Charlotte seria capaz de dormir sobre seu braço se aquela conversa com Katherine fosse ainda mais entediante do que estava.

-Esse é o seu plano maravilhoso?Esperava mais de alguém que teve os irmãos Salvatore como bichinhos de estimação quando queria em 1864.-Debochou Charlotte com um sorriso no canto da boca.

-O que isso tem a ver com que o plano?-Perguntou Katherine confusa.Charlotte ficou olhando o vazio por alguns segundos.

-Não sei,estou com sono.Meu raciocínio também está afetado pela falta de álcool.-Falou a vampira loira fechando os olhos e sacudindo a cabeça.Katherine revirou os olhos.

-Minha idéia de um plano não é igual a de outras pessoas. Os meus às vezes ao precisam ser fabulosos, apenas tem que dar certo.-Respondeu a Pierce se levantando e indo em direção a sala de entrada da casa.Charlotte instigada a uma boa briga foi atrás da mulher.

-Como assim minhas idéias não funcionam?-Perguntou boquiaberta.

-Eu não me referia aos seus planos exatamente,mas se a carapuça serviu...Guarde suas desconfianças para aquelas pessoas que realmente querem te ouvir Charlotte.-Falou Katherine abrindo a porta.

-E guarde suas visitas para alguém que realmente quer.Ops...acho que não existe alguém tão imbecil a esse ponto.-Retrucou Charlotte com a voz elevada.Katherine apenas riu daquilo e se voltou contra ela.

-Não vai querer me irritar Charlotte,aproveite meu bom humor e pense exatamente como vai fazer pra realizar a sua parte do plano.Boa noite.-Disse se virando e fechando a porta com um estrondo.

-Não era uma briga,era apenas uma discussão amigável.-Murmurou ela enquanto se atirava no sofá.Encostou sua cabeça na poltrona e tentou relaxar seus neurônios que trabalhavam rapidamente.Era impossível tentar cochilar com aquela lembrança de seu passado pinicando em as cabeça,pois agora tinha medo das futuras cenas que se dissolveriam como fumaças em seu crebro e a obrigasse a enxergar coisas que tentou evitar de se recordar durante anos.

Porque isso tinha que estar de volta?Qual era a necessidade de  tentar entender algo que aconteceu em meados de 1860.Charlotte tinha a certeza absoluta que se tentasse dormir agora,um sonho como aqueles que teve em Chicago um dia antes de ir para Virginia,iria aparecer em sua mente.

Teve uma idéia súbita de como fazer sua noite valer a pena.Pegou a chave do carro e saiu rapidamente em direção a mansão Salvatore.

[...]

Julie estava deitada em sua cama dormindo.Não havia tirado a roupa que estava,porque se sentia exausta e triste no fundo.

Talvez a intenção de Damon não era ter como companheira uma menina atrapalhada e com cabelo desgrenhado.Sentiu o bolso de sua calça tremer e uma música ecoou pelo quarto escuro que era apenas iluminado pelas estrelas do céu e uma linda lua.

A garota acordou assustada e se levantou depressa. Tateou sua cama a procura do celular que caiu de seu bolso e foi parar no meio de tantos lençóis e cobertas. Estava sem seus óculos e por isso não conseguia enxergar muita coisa,quando estava sem eles todo seu quarto e suas coisas se transformavam em vultos embaçados e escuros.

Ela encontrou o celular em baixo do seu travesseiro e o atendeu.

-Alô?-Perguntou ela com a voz fraca devido ao sono.

-Julie preciso que você vá até a minha casa agora!-Disse a voz de uma mulher ligeiramente conhecida.

-Charlotte?-Arriscou Julie.

-Não,é o Gasparzinho.É claro que sou eu!Quem mais te ligaria?-Perguntou ela.Julie bufou.

-Sinceramente esse seu comentário é muito deprimente.

-Desculpe não foi a minha intenção amiguinha.-Apressou-se a corrigir Charlotte.-Eu te liguei porque quero que você me espera na minha casa provavelmente quando chegar eu não vou estar.Então abra a porta com uma chave que tem embaixo  do vaso de flores silvestres.Me espere lá.

-Espera um pouco...-Mas já era tarde,porque a vampira já havia desligado o telefone.Porque Charlotte queria que a garota fosse em sua casa em plena madrugada de sábado,onde era possível encontrar pessoas embriagas na rua,e assaltantes malucos.Mas seria impossível dizer não para sua única atual amiga.Esfregou os olhos e foi tomar um banho gelado para acordar.

[...]

A campainha soou e Damon se apressou a atender,já que não esperava ninguém e não imaginava quem iria bater na porta de sua casa a uma hora daquelas.As bandeirantes vendendo biscoitos não seria.

-Oi Damonzito.-Falou Charlotte maliciosamente.Damon apenas se encostou na porta e ficou olhando para a vampira sem acreditar.

-Não espere que eu te convide a entrar,porque eu não vou fazer isso.-Falou ele.

-Deixe de ser tão arisco Damon.Não mordo.-Disse ela sorrindo amarelo.

-Mas consegue ser insuportável.

-Tanto faz,sabe se não me convidar,Stefan convida.Aposto que ele ainda tem aquela paixonite aguda por mim.-Gabou-se ela enquanto jogava uma mecha de seu cabelo para o lado,com um charme inegável.

Mesmo tentando não se dar por vencido Damon não podia negar que era muito possível que Stefan fizesse aquilo já que era louco por Charlotte na época em que ela era apenas uma humana impertinente.

-Entre - Falou em relutante mas se afastando e deixando o caminho livre pra ela passar.Assim que ela colocou os dois pés dentro da casa Damon a agarrou pelo o pescoço e prensou contra a parede.

-Sabe que não gosto de seus jogos.O que quer na minha casa?-Perguntou ele impaciente.Charlotte não suportou aquele tipo de recepção a uma velha amiga/namorada/noiva/amante.Segurou o braço da mão que ele agarra e apertava seu pescoço e o torceu fazendo o Salvatore gemer de dor.

-Você não é muito mais velho que eu Damon,nossa força é quase a mesma.

Damon se endireitou e ficou esperando que ela disse alguma coisa.

-Não sou tão educado então me diga o que quer antes que eu te expulse a ponta pés.-Ameaçou ele.Charlotte não conseguiu evitar de dar boas gargalhadas.

-Mas é ótimo em fazer rimas: “Não sou tão educado então me diga o que quer antes que eu te expulse a ponta pés.”-Repetiu ela rindo- Não adianta eu vir aqui e falar que estou em paz.Parece que seus ouvidos tem o costume de distorcer tudo o que digo em “Vou te matar” essas coisas.

-Então fale que vai me matar pra ver se eu não acredito que vocês está em paz.-Sugeriu ele.Charlotte apenas sacudiu a cabeça.

-Não.Não.Não.Vim aqui apenas pra esfregar um coisa na sua cara querido.-Falou ela alegremente colocando as mãos na cintura.

-Posso saber o que?Ou é algo tão misterioso que nem você sabe.

-Pode saber sim...-Ela tomou um ar apreciando o cheiro do perfume do vampiro antes de dizer.-Você superficial!

Damon ficou ainda mais intrigado.

-O que?

-Você não gostou da Julie apenas por causa da aparência dela.Se fosse uma daquelas garotinhas bonitinhas metidas a Barbie Girl,aposto que elas seriam suas que quisesse.

-Como sempre,você não sabe o que está falando.-Disse Damon.Charlotte ergueu ligeiramente as sobrancelhas.

-Então me diga cinco motivos pra não ter flertado com ela.-Pediu a vampira.Damon ficou em silencio durante um tempo evidentemente pensando no que era possível dizer.

-Primeiro:Ela é chata;Segundo:Ela é sua amiga;Terceiro:Garotas como ela não me interessam;Quarto...

-Espera...-Interrompeu ela sorrindo impressionada.-Percebeu o terceiro item?Como assim ‘garotas como ela’?

-Você sabe...-Falava ele.

-Não não sei Damon,porque não tenta me explicar?-Perguntou ela.

-ESTÁ BEM,PODE ME CHAMAR DE SUPERFICIAL ENTÃO!-Berrou ele.-Mas e você?Porque aquela noite em 1860 quando eu te perguntei se realmente queria casar comigo...

-Por favor,essa conversa de novo não.-Sibilou ela deprimida.

-...me respondeu que sim,e que agradecia ao seu pai por ter escolhido um homem bonito,me deu um beijo?Sabia que não gostava de mim,mas mesmo assim estava tentando se prender em um casamento que era uma grande perda de tempo.-Falou ele dando um passo em direção a ela.Charlotte recuou.

-Eu te dei um beijo porque não significava nada pra mim,muitas garotas faziam isso e ainda fazem.-Sua voz tremeu enquanto Damon se aproximava mais.Eles estavam consideravelmente longe mas agora parecia que essa distancia diminua mesmo com Charlotte recuando dois passos a cada um que Damon dava.

-Mas porque chorou quando me viu com outra mulher?-Perguntou ele.

-Qual mulher não faria isso?Meu noivo é encontrado na cama com outra pessoa,achava que eu iria abrir uma garrafa de vinho e festejar?-rosnou ela.-E pra provar que nosso amor não significava nada mesmo com um beijo diário,posso repetir isso se quiser.

Ela tomada por um forte impulso se adiantou e puxou Damon pelo pescoço,lhe tacando um beijo na boca.As mãos dele se ajeitaram na cintura dela e de vez em quando percorria seu corpo sensual.Ela puxava o cabelo dele e empurrava a cabeça do vampiro para mais de encontro com a sua.

Damon a pegou pelas pernas e as colocou envolta de sua cintura,voltando a prensar a garota contra a parede.Os beijos ardentes dele desciam pelo rosto de Charlotte e iam até seu pescoço descendo e subindo deixando a vampira louca.Sentiu Damon rasgar sua blusa nas costas,parecia que o barulho de tecido de rompendo a despertou.Os beijos dela foram parando lentamente e ela saiu do abraço que Damon a prendia.

Sem fôlego ela passou a mão pelos cabelos.

-Eu tenho que ir Damon.-Ofegou ela confusa enquanto saia pela porta da mansão.Não entendia como aquilo havia acontecido,mas realmente aqueles beijos significaram alguma coisa.