– Ei! Por que não me acordou? – eu disse apos descer as escadas com raiva. Não acredito que ela não me acordou! Argh! O que eu não faria para lhe acertar um murro na cara! Cravar meus dentes no pescoço dela e arrancar a sua cabeça!

Para tudo!!! Eu pensei mesmo isso? Bella você tá perdendo o controle. Se controla mulher!

– Não é mais minha obrigação te acordar! – disse Jane gritando pra mim.

– Como é que eu vou pra escola agora, inteligência? – perguntei o mais sarcástica que pude.

– Se vira! – ela disse e me deu as costas indo para a sala.

Subi as escadas correndo, me troquei, coloquei meu uniforme novo dentro da mochila e sai indo em direção a rua em frente de casa. A rua leva a estrada e a estrada leva ate o centro, conheço esse caminho de cor.

Bom... pelo menos ela lembrou do meu aniversario de 17 anos. Aqui, todos que fazem 17 já são considerados e tratados como adultos. Mas não podemos dirigir nenhum tipo de veiculo e nem pensar em morar sozinho, que no meu caso é uma porcaria. Não importa, assim que eu puder vou sair dessa casa para nunca mais voltar.

Já sabia que chegaria super atrasada à High School, então em vez de ir pra lá corri direto para a FeitiçoTec.

Cheguei lá bem em cima da hora.

– Olá Isabella, Jenk já esta te esperando para vocês começarem. – Rayane como sempre, é bem educada comigo.

– Obrigada Nanny, mas me chame de Bella. – disse já me dirigindo para a sala do Jenk.

– Como quiser Bella. – disse ela e me abriu um sorriso. Pelo jeito ela gostou do apelido que eu lhe dei.

Abri a porta e Jenk estava arrumando um monte de papeis em sua mesa.

– Bom dia Bella! – ele me cumprimentou.

– Bom dia!

– E então, pronta para começarmos? – Jenk me perguntou.

– Claro que sim! Mas eu tenho que colocar o uniforme primeiro. – falei mexendo em minha mochila.

– Não precisa. Já que hoje é o seu primeiro dia vamos deixar passar. Bom... para começarmos você tem que escolher a sua varinha. – ele se levantou e deu sinal para que eu lhe seguisse.

Fomos pelo corredor principal e entramos em uma das ultimas salas, na porta estava pendurado uma pequena placa que diz "Não tire daqui o que não é seu! Sujeito a prisão!". Jenk viu a curiosidade em meus olhos e disse:

– Cada varinha é única e pertence a um só dono, então se você tira uma daqui tecnicamente você esta roubando de outro feiticeiro.

– Ah! – foi tudo o que eu disse.

A sala era bem grande e tinha varias estantes que chegam ate o teto e todas elas estavam lotadas de caixinhas pequenas e compridas. Jenk parou em minha frente e começou a andar de um lado pro outro me dando explicações.

– Não é o feiticeiro que escolha a varinha e sim a varinha que escolhe o feiticeiro. Quero que faça o seguinte: feche os olhos e esvazie a mente. Agora imagine a sua varinha, veja todos os detalhes, a sua cor, seu tamanho, tudo.

Fiz como ele me disse e em minha mente apareceu do nada uma varinha de trinta centímetros, vermelha escura. No punho tinha uma pantera entalhada em forma de ataque e que dava a volta completa no punho.

Uma forte luz azul atingiu meu rosto e eu abri os olhos assustada.

– Que brilho é aquele? – perguntei apontando para a luz que estava em uma das estantes do fundo da sala.

– Eu não a vejo, só você pode vê-la. É a sua varinha, essa é uma forma de você encontra-la. – ele me explicou. – Vá pegar ela.

Fui praticamente correndo ate a estante que brilhava e Jenk me acompanhou sem pressa. Hesitando um pouco peguei a caixa da prateleira e retirei a tampa. Abri um enorme sorriso, ela é idêntica a da minha mente. É linda, incrivelmente bonita. Quando a peguei ela imediatamente parou de brilhar e eu apreciei todos os seus detalhes.

– Ela é sua. Pode lhe dar um nome se quiser, alguns fazem isso mesmo. – ele deu de ombros.

– Vou chama-la de Panther. – disse apos pensar um pouco.

– Você que sabe. – disse sorrindo. – Precisa encontrar um lugar para guarda-la pra que ela fique sempre com você e tem que ser um lugar onde ninguém pode vê-la.

Pensei um pouco e me agachei, puxei a perna da calça direita para cima e colocando a ponta da varinha dentro do meu tênis. Puxei a perna da calça pra baixo, cobrindo a varinha assim ela ficou escondida.

– Aqui é perfeito! Eu uso calça comprida o tempo todo e quase sempre estou de tênis. – disse sorrindo. Ele acenou com a cabeça satisfeito. Saímos da sala de varinhas e voltamos para o seu escritório.

– Depois de algum treinamento você vai aprender a conjura-la. Faze-la aparecer quando você quiser e onde você estiver, assim não vai precisar mais carrega-la com você. – ele falou enquanto remexia em uma de suas gavetas.

– Tudo bem.

– Leia e escolha as matérias que você quer estudar, escolhas quantas quiser. – Jenk disse me dando uma folha onde tinha varias matérias escritas.

Li todas elas, escolhi as que me agradou e lhe entreguei a folha.

– E enato? – ele perguntou com uma caneta em uma mão e na outra um pedaço de papel.

– Feitiços em geral, poções e luta. – lhe disse.

– Só isso? Pensei que você fosse escolher mais. – ele disse um pouco chateado.

– É que eu... quero te dizer uma coisa. – disse nervosa e de cabeça baixa para esconder meus olhos agora azuis.

– Pode dizer Bella. – ele me incentivou.

Respirei fundo, me preparando para a sua reação e levantei a cabeça bem devagar. Ele me olhou por um bom tempo, mas em seu rosto vi apenas a sua curiosidade e admiração aumentar cada vez mais.

– Por favor, prometa que você não vai contar a ninguém. – eu supliquei.

Tenho medo do pode acontecer comigo caso alguém descobrisse, mas eu confio em Jenk e preciso de respostas.

– Eu prometo. – ele disse sem hesitar e levantando a mão direita como eu havia feito antes.

Contei pra ele todas as coisas estranhas que eu já fiz com o Félix, com a Jane e com o Alec. O que ocorreu quando eu tinha me machucado e acabei perdendo os meus movimentos, Contei da manha em que descobri que os meus reflexos ficaram melhores. Lhe contei do meu medo de ter alguma coisa errada comigo e o que poderia acontecer caso alguém descobrisse o meu segredo.

Ele escutou todo sem interferir.

– Quando é que os seus olhos ficam azuis? – ele perguntou calmo quando eu havia acabado de falar.

– Que eu saiba, só quando estou nervosa ou com raiva.

Ele pensou por um bom tempo antes de finalmente responder.

– Você é mais poderosa do que pensa, você tem dons muito raros. – ele disse feliz.

– Existem mais iguais a mim? – perguntei curiosa.

– Feiticeiros, existem muitos. Pessoas com dons é raro, mas também existe. Agora, uma feiticeira com dons... você é a primeira que eu vejo em toda a minha vida.

– Por que meus dons não apareceram antes? Por que agora?

– Deve ser porque eles não estavam prontos. Seus dons devem ter amadurecido juntos com você. Algumas pessoas dizem que depois que um ser místico descobre e aceita o que é seus dons mais poderosos começam a aparecer.

– Quer dizer que posso ter outros dons além destes? – perguntei sinalizando para mim mesma.

– É provável. – Jenk disse satisfeito.

– E o que eu faço? – disse com medo.

– Não precisa se preocupar Bella. – ele disse dando a volta na mesa. Ele parou na minha frente a se agachou segurando minha mão tentando me acalmar. – Só porque você tem poderes que os outros não tem não muda nada. O que vamos fazer é te treinar para você aprender a controla-los. Vou lhe dar aulas especiais, não tem porque se preocupar. - ele completou.

– Obrigada. – eu disse lhe abraçando.

– Disponha.