Capítulo 17 – Narrado por: Elena Pierce e Stefan Salvatore

Parte 1 – Elena Pierce

-Parem, por favor! – gritei desesperada. Lágrimas escorriam pelo meu rosto tornando a minha visão turva, mas clara o suficiente para os ver a lutar com expressões ferozes e tentando desferir golpes um no outro.

-Vês o que fizeste, Elena? – disse a minha irmã, Katherine. Virei-me para ela, entendendo tudo. Ela queria ver-me sofrer, mesmo que para isso fosse necessário Damon e Stefan sofrerem.

-Isto é culpa tua! – exclamei apontando para os dois que estavam no chão a lutar. – Vai para o inferno Katherine.

-Até posso ir, desde que tu vás primeiro e eu te veja a cair, bem lá no fundo.

Neguei com a cabeça, não querendo acreditar naquilo que estava a ouvir. Eu pensava que com a nossa saída de Atlanta as coisas podiam mudar um pouco, e eu até pensei que isso fosse verdade, quando Katherine se mostrou tão minha amiga, mas afinal não. Afinal o que ela queria era ver-me ainda mais destroçada.

-Porquê Katherine? Porquê?

-Porque tu mereces. E quando estiveres sozinha, eu vou ver-te lá de cima e rir-me-ei de ti. A Elena Pierce será destronada para sempre.

-Mas tu tens sempre a atenção de todos! Porque desejas aquilo que eu tento a todo o esforço ter?

-Ah, então sempre admites! – exclamou ela e gargalhou. – Elena, querida irmã, espero que um dia sofras bem mais do que aquilo que me causaste.

-Isto tudo é por causa do Matt, não é? Desde essa altura que tu me odeias. Mas eu não tenho culpa de ele ter gostado mais de mim do que de ti! – exclamei e olhei para Damon e Stefan. Os dois tinham sangue a sair da boca e do nariz e as suas expressões estavam ainda mais ferozes. Stefan com os olhos verde musgo muito brilhantes com a fúria e os olhos de Damon tinham clareado com o mesmo sentimento.

-O que lhes disseste? – perguntei a Katherine. Talvez, se eu soubesse, eu conseguisse parar aquilo.

-Nada que não fosse verdade.

-Oh, duvido disso! – exclamei e saí da biblioteca.

-Onde é que vais?

-Chamar alguém que pare aquilo.

-Eu sei pará-los. Mas para isso, terás que seguir algumas regras.

Eu amava Damon e Stefan. Não os queria ver a lutar e Katherine sabia como pará-los. Mas eu não era ingénua. Ela iria encurralar-me e eu jamais poderia sair das presas dela. Katherine era manipuladora e infantil, sempre com os seus esquemas para fazer todos os que se metessem no caminho dela infelizes. Infelizmente, eu era irmã dela, o que significava estar sempre no caminho dela.

-Katherine – disse e aproximei-me bem dela até ficarmos a olharmo-nos nos olhos uma da outra. – Vai. Para. O. Inferno.

-Ótimo. Tu acabaste de assinar a tua sentença, Elena Pierce – disse ela e saiu para o quarto dela.

Parte 2 – Stefan Salvatore

Foi Cameron, o jardineiro e o meu pai que nos separou. Olhei para Damon e sorri, apesar dos lábios me doerem com o golpe que ele me deu e jorrar ainda mais sangue da minha boca. Se eu estava com mau aspeto, ele também não estava melhor.

-Mas vocês enlouqueceram? – gritou o meu pai virando o rosto para mim e para o meu irmão. – Não são capazes de se portarem como homens da sociedade em que estão?

-Diga isso ao Stefan, pai – mandou Damon e eu tomei impulso para o atacar outra vez, mas o meu pai meteu-se entre nós os dois. Damon sorria e os olhos dele estavam bem abertos com aquele misto de loucura e apreciação.

-Vai para o inferno Damon! – exclamei e o meu pai falou:

-Estás a pregar uma praga ao teu irmão, Stefan! Ao teu irmão!!

-Deixe estar, pai – disse Damon e eu sabia que coisa boa não vinha a seguir. – Eu devolvo-lhe com o triplo.

-Eu mato-te! – gritei e tentei investir contra ele.

-Stefan Salvatore! – gritou o meu pai muito alto perto do meu ouvido no seu sotaque italiano que aparecia quando estava enfurecido, o me que fez recuar. – Pára agora!

Pela minha visão periférica vi um vestido cor de rosa. O vestido de Elena. Olhei para ela e vi que o seu rosto estava cheio de lágrimas a olhar para mim.

-Miss Pierce – falou o meu pai mais docemente, olhando-a. – Miss Pierce, por favor mantenha a calma. Cameron, leva Miss Pierce para os seus aposentos.

-Com certeza Master Salvatore – disse Cameron e ele e Elena saíram da biblioteca.

-Viram o que fizeram? Dois homens não lutam em frente às senhoras. Que raio de educação vos dei eu e a vossa mãe? Espero que isto vos sirva de emenda, não vos quero voltar a lutar. Damon! Olha para mim.

Damon desviou o olhar da porta por onde Elena tinha saído e fitou o meu pai.

-Estamos entendidos, Damon?

-Sim, pai.

-Stefan? – perguntou o meu pai para mim, olhando-me com certa rudeza.

-Sim, pai.

-Quero os dois nos vossos aposentos e não quero que saiam de lá até ao amanhecer. Vão!

Saímos os dois, mas depois o meu pai chamou Damon e ele foi, não sem antes me deitar um olhar ameaçador. Subi para o meu quarto e entrei.

Foi então que a fúria voltou a assolar-me e, desrespeitando as regras do meu pai, saí do meu quarto e entrei no de Elena sem bater à porta. Ela ainda estava com o vestido rosa claro, sentada na cama ao lado de Bonnie, a chorar e a soluçar.

-Como é que foste capaz, Elena?! – exclamei, sentindo os meus olhos a picarem por causa das lágrimas. Peguei-a pelos pulsos e levantei-a bruscamente. – Como?

Ela continuou a chorar e foi Bonnie que reagiu.

-Mr. Salvatore, sugiro que saia daqui agora.

-Não enquanto a tua patroa não me responder! – exclamei para Bonnie e vi os seus olhos arregalarem-se com a minha fúria. – Como?

-Eu… eu…

-És uma traidora! – exclamei e antes que lhe fizesse mais alguma coisa de que depois me viesse a arrepender, larguei-a e ela caiu no chão, chorando ainda mais. – Amanhã espero uma resposta.

Fechei a porta com força e entrei no quarto, permitindo-me aí chorar à vontade até que aquelas lágrimas de fúria e traição desaparecessem.