Dossiê Dna escrita por Mirian Rosa


Capítulo 2
1- Armadilha de veludo


Notas iniciais do capítulo

Como tudo começa... 10 anos atrás... A assim será as história inteira!!!



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Tudo parecia bem naquele quarto de hotel cinco estrelas. O mais luxuoso na cidade, quiçá da região. Suíte presidencial. O casal que a ocupava parecia se divertir.

         — Bem que não nosso empresário me falou que você era gostoso, Jefferson.— suspirou Lara, embevecida com o homem com quem dividia o quarto.

         — Ah, você ainda não viu nada, gatinha... E pode me chamar de Jeff.— permitiu o mesmo.

         — Hum, certo. Jeff... Vai ficar no Brasil quanto tempo ainda?

         — No máximo uma semana. O campeonato começa dentro de três meses e o técnico quer ver todo mundo em boa forma pra começarmos bem.

         — Hum, bacana...

         — Vamos ao que interessa, gata.— convidou o jogador já atirando a jovem modelo na cama.

         — Hum, apressadinho...— debochou Lara tirando a camisa do jogador, a mais jovem estrela do futebol europeu, recentemente vendido por seu clube de origem por nada mais, nada menos que 50 milhões de dólares, dos quais 20 milhões foram embolsados por seu empresário, o mesmo da jovem modelo com quem dividia o quarto.

         — Me chame do que quiser. Está afim mesmo, não?— desdenhou Jefferson.

         — Se você acha...

         — Vamos logo ao que interessa então.— era o atleta que já havia retirado a blusa de Lara e, agora, investia contra o sutiã da modelo.

         Logo, o casal estava transando. Algumas horas depois, Lara sai do quarto com um pequeno pacote em mãos. Bate à porta do quarto vizinho e entrega a encomenda ao sonolento casal de hóspedes. Volta à suíte onde estava; pega seus objetos e rabisca um pequeno bilhete. Vira as costas e sai, encontrando-se com outro homem na recepção do hotel. Este sujeito conversa com o gerente e acerta as contas. Vão embora.

         Mais algumas horas se passam e, finalmente, Jefferson acorda. Pouco se lembra o que aconteceu na noite anterior, exceto da reunião que teve com seu empresário, quando este lhe pediu para ir ao hotel onde estava, mas não se lembrava dos detalhes. Virou a cabeça e viu a apressada nota de Lara no criado-mudo. Riu e guardou o bilhete. Mais um pra sua coleção de aventuras amorosas de férias no Brasil. Não teria qualquer consequência. Deu de ombros e saiu do quarto, após se vestir. Na recepção, soube que sua dívida já havia sido quitada. Apenas acenou afirmativamente com a cabeça e voltou para o apartamento de sua propriedade, em uma região nobre da cidade. Doze dias depois, embarcou de volta para a Europa.

—X—X—X—X—X—

         Dez anos passaram-se daquela noite. Jefferson, já consagrado, três vezes eleito melhor jogador do mundo, com milhões na conta bancária, está de férias no Brasil, desde aquela vez não vinha mais para o país, mas pretendendo voltar para a Europa o quanto antes. Parecia ter uma manhã normal quanto seus planos de regresso ao velho mundo foram interrompidos por uma campainha.

         O jogador abriu a porta, apesar de seu dinheiro não havia empregados na casa a não ser a mulher que ia duas vezes por semana fazer faxina. Quem estava do outro lado era um homem de estatura mediana e roupas sociais, que se apresentou como oficial de justiça. Leu os dez mandados de citação que tinha de entregar ao atleta deixando-o pasmo. Era réu em 10 ações de investigação de paternidade! Todas as crianças tinham oito ou sete anos agora.

         — Deve haver algum engano.— argumentou Jefferson.— Não conheço nenhuma dessas mulheres e faz dez anos que não venho ao Brasil.

         — É o que todos dizem.— debochou o oficial enquanto Jefferson assinava os mandados. Devia ouvir essa desculpa todas as vezes que fazia uma citação naquele tipo de ação. Após conferir que Jefferson havia assinado todos os dez mandados, o oficial retirou-se da residência do mesmo deixando com ele as contrafés.

         Por alguns minutos, Jefferson ficou estático e atônito. Não acreditava no que lhe acontecera. Um golpe! Só podia ser. Quando conseguiu reagir não foi atrás de um advogado, como a maioria dos citados num processo desses faria, e sim foi até o 7º distrito policial, algumas quadras distante de sua casa cujo delegado titular no momento era João Paulo Lima, trinta e seis anos, conhecido pelo apelido de “Jotapê”. Estava “escondido” atrás de uma pilha de inquéritos quando ouviu algumas batidas na porta de sua sala.

         — Pode entrar.— autorizou erguendo a cabeça por sobre uma das várias pilhas de futuros processos penais que se formaram ao longo dos últimos dias em sua mesa.

         — Jotapê.— começou Gabriela Diniz, uma das várias agentes lotadas naquela delegacia, tinha 29 anos.— Tem um sujeito aqui dizendo que foi vítima de um golpe. O Nery e a Paula Rush já estão falando com ele.

         — Um-sete-um de novo? Fala sério!— exclamou João Paulo farto dos inquéritos de estelionato que tinha pra encerrar e encaminhar a promotoria.— Deviam abrir um distrito especializado nesse tipo de crime, tal como existe para narcóticos e homicídios.

         — Concordo Jotapê, esse crime está cada vez mais comum, mas creio não ser esse o nosso novo caso.— disse Gabriela.— Ele diz que dez mulheres entraram com ações de investigação de paternidade contra ele, mas que ele não pode ser o pai de nenhuma das crianças já que ele estava fora do Brasil na época em que ele, teoricamente, teria engravidado essas mulheres.

         — Essa desculpa é nova...— debochou João Paulo entrando na sala onde o agente Rodrigo Nery conversava com um nervoso Jefferson.

         — Jefferson Lipreri?— disse perplexo ao reconhecer o sujeito.— Você ainda está jogando no Barcelona?

         — Estou. E não posso ser o pai de nenhuma dessas crianças.

         — Hum... E por que não?

         — Ele estava fora do Brasil, Jotapê. E, pelos processos, todas essas crianças foram concebidas em território nacional.— disse Paula Biazús, chamada pelos colegas de Paula Rush por sua semelhança com a personagem do seriado Cold Case.

         — Até onde sei, sexo virtual não engravida.— debochou Nery.

         — Verdade.— disse Paula entregando as petições que Jefferson levara para a delegacia para seu chefe.

         — Como? Você não veio para o Brasil e elas não foram para a Espanha?— perguntou João Paulo com as petições em mãos.


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Notas finais do capítulo

Comentários, críticas, dúvidas, sugestões palpites e tudo o mais, please!!! Prometo que responderei todo mundo!



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