A Caçada Começa escrita por Simone Hoffmann


Capítulo 6
Volturi? Mas como!?!


Notas iniciais do capítulo

Não tive como adicionar capítulos no fim de semana pois não estava em casa.

Capítulo dedicado ao chato do Victor da 1.10 do Cema /risos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/157488/chapter/6

Fiquei deitada no sofá alguns instantes. Levantei-me vagarosamente, gemi alto e caí de volta ao sofá, tremendo. Meu corpo inteiro doía muito, eu mal conseguia me mover por causa da tamanha dor.

 - Quando essas dores vão parar de me atormentar? – Murmurei. Só então caiu a ficha: As dores eram consequência daquilo que eu supostamente fazia no livro. Elas estavam começando a ficarem mais intensas. Já que mal podia me mover, acabei adormecendo ali no sofá até a manhã seguinte. Apesar de eu não estar com sono, meu corpo sentia-se muito exausto.

Acordei assustada enquanto alguém me balançava suavemente.

 - Bom dia dorminhoca – Sorriu Anne – Dormiu bem?

Assenti levemente com a cabeça e levantei-me do sofá. Meu estômago implorava por comida. Anne preparou um café da manhã maravilhoso, mas eu não conseguia ter apetite. Qualquer tipo de comida me dava um mal estar, como se estivesse estragada. Sentia-me sempre com fome, quase não conseguia comer e o pouco que comia não adiantava para minha fome sumir.

Ficava muito tempo distraída com as coisas que andavam acontecendo comigo. Precisava pensar um pouco sobre esses acontecimentos anormais. Fui até meu quarto e sentei na cama, virada na direção da janela. Eu tinha tantas perguntas sem respostas... Não poderia de maneira alguma viajar com Thuyanne. E se eu ficasse doente? E se isso fosse, sei lá, contagioso? Estava tão concentrada em meus pensamentos que sequer percebi o que acontecia a minha volta. Quando resolvi me virar, todos os móveis de meu quarto estavam trocados de lugar e vários objetos estavam flutuando. Abafei um grito enquanto observava os objetos caírem no chão como se fossem gotas de chuva.

 - O que houve aqui? – Sussurrei para mim mesma. Eu precisava colocar tudo de volta no lugar. Levantei da cama e fiz um esforço em vão para empurrar o guardarroupa.

 - As coisas com certeza não se mexeram sozinhas – Murmurei. De alguma maneira eu sabia o que fazer. Estiquei a mão direita e apenas desejei que tudo voltasse para o seu devido lugar. Bem diante de meus olhos tudo entrou em movimento novamente. Cada caneta, caderno e peça de roupa voltaram para onde deveria estar e em questão de segundos tudo estava arrumado. Olhei em volta abismada, de boca aberta, sem saber o que fazer.

Enquanto tremia e tentava pensar de onde vinham tais estranhos acontecimentos, o telefone tocou assustando-me. Tremendo fui até ele.

 - Alô? – Disse, tentando não tremer a voz.

 - Bom dia desaparecida. Tudo bem por aí? – Era a Thuyanne, e eu podia ouvir o entusiasmo em sua voz.

 - O mesmo de sempre – Menti – E aí, já decidiram quando vão viajar?

 - Bem... – murmurou ela – Era sobre isso que eu queria te falar. Já perguntou aos seus pais se poderá ir junto comigo?

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Eu sequer havia tido tempo para perguntar. Ultimamente eles estavam muito ocupados, e eu preocupada e estressada demais.

 - Monique? Está aí?

 - Ahn, sim, desculpe. – Respirei fundo – Sinto muito, mas eu não tive tempo de conversar com meus pais. Sempre estão muito ocupados, agora mais do que nunca. Chegam em casa sempre exaustos e muitas vezes estressados.

Ouvi um longo suspiro do outro lado da linha.

 - Tudo bem então – Suspirou Thuyanne – Partiremos daqui a dois dias, se conseguir falar com eles não deixe de me ligar, do contrário teremos de ir sem você.

 - Ok, obrigada por compreender.

 - Até outro dia.

 - Ok, tchau. – E desliguei o telefone. Agora eu tinha mais coisas para me preocupar, mas eu estava torcendo para que meus pais não tivessem tempo de conversar comigo. Não ia ser legal se acontecesse alguma dessas coisas sobrenaturais enquanto Thuyanne está por perto. Não ia mesmo. Voltei a ficar pensativa, recordando de tudo que havia feito nos últimos dias, tentando encontrar um motivo para começar a acontecerem essas coisas estranhas, algo além do normal que eu havia feito...

 - Aquele livro – Murmurei – Aquele livro cor de carmim...

Corri até a biblioteca. Procurei por aquele maldito livro cor de carmim em todas as estantes, debaixo delas e até mesmo onde eu colocava os livros para serem doados ou jogados fora. Procurei em qualquer lugar que pensei que seria possível de se encontrar um livro. Quando estava quase desistindo de minha busca, praguejei ao virar-me na direção da mesa ao centro da biblioteca. Aquela mesa redonda tinha um computador o qual registrava todos os livros da biblioteca e era o único local que eu ainda não havia me aproximado. Encontrei o livro apoiado em cima do teclado. Joguei pragas em silêncio.

 - Só espero que funcione.

Aproximei-me do livro e o peguei na mão. Observei sua capa por alguns instantes. Muito bem trabalhada, chamaria a atenção de qualquer um que o viesse a ver. Passei os dedos delicadamente por cima dos detalhes até a borda da capa do livro. Hesitei por um momento, então respirei fundo, reuni coragem e comecei a folheá-lo. E assim como eu pensei que aconteceria (e queria que acontecesse), ele logo começou a brilhar em minhas mãos. Em breve eu talvez tivesse a oportunidade de descobrir os segredos ocultos do misterioso livro. Respirei fundo, era minha última chance de tal ato antes de sumir.

 - Então aqui vou eu – Murmurei.

Não demorou mais do que alguns segundos e eu já estava de pé em algum lugar que eu supus ser a Irlanda. Estava um pouco tonta, cambaleei um pouco até recuperar o equilíbrio.

Podia avistar muitas casas de camponeses e vastas terras para plantio. Poucas pessoas caminhando ao longe, muitas plantando ou mesmo cuidando da terra. Caminhei por perto das casas, sempre que podia olhando pela janela, procurando o livro carmim ou algo mais que me chamasse a atenção. Se o livro havia me levado até aquele lugar, talvez a história contida nele seja sobre esta cidade, ou sobre o que ele faz, ou quem sabe ainda quem o escreveu viveu aqui perto...

Enquanto caminhava sorrateiramente por entre as casas, uma delas chamou-me a atenção: Era um pouco maior do que as demais, suas tonalidades eram de tons mortos e mais escuros. Ao caminhar lentamente em sua direção, pude ouvir uma voz vinda do interior da casa. Eu ainda estava muito longe para poder compreender as palavras ditas, então aproximei-me mais e espiei pela janela.

A casa era mais ampla do que parecia ser pelo lado de fora. Encostadas nas paredes pude ver diversas prateleiras cheias de objetos, armas e mais algumas coisas repugnantes que prefiro não citar. Duas mesas se encontravam ao centro e mais uma ao canto, e justamente perto desta mesa ao canto havia uma lanterna acesa, um livro aberto e... Arregalei os olhos ao ver um homem que deveria ser um pouco mais alto do que eu e ter vinte anos de idade. Ele tinha cabelos pretos e usava óculos. O que havia me espantado não era o homem, e sim o que estava na mesa em sua frente, o qual pude claramente ver quando o homem fechou-o. Aquele mesmo livro cor de carmim, e ele estava novo, como se tivesse sido terminado há pouco.

Eu precisava saber o que realmente continha no livro, o porquê de ele ser escrito, qual era a função do livro, o que havia acontecido comigo depois de tê-lo lido, quem era este homem, o que ele fazia... Havia tantas perguntas martelando em minha cabeça que com um impulso eu não pensei em quaisquer consequências. Abri a porta e entrei. Como eu deveria ter uma sorte muito grande, a porta rangeu ao fechá-la e o homem logo se virou e me viu. Ele parou e hesitou por um instante, como se me conhecesse. Enquanto eu estava embaraçada diante daquela situação, sem saber o que fazer, ele deu um largo sorriso (que poderia ser facilmente comparado com o de um pedófilo ao encontrar uma vítima) e começou a falar.

 - Então você resolveu aparecer, senhorita?

Olhei em volta para ver se havia alguém além de mim por perto com a qual ele poderia estar falando, porém ninguém havia ali. Ignorando minha atitude ele continuou a falar.

 - Chamo-me Victor – Disse ele com um sorriso zombeteiro – Creio que seu nome seja Monique Jast Lienn, correto? – Esticou a mão. Hesitei, não me aproximei para apertar sua mão, me apresentar ou qualquer coisa.

 - Como você sabe meu nome...? – Murmurei. Antes que ele começasse a falar eu o interrompi – Bem, isto não me importa no momento. Eu quero mesmo saber... – Hesitei por um momento – Que livro é este em suas mãos – Disse, apontando o livro carmim que jazia em uma de suas mãos.

Ele me deu um largo sorriso e pediu que eu me sentasse.

 - Bem, antes que você diga qualquer outra coisa, eu quero lhe contar uma história que ajudará a esclarecer tudo – Disse-me ele – Bem, eu não sou uma pessoa comum, acho que você já deve ter percebido – Ele pausou por um instante e olhou para mim. Eu assenti mesmo sem compreender.

 - Não sou humano, e minha espécie é denominada Volturi¹, somos algo semelhante a feiticeiros. Vivemos em paz e em segrego durante muitos séculos na Irlanda. Nossa cidade era cercada por altos muros e protegida por magia para não ser descoberta por humanos. Infelizmente há pouco tempo, nasceu uma garota entre nós que não aceitava ser o que era. Tão grande foi a sua revolta que ela revelou nosso segredo. Fomos caçados e destruídos pelos seres humanos aos milhares, até eles pensarem que não existíamos mais. Porém eles estavam errados. – Suspirou ele com um grande alívio. Eu ouvia atentamente, e fiz sinal para que ele prosseguisse.

 - Parecia-me que eu era o único sobrevivente, e durante décadas fiquei escondido. Mesmo não tendo nunca avistado qualquer um dos nossos, sempre fiz esforços para encontrar alguém, esforços inúteis.  Como eu não queria deixar que nossa espécie fosse extinta tão facilmente, concentrei todas as minhas forças em escrever este livro, não só com palavras, mas com magia também – Disse ele, segurando o livro orgulhosamente nas mãos – Para que se algum dia ele encontrasse um descendente meu, liberasse os poderes para tal pessoa.

Olhei abismada para ele. Eu não sabia ao certo o que dizer. Eu estava trêmula, sentia uma gota de suor escorrer pela lateral de meu rosto. Sequei antes que fosse percebida.

 - Mas... Mas porque você está me contando isso? – Murmurei, tentando manter a voz firme, porém não saiu tão bem quanto eu esperava – E o que... O que eu tenho haver com tal história?

Victor hesitou por um momento. Levantou-se e caminhou pensativo por alguns instantes enquanto eu o observava.

 - Bem... Algum parente distante seu acredito que tenha sido um descendente direto dos Volturi – Murmurou ele – Assim, quando você abriu o livro, ele lhe revelou o que continha nele.

 - Mas como você sabe que eu li o livro ou... Que eu sou descendente de você? Que...

 - Eu tenho poderes, os quais você desconhece – Interrompeu-me ele – Eu sei de que época você é e muito mais que você não faz idéia. Agora você também é muito poderosa, recebeu uma grande dose de meus poderes e habilidades, só tome cuidado com a maneira que as usa. Mantenha isto em segredo ou poderá ser muito ruim para você, não esqueça-se disso – Disse ele, aproximando-se de mim apertando com força minhas mãos. Aquilo era embaraçoso, livrei-me das mãos dele e levantei. Caminhei de um lado para o outro, pensativa. Precisava organizar minhas idéias, e ainda tinha coisas a perguntar para ele. A história me parecia ser convincente, mas eu continava acreditando que ele estava me escondendo alguma coisa, pois eu sentia meu corpo formigar, um mal pressentimento...

Estava quase terminando de formular uma pergunta quando ele interrompeu meus pensamentos.

 - Acho melhor você ir embora. Mesmo não sabendo está lhe custando muito ao seu corpo permanecer aqui.

 - Espere! Eu ainda preciso de respostas! – Protestei, dando um passo a frente. Estava começando a falar quando ele me interrompeu, levantando o braço.

 - Não se preocupe – Disse ele num sorriso largo – Com o tempo você irá descobrir tudo que precisa saber.

Estava querendo começar a protestar novamente, pois eu ainda precisava de respostas. Tentei falar, mas minha voz não saía. Então era esse o joguinho dele, me deixaria descobrir as coisas à minha própria sorte, que definitivamente era quase nula. Estava apenas me aproximando dele, então, num único movimento, vi uma luz muito forte e tudo sumiu.

Meu susto foi tão grande que apenas vi o livro carmim voar para longe enquanto eu caía no chão como uma fruta madura. Eu estava assustada. Olhei rapidamente para os lados na procura de movimento. Ao recordar-me onde estava tentei levantar do chão. Pelo menos de uma coisa eu agora tinha certeza, aquela viajem havia me custado muita energia, como aquele tal Victor havia dito, e eu sentia-me muito fraca e sequer consegui me levantar do chão. De onde eu estava deitava consegui ver o livro jogado há alguns poucos metros de mim, aberto em alguma página. Estiquei minha mão em um esforço inútil na direção do livro. Ele estava demasiado longe para que eu pudesse alcançar. Continuava com meu esforço débil de alcançar o livro. Depois de alguns minutos, havia praticamente desistido de me levantar ou mesmo de pegar o livro. Quando eu menos esperava ele veio lentamente flutuando em minha direção. Fechou-se em pleno ar e parou suavemente no chão logo a frente da mão que eu havia esticado anteriormente. Arregalei os olhos. Meu coração acelerou mais do que pensei ser possível. Respirei fundo e engoli em seco.

 - Então é verdade – Murmurei molhando os lábios – Eu sou uma Volturi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não fiz o capítulo maior só pra dar um suspense *risada malígna*


Ps.¹: Sim, eu usei o nome Volturi porque achei que ficaria legal dar esse nome, já que no próprio filme do Crepúsculo cita que os Volturi foram caçados pelos seres humanos até acreditarm que os haviam extinto.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caçada Começa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.