Casa. escrita por ArielaFernandes


Capítulo 1
Confusão e Letargia.


Notas iniciais do capítulo

Me inspirei em Infected Mushroom - Cities of the future. Vou deixar aqui o link com o clipe da versão que eu mais gosto... a música vai começar entre 00:07 e vai acabar em 05:08, os outros segundos vocês podem ignorar porque são apenas uns apresentadores israelenses constatando o quão espetacular são os Infected Mushroom. (Ok! Confesso que eu tô chutando porque eu não entendo nem falo hebraico). Enfim:

http://www.youtube.com/watch?v=rp63Gl-_b2k



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Minhas solas me queimam. Minhas bolhas me ardem. “Quero ir pra casa!”. Minha garganta arranhada parece mais seca, meus olhos ardem e de repente estou chorando no meio da rua. Percebo uns olhares de pena ou comiseração, mas tudo que quero e consigo fazer é chorar. “Quero ir pra casa... ‘Tô indo pra casa”. Deixo escapar lágrimas mais grossas, não me importa mais se as pessoas supõem qual seja razão do meu choro. Lembro de outros momentos amargos e outros doces; acho que aos poucos consigo controlar o meu choro. “É... Eu ‘tô indo pra casa”. Lembro de como a vida ta saindo tão diferente do que eu sonhava, lembro de como os meus sonhos de infância me conduziam a uma vida de comercial do Ades. Eu acho que sonhei errado... Nos meus sonhos eu era uma mulher tão bonita, tão destemida, tão bem sucedida! Eu tinha tudo nas mãos... A teoria me era tão perfeita! Hoje eu ‘tô disposta a pagar R$50, 00 ou R$100,00 ou toda a minha poupança pra ter um pouco de paz, pra ter um pouco de silêncio.

Eu sempre reclamei uma casa pra mim, mas eu continuo morando com a minha família. Não me entendam mal! Eu gosto dos meus progenitores na maior parte do tempo é que eu quero uma coisa diferente... Queria? Querer não é poder... A cada dia que passa concluo isso. Por que o tempo parece passar mais velozmente e suavemente pros outros? Por que os outros crescem e eu pareço envelhecer? Por que parece que eu preciso viver nessa letargia, nesse meio-viver? Por que parece que só comigo vai ser “assim” pra sempre? Por que parece que sempre vou ter os meus pais nas minhas costas? Por que eu não posso ser como qualquer um? Por que a maior frustração da minha vida não pode consistir num sapato caro ou numa bolsa de marca que eu não conseguiria comprar? E (principalmente) por que eu não consigo parar de sonhar? Por que quando eu acordo eu sinto que ‘tô vivendo a vida de outra pessoa? Por que não consigo aceitar as coisas como são? 

Sim! Os meus sonhos ainda me perseguem. Ainda sonho com um moreno (aqueles homens de cabelo e olhos escuros, me entendem?) que deveria ser o meu marido. E o mais louco é que ele enxerga virtudes em mim! Parece que ele me ama apesar de eu ser eu! Ele confia em mim! E a gente transa... E transar é muito bom! Tirando o meu sorriso bobo que eu não consigo evitar toda vez que eu o vejo, ser uma mulher casada parece ser tão bom! A gente construiu um ambiente de admiração e aceitação... Seria uma bolha de sabão? Ah! E eu também sou mãe. Os meus filhos são saudáveis e lindamente humanos. E a família do meu marido me abraçou como sou! A família do meu amor me aceita sem brincos, anéis, piercings, tatuagens, nem próteses de silicone. 

Mas eu acordo... Sou solteira, estudante (tentando caçar um estágio, alguma coisa dentro da lei que dê dinheiro), tenho 22 anos, não me destaco dentre a multidão (não sou a aluna mais brilhante das classes que puxo pros semestres), não tenho amigos pra segurar o meu cabelo quando bebo demais e acabo vomitando, não percebo habilidades excepcionais em mim. Os meus segundos e minutos se arrastam. Eu sou um ser que respira, come, bebe água e espera por um amanhã que é dolorosamente idêntico a um hoje.

E tem essa força que me puxa pros meus sonhos e pra minha casa... 


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Notas finais do capítulo

Quem gostou deixa review, quem não gostou deixa também porque a indiferença não é uma coisa legal, mmmmk?! =D (South Park feelings)

E quero agradecer novamente a todos os queridos gentis que tiraram tempo pra ler o que eu escrevo e deixar um comentário. Beijos e abraços a todos.



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