Rosa de Vidro escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 21
Capítulo 21 - Resolvendo pendências


Notas iniciais do capítulo

Yo! =D Pessoal, o próximo cap. será o último. Ia ser esse, mas ficaria muito grande, então dividi. Espero que gostem. =D



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Capítulo 21 – Resolvendo pendências

Ela caminhava em silêncio na direção da prisão. Era uma das poucas pessoas que tinha permissão para ir até ali e visitá-lo. Os machucados da batalha intensa em Hueco Mundo ardiam, mas ela não se importava com eles, aquela pessoa e apenas ela ocupava sua mente, o que a fazia esquecer de todo o resto.

– Bom dia, tenente – o guarda a saudou.

– Bom dia – ela respondeu com um sorriso simpático e após ele abrir a cela, ela entrou.

O guarda fechou a porta e os deixou a sós. Observou o homem alto sentado num canto na escuridão, apenas um feixe de luz iluminando parte de sua face. Após alguns segundos finalmente notou a aproximação dela. Olhou-a sem expressão, mas ao vê-la, sorriu. Um sorriso puro e sincero e não aquele costumeiro e constante atrás do qual se escondia dos outros. Ela sorriu também. Ele levantou, foi até ela e abraçou forte, sendo igualmente retribuído.

– Você está machucada...

– Mas voltei viva e bem, como prometi.

– E os Kuchikis?

– Estão todos bem.

Durante alguns minutos nada foi dito. Apenas aproveitaram o bem que lhes fazia estarem tão próximos. Como ele ficava feliz em vê-la... Era a única pessoa que lhe visita por querer estar com ele. Embora os demais achassem que não, ele não gostava da solidão, mas passara por cima de tudo, sacrificara toda a sua vida, por ela. A solidão já não lhe importava tanto, se a tivesse, poderia suportar tudo.

– Rangiku... obrigado.

Ela estava com a cabeça enterrada no peito dele, mas percebeu que algumas lágrimas deixavam seus olhos. Estava a tanto tempo sem vê-la... Afastou-se dele e afagou seu cabelo prateado com as duas mãos, descendo-as em seguida para acariciar seu rosto e sorriu. Os olhos azul-piscina, cheios de água, a fitavam. Delicadamente, a ruiva uniu seus lábios aos dele e o beijou profundamente, ao que ele retribuiu. Teria que ir embora em alguns minutos, mas naquele momento o tempo parecia estar parado. Separou-se dele e o abraçou novamente.

– Obrigada Gin...

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Estava sentado na grama macia do jardim do sexto esquadrão, no qual ambos haviam sido readmitidos, como antigamente, e recebido novos trajes e sandálias, embora ele não tivesse se desfeito de sua pele e máscaras hollow. Uma das pernas flexionadas, dando apoio ao braço que repousara ali. A pequena de olhos cinza claro dormia em seu colo, tranquila como jamais ele vira antes. Sorriu ao olhá-la, percebendo que ela estava despertando. O vento fazia os cabelos de ambos esvoaçarem, como a grama.

– Eu acho que é uma boa hora pra nós conversarmos. Estamos sozinhos aqui.

Ela gemeu e se encolheu, abrindo os olhos em seguida. Percebendo que o shinigami a olhava, respirou fundo e levantou-se para sentar ao lado dele.

– Você sabe que não sei como começar, mas você é ótimo em encontrar as palavras certas.

– Eu diria que você não foi atrás de nós por acaso. É óbvio que ninguém conseguiria trazer absolutamente todos de volta, mesmo alguém tão competente e forte como você, não naquela época. Eu sei que você amava sinceramente cada um de nós, mas... na verdade... eu acho que você foi atrás de algo mais importante, não é isso que quer dizer e não consegue?

Ele a observou por um breve segundo em que ela ruborizou, inspirou fundo e cobriu o rosto com as mãos.

– Você sempre sabe de tudo – ela riu – não tenho mais porque fugir então, se você já percebeu – ele notou um medo misturado com preocupação e nervosismo nos olhos dela.

– A decisão é minha? Ou você não vai me dar chance de pensar?

– Seu bobo. Desde quando se tem o direito de obrigar alguém a alguma coisa? Não nascemos pra agradar ninguém. Eu não nego... mas não tenho o direito de te obrigar a nad...

Foi interrompida quando o shinigami de olhos cinza-azulado a abraçou e riu.

– Na verdade... esses anos todos... eu estava te esperando chegar – sussurrou para ela – obrigado Natsu... – abraçou-a mais forte.

Ao sentir que a tensão dela diminuíra, aproximou-se e selou os sentimentos de ambos. Ao separar-se da shinigami, ela fechou os olhos e abriu um enorme e sincero sorriso enquanto se aconchegava junto a ele.

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Ichigo estava acordado, apesar dos olhos fechados. Rukia dormia calmamente. Ele permanecia sentado em uma poltrona ao lado do leito dela, com as mãos e a cabeça repousadas junto ao ombro da tenente. Mantinha seu rosto unido ao dela. Sentia-se em paz. Até que uma questão voltou a martelar em sua cabeça, quem era aquela pessoa? Aquela que Rukia provavelmente matara?

Pensou e pensou durante algum tempo, mas deixou a questão de lado quando sentiu um afagar suave em seu cabelo e uma movimentação. Sentiu-se como se o vento frio atingisse seu rosto, roubando-lhe o calor. Olhou para cima e ergueu a cabeça. A pequena de olhos azuis o fitava sorrindo.

– Bom dia, Ichigo.

– Bom dia, baixinha – disse também sorrindo, em seguida levantando-se da poltrona para abraçá-la e beijar sua testa.

Ela sentou na cama, e ele voltou a acomodar-se na poltrona, quando ouviram uma batida na porta.

– Estão acordados? – Era a voz de Unohana.

– Sim capitã! Entre, por favor – Rukia apressou-se em responder.

– Bom dia – ela os cumprimentou sorrindo após fechar a porta – como se sentem? – Perguntou ainda sorrindo e nenhum deles ousou mentir.

– Ainda sinto dores, mas acho que logo estarei bem – Rukia informou.

– O mesmo comigo.

– É assim mesmo. Sempre fazemos o melhor possível, mas o caso de você e do capitão foi grave. As dores sempre persistem por um tempo.

– O meu irmão! Ele...

– Não se preocupe, Rukia-chan, ele está bem. Já está andando inclusive. Veio aqui te ver, mas você ainda estava inconsciente. Os outros também estão em ótimo estado.

Era notável para ambos que o tom de voz dela transparecia claramente que a intenção na visita do capitão não era somente ver a irmã. O que não importava muito. A capitã não parecia preocupada ou abalada, o que indicava que provavelmente o Kuchiki mais velho reagira bem.

– Tem alguém esperando pra ver vocês, vou deixá-los sozinhos.

A capitã se despediu, insistindo que a chamassem caso necessário e Renji entrou no lugar dela.

– Oi – o tenente cumprimentou-os feliz, com um grande sorriso e se sentou em outra poltrona próxima às camas.

Os dois o cumprimentaram de volta. Rukia riu da expressão furiosa de Ichigo quando recebeu algumas flores que o amigo trouxera para ela. Em pouco tempo, conversavam.

– É realmente bom que vocês estejam bem. Nós ficamos com medo quando vimos a correria do pessoal pra socorrer vocês dois e o capitão.

– Eu estava tão mal assim? Não me lembro de nada.

– É natural não lembrar já que você estava desacordada. Os que estavam conscientes e em boas condições de se mexer nem precisaram entrar aqui, mas você três foram imediatamente postos em macas e levados... Você era quem tava com mais medo pelo que vi, mesmo naquele estado deplorável – ele disse a Ichigo.

– Do que está falando? – A shinigami de olhos azuis questionou.

– Ichigo ficou horrorizado, ele segurou sua maca e não queria deixar levarem você, mas precisava ser tratada urgente. Por isso estão juntos aqui. Foi uma promessa de Unohana pra tranquiliza-lo.

– Ichi...? – Ela o olhou com surpresa, sentindo todo o amor que tinha por ele queimar seu peito.

– Sim... – Ele respondeu, ruborizado e fitando o chão.

– Não fiquem assim sem jeito! Alguma hora alguém ia falar disso, melhor que seja eu, não?

– Não seja tão convencido! – Ela fingiu brigar com ele, que riu.

– O capitão veio aqui ver você, mas estava dormindo. Os dois estavam. Ele não esqueceu do que aconteceu em Hueco Mundo, Ichigo, e disse que assim que você melhorar vai ter uma conversa muito séria com ele – Renji sorriu, provocando o amigo.

– Eu sabia... – Ele pareceu irritado.

– Nii-sama não vai te matar. Você ajudou a salvar a vida dele e a nossa família. Não se preocupe com isso.

– Mudando de assunto... – Renji começou – Unohana me disse que ambos já estão fora de risco e acho que não encontrarei uma oportunidade melhor depois. Eu não queria falar disso com você, mas o capitão Ukitake e o cara do chapéu me disseram que só você tinha o direito de falar a respeito. Rukia... O homem cuja esposa foi possuída e morta por um dos hollows do Aizen. Eu sei que o capitão vai querer que isso se esclareça, então, não já está na hora de contar a ele?

A pequena arregalou os olhos e a princípio ficou incapaz de proferir uma única palavra.

– Rukia...? – Ichigo preocupou-se.

– Eu sabia que esse dia ia chegar... - Após mais alguns segundos, ela respirou profundamente e falou - por todos esses anos... nós estivemos sem tenente. Eu não sei se o capitão ficou chocado ou se esperava por alguém a altura, mas... Ele nunca substituiu Kaien Shiba.

Ichigo arregalou os olhos em surpresa.

– Shiba?! Irmão daqueles dois? – Ichigo perguntou.

– Sim – ela fitava tristemente o chão, não doía tanto quanto antes, mas ainda sentia uma pontada no coração – Pouco antes de Aizen transformar alguns membros da Sereitei em hollows e matar alguns wholes, um hollow estranho atacou. Ele possuía as pessoas e depois as matava, podendo usar seu corpo, voz, memórias e o que mais houvesse para se passar por elas. Kaien e Miyako, uma capitã, eram casados. Ele a amava muito. Quando o hollow a matou e usou o corpo dela para invadir o esquadrão e matar alguns oficiais, nós dois e o capitão fomos atrás dele. Kaien lutou sozinho. Eu queria ajudar, mas o capitão me disse que ele estava defendendo a própria honra e eu não interferi. Ele se feriu, o hollow o possuiu e começou a me provocar. O capitão me mandou fugir e eu o fiz. Começou a chover forte. Eu ouvi os dois lutando e tive certeza de que as coisas estavam realmente sérias, eu me senti uma covarde fugindo e voltei. Quando cheguei perto deles, ergui a espada instintivamente como defesa e fiquei paralisada.

– Rukia...? – Renji chamou após vários minutos nos quais ela não disse uma palavra.

– Eu não sei como aconteceu, mas no último lampejo de consciência ele saltou. Estava com uma aparência horrível possuído pelo hollow. Mas voltou a ser como era antes quando... o corpo dele estava atravessado na minha espada – a última frase não passara de um sussurro.

Ninguém conseguiu falar nada. Ichigo estava chocado. Quanto aquilo não devia ter doído nela por todos aqueles anos... Era aquela a dor que ela escondia no fundo daqueles olhos azuis?

– O espada que eu matei daquela vez... era igualzinho a ele.

Ela tentava falar com naturalidade, mas Ichigo podia sentir a dor que dilacerava seu coração. Não havia visto o espada, mas lembrava-se de ouvir que Rukia fora encontrada muito ferida e quase morta com um enorme tridente atravessando seu corpo. Seria o tridente parte da zampakutou de Kaien Shiba? Também se perguntava se era ele a pessoa a quem Byakuya se referira da primeira vez que haviam se visto, quando Rukia foi levada para a execução. Uma pessoa parecida com ele, Ichigo. Lembrou-se também da insinuação do nobre de que a afeição de sua baixinha por ele se devia a essa semelhança. Não acreditava nisso, Rukia nunca usaria ninguém assim, por mais confusa que estivesse. Mas tudo isso ficaria para outra hora, agora ele entendia por que às vezes ela ficava triste de repente, e não queria que ela continuasse naquele estado.

– Rukia. Me desculpe. Eu não devia ter tocado nesse assunto agora que está se recuperando. Eu sinto muito... – o tenente sentia-se péssimo ao ver que depois de tanto tempo ela ainda sofria por aquilo.

– Renji... Ele tem o direito de saber. Mais cedo ou mais tarde meu irmão me pediria isso e fico feliz que tenha sido você. E mesmo que não pedisse, um dia eu ia contar... Não quero que se sinta mal por isso, entendeu? Você fez o que era preciso.

– Eu vou deixar vocês sozinhos, desculpa estragar o clima alegre. Só espero que você saia daqui com o corpo e a alma curados – ele sorriu para a amiga, que retribuiu – Tô de olho em você Ichigo – brincou, e saiu.

– Eu acho que o meu irmão pediu pra ele fazer isso. Se vocês vão mesmo conversar, acho que ele queria que não houvesse segredos. Ichigo... – chamou, e ele a olhou – Está decepcionado?

Ele não sabia o que dizer. De forma alguma estava zangado, decepcionado ou o que quer que fosse. Não fora culpa dela, o próprio Kaien escolhera aquele caminho para salvar a todos. Só queria tirar aquela dor de dentro do coração da shinigami. Não queria nunca mais vê-la entristecer de repente.

– Você não tem culpa de nada – falou sentando-se ao lado dela e abraçando-a – Ele queria salvar o capitão, ele mesmo, todos que poderiam se tornar vítimas depois... e você.

– Eu nunca quis te contar. Tinha medo...

– De que eu mudasse? – Esperou, mas a única resposta foi um respirar profundo, entendeu como um sim – Rukia, não é difícil qualquer pessoa de bom senso se afeiçoar a você, você é uma shinigami incrível, você tem um espírito nobre. Eu tenho certeza que onde ele estiver está muito orgulhoso por ser você a substituí-lo. Eu vou agradecer a ele o resto da minha vida por ter salvado você. Eu sei que dói.

Ela sabia que ele estava falando da mãe dele.

– Mas a culpa não foi sua. Se você tivesse morrido, tudo podia ter sido bem pior. Você não matou, ele se doou pra te salvar. Não quero mais que sofra com isso. Quanto a nossas semelhanças físicas... eu não sei até onde somos tão parecidos, mas eu imagino o que você vai dizer a respeito e eu sei que já não é por isso que me ama. Você fez a minha chuva parar. Agora, por favor, me deixe parar a sua.

Ela não sabia o que responder. Aliás, não precisava. Ele podia senti-la e entender tudo que se passava. Talvez finalmente pudesse se livrar daquela sensação sufocante que a acompanhava desde aquela noite terrível.

– Ichi... Obrigada – foi tudo que conseguiu dizer antes de desabar nos braços dele, que a acolheu com um abraço terno e confortante, e adormecer após derramar uma única e talvez a última lágrima daquela dor.

O shinigami afagou os cabelos negros até ela adormecer. Soltou-a por um tempo para ajeitá-la na cama. Desceu e passou um braço por suas costas e outro por baixo dos joelhos. Levantou-a e a acomodou. Depois voltou e repousou a cabeça dela em seu colo, abaixando-se para beijar suave e demoradamente o rosto dela.

– Vou estar bem aqui quando você acordar – sorriu, voltando a afagar os cabelos negros.



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Notas finais do capítulo

Para quem curte o "Rock Musical Bleach" ou "Burimyu", a próxima fic será uma versão longa da minha One-Shot "Iruka", focada na lindíssima e super emocionante história do Iruma e da Haruka, da 9ª edição do musical, e na morte da Rukia (também na 9ª edição). A versão longa se chamará "Haruma". Como a história desse casal criado especialmente para o musical afetará a vida dos shinigamis, como Ichigo poderá viver sem Rukia, após a morte da mesma, e... não vou estragar as surpresas. xD



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