POV Roselie Marie Nicholls

Já parou pra pensar como sua vida pode mudar? As vezes eu me pegava pensando o quanto eu era insignificante, mas cada momento feliz, cada lágrima que derramei, cada vez que eu mentia… Nenhuma delas foi verdadeiramente uma escolha. Na verdade, eu nunca tive escolha. Foram apenas ações que boas ou ruins me levaram ao mesmo lugar, e mesmo que eu pudesse voltar no tempo me levariam ao mesmo lugar, mesmo que não fosse pelo mesmo caminho. Então, acho que esse foi o caminho mais fácil. Eu tinha o Klaus, que finalmente estava me tratando bem… Tinha Ally, acho que não tive uma amiga tão boa quanto ela… E tinha Nico. Pode parecer clichê para a maioria. Mas era nele que eu estava me segurando agora. Era nele que eu concentrava meu olhar e me forçava a continuar com os olhos abertos. Ele continuava a derramar lagrimas, coisa que eu jamais o vira fazer.

  - Sabe… - Sussurrei, fraca. – Me lembrei de uma musica agora.

  Se ele conseguisse ficar bravo naquela situação ficaria. Ele apertou mais minha mão. Pude ver Sam se arrastando até o corpo da irmã e pegando sua mão. Eu não poderia deixa-lo morrer daquela forma, com raiva de mim…

  - Sam… - Chamei o mais alto que pude. Ele me olhou e sorriu.

  - Eu fiz uma escolha Roselie. Acho que finalmente vou conseguir viver de bem… de verdade com a Stella. Mesmo que estejamos mortos. E eu tenho certeza que Hades não vai te levar. – Ele disse. Seu rosto estava muito pálido e o sangue em sua barriga parecia uma cachoeira. – Boa sorte. – Ele deu um ultimo sorriso.

  Eu pisquei lentamente os olhos e quando voltei a abri-los, havia menos um ser vivo ali. Nico fechou os olhos e apertou mais a minha mão.

  - Se eu pudesse te tirava daqui. Mas eu não vou conseguir… Me desculpa. – Ele sussurrou.

  - Ah, qual é… Eu to bem. E seu pai não vai ter o trabalho de ter que me levar para o Mundo Inferior, eu já estou aqui. – Eu sorri fracamente. – Quem sabe assim, ele não me adora um pouco mais.

  - Roselie Marie Nicholls, para de graça. Brincar com a escuridão não é legal.

  - Acho que eu devo morrer como uma filha de Apolo legitima… “I remember tears streaming down your face, when I say I’ll never let you go, When all shadows almost killed your light.”

POV Nico

Eu poderia reclamar, mas eu deixei ela cantar. Não cantar… Estava mais para… sussurros inaudíveis, mas pelo menos ela morreria feliz. NÃO! Eu não posso deixa-la morrer. Eu fiz uma promessa. E filhos de Hades não quebram promessas. E aquilo também iria sem por mim.

Flashback on

- Rose? – Eu a chamei. Seus olhos se abriram lentamente e ela me encarou.

  - Chegamos?

  - Sim. Vem. – Ela se sentou e pegou minha mão enquanto saímos da van. O clima era tenso, afinal, Ally e Klaus, não se falavam, a Stella veio provocando o Sam por algum motivo desconhecido e Isis parecia cada vez mais entediada. Estavamos todos cansados, e teríamos que enfrentar uma deusa raivosa. –Vamos tirar uma ou duas horas de cochilo aqui no hotel e quero todo mundo aqui em baixo as quatro horas. Pode ser?

  Todos assentiram e começaram a ir para os quartos que tínhamos alugado no hotel. Rose parecia extremamente cansada e subiu para seu quarto enquanto eu fui a uma lanchonete comer alguma coisa. Estava nervoso com a missão, e para piorar as coisas… Alguem resolver me seguir.

  - Por que nós não jogamos a Roselie para os leões de uma vez e poupamos nossas vidas? Eu ficaria feliz em ve-la morrendo para nos salvar.

  Quem aposta que foi Stella, a hipócrita, que disse isso? Acertou. Que surpresa.

  - Eu poderia te dar um fora…

  - Mas você me ama e não vai fazer isso. – Ela afirmou se sentando na cadeira na minha frente.

  - Eu amo a Roselie não você. Você é só algo… Extremamente desprezível.

  - Sabe, Nico, eu não ligo pra essa Profecia. Eu poderia acabar com os planos de qualquer um aqui num estalo de dedos, eu não tenho medo que os deuses venham se vingar de mim, estejam eles do lado de Melinoe ou do seu. Eu não estou aqui por essa missão… Ou porque fui escolhida. Fugi de todas as profecias que já foram jogadas pra mim, então, eu não importo. Eu não resolvi seguir seu grupo. Eu vim por você. E acredite quando eu digo que não cheguei até aqui a toa.

  Eu franzi o cenho.

  - O que quer dizer?

  - Você me ouviu direitinho. Agora eu vou indo porque só posso ter duas horas de sono. Beijinho Sr. Di Angelo. – Ela sorriu sinica e voltou a recepção do hotel.

  Bufei irritado e terminei de comer. Não consegui pensar em outra coisa, a não ser o quão ridícula era Stella.

-------------------------

  - Onde esta a Rose? – perguntei a Isis. Eu ia perguntar a Ally, que era mais amiga da Rose, mas quando vi ela e Klaus conversando resolvi não interromper.

  - Ela saiu a alguns minutos do quar…

  Antes que Isis terminasse de falar Sammuel desceu saiu do elevador arfando e correu até mim.

  - O que foi cara? – Perguntei vendo a aflição dele.

  - Eu descobri quem é a pessoa que pegou a Roselie.

  - Como sabe que ela…? – Minha voz morreu quando percebi do que se tratava.

  - Exatamente. E é melhor acharmos Stella…

  Foi aí que Rose chegou no hotel, sangrando e bastante aflita. E ainda coberta de pó de monstros.

  Eu corri até ela e a abracei, todos me seguiram.

  - Antes que perguntem, Stella disse que queria conversar comigo. Andamos até o outro lado da rua, mas tivemos que correr de uns monstrinhos que apareceram… Mas a Stella desapareceu. Deve estar com Melinoe a essa hora. – Ela contou enquanto enfaixava o braço sangrando.

  - Monstros? – Perguntei me referindo ao machucado. Me arrependi com medo dela dizer “Não, eu me cortei de proposito”

  - Esse aqui foi obra da Stella. Ela estava a fim de me matar mais do que nunca. – Ela sorriu.

  Dei ambrosia e néctar a Rose enquanto conseguia pensar em 107 maneiras diferentes de matar Stella, se ela já não tivesse sido morta por Melinoe.

  Em menos de dez minutos nós saímos. Rose estava melhor, e disse que o que a cansou foi a correria, porque na visão dela, os monstros não estavam nem aí pra ela. Quando entramos no Mundo Inferior eu senti  diferença no clima. Estava uma guerra e tanto ali em baixo.

  - Nico, sabe onde é a caverna de Melinoe? – Perguntou Klaus.

  - Sim. Claro. Chegamos lá rapidamente. – Entramos no barco de Caronte, que nos levou de graça, já que o filho de Hades estava ali.

  Em silencio descemos do barco e corremos até o lado leste do Mundo Inferior, sim existe os lados Norte, Sul, Leste e Oeste, mesmo debaixo da terra.

  - Eu estou nervosa. – Rose disse colocando o capuz de sua capa. Naquela escuridão toda era quase impossível enxerga-la.

  – Como vamos fazer? – Klaus perguntou.

  Todos olharam pra mim, como se aquela pergunta fosse feita por cada um deles por todo esse tempo, o que eu não duvidava.

  - Não vamos fazer nada.

  - E porque estamos indo pra lá? – Isis gritou.

  - Já combinei tudo com meu pai. Ele me deve um favor e quando pegarmos o Baú, ele irá agir.

  - Falando assim parece fácil. – Falou Ally.

  - Facil vai ser a ultima coisa que vamos enfrentar. –Revidei.

  Foram uns quarenta minutos, mais ou menos. Nossa recpção estaria oitima quando entrássemos na toca de Melinoe. Segurei a mão de Roselie e fiz uma prece silenciosa ao meu pai antes de entrarmos. Todos pareciam fazer o mesmo.

  Klaus colocou as manoplas, Ally e Iris pegaram seus arcos, Sammuel sacou sua espada e eu desembanhei stygian.

  - Que a sorte esteja sempre com vocês. – Roselie disse num tom sarcástico, fazendo Klaus rir como um louco e nenhum de nós entender nada.

  - Rose, se sairmos vivos dessa, pago entradas pra você e Nico assistirem a Jogos Vorazes.

  - Com Peeta Mellark como incentivo, eu saio dessa em três minutos. – Ela respondeu sorrindo para o primo.

  Tudo bem, vamos pular essa parte e irmos logo para o que interessa. Em menos de três minutos estávamos banhados por escuridão. Klaus e Rose que nos guiavam porque enxergavam melhor no escuro. Mas não precisamos de guias por muito tempo. Rose se retesou ao meu lado e uma luz se acendeu. Segundos depois estava tudo iluminado. E uma estranha mulher estava a nossa frente segurando Stella pelos cabelos, mas ainda sim aquela vaca parecia bem e inteira. DROGA! Por que já não mataram ela?

  - Abaixem as armas. – Melinoe disse num tom serio.

  - Ou você não vai devolver ela? – Roselie perguntou se referindo a Stella.

  Melinoe deu de ombros e praticamente jogou Stella em cima de mim.

  - Ela não presta pra mim. – A deusa deu de ombros novamente. – Vamos ao que interessa. Eu esperei muito tempo por esse momento. – Ela abriu um sorriso enquanto caminha até uma cadeira. Percebi que nela havia um homem sentado, que usava um saco na cabeça.

  Melinoe tirou o saco nem um pouco delicada e conseguimos ver um homem de uns quarenta anos, mais ou menos, inconsciente sobre uma cadeira.

  - Pai! – Klaus gritou.

  Roselie não conseguia pronunciar uma palavra se quer.

  - Eu poderia libertá-lo, mas seria fácil demais. Então… Isis, querida, veio pra cá atoa! Iris esta comigo. Não esta presa. Esta aqui por que quer.

  Aquilo foi uma facada em Isis. Ela quase caiu quando suas pernas pararam de funcionar, mas Samuel e Ally a seguraram. Podia sentir que ela estava atordoada e mal conseguia pensar direito.

  - Se quiser embora querida, pode ir. Não preciso de você. – Melinoe disse a ela.

  E atordoada por acabar de saber que sua mãe estava afim de ve-la morta, Isis cometeu o erro de se virar e tentar sair correndo. E quando dei por mim, a garota já estava caída no chão com o pescoço torcido. Não conseguiu correr nem dois metros.

  Olhei para Melinoe. Ela sorria friamente.

  - Eu não precisava dela. Enfim… Roselie, querida, como é bom conhecer você. – Ao ouvir seu nome Rose desviou os olhos do tio. – Esperei tanto por esse dia. – Melinoe virou-se para Klaus. – Pensei que até hoje você teria o poder que eu precisava, mas, Klaus, você é descartável.

  Apertei a mão de Rose ainda mais. 

  - Olha… Vamos, parar com o jogo Melinoe. Por que eu? – Ela falou educadamente. Minha namorada mente muito bem. Tomara que ela nunca use isso contra mim.

  - É. – Stella concordou ironicamente. – Por que essa coisa sem sal e pobre?

  Melinoe arqueou uma sobrancelha.

  - Stella… Como você causa problemas. – A deusa disse num tom frio.

  - Olha quem fala.

  O sorriso frio de Melinoe se foi.

  - Você não é a Srtª Nicholls, Stella. – A deusa falou com rispidez. – Você não pode fazer como ela porque não há nada que te segure aqui. Nenhum propósito que segure sua vida na terra. Então, é melhor fechar a boca.

  - Então não sei por que estou viva? – Stella perguntou um pouco ousada demais. Que tremenda idiota.

  Melinoe deu um sorriso estranho.

  - Sim… Por quê? – A deusa se virou para minha namorada e a olhou nos olhos. – Roselie. Sei que a odeia. Ela te separou do filho de Hades, te irritou a missão inteira, te provocou, te humilhou de forma que ninguém jamais fez e por ultimo tentou te matar. Será que eu poderia mata-la? Com sua permissão?

  Rose franziu o cenho.

  - Olha, eu devo ser mesmo alguém importante aqui, viu? – Rose até sorriu. – Mas sabe que isso me faria feliz…

  Então tudo aconteceu rapidamente. Antes mesmo de Rose acabar de responder, Melinoe já estava com seus braços fantasmagóricos envolvidos na cabeça de Stella que lançou um ultimo olhar arrependido ao irmão, antes do estalo de seu pescoço sendo quebrando acontecer.

  Rose tapou a boca para abafar o grito. Samuel não fez questão de não berrar e com um grito só, cortou o coração de cada um ali presente. Por mais que odiássemos Stella, aquilo tinha sido bem aterrorizante e ver Sammuel daquele jeito machucou bastante.

  Melinoe soltou um suspiro misto de felicidade e alivio.

  - Eu posso ser um pouco fantasmagórica, mas ainda sou uma deusa e sou capaz de quebrar pescoços. – Ela sorriu abertamente. – Acho que agora é a hora em que eu explico tudo a vocês, não é? Vamos ao que interessa.