te leva ao chão. Dei três passos para trás e dei um grito quando senti seus braços ao meu redor. Rosalie me abraçou fortemente, me balançando de um lado para o outro.- Bella, Bella, Bella, Bella, Bella...- Rosalie choramingou, me enchendo de beijos no rosto em seguida.- Como assim você vai embora, garota?! Vai me deixar?!- sorri.

-Não, bebê. São só oito meses, e manteremos contato, esqueceu?- falei. Rosalie, com seus imensos olhos azuis, ficou me encarando com aquela carinha de cãozinho abandonado. Os olhos grandes e brilhantes contribuíram para a representação do cãozinho.

-Promete que não vai me deixar?- perguntou, fazendo bico. Eu ri, apertando uma de suas bochechas.

-Prometo.- ela sorriu, axibindo seus dentes alinhados e branquíssimos. Sim, Rosalie é perfeita. Ela tem 1,80 de altura, é bem branca, tem impecáveis cabelos loiros naturais e que vão até um pouco abaixo da cintura, formando cachos largos a partir da metade. Seus olhos são de um azul claro que eu nunca vira, e tem longos e expessos cílios. Rosalie é linda, e melhor amiga minha e de Alice também. Nos conhecíamos desde os oito anos de idade, e nunca mais nos separamos. Como Rosalie dizia: “Éramos perfeitas juntas”!.

Logo Alice nos alcançou, saltitante como sempre, e começou a tagarelar. À caminho da aula de Literatura, vi Edward com seu grupinho de amigos. Entre eles, estavam Jéssica e suas seguidoras. Edward não parecia estar prestando muita atenção em Jéssica, embora ela tentasse a todo custo fazê-lo olhar para ela, e talvez arrancar outro beijo dele. Logo desviei o olhar e voltei à prestar atenção ao que Alice e Rosalie diziam.

Na hora do intervalo, eu, Alice e Rosalie estávamos lanchando calmamente quando, de repente, ouvimos Jéssica Stanley gritando, pedindo para que todos ficassem quietos. Vestida com aquele vestidinho vermelho de líder de torcida, ela agitava aqueles pompoms para lá e para cá, esperando que todos ficassem quietos. Todos se calaram, olhando para ela, que estava de pé em cima de uma das mesas do refeitório.

-Obrigada.- agradeceu, quando viu que todos ficaram quietos para prestar atenção ao que ela dizia. Jéssica sorriu abertamente e olhou para Edward, que estava sentado em uma das mesas do fundão junto com os outros garotos do time.- Bom, tenho um comunicado muito importante!- ela disse, colocando as mãos na cintura. Pelo canto dos olhos, olhei para Edward, que comentou algo com os amigos na hora e olhou Jéssica novamente. E então, olhei para Jéssica e vi seus olhos brilhando. E seu olhar voou para Edward novamente. E então, eu entendi tudo. Entendi que o que estava prestes a acontecer, era o que eu sempre ouvi as pessoas comentando.

Edward era o capitão do time de basquete. Ela era a líder de torcida. Esse clichê sempre irá existir.

-Fala logo, Jéssica!- ouvium garoto gritar de algum lugar do refeitório. Jéssica riu e jogou seu cabelo para trás, no melhor jeito de patricinha.

-Bom... um novo casal foi formado hoje.- ela disse. Todos ficaram quietos, encarando-a. E então, quando ela sorriu para Edward, todos entenderam o que eu havia entendido minutos atrás. E todos levantaram-se para parabenizá-los. Em um minuto, ela estava de pé em uma das mesas, no outro, estava ao lado de Edward, agarrada à ele como uma sanguessuga.

Não aguentando mais ver aquilo tudo, levantei-me depressa e peguei minha bolsa, indo em direção à saída do refeitório. Ouvi Rosalie e Alice chamando o meu nome, mas fui embora mesmo assim, sem olhar para trás.

   Cheguei em casa devastada. Eu chorava e soluçava, e sentia cada célula do meu corpo pedindo, implorando, para que quem estivesse abraçando-o agora fosse eu, e não Jéssica. Fui direto para o meu quarto e joguei minha bolsa em cima da cama. Fui até minha mesa de estudos e me sentei na cadeira, pegando uma caneta e um papel. Eu precisava, urgentemente, escrever algo. Eu era ótima com músicas, ainda mais quando estava triste.

O barulho da caneta contra o papel era ensurdecedor para mim. Eu escrevia com força e com rapidez, sem nem prestar muita atenção. Mas saía tudo facilmente, às palavras vinham à minha com rapidez e simplicidade, e logo estavam no papel. Minhas lágrimas caíam em cima da folha de papel azul-bebê, decorada com desenhos de algumas estrelas bem pequenas e coloridas nas bordas. Eu murmurava cada palavra escrita em meio aos soluços. Era difícil suportar aquilo, era difícil imaginar que agora Edward estava com outra pessoa, e essa pessoa era Jéssica. Era ainda mais difícil imaginar que era eu a causadora disso tudo. Se eu não tivesse sido tão idiota, se eu tivesse parado para pensar, nada disso estaria acontecendo. Eu e Edward estaríamos juntos e felizes agora. Mas foi tudo culpa minha. Tudo culpa minha. Quando terminei de escrever, larguei a caneta em cima da mesa, em cima do papel, e me levantei. Senti minhas pernas ficarem bambas e, sem forças para andar até a cama, me deitei no tapete felpudo do quarto. Me encolhi, devido ao frio.

E fiquei ali, sendo a garota fraca que eu sempre fui.

(...)

   Amanhã eu iria para Londres.

Decidi faltar ao meu último dia na escola para ficar com Alice e Rosalie, que também faltaram. Como Edward havia ído para a escola, fomos para a casa de Alice para passar o dia lá. Enquanto Rosalie terminava de cuidar do cabelo de Alice, falei que iria até a cozinha beber água e já voltava. Saí do quarto e, silenciosamente, fui até a porta do quarto de Edward. Não havia ninguém em casa, apenas nós três. Meio trêmula, retirei o papel azul-bebê e decorado de um dos bolsos da calça jeans e abri a porta do quarto de Edward. Olhei para dentro do cômodo e não vendo ninguém, adentrei. O quarto estava impregnado com o cheiro do perfume de Edward. Fechei os olhos, aspirando aquela fragrância que eu tanto amava. Suspirei e, querendo sair dali logo, fui preticamente correndo até a escrivaninha de Edward e coloquei o papel ali, ao lado do Notebook. Quando me preparava para ir embora, vi uma foto de cabeça para baixo embaixo do Notebook. Movida pelo curiosidade, peguei a foto e, quando a virei, arregalei meus olhos. Era a última foto que eu e Edward havíamos tirado com a câmera fotográfica dele. Na foto, ele me abraçava por trás e estava com a cabeça encostada em um dos meus ombros. E nós sorríamos, felizes.

Senti as lágrimas vindo e larguei a foto ali mesmo com rapidez. Fui até a porta e saí daquele quarto de imediato. Eu não poderia fraquejar agora. De maneira alguma.

(...)

Back To December – Taylor Swift:

(  )

   Às seis horas da tarde, eu voltei para casa.

Eu tomei um banho quente e me vesti com um short jeans e um casaco enorme do meu primo Jacob. Era preto e tinha o desenho grafitado de um lobo na parte de trás. Coloquei um meião e calcei pantufas. Peguei meu violão e, vagarosamente, fui até a varanda da frente de casa e me sentei no banco que havia lá. Comecei a dedilhar algumas músicas, tentando a todo custo não pensar em Edward, mas era inevitável. Eu tentava imaginar o que ele faria com o que escrevi. Ele jogaria fora? Ele guardaria? Era difícil. Suspirei e fechei os olhos. Encostei minha cabeça na pilastra atrás de mim e comecei a sentir que estava sendo observada. Abri os olhos e quase infartei ao ver quem estava parado um pouco à minha frente.

-Que susto.- sussurrei, colocando a mão no peito e sentindo meu coração bater aceleradamente. Edward permaneceu sério. Me agarrei ao meu violão e vi o papel azul-bebê em suas mãos. Acho que ele percebeu meu olhar sobre o papel e o apertou entre seus dedos. Engoli em seco, encarando-o novamente. Edward continuou me olhando por alguns segundos, até que abriu o papel e começou a ler.

Sinto falta da sua pele bronzeada, seu doce sorriso,

Tão bons para mim, tão certos

E como você me segurou nos seus braços

Naquela noite de setembro

A primeira vez que você me viu chorar

Talvez isso seja pensamento positivo

Provavelmente meus sonhos sem fundamento

Se nós nos amássemos de novo eu juro que te amaria certo

Eu voltaria no tempo e mudaria, mas não posso

Então se a sua porta estiver trancada, eu entendo

   Arfei ao ouví-lo dizer as palavras que eu escrevi. Abaixei meu olhar, olhei para as diversas árvores que haviam na rua, olhei para um carro que passou devagar na hora, olhei para o casal de filhos do vizinho brincando no quintal, mas evitei olhar para Edward. Evitei olhar para sua expressão séria. Ouvi seus passos se aproximando, e meu coração pareceu querer pular para fora. Ainda sem olhá-lo, pude sentir quando ele se sentou ao meu lado no banco branco. Pude sentir quando seu joelho encostou no meu. Pude sentir seu ombro encostando levemente no meu. E pude sentir quando, delicadamente, seus dedos tocaram o meu rosto e obrigaram meu rosto a virar-se para sua direção. E eu olhei bem fundo de seus olhos castanho-dourados.

E eu vi amor.

E eu vi saudade.

E eu vi tristeza.

Eu pude sentir o calor de seus braços atraindo-me como um imã. E eu fechei meus olhos ao sentir a ponta de seus dedos acariciarem a minha bochecha. Sua testa encostou na minha e a ponta do seu nariz tocou o meu. E então, sua voz suave e sussurrada soou em meus ouvidos.

Não quero fechar a porta

Não quero desistir disso

Não quero mais brigar

Nós acharemos um caminho

Onde está o amor que tinhamos?

Nós podemos fazê-lo durar

Eu tenho que esperar na noite fria até a luz da manhã?

Eu tenho que dizer que não vou te deixar ir a lugar algum?

Sorri fracamente e abri meus olhos ao mesmo tempo que Edward. E ele também sorriu. E dessa vez, não foi aquele sorriso forçado. Foi aquele sorriso que ele sempre lançava quando terminava de cantar e tocar uma música para mim.Aquele sorriso que ele dizia pertencer somente à mim.

-Me desculpe.- murmurei, envolvendo seu pescoço com meus braços. Edward passou os braços pela minha cintura e nos abraçamos fortemente.

-Eu te amo tanto, Bella.- ele sussurrou perto do meu ouvido, fazendo-me sorrir. E continuamos abraçados daquela maneira por minutos, ou até mesmo horas, mas não nos importávamos.

(...)

   Dei um último abraço na minha mãe, em Alice e Rosalie. E então, quando parei em frente à Edward, ele me abraçou forte e me levantou, começando a rodopiar comigo. Eu gritei e logo depois ri. E quando Edward me pôs no chão, eu suspirei e ele deu um pequeno sorriso.

-Volte logo.- ele disse, encostando a testa na minha e fechando os olhos. Me aconheguei mais em seus braços e lhe dei um selinho demorado. Quando nos afastamos, peguei minha mala e fui em direção ao portão de embarque. Entreguei meu passaporte e, quando olhei para trás, vi toda a minha vida ali. Edward, Alice, Rosalie, Renné e Charlie – meus pais – e Dorothy, minha Poodle filhote. E eu sorri, assim como eles.

(...)

   O avião já sobrevoava certa parte da Inglaterra. Como estava com tédio, abri minha bolsa para pegar um dos livros que guardei para ler. Peguei “O Morro dos Ventos Uivantes” e, quando o abri, caiu um papel de dentro dele. Estava escrito “Para a minha Bella”, e era a letra de Edward. Sorri e fechei o livro, pegando o papel em seguida. Era uma música que estava escrita.

Que dia é hoje e de que mês?
O relógio nunca pareceu tão vivo
Eu não posso prosseguir
E eu não posso desistir
Tenho perdido tempo demais

Porque somos você e eu e todas as pessoas
Com nada para fazer
Nada para perder
E somos você e eu e todas as pessoas
E eu não sei por quê
Não consigo tirar meus olhos de você

Todas as coisas que quero dizer
Não estão saindo direito
Eu estou tropeçando nas palavras,
Você deixou minha mente girando
Eu não sei pra onde ir daqui

Porque somos você e eu e todas as pessoas
Com nada para fazer
Nada para provar
E somos você e eu e todas as pessoas
E eu não sei por quê
Não consigo tirar meus olhos de você

Existe algo sobre você agora
Que não consigo compreender completamente
Tudo o que ela faz é bonito
Tudo o que ela faz é certo

Você e eu e todas as pessoas
Com nada para fazer
Nada para perder
E somos você e eu e todas as pessoas
E eu não sei por quê
Não consigo tirar meus olhos de você

Você e eu e todas as pessoas
Com nada para fazer
Nada para provar
E somos você e eu e todas as pessoas
E eu não sei por quê
Não consigo tirar meus olhos de você

Que dia é hoje?
E em que mês?
Este relógio nunca pareceu tão vivo!

“P.S: Volte para mim logo, minha Isabella Swan.

Sempre seu, Edward.

   Enxuguei uma lágrima que escorrera pelo canto dos meus olhos e, sorrindo abertamente, fechei o papel e o guardei dentro do livro novamente. Ri sozinha e, quando meus olhos pousaram na paisagem do lado de fora pela janela, a voz da aeromoça soou na caixa de som do avião.

-Senhores passageiros, sejam bem-vindos à Londres.

Era a oportunidade da minha vida.

Era um dos meus sonhos.

E Edward estava me esperando em casa...

...


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Notas finais do capítulo

Baseado em uma música tristinha, mas com um final feliz. ;)
Gostaram? Espero que sim!
Mandem reviews e façam o coração de uma ficwriter feliz! s2
Ah! Quem ama a Taylor Swift(como eu! Tay s2), tem uma outra One-Shot minha lá no meu perfil! Ela é baseada na música "Fearless", e foi a primeira que eu fiz.