When i came here there was more.
Now i've come back to destroy,
And i've got nothing left,
And it's a shame what we've become,
When we hurt the ones we love,
And it's a place i can not go,
Anymore.

When we collide we lose ourselves.
When we collide we break in two,
And as we push and we shove and we hurt the ones we love,
It's a hard mistake.
When we collide,
We break.

(Collide- Dishwalla)

Capítulo 12 -Collide

As lágrimas em seus olhos a impediam de enxergar direito, mas mesmo assim ela continuava o seu caminho. Nos últimos cinco anos, Bella aprendera a andar em Nova York, como se morasse ali a sua vida inteira. Enquanto tentava tropegamente andar pelas ruas, os acontecimentos daquela noite reprisavam em sua mente. Aqueles olhinhos verdes, capturados naquela foto e o contraste com outros olhos verdes que lhe imploravam por uma chance de se explicarem, mas que ela não podia conceder, atormentavam-na. Não enquanto toda aquela dor e raiva que ela sentiu anos atrás, voltavam com força total.

Bella parou em frente ao seu apartamento, procurando as chaves em sua bolsa, quando uma pessoa entrou em seu campo de visão. Ela levantou os olhos e não pôde acreditar.

"O que você faz aqui? Você me seguiu?" Ela perguntou, raivosa.

"Foi." Edward admitiu. "Eu queria garantir que você chegasse em segurança."

"E desde quando você se importa?" Ela retorquiu.

"Eu sempre me importei, Bella." Ele confessou.

"Não, você perdeu qualquer direito sobre mim quando você saiu por aquela porta." Enquanto falava, Bella lutava contra as lágrimas que ameaçavam cair.

"Bella..." Edward segurou-a pelo braço, impedindo-a de abrir o portão.

"Tira as mãos de mim." Ela ordenou, livrando seu braço.

"Eu só quero conversar" Ele pediu.

"Essa é a última coisa que eu preciso fazer agora." Ela afirmou, deixando que uma lágrima escorresse pelo seu rosto. "Adeus."

Bella entrou em seu apartamento, finalmente permitindo que aquelas lágrimas caíssem. Como ele podia fazer aquilo com ela? Como ele podia ter uma foto da Cathy e nunca ter ido atrás dela? Será que uma pessoa poderia ser tão egoísta a esse ponto? Como ele podia ver aquele rostinho todos os dias e nunca ter tentado encontrá-la? Bella deitou-se na cama, agradecida por Cathy não estar em casa naquela noite. Aquele episódio havia esgotado seu emocional e psicológico e tudo o que ela queria fazer naquele momento era dormir - já que esquecer aquilo parecia ser impossível.

"Bom dia, eu gostaria de falar com a Srta. Swan." Depois de passar todo o fim de semana trancado em casa, Edward decidiu que procurar Bella seria a melhor coisa a fazer.

"Aguarde um momento, que ela está com uma das modelos lá dentro." A secretária avisou.

"Obrigado." Ele agradeceu e sentou no sofá que havia na recepção. Olhou para o relógio que marcava onze horas. Ele mal havia dormido naquela noite, tamanha era a sua ansiedade.

"Muito obrigado, entrarei em contato." Edward ouviu uma voz familiar e quando olhou para frente viu que Jasper estava ali. "O que você está fazendo aqui?" Jasper disparou assim que o viu.

"Eu vim falar com a Bella." Edward explicou.

"Eu acho que não." Ele cruzou os braços desafiando-o.

"Você não pode tomar a decisão por ela." Ele apontou.

"Ah, eu posso sim. Eu tenho mais direito a ela do que você." Edward mordeu o lábio ao ouvir aquilo. A verdade podia ser bem dolorosa, mas o fato de ele ser o namorado da Bella não dava autoridade para que ele assumisse a vida dela por completo.

"O que está acontecendo aqui?" Uma voz mais que familiar foi ouvida, e Edward sentiu seu corpo retesar. "Você?" Alice, arregalou os olhos incrédula.

"Oi, Alice." Edward forçou um sorriso, na tentativa de parecer simpático.

"Você não acha que é muita audácia da sua parte aparecer aqui?"

"Eu quero falar com a Bella." Edward explicou.

"É claro que quer." Alice revirou os olhos. "Mary, eu vou atender esse senhor,"

"Mas..." Edward tentou falar, mas Alice o impediu.

"Isso é o máximo que você vai conseguir." Ela avisou e fez um sinal para que ele a acompanhasse.

Já dentro do escritório dela, Edward tomou a iniciativa em falar, já que Alice não parecia estar muito disposta aquilo.

"Você deve achar que eu sou um cretino." Ele apontou.

"Cretino nem começa a descrever o que eu acho de você. Se eu pudesse eu te torturava, te matava, te ressuscitava e começava o processo todo de novo." Ela respondeu, com os olhos faiscando de ódio.

"Acho que você andou vendo Jogos Mortais demais." Ele gracejou.

"Jigsaw seria um anjo comparado a mim nesse momento."

"Ali, você e a Bella tem todos os motivos no mundo para me odiarem e eu tenho plena consciência de que nunca vou mudar isso, mas eu gostaria de uma chance para me explicar." Ele pediu. Durante o final de semana, Edward havia decidido que já era hora de contar tudo a Bella. Pelo menos, grande parte do que aconteceu nos últimos anos.

"Olha, eu apoiei a decisão da Bella de permitir que você veja a Cathy, afinal a pobrezinha não tem culpa de nada. Mas eu vou logo avisando: ela permitiu que você se aproximasse da filha, mas não te deu o mesmo direito com ela. Se você magoá-la, eu juro que darei vazão aos meus sonhos." Alice ameaçou. Apesar das brigas, no fundo ela sempre gostara do Edward, mas qualquer sentimento positivo que um dia existiu, foi embora no mesmo instante que ele abandonara sua melhor amiga.

"Eu pensei que ouviria um sermão sobre a Cathy." Ele franziu o cenho.

"Isso você vai ouvir do Jazz. Eu me importo com a Cathy, mas ela não sabe quem você é e por enquanto qualquer estrago é quase nulo. Mas a Bella conhece você. E o meu medo é que ela volte a ficar no mesmo estado que a cinco anos. Eu não posso ver minha amiga sendo destruída por você novamente."

"Eu não vou fazer isso." Edward tentou assegurá-la.

"Eu não confio em você." Alice confessou.

"Ali, tudo o que eu quero é explicar tudo a ela. Eu devo isso a ela. É o mínimo que eu posso fazer." Ele pediu novamente.

"O mínimo que você pode fazer é ficar longe dela. Ela ficou muito bem durante todo esse tempo que esteve longe de você, e ela não precisa reviver..." Alice não conseguiu completar sua frase, já que a porta do seu escritório foi aberta.

"Lice, eu...Edward?" Bella estancou ao vê-lo ali.

"Desculpa, eu não consegui alcançá-la." Jasper apareceu logo atrás, desculpando-se com a esposa.

"O que está acontecendo?" Bella franziu o cenho, enquanto olhava para os dois amigos e Edward.

"Essa pessoa veio conversar com você, mas eu já cuidei de tudo e ele já está de saída." Alice resumiu, tentando expulsar Edward dali o mais rápido possível. Edward entendeu o recado e estava saindo quando Bella segurou-o pelo braço.

"Espera..." Ela pediu. "Eu vou recebê-lo."

"Bella, você não tem que fazer isso." Jasper tentou convencê-la.

"Você é apenas o namorado dela. Você não manda nela." Edward se intrometeu entre eles.

"Como é que é?!" Alice exclamou, tentando não rir. "O Jasper é meu marido."

"Seu marido? Mas vocês dois..." Agora Edward estava confuso.

"Jazz, depois você explica tudo a Alice." Bella pediu. "Vamos?" Ela fez um gesto para que Edward a seguisse até seu escritório.

"Por que você me deixou pensar que era casada?" Ele disparou assim que ela fechou a porta do escritório.

"Isso não importa agora." Bella encolheu os ombros.

"Você não pode responder a essa única pergunta?"

"Eu não vi razão para desmentir." Ela explicou, recusando-se a dar mais detalhes. "Então, sobre o que quer falar?"

"Sobre a foto, sobre a Cathy, sobre o dia em que fui embora." Pelo visto essa seria uma longa conversa, Bella pensou.

"Acho que nós deveríamos ir a outro lugar."

"Por mim tudo bem." Edward concordou.

"Mary, eu estou saindo. Não sei a que horas volto. Diga a Alice que depois eu entro em contato."

"Para onde vamos?" Ele perguntou quando se distanciaram da secretária.

"Meu apartamento." Bella respondeu.

Enquanto dirigia, Bella se perguntava se tinha feito a coisa certa em levá-lo para lá. Era uma decisão tão estúpida quanto se a Chapeuzinho Vermelho levasse o lobo mal para a casa dela. Mas tudo na vida tinha um preço. E ela precisava saber àquelas respostas que por anos a consumiam.

"É bonito. Parece com você." Edward elogiou, assim que entrou no apartamento. Era a primeira vez que se falavam desde que saíram do escritório.

"Obrigada." Ela respondeu, seca. "Então, por onde vamos começar?"

"Eu não sei." Ele respondeu, confuso. Tinha tanto para falar, mas não fazia ideia de como começar.

"Tente pelo início." Bella disse sarcástica. "Por que você foi embora?"

"Eu queria poder dizer que alguém fez a minha cabeça ou que me induziram a fazer aquilo, mas a verdade é que aquela notícia tirou o meu chão." Ele começou. Edward permaneceu em pé, assim como Bella - que abraçava seu próprio corpo, numa tentativa de se proteger das palavras dele.

"Claro, porque você foi o único afetado com a situação." Ela revirou os olhos, magoada.

"Será que você pode deixar eu continuar?" Ele elevou um pouco a voz e logo suspirou, arrependendo-se. "Tente olhar o meu lado um único momento." Ele pediu. Seus olhos verdes queimando nos castanhos dela. "Naquele dia, eu tinha recebido a melhor notícia da minha vida. Nós tínhamos passado os últimos quatro anos, fazendo de tudo para entrar na CalArts e eu ainda tentava o programa de verão deles, e naquele dia eu finalmente tinha conseguido! Eu estava sentindo como se a nossa vida estivesse começando. Todos os nossos planos, os nossos sonhos estavam começando a se tornarem realidade e eu não conseguia caber em mim de tanta felicidade." Ele explicou. Enquanto falava, Edward ainda podia sentir as mesmas sensações daquele dia. Tudo parecia surreal de mais para ser verdade.

"Aí eu te dei a fatídica notícia..."

"O que eu falei sobre interrupções?" Ele perguntou, um pouco irritado. "Quando eu cheguei na sua casa e ouvi aquela notícia, o meu mundo desabou. Eu reconheço que agi mal e que eu disse coisas que nunca deveria ter dito, mas eu perdi a noção das coisas. Eu tinha ido da euforia à desolação total."

"Agora vamos ver o meu lado. Eu tinha recebido uma das notícias mais bombásticas da minha vida. Eu estava transtornada, desorientada, precisando de alguém para me abraçar e me confortar. Mas, mais do que qualquer coisa, eu precisava do meu melhor amigo. Eu só precisava que ele me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem. Mas ao invés disso, você me deixou ali. Sozinha." Enquanto o tom de Edward tinha sido de arrependimento, o de Bella era de acusação. Ela já podia sentir as lágrimas brotando em seus olhos. E ela que pensava já ter chorado todo seu estoque de lágrimas durante o fim de semana.

"Desculpa." Ele pediu, sincero.

"O quê?" Bella franziu o cenho, não sabendo bem o que tinha ouvido.

"Eu sei que eu deveria estar ali, sei que eu não deveria ter ido embora. Não existe um dia na minha vida que eu não deseje mudar o passado. Mas é impossível. As pessoas cometem erros e eu não sou diferente." Ele alegou, tentando ao máximo controlar o choro já iminente.

"Você tem alguma ideia de como eu fiquei? De como eu me senti?" Ela perguntou, não se importando mais com as lágrimas. "Eu conhecia você há dezessete anos e no primeiro grande problema que enfrentamos, você me abandona como se eu fosse uma pessoa que você conheceu há um mês e não sua vida toda."

"Bella, eu me senti traído naquele momento. Você tinha suspeitado da gravidez e não tinha me falado nada. Antes, foi direto para o médico e só então me bombardeou com a notícia." Ele se defendeu.

"Eu te disse que queria ter certeza!" Ela gritou.

"E o seu ultimato? Eu senti como se você estivesse escolhendo o bebê ao invés de mim. Naquela época, ele ainda nem era uma pessoa para mim, e mesmo assim você o escolheu."

"Isso é ridículo." Bella nunca tinha ouvido tanta baboseira na vida.

"Pode ser, mas foi assim que eu me senti." Ele confessou.

"Foi você quem tomou a decisão final."

"Não, você que fez isso. Eu precisava de um tempo para pensar e você falou que se eu fosse embora eu não precisaria mais voltar. Foi você que terminou tudo, Bella. Não eu." Ele apontou.

"Como você ousa? Eu precisava de você do meu lado e a primeira coisa que você me diz é que eu devia fazer um aborto?" Ela vociferou. A mágoa era grande demais para manter uma conversa civilizada.

"Eu não estava pensando direito. Você sabe que eu nunca iria te obrigar a isso. Eu me odeio só por ter sugerido isso." Ele suspirou. Aquelas eram as palavras que ele mais se arrependia por terem sido ditas.

"Você já pensou, que se eu tivesse seguido o seu conselho, a Cathy não estaria aqui?"

"Eu nunca quis dizer aquilo. Foi um momento de estupidez!" Ele implorou. O silêncio tomou conta de ambos. A respiração deles era tudo o que podia ser ouvido na sala.

"Nós éramos inseparáveis. Por que você nunca voltou?" Bella sussurrou. Já não havia forças para gritar.

"Durante aquela semana, eu pensei em te ligar, mas a cada vez que eu pegava o telefone, as palavras sumiam da minha boca. Eu precisava falar com você, mas eu não sabia o que falar. A verdade era que eu não tinha aceitado o fato ainda." Explicou.

"Tanya foi me visitar naquela época. Ela estava preocupada para saber sobre o meu sumiço e o seu silêncio."

"Ela sabe sobre a Cathy?" Edward perguntou.

"Não."

"Eu ia para a escola apenas para fugir dos olhares questionadores dos meus pais, mas lá nada era diferente. A vantagem era que eu podia ficar num canto sem falar com ninguém. Acho que Kate, Garret e Tanya nunca me perdoaram por isso."

"Você nunca mais os viu?"

"Não."

"Como era CalArts?" Bella perguntou, curiosa. Por mais dor que aquele pensamento pudesse causar, ela ainda tinha vontade de saber como era aquele lugar. Passara tanto tempo da sua vida desejando ir para lá que era quase impossível não perguntar.

"Mil vezes melhor do que nas fotos." Edward disse desanimado.

"Nossa, sorte deles não usarem você como garoto propaganda." Bella disse meio sarcástica, meio humorada.

"Não me entenda mal, o lugar era magnífico, mas eu não estava bem. Aquele lugar me sufocava. Para todo lugar que eu olhava eu via você e pensava no que poderíamos fazer juntos. E foi ali que me dei conta de que nenhum sonho, nenhuma realização teria valor se você não estivesse ali." Ele confessou, e naquela hora Bella sentiu seu coração disparar. "E então, eu voltei para Forks."

"Você voltou?" Ela sentiu como se alguém tivesse roubado seu chão. Como aquilo era possível?

"Mas você já tinha partido." Ele continuou. "Tudo o que meus pais me disseram era que você tinha ido morar com sua avó no Kansas. Eu liguei para o seu pai, mas só em ouvir a minha voz ele desligava o telefone."

"Ele só estava fazendo o que eu pedi." Bella explicou.

"Eu sei." Edward assentiu. "Bem, meus pais não ficaram contentes por eu ter desistido da CalArts e me pressionaram a escolher outra Universidade. E então decidi vir para a New York University. Nesse meio tempo eu não conseguia tirar você da cabeça, mas principalmente, eu pensava no bebê. Ele tinha virado uma presença constante em minha mente." Ao ouvir tudo aquilo, Bella sentia o nó em seu estômago aumentar ainda mais. "Então, antes de viajar para Nova York, eu fiz um pequeno desvio em Kansas. Eu me lembrei de uma carta sua, que você tinha me enviado e lá eu achei o endereço da sua avó. Mas para minha surpresa, você não estava lá. Nunca esteve."

"Você foi atrás de mim?" Agora era o ar que parecia faltar aos seus pulmões. Aquilo era informação demais para ela.

"Toda semana eu ligava para os meus pais, para saber de alguma pista, algum sinal seu, mas seus pais insistiam que você estava em Kansas." Edward contava. Era tão bom poder finalmente colocar tudo aquilo para fora.

"E a foto?" Bella perguntou.

"Seus pais deram aos meus pais e quando eu vi, eu a peguei para mim. Era uma maneira de sempre estar perto dela, sabe?" Ele confessou.

"Isso é muita informação para mim." Bella suspirou, enquanto processava tudo aquilo.

"Acho melhor eu ir embora." Edward decidiu.

"Ok."

"Obrigado pelo seu tempo." Ele forçou um sorriso e abriu a porta do apartamento. "Até mais."

"Até." Bella murmurou seu olhar para trás.

Por que a vida era tão complicada? Por que nem tudo era preto e branco? Por que tinha que existir as áreas cinzas? Amor e ódio são sentimentos fáceis e bem definidos em sua natureza. Mas era na tênue linha entre eles onde o problema se estabelecia.

Nos últimos cinco anos, Bella já havia se familiarizado com a raiva, o desdém e até o ódio. Mas aquela dúvida, aquele sentimento impreciso era novo demais, E Bella não sabia lidar com isso. Os "e se?" que rondavam a mente dela, a deixavam tonta. Era muita informação para processar. Não tinha como saber que Edward fora atrás dela e continuar irredutível. Não tinha como saber que ele mantinha uma foto da Cathy na carteira e continuar imune.

Bella fechou os olhos e tentou descansar, afinal teria que buscar a filha em alguns minutos na escola e ela precisava se recompor.

Ela tinha acabado de colocar Cathy na cama, quando o telefone tocou. Ela nem precisou ver o visor para saber quem ligava. Bella só conhecia uma pessoa com aquela precisão quase que mediúnica.

"Oi, sou eu. Como estão as coisas?"

"Tudo bem." Bella respondeu sem qualquer emoção.

"Eu estava preocupada com você." Alice, justificou a ligação.

"Está tudo bem, Alice." Ela repetiu.

"Quanto mais você fala isso, menos eu acredito." Certas vezes, Bella odiava a percepção da amiga. "Eu vou matar aquele desgraçado. Eu juro que..."

"Alice, ele não fez nada." Bella protestou e logo se surpreendeu ao ver que estava defendendo-o. "Eu apenas não estou querendo conversar no momento."

"Okay." Alice concordou, mas sua voz deixava clara a sua contrariedade.

"Você se importa se eu tirasse uns dias de folga? Eu preciso pensar em algumas coisas." Bella pediu.

"Você está me deixando preocupada."

"Não é nada sério, eu prometo!" Ela garantiu.

"Está bem. Se cuida." Alice suspirou derrotada. O que mais deveria fazer?

"Você também." Bella disse antes de desligar o telefone. Aproveitando que estava com o aparelho em mãos, Bella decidiu fazer uma ligação que estava postergando nos últimos dias.

"Oi, mãe." Ela cumprimentou, ao ouvir a voz de Renée.

"Bella, como você está?" Sua mãe perguntou, feliz por ouvir a voz da filha.

"Bem." Bella mentia tão mal que uma simples palavra era capaz de denunciar seu estado de espírito.

"E Cathy?"

"Já está dormindo." Bella sorriu. Cathy era a única pessoa capaz de lhe arrancar um sorriso numa situação como aquela. "Mãe, eu estava procurando uma foto da Cathy e não acho de jeito nenhum, acho que perdi na mudança. Eu queria saber se a senhora tem essa foto. É uma que ela tinha algumas semanas de vida. Uma foto só do rostinho dela."

"Eu sei qual é. Mas eu não sei onde está." Renée mentiu. Ela não podia dizer para a filha o real destino daquela foto. "Acho que ela se perdeu naquela inundação da garagem anos atrás."

"Que droga! Eu queria tanto essa foto." Bella fingiu um lamento. Ela sabia muito bem que sua mãe nunca colocaria as fotos da Cathy numa caixa e abandoná-la na garagem. Renée ainda guardava as fotos de Bella bebê em seu quarto, que dirá de Cathy.

"É uma pena."

"Obrigada, mãe. Manda um beijo para o papai."

"Boa noite, filha. Dê um beijinho em Cathy." Renée pediu.

"Boa noite." Bella se despediu.

"Mamãe, você não vai trabalhar não?" Cathy perguntou pela manhã, ao notar que Bella permanecia de pijama.

"Não."

"Eu posso ficar em casa com você, por favorzinho?" Ela pediu do jeito que Bella não sabia recusar.

"Claro que pode."

"Eba!" Cathy comemorou e Bella sorriu ao ver a alegria da filha.

"O que você quer fazer?" Ela perguntou, já tendo uma ideia do que a filha iria responder.

"Ver desenho!" Ela gritou.

Nos dias que se seguiram, Bella e Cathy foram ao museu, ao Central Park e passearam pela Times Square. Passar cada momento do dia junto da filha, era uma tentativa de Bella reafirmar a relação delas. Relação essa que mudaria drasticamente. Não tinha como gastar todo aquele tempo com ela e não notar a falta que o pai fazia para ela, ou o olhar que ela tinha quando via uma criança junto do pai. Por mais difícil que fosse, Bella reconhecia que Cathy precisava de um pai.

"Que desenho é esse?" Ela perguntou, ao entrar no quarto da filha.

"Ah, é igual o que eu dei pro Sr. Anthony." Ela respondeu.

"Quem são essas pessoas?" Bella perguntou, vendo o que parecia ser um homem sentado ao piano e uma mulher e uma criança próximas dele.

"Eu, você e ele." Cathy respondeu, como se fosse a coisa mais lógica do mundo "Mamãe, você podia namorar ele se o papai não voltar." Cathy sugeriu e Bella quase engasgou ao ouvir aquilo. Se ela já fantasiava coisas sabendo que ele era seu professor, imagina se ela soubesse da verdade!

"As coisas não funcionam assim." Bella respondeu.

"Ele é legal e disse que me ama." Cathy argumentou. Bella ia responder a filha, mas a campainha a impediu.

"Hey, Jake." Ela sorriu ao ver o amigo parado a porta. "Obrigada por levá-la. Eu vou precisar arrumar algumas coisas aqui, então..." Mentiu. A verdade é que ela não podia encarar o Edward. Pelo menos não naquele dia.

"Você sabe que eu não me importo." Ele sorriu.

"Obrigada." Ela agradeceu mais uma vez. "Tchau, abelhinha. Obedeça ao tio Jake." Bella deu um beijo na filha.

"Pode deixar."

"Pronta?" Jake perguntou a menina.

"Anham!" Ela sorriu.

"Tchau Bella."

"Tchau." Bella fechou a porta e suspirou. Ela tinha que fazer aquilo antes que perdesse a coragem. Bella olhou na sua agenda e discou os números, assim que os encontrou.

"Oi." Bella disse timidamente, ao telefone.

"Hey...hum... eu não esperava essa ligação." Edward estava surpreso. Depois daquela conversa, ele esperava que ela ficasse um bom tempo sem falar com ele."Aconteceu alguma coisa? A Cathy está bem?"

"Está. Inclusive ela deve chegar aí a qualquer momento." Bella avisou.

"Eu senti falta dela ontem." Ele comentou, tentando não transparecer o medo que sentira. Quando ele entrou na sala e não viu Cathy no meio dos alunos, ele pensou que ela poderia estar doente. Quando ele ficou sabendo que ela tinha faltado a semana toda, ele pensou que Bella tinha cumprido a promessa e levado a menina para longe dele.

"Você vai fazer alguma coisa amanhã?" Ela perguntou, mordendo o lábio.

"Não. Por quê?" Edward perguntou, curioso.

"Eu acho que está na hora da Cathy conhecer o pai." Bella respondeu.