Capítulo 32 – Narrado por: Katherine Pierce, Elena Pierce e Elijah Gillies

Parte 1 – Katherine Pierce

Acordei bem cedo e Emily ajudou-me a vestir. Hoje iria a casa do Lord Gillies ver como estava a minha irmã.

Eu estava realmente desiludida com Damon. Apesar de saber que ele tinha um instinto impulsivo para primeiro fazer as coisas e depois pensar nas consequências, nunca pensei que ele fosse capaz de magoar a minha irmã. Ou a mim, porque se ele tinha magoado a minha irmã, tinha perdido toda a minha confiança nele.

Saí do quarto e Stefan abriu a porta dele ao mesmo tempo.

-Bom dia, Katherine – disse ele, sempre educado e com um sorriso nos lábios. – Vais ter com Elena?

Acenei com a cabeça, e não resisti em perguntar:

-E Damon?

-Acho que ainda está no quarto dele, a dormir.

A raiva preencheu-me e fui até ao quarto dele.

-Katherine, não…

Tarde demais, já tinha aberto a porta. Entrei de rompante e fui até às cortinas. Afastei-as e Damon acordou.

-Ugr, que raios…? Katherine!

-Bom dia, Damon – disse cínica e fui até ao seu leito Dei-lhe um estalo bem forte na cara. – Este foi por ter magoado a minha irmã.

-Katherine! – repreendeu-me Stefan, mas eu nem estava para aí virada. A raiva era o que tomava conta de mim, e não me iria arrepender de fazer algo contra Damon.

-Katherine! – exclamou Damon, agora acordado e com um olhar de raiva.

-É bom que não te aproximes dela, ou então ainda vais levar mais, e pior: vais perdê-la para sempre!

Ele continuou a olhar-me furioso e eu virei-lhe as costas. Parei junto de Stefan.

-Se quiseres vir, tens cinco minutos – disse-lhe e saí do quarto de Damon com o meu queixo erguido.

-Mereceste, irmão – ouvi Stefan dizer.

Desci as escadas e pedi a um dos empregados para me preparar a carruagem. Stefan apareceu atrás de mim.

-Não lhe vou pedir desculpas – falei, determinada. – O que ele fez não tem perdão.

-O que ele ia fazendo – corrigiu Stefan. – E eu nem falei nada. Acho que Damon devia de ter recebido uma daquelas á uns tempos atrás.

Fingi ainda estar zangada, mas a verdade é que me queria rir com o que Stefan tinha dito.

-Bem, mais vale tarde que nunca.

-Concordo perfeitamente – ele sorriu e depois ficou sério. Assim, do nada.

-O que foi?

-Estava a lembrar-me de ontem á noite. Foi um bom bocado. Antes de ter acontecido aquele incidente – ele respondeu.

-Sim, foi – concordei. – E és um bom dançarino!

Ele riu e eu acompanhei.

-Miss Pierce, a sua carruagem está pronta – disse o mesmo empregado.

-Obrigada – disse e saí de casa. Stefan acompanhou-me e fomos até casa do Lord Gillies.

Parte 2 – Elena Pierce

Acordei e Elijah estava deitado na chaise-longue ao fundo do quarto. Bem, não pensem que Elijah se aproveitou da noite passada, ele até insistia para ir para o quarto dele, mas eu não queria ficar sozinha e ficar a remoer no que me tinha acontecido. Por isso, ele concordou em ficar comigo a noite toda. Conversámos e por fim eu adormeci. E ele ficou ali, tal como tinha prometido.

-Bom dia – disse com a voz rouca.

Ele despertou e levantou-se.

-Bom dia, Elena – falou ele. – Vou pedir à aia da Lexi para lhe trazer algumas roupas.

-Ficaria agradecida.

Ele sorriu brevemente e saiu do quarto. Levantei-me e abri as cortinas azuis escuras. O sol pairava sob Mystic Falls e os jardineiros já estavam a trabalhar nos jardins da casa imperial.

-Bom dia, Elena! – exclamou Lexi, entrando no meu quarto, com a sua aia que trazia algumas roupas. – Margaret trouxe algumas roupas e ela ajuda-te a vestir. Como está?

-Melhor, obrigada – respondi, forçando um sorriso.

-É melhor se despachar. Katherine e Stefan estão lá em baixo á sua espera.

-Obrigada, Lexi.

Ela saiu, deixando-me a sós com Margaret.

-Vou tomar um banho, primeiro – informei. Olhei para os vestidos e vi um azul claro que me agradou. – O azul claro, por favor.

-Com certeza, Miss Pierce.

Entrei na casa de banho e tomei o meu banho de imersão para relaxar os músculos e pensar um pouco no que iria fazer hoje. Primeiro de tudo: iria evitar Damon, se possível nem o ver, depois tinha que acalmar Katherine e Stefan de que estava bem, ou melhor, já não estava tanto em pânico por causa de ontem. Terceiro, iria divertir-me um pouco e esquecer os problemas. Ou pelo menos, tentar esquecê-los. Simpatizei bastante com Rose, talvez pudesse investir um pouco nessa amizade ainda hoje.

-Miss Pierce?

Sentei-me na banheira de repente, assustada e alarmada.

-Elena?

Elijah, era a voz dele.

-Elijah, eu… eu estou no banho.

Saí depressa do banho e vesti o roupão que me tinham entregue. Abri um pouco a porta e espreitei para o quarto, com os olhos arregalados e as bochechas coradas de vergonha.

-Elena, peço imensa desculpa, mas só lhe vinha dizer para não sair do quarto – disse Elijah aproximando-se da porta de onde eu estava a espreitar.

-Qual é o motivo?

-Damon chegou e está a causar um escândalo – informou ele e eu gelei, apesar de ter acabado de sair de um banho de água quente. – Ele diz que quer falar consigo, mas não se preocupe, nós não vamos deixar.

-Obrigada Elijah – disse e estendi a minha mão para tocar no seu antebraço. Ele fitou-me, surpreendido pelo meu gesto. – Por tudo.

Sorriu calorosamente e saiu do quarto. Saí da casa de banho e a aia de Lexi apareceu. Vestiu-me e quando fiquei pronta, desci. Com o tempo que me tinha demorado a vestir, de certeza que ele já tinha partido dali. Quão estúpida fui ao pensar nisso.

Parte 3 – Elijah Gillies

-Damon, por favor, vai – pediu Stefan pela milionésima vez. Já tinha passado mais de meia hora, e ele ainda ali estava, a fazer-se de arrogante e mimado, à espera que Elena descesse.

-Eu só quero falar com ela. E como a conheço melhor que vocês todos, sim, incluindo tu, Katherine – disse ele apontando para Katherine, que ficou visivelmente ofendida e arreliada com aquela arrogância -, sei muito bem que mais cedo ou mais tarde, ela vai armar-se em donzela independente e vai sair da jaula onde a meteram.

-Ela não está refém, seu parvo! – exclamou Rose, que gostava imenso de Elena, mas também de Damon, e até sabia que ela torcia pelos dois. – Ela está a evitar-te.

-E faz ela bem – concordou Lexi. – Em que mundo é que vives?

-Damon, não querias causar mais problemas – disse Katherine, com uma voz controlada e doce. – Vai. Eu digo-lhe que passaste por cá.

Alguém ofegou atrás de mim e eu virei-me. Elena estava com a boca aberta num grande O, a olhar fixamente Damon. E de repente, ela estoirou. Não, não foi em lágrimas, foi algo muito mais violento, que para uma mulher, ficava muito mal.

-Eu odeio-te! – gritou ela, correndo para Damon que se levantou com uma cara de confuso e levou uma bofetada que até a cara ficou encarnada. – Nunca, mas nunca mais me voltes a dirigir a palavra! E sai imediatamente daqui.

-Elena…

-Esta será a última vez que me voltas a ver, Damon Salvatore. Ainda hoje vou voltar para Atlanta.

-Não! – exclamei, ao mesmo tempo que Stefan e Katherine.

-Elena, não é necessário – disse.

-Por favor, Elena – pediu Katherine.

-Nós iremos arranjar uma solução – disse Stefan, desesperado.

-Eu amo-vos a todos, mas este não é o meu lugar. Nunca foi, nem nunca será.

-Elena – proferiu Damon, com intensidade e dor na voz. – Por favor, fica. Eu prometo que farei de tudo para reconquistar a tua confiança.

-O que fizeste foi algo que jamais imaginei vindo de ti. Nunca te irei perdoar – falou Elena e percebi o quanto lhe estava a custar dizer aquilo. – Não me procures, nem nunca mais profiras o meu nome. Eu morri para ti.

Passou por mim como uma aragem fria, e vi que estava a conter-se para não soluçar. Damon caiu no sofá, com o rosto entre as mãos, sem saber ao certo o eu fazer. Rose aproximou-se dele, assim como Stefan. Eu não estava do lado dele, por isso, os amigos dele que o ajudassem.

-Ele merece toda a dor – disse Katherine, aparecendo ao meu lado, olhando para Damon, rodeado de pessoas que se importavam com ele. – Vá ter com a minha irmã.

-E a Katherine?

Ela sorriu.

-Já tive muitas batalhas com ela. Não quero travar mais uma.

Acenei com a cabeça, guardando aquela informação para mim, na esperança de um dia perceber o que ela quis dizer com aquilo.

Saí da sala e fui de encontro a Elena.

Encontrei Elena ao fundo dos jardins da minha mãe, de joelhos a chorar e a soluçar. Nunca tinha visto alguém tão indefeso e aquilo chocou-me.

-Elena - murmurei, ajoelhando ao seu lado e passando o meu braço sobre os seus ombros. – Não fique assim.

-Parece que morri – disse ela, entre soluços. Encostou a sua testa ao meu ombro e eu permiti-me absorver o seu perfume.

-Talvez porque o que tenha feito não tenha sido o correto.

-Os meus pensamentos são uma antítese. Não consigo pensar claramente e… parece que morri!

Suspirei. Ela precisava de sair dali, apanhar ar fresco, sair de Mystic Falls. Eu sabia o quanto esta pequena cidade podia ser asfixiante. Eram festas quase todas as semanas, a sociedade severa e austera, os mexericos, os dramas… Era tudo demasiado, e para Elena, que vinha de Atlanta, isto devia de ser um inferno. Enquanto vivia com os Salvatore, até podia correr tudo bem, mas quando ela se envolveu demasiado com esta cidade… ela engoliu-a, perdeu quem ela realmente era, e passou a pensar mais nos outros do que em ela.

-Elena, talvez seja mesmo melhor sair daqui por uns tempos. Os seus pais estão em Atlanta, não estão?

Elena olhou para mim em pânico.

-Elijah, eu não posso voltar para lá.

-Mas porque não?

-Porque eu não estou comprometida. Os meus pais disseram que eu só podia voltar quando estivesse comprometida com alguém. E comprometida para eles, é um anel de noivado no dedo.

Uma ideia surgiu-me de repente. Era absurda, e provavelmente ela iria rir-se da minha cara e ninguém iria aprovar, mas o que eu não faria por ela?

-E se a Elena estivesse mesmo comprometida?

Ela riu nervosa.

-Isso é ridículo! Eu acabei de… o perder. Para sempre, e fui eu mesma que disse.

-Acontece que não é só Damon que está à procura de pretendente.

Ela pareceu finalmente perceber a minha ideia e olhou-me assustada.

-Elijah, não.

-Elena… – peguei na sua mão direita. – Aceita casar comigo?