A Ninfa da Cascata escrita por Eleanor Devil


Capítulo 14
Lágrimas de Amor


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem



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A Ninfa da Cascata

Capítulo 14 – Lágrimas de Amor

“Não…não pode ser” Sulfus não acreditava no que via à sua frente…aquela marca…era impossível, não podia ser verdade! Só havia uma pessoa que ele conhecia que tinha aquela mesma marca, naquele mesmo sítio no pescoço, com aquela mesma forma…! E essa pessoa era Raf…

O que é que se estava aqui a passar…? Colocou uma mão sobre a sua cabeça…e abanou-a…os minutos passavam e ele continuava sem saber como reagir perante aquilo que tinha acabado de ver…o rapaz não sabia o que fazer, portanto saiu fora do quarto onde estava e dirigiu-se ao local onde a sua mãe se encontrava, o seu pai já lá não estava nem a sua irmã, afinal de contas já era de noite e a pequena provavelmente estava cheia de sono.

Sulfus aproximou-se da mãe, que se assustou ao vê-lo, acreditando que algo de mau tinha sucedido a Ninfa, que o seu estado tinha piorado mas ficou bastante confusa ao ouvir a história que o seu filho lhe contava…tanto que teve de entrar no quarto e ver por si mesma aquela marca…e era verdade…era a mesma marca de nascença em forma de sino que a pequena Raf tinha no pescoço…mas o que significava isso…? Raf era suposto ter morrido naquela noite de há 11 anos atrás…

“Não estou a entender…” murmurou Seraph

“Se tu não entendes, então nem eu entendo…i-isto é impossível! Como é que ela tem a mesma marca de nascença que a Raf tem…?” disse ele abanando a sua cabeça

“Sulfus…” disse Seraph, fazendo o rapaz olhar para ela “…eu não sei se tu acreditas nisto mas…já pensaste na possibilidade de reincarnação?”

“Talvez não devesse acreditar mas desde que ela entrou na minha vida que acredito em muitas coisas que antes não acreditava…mas sim já pensei nessa possibilidade…e cheguei à conclusão que é impossível”

“E porquê?”

“Pensa um pouco….se ela é a reincarnação da Raf, então teria que ter nascido naquele mesmo dia…e teria de ter pelo menos 11 anos…o que é impossível…parece-te que ela tenha 11 anos?! Logo é impossível que ela seja a reincarnação da Raf…”

“Tens razão…ela parece ter mais ou menos a tua idade…” o rapaz assentiu “…sendo assim só vejo uma possibilidade…”

“E é qual…?”

“A Raf nunca morreu naquela noite…”

“C-Como…? Mas é-“

“Não é impossível, Sulfus. Pensa bem, todas as peças encaixam na perfeição, nunca encontraram o corpo dela naquela noite, não havia rasto dela nem sequer no rio ao pé da casa. Ela tem os mesmo cabelos, os mesmos olhos, até mesmo a mesma madeixa vermelha que a Raf tinha, Sulfus, isto só pode crer dizer que a Ninfa É e sempre foi a Raf durante este tempo todo”

“Mas então como é que…ela…ela não consegue falar…e além do mais não se teria recordado de mim quando nos conhecemos?”

Seraph abanou a cabeça “Sulfus, muitas coisas aconteceram naquela noite, a Raf pode-se simplesmente ter perdido no caminho quando vocês os dois fugiam e foi apanhada pela explosão, ela pode ter sido projectada para um sítio onde nunca a encontraram, ela pode ter batido com a cabeça o que lhe pode ter causado amnésia e o trauma do incêndio pode ter causado ela ficar muda”

“Faz…faz sentido…” murmurou o jovem, tomando a mão da jovem na sua de novo, a mãe caminhou até ele e colocou as suas mãos sobre os ombros dele

“Vamos para casa, foi um dia longo” mas o rapaz abanou a cabeça

“Não…eu…eu quero ficar aqui até ela acordar…”

“Sulfus…sabes bem que isso pode durar muito tempo”

‘Não se eu for sincero com os meus sentimentos para com ela…’ “Não…eu abandonei-a quando ela mais precisava de mim…não vou voltar a faze-lo…”

“Sulfus…”

“Por favor mãe…eu quero ficar aqui…”

Seraph suspirou e cedeu ao pedido do filho, beijou-lhe a cabeça e saiu do quarto, decidindo ela também ir para casa. Voltaria no dia a seguir.

Sulfus continuava a segurar a mão da jovem “Afinal sempre estivestes aqui ao pé de mim…” beijou-lhe a mão e depois encostou a cabeça à parede “Agora que te encontrei não te vou deixar ir de novo…”

Naquela noite Sulfus não dormiu…permaneceu acordado, a observar a pessoa que achava que tinha perdido há muito tempo…queria mais do que nunca que ela acordasse…na manhã seguinte tinha uma olhar cansado e exausto, não tinha mesmo pregado olho essa noite, não porque não conseguisse mas porque não queria…parecia que tinha medo que ela acordasse de repente e ele não a visse a fazê-lo, apesar de ele saber perfeitamente que ela apenas acordaria quando ele lhe confessasse os seus verdadeiros sentimentos para com ela.

“Sabes…” começou, acariciando os dedos da sua mão “Provavelmente não te lembras mas…eu ainda me recordo perfeitamente do dia em que nos conhecemos…e não estou a falar na floresta…digo quando éramos pequenos, tínhamos os dois três anos…” riu-se um bocado “E eu era um grande rabugento…acho que te assustei quando me viste pela primeira vez…”

“É um grande prazer voltar a ver-te, meu amigo” disse Edan enquanto apertava a mão e logo abraçava o seu amigo de longa data que já não via há anos!

“Também é um prazer voltar a ver-te, nem imaginas como fiquei feliz por saber que também moravas nesta zona!” disse o Sr.Eryn “Vejo que arranjaste uma mulher lindíssima” continuou, beijando a mão de Seraph em sinal de cortesia, que não conseguiu evitar corar e rir um pouco

“O mesmo posso dizer de ti, tens uma esposa lindíssima” disse Edan fazendo o mesmo gesto com a esposa do seu amigo

“E quem é este rapagão?” perguntou o Sr.Eryn ao ver o rapaz de três anos que se encontrava ao lado de Edan, de braços cruzados e olhar bem amuado como quem não queria estar ali.

Edan colocou uma mão sobre os cabelos do rapaz e despenteou-o um pouco o que causou o rapaz olhar para ele ainda mais amuado “Este rapagão é o meu filho, Sulfus. Sulfus, vá lá cumprimenta as pessoas”

O pequeno Sulfus cruzou os braços e olhou para os Eryn “…Olá…”

“Bem sem dúvida que é igual a ti, Edan. À excepção que tem os cabelos da mãe”

“E quem é aquela pequenina adorável?” disse Seraph ao ver que alguém se escondia atrás da saia da Sra.Eryn, esta mesma voltou-se e pegou na mão da pequena

“Vamos lá Raf, não sejas tímida e vem cumprimentar as pessoas”

A pequenina continuou agarrada às saias da mãe mas olhou para os Zolfanello, ergueu a sua mãozinha pequena e disse timidamente “Olá…”

“Olá querida, sabes eu acho que tu e o Sulfus vão ser grandes amigos” disse Seraph, agachando-se ao nível da pequenina e tomando a mão do filho e puxando-o para junto dela, fazendo uma força enorme pois ele por sua vez fazia força para contrariar a mãe. Mas no final conseguiu mete-lo à sua frente, ele continuava com os braços cruzados e olhava meio aborrecido para a pequena, esta por sua vez assustou-se com o olhar penetrante que o rapaz lhe dava e voltou a esconder-se atrás da mãe, assustada.

(A letra da música que agora aqui vai aparecer é a letra que traduzi mais ou menos da música japonesa “Eternal Snow” se quiserem, aconselho-vos a ouvirem-na enquanto lêem esta cena)

Apaixonei-me por ti…quanto tempo passou desde então?

Os meus sentimentos continuaram a ficar cada vez mais fortes

Pergunto-me…apercebeste-te do que sinto?

Apesar de eu nunca ter dito uma única palavra…

Sulfus riu-se um pouco mas parecia um riso sarcástico…recordar aquelas memórias magoavam-no mais do que nunca mas agora também lhe transmitiam uma certa felicidade ao saber que afinal Raf estava aqui ao seu lado…sem sequer ele se aperceber, uma pequena lágrima escorreu pelo seu rosto e caiu sobre as duas mãos unidas dos jovens. O rapaz apercebeu-se disso mas não parou quando mais lágrimas começaram a escorrer, uma depois de outra, sem parar…já não havia volta a dar…depois de todos aqueles anos a guardar dentro de si toda aquela mágoa, já não conseguia conte-la durante muito mais tempo…a barragem rebentou e agora o rio saia livremente…

São como flocos de neve à deriva…gentilmente…

…que continuam a aumentar mais e mais

Sulfus apertou a mão da jovem enquanto mordia levemente o lábio inferior “Eu…eu devia ter percebido quem tu eras assim que te vi…sempre me apercebi que tu eras igualzinha à Raf mas…nunca juntei as peças de que tu podias ser ela…na minha cabeça a Raf tinha morrido naquela noite e apesar de nunca terem encontrado o corpo dela, nunca pus a hipótese de ela ainda estar viva, algures…mas afinal sempre estivestes aqui ao pé de mim, nunca me deixas-te…mas eu deixei-te…prometi que sempre estaria ao teu lado tal como tu sempre estivestes ao meu…mas quebrei essa promessa…no momento em que tu mais precisaste de mim…eu virei-te as costas e…deixei-te sozinha, desamparada, sem qualquer apoio…”

Abraça-me com força…se é assim que se sente…

A sensação de se apaixonar por alguém…

Nunca quis conhecer essa sensação…

“Mas eu juro, eu prometo que isso nunca mais vai voltar a acontecer…não só porque agora sei quem tu és…mas também porque…eu…apercebi-me que…”

Amo-te…não consigo impedir as minhas lágrimas de cair…

Se é esse o caso, então tu…

…nunca devias ter entrado na minha vida…

“…que te amo…mais do que qualquer coisa no mundo…” confessou finalmente o rapaz, as lágrimas continuavam a cair dos seus olhos e foi então que um brilho azul iluminou todo o quarto, a luz provinha do bolso do casaco de Sulfus, que ao aperceber-se disso retirou logo o que ali estava…era a água…estava a brilhar intensamente…

Pergunto-me…por quanto mais tempo pensarei em ti?

A minha respiração embacia o vidro da janela.

O meu coração tremente está…ao lado de uma vela acesa

…e agora derrete. Pergunto-me…vai sobreviver?

“Mas o que é que….” Foi então que se apercebeu…tinha acabado de confessar os seus sentimentos por ela…este brilho…quereria dizer que agora podia usá-la para a despertar…?

Abraça-me com força…com tanta força até que eu poça partir-me…

…para que assim quando nos encontrarmos no gélido vento da tempestade de neve…

…eu não tenha mais frio…

Sulfus mirou a jovem que se encontrava deitada na cama diante dos seus olhos e logo fitou o líquido que a salvaria…que a despertaria…que a trairia de volta para ele…tinha de fazer isto rápido antes que alguém se apercebesse do brilho e entrasse no quarto…

Tenho saudades tuas…penso em ti…tão longe…

Com esta abafada mão cerrada…

…estou aqui sozinha, segurando-me a mim mesma de novo esta noite.

O jovem inclinou-se sobre a cama, com bastante cuidado removeu a máscara de oxigénio, tinha de ser rápido, não fosse ela começar a ficar com falta de ar e necessitar urgentemente da máscara.

Se a neve continuar a cair eternamente…

…conseguirá cobrir os meus sentimentos por ti?

Abriu o frasco que continha a água e segurando a cabeça da jovem com uma mão, fê-la beber a água que brevemente a faria despertar.

Abraça-me com força…se é assim que se sente…

A sensação de se apaixonar por alguém…

Nunca quis conhecer essa sensação…

Voltou a colocar-lhe a máscara sobre o rosto e esperou que ela abrisse os olhos…

Amo-te…está a preencher o meu coração…

Quero gritar para o céu invernal…

Quero ver-te agora mesmo.

Mas isso nunca aconteceu…Raf…Ninfa…continuava na mesma posição de antes…as suas pálpebras não se mexiam, dando sinal de que estava a despertar…nada…não havia qualquer sinal, qualquer indício de que ela estava a despertar…isto causou um impacto no coração do rapaz…

Porquê? Porque é que não tinha funcionado…? Ele…ele tinha sido sincero com os seus sentimentos para com ela…porque é que a água não a tinha despertado…? Teria…teria chegado demasiado tarde…?

“Não…” murmurou Sulfus “Por favor acorda…por favor…suplico-te…” e caiu com a cabeça sobre a cama, exausto, adormecendo ele desta vez…mas ainda com a sua mão a segurar a da jovem…e com as últimas lágrimas a escorrerem-lhe do rosto para os lençóis brancos…

Estava tudo tão escuro…não conseguia encontrar o caminho de volta…não havia qualquer luz que a guiasse dali para fora…não queria ficar ali naquela escuridão eterna…sentia-se sozinha…sentia-se fria…mas então uma pequeníssima luz apareceu sobre a sua cabeça e parecia estar a chamar por ela…

Aquela pequena luz começou a ficar cada vez maior e mais forte ao ponto de ela não conseguir ver nada…e logo…

Os seus olhos azuis abriram-se…

TBC…



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Notas finais do capítulo

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