Uma Prova de Amor escrita por Lauren Reynolds, Jéh Paixão


Capítulo 4
Capítulo 2 - O filho do médico




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Capítulo 02 – O filho do médico.

No dia seguinte às seis e meia da manhã Bella já estava em pé. Levantou-se, tomou banho, comeu seu café da manhã e, às sete em ponto, saiu de casa. Alice ainda dormia, acordaria mais ou menos as oito e meia. Quando viu o ônibus próximo ao ponto, correu e esticou um dos braços para fazer sinal. Com a outra mão, segurava a bolsa, tentando se manter em pé.

Não foi tão difícil. Ela pensou, sorrindo. Cerca de vinte minutos depois, já estava no ponto próximo ao hospital. Desceu, dirigiu-se a recepção e percebeu que Carlisle já estava por lá.

- Bom dia, Bella. – Ele disse sorrindo.

- Bom dia, Dr. Cullen. – Ela cumprimentou-o, formalmente.

- Muito bem, espero que esteja disposta a trabalhar, Bella, porque vou dar a você a oportunidade de acompanhar alguns casos. – Carlisle disse, entregando-lhe uma agenda e alguns papéis. – No momento precisamos ir até a oncopediatria. Temos alguns casos para avaliar. As crianças vão gostar de você.

- Obrigada dr. Não ligo de trabalhar. Eu gosto assim. – ela assentiu e colocou o jaleco branco do hospital.

Os dois desceram para o andar abaixo de onde a ala adulta de oncologia ficava. Mais a frente ficava a oncopediatria, onde crianças que tinham algum tipo de câncer eram tratadas. No geral, a primeira parte do dia de Isabella fora boa. Acompanhou de perto cada caso, conquistou a confiança de cada criança e a simpatia dos pacientes mais velhos.

Quando Carlisle a dispensou para o horário de almoço, exatamente ao meio dia, Bella dirigiu-se ao penúltimo andar do prédio, onde ficava o restaurante. Depois de pegar sua bandeja e seguir para o salão, ficou observando em que mesa se sentaria, até que avistou uma vazia. Logo que se sentou, alguém se aproximou, chamando sua atenção.

- Oi, será que posso me sentar aqui?

- Claro. Sou Isabella Swan. Prazer. – Bella disse.

- Meu nome é Ângela Weber, da ala de cardiologia. – Ângela, uma moça de cabelos lisos, que escorriam pelas costas, respondeu. Ela usava óculos estilo gatinho e tinha um franjão jogado para o lado do rosto.

- Ah, eu sou da ala de oncologia. Secretária do Dr. Cullen.

- Oh, esse sim é um bom médico. Bonito também. – Ângela dizia. – Tem sorte de tê-lo como chefe. Alguns daqui não gostam de novatas e ele é um dos únicos que parece aceitar.

- Isso é bom. Porque eu precisava mesmo de um emprego na minha área.

- Ah, secretária, estagiária também.

- Bem, é. – Bella riu.

- Bella, foi bom conversar com você. Nos topamos por ai, mas preciso ir. Acabaram de me bipar. – Ângela falou, enquanto se levantava e ia em direção à saída.

Logo após seu almoço, Bella voltou ao trabalho. Acompanhou mais alguns casos do Dr. Cullen e organizou os relatórios que ele teria que fazer ao final do dia. Quando deu em torno de seis horas da tarde, o médico a liberou e pediu que passasse no escritório de sua esposa, a fim de entregar alguns documentos.

A princípio, Bella ficou apreensiva. O motorista guiou o carro pela avenida e virou à esquerda, em outra, parando enfrente a um grande prédio espelhado.

“Deus, o escritório dela fica aqui?!” Bella pensou ao entrar e olhar ao seu redor.

- Oi, boa tarde. Vim entregar uns documentos para a Sra. Cullen. Ela se encontra?

- Ah, você deve ser a secretária do Dr. Cullen. Deixe comigo, entregarei a ela quando voltar. A Sra. Esme não está neste momento. – A recepcionista disse.

- Oh, tudo bem. Obrigada e boa tarde.

Bella saiu do prédio e voltou ao carro.

(...)

- Edward? – Esme disse ao chegar em casa.

- Ele saiu, Dona Esme. Junto com aquele menino moreno. – a empregada falou.

- Emmett. Oh Deus, o que farei com o Edward? – Ela perguntou para si mesma. – Obrigada Lena. Mande que sirvam o jantar às oito horas.

- Tudo bem.

Esme deixou sua pasta e a papelada que carregava em uma das mesas que havia no escritório da casa. Subiu as escadas, parando para observar cada porta retrato que havia na parede do corredor. Havia dois garotos em um deles, um mais alto e outro mais baixo, mais jovem. Ela derrubou algumas lágrimas e continuou seu caminho.

Mais tarde Carlisle chegou, eles sentaram-se a mesa para jantar, sem a presença do filho.

- Edward saiu com Emmett. – Esme sibilou.

- Sim, sei disso. Preciso tomar uma atitude, as ações de Edward já estão ficando fora de limites. – Carlisle concordou.

- Recebi o seu pacote. Foi a secretária que o entregou?

- Oh, sim. Ela é excelente, querida, precisa ver como trabalha. Chama-se Isabella Swan, estagiária. – Carlisle contou. – Não consigo pensar em pessoa melhor para o trabalho.

- Ela também vai ter acesso a casa? A última você sabe muito bem no que deu. – ela respondeu, logo depois de tomar um gole do vinho branco, que acompanhava o peixe grelhado.

- Só quando eu achar que ela merece. Mas não é por isso que não vou depositar minha confiança nela, Esme. Essa menina é especial, tenho certeza.

- Então vamos confiar no seu sexto sentido. Marcaremos um dia, um almoço, para conhecê-la. – A esposa sorriu e continuou sua refeição.

(...)

Numa avenida badalada da cidade de Londres havia uma boate. Sua fachada era vermelha e preta, com pequenos detalhes em branco, para destacar. Cook era o nome. Também havia uma fila, relativamente grande, onde as pessoas esperavam para poder entrar.

Um carro estacionou bem a frente da entrada onde dois seguranças guardavam a porta e verificavam os ingressos e identidades de cada pessoa. Do carro saiu Edward, Jasper e Emmett, que passaram diretamente a entrada vip, parando apenas para pegar um cartão de consumo.

Quando entraram, a batida soava forte, mas era apenas a introdução antes do DJ começar seu show. As luzes deixavam o ambiente aconchegante, propício para um jantar ou um programa em casal. Os três amigos sentaram no bar e pediram alguns petiscos para iniciar a noite. Mas junto, pediram também, uma rodada de algum drink especial da casa.

- Vamos, Ed! É nossa vez! – Emmett disse depois que comeram, quando as luzes começaram a piscar, anunciando o DJ.

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O som parecia ecoar, bater nos pulmões de cada um e voltar para o espaço. O ritmo era contagiante e todos ali já entravam no ritmo da dança. Alguns tinham as mãos erguidas, outros balançavam os quadris. Emmett e Edward partiam para o ataque.

Emmett, alto, cabelos escuros e pele branca, olhos castanhos. Tinha o biotipo de jogador, beleza de um deus. Personalidade de um baladeiro de plantão. Ele conhecera Edward quando ainda estavam na escola, estavam no final do ensino fundamental, oitava série, se não me falha a memória. Apesar de bonito, Emmett se metia em problemas com certa constância. Sua ficha na polícia não era tão suja porque seus pais tinham dinheiro e podiam torná-la limpa, porém sempre estava metido em brigas ou bêbado.

De Jasper pode-se dizer que era o mais normal, ou certo, dentre os três. Ele era loiro, de cabelos ondulados até a altura das orelhas, olhos esverdeados e alto. Tinha o tipo de quem serviria o exército britânico. Sua personalidade era tão calma como seu jeito de agir. Ele nunca se precipitava e gostava de pensar antes de fazer qualquer coisa, ao contrário dos outros dois, que agiam – quase que – por impulso. Jasper Hale conhecera Emmett McCarty e Edward no começo do ensino médio e, desde então, tem se tornado amigo da dupla popular do colégio. Jasper era o único que fazia faculdade.

Edward Cullen, olhos esverdeados, cabelos cor de cobre, famoso entre as garotas. Não estudava – ele trancara a faculdade no ano anterior, depois de bombar no último semestre - e sequer trabalhava. Vivia em todos os tipos de baladas em Londres e estava sempre fora de casa. Era reservado – quase que ao extremo. Não tinha uma boa relação com os pais há vários anos, desde que seu irmão morrera. Quando conheceu Emmett, juntou-se a ele e, várias vezes, meteu-se em confusão por causa de bebidas e brigas de rua.

Naquela noite, embora ele parecesse feliz e estar aproveitando, em seu âmago havia tristeza. Era uma tristeza tão profunda que, dificilmente seria curada por uma simples terapia ou por qualquer outro profissional. Edward perdera o irmão mais velho, seu melhor amigo, quando tinha dezoito anos de idade. Josh era seu espelho, seu ídolo e, depois disso, ele perdeu seu rumo.

(...)

“Dr. Cullen? Sou eu Jasper. Bom dia.”

- Jasper? O que houve? Aconteceu algo com Edward? – Carlisle perguntou ao telefone, quando estava saindo de casa. Ele parou em frente à porta e Esme vinha ao seu encontro.

“Bem, sim. Ele está aqui no ambulatório da delegacia. Foi pego dirigindo bêbado, junto com Emmett.” O amigo dos dois respondera, percebendo que o tom de voz do médico mudara instantaneamente.

- Já estou indo, Jasper. Obrigada. – O médico desligou e suspirou. – Estou indo para a delegacia buscar Edward.

- Vou cancelar as duas visitas que tenho hoje e ficarei por aqui. – Esme suspirou já sabendo o que viria. – Vamos dar um basta nisso, Carlisle. Edward vai acabar morrendo se continuar assim...

- Eu sei disso. Tomaremos uma atitude drástica. – Ele disse antes de entrar no carro.

O motorista seguiu para a delegacia que ele já bem conhecia. Quando o médico chegou, o policial perguntou sobre a queixa e a multa, e Carlisle, para começar a driblar as atitudes insanas que o filho tomava, pediu que a partir de agora, seu filho teria tudo anotado na ficha e perderia pontos na carteira.

Edward estava emburrado, com olheiras e o cabelo desgrenhado, quando entrou na Mercedes. Durante o caminho de casa, nem ele e nem seu pai, disseram nada. O filho sabia que levaria um sermão, porém, ele sabia, também, que depois tudo passaria e ele poderia voltar a sua rotina de sempre. Pelo menos... Ele pensava assim. Já Carlisle pensava sobre o que faria a respeito do filho; interná-lo em algum colégio interno já não era mais possível; faculdade, também não sabia se isso ajudaria; a única coisa lhe vinha à cabeça era o trabalho, afinal, seu pai – o avô de Edward – sempre o fizera trabalhar duro para conseguir as coisas, talvez isso ajudasse.

Quando chegaram em casa, Esme já tinha à mesa um café forte. Edward foi obrigado a tomar o café, tudo a base de resmungos e olhares feios por parte da mãe e do pai, ele nunca tinha visto seus pais com aquela expressão. Depois que tomou o café preto, subiu para seu quarto, onde Carlisle o fez entrar de baixo de um chuveiro quase frio. De início foi um baque, mas logo depois a sanidade foi voltando e, como conseqüência, a ressaca veio.

- Durma. E levante ao meio dia. Almoçará com sua mãe e vocês terão uma conversa séria. – Carlisle disse-lhe. – Quando eu voltar do hospital, nós dois teremos uma conversa e eu não quero saber de você saindo desta casa hoje, Edward Cullen.

- Que seja. – Ele murmurou em resposta. – Boa noite.

(...)

-... Então, ele ainda não chegou. Acho que deve estar quase chegando, eu não sei. – Bella falou. – Já adiantei alguns papéis e organizei os relatórios para que ele leve a diretoria...

“Oh, eu nunca ouvi falar sobre o filho dele. Também, não tenho porque, eu não saio para saber das coisas.” Alice murmurou. “Mas deve ter sido algo grave, suponho.”

- Não sei. Oh. Ele chegou. Vou desligar e mais tarde nos falamos. Até, Allie. – Bella desligou o celular quando o Dr. Cullen entrou no escritório. Ele tinha uma aparência cansada. – Bom dia Dr. Cullen.

- Bom dia, Bella. Desculpe o atraso. Edward me tirou do sério hoje. – Ele respondeu.

- Hum... Espero que não tenha acontecido nada grave com ele. – Ela falou, pensando que estivesse falando do filho de quinze ou dezesseis anos do médico.

- Não se preocupe, não foi nada grave. Problemas comuns da vida de um jovem. – Ele riu um pouco. O médico sentou-se em sua poltrona e passou as mãos pesadamente pelos fios louros. – Por favor, vá fazer o acompanhamento da ala infantil agora pela manhã. Eu vou aproveitar e enviar esses relatórios para a direção.

- Ok, vou para a ala infantil, então. – ela disse antes de sair.

Carlisle continuou em seu escritório digitando algumas de suas anotações e fazendo backup de alguns prontuários. Ao passo que ele queria dividir sua atenção para todo o seu trabalho no hospital, ainda mais sendo um dos diretores; Carlisle também queria achar uma solução para a rebeldia de Edward, e isso estava quase que corroendo-o por dentro. Ver seu único filho indo para o mau caminho e acabando com sua vida aos poucos, não era certo, não era o que um pai deveria ver e, principalmente, não era um que um pai deveria deixar acontecer. E ele não faria.

No mesmo andar, Bella andava com uma certa confiança e, diga-se de passagem, alegria, pelo corredor da ala infantil de oncologia. Ela entrou em alguns quartos, anotou algumas melhoras nos quadros de algumas crianças e, infelizmente, uma piora no quadro de outras. Algumas mães e pais, e parentes também, estavam lá quando ela entrou.

-... Vamos ver o que temos aqui, Mandie. – Bella disse sorrindo, para a menininha sem cabelos e de olhos verdes.

- Oh, bom dia, Dra. – A mãe de Mandie disse, logo após entrar no quarto com uma garrafa de água.

- Bom dia. O Dr. Cullen precisou se ausentar nesta manhã e deixou-me a cargo da ala infantil hoje. Espero que não se importe. – Bella sibilou, olhando de relance para a menininha.

- Alguma mudança? – A mãe de Mandie perguntou.

- Vejamos... Creio que seria melhor se o Dr. Cullen estivesse aqui, mas acredito que a doença regrediu bastante. – Bella falou. – Logo ela poderá iniciar outra parte do tratamento.

- Isso é muito bom de ouvir Dra. ...

- Bella Swan.

- Isso é muito bom de ouvir Dra. Bella. Alegrou meu dia. – A mãe sorriu.

- Fico feliz. Vou pedir para o Dr. Cullen que dê uma passada aqui mais tarde, tudo bem?

Bella deixou a ala e voltou ao escritório. Carlisle estava arquivando alguns papéis quando a secretária entrou. Os dois trocaram algumas palavras e tornaram a rever alguns casos. Logo que o horário de almoço chegou, Bella foi para o restaurante, onde encontrou Ângela, que a cada dia que passava, tornava-se mais confidente de Bella naquele hospital, porque assim como Bella, Ângela não tinha amigos naquele lugar.

Durante todo dia, Isabella acompanhara Carlisle nos casos, recebendo muitos elogios por parte dos pacientes e por parte do médico, algo que ela não esperava receber tão cedo. Ao final do dia, surgiu, inesperadamente, uma cirurgia, da qual Carlisle seria o cirurgião chefe e Bella, como sendo secretária – e formada na profissão – deveria acompanhar.

O caso foi que um dos pacientes que tinha sido submetido a uma tomografia, tivera de ser operado com urgência, pois um pequeno aglomerado de celular na região inferior do cérebro havia aumentado de tamanho. Não era uma cirurgia de todo complicada e nem tão arriscada, mas ainda sim, todo cuidado era pouco; e Bella estava apreensiva. Operar animais mortos e cadáveres de indigentes na faculdade não era a mesma coisa que operar um adulto na vida real.

Assim que saiu da sala de cirurgia as sete e meia, o Dr. Cullen dispensou sua secretária, tomou uma ducha no vestiário e foi para casa, onde problemas pessoais lhe esperavam.

- Nossa como você chega tarde! E ai, como foi hoje? – Alice perguntava com uma animação absurda, assim que Bella pôs os pés para dentro da quitinete.

- Minha primeira cirurgia. Estou zonza. Preciso de açúcar. – Ela disse baixo, com a pele mais branca que o normal.

- Oh deus, você está pálida. Talvez tenha desacostumado com todo aquele sangue. – Alice disse baixo. – Coma isso. É um bombom trufado. Mas e então, soube alguma coisa do tal filho do médico?

- Não. Só que ele deve ser alguém difícil. A Sra. Esme, esposa do Dr. Cullen teve de ficar em casa por causa dele hoje. – Bella deu de ombros. – Não sei o que pensar. Não o conheço.

- Tem razão. Venha, vamos jantar. Você deve estar com fome. Pedi comida chinesa hoje.

--

Esme

Assim que Carlisle saiu para trabalhar às nove horas da manhã, um dos poucos dias que meu marido se atrasou, fui ver como Edward estava. Meu coração dói cada vez que vejo a dor estampada naqueles olhos verdes, cada vez que penso o quão Edward era ligado com o irmão e como ele o considerava um ídolo. Até entendo essa rebeldia, é natural ver um filho mudar depois que o irmão morre, ainda mais um irmão que tinha uma relação tão boa quanto Edward e Josh tinham. Mas não é saudável eu ver o meu filho definhar.

Abri a porta do quarto e vi que ele já estava deitado. Voltei a cozinha e pedi a Lena, a governanta, que mandasse preparar para o almoço algo leve e nutritivo. E, pedi também, que ele não deveria ter permissão para deixar a casa e em usar o carro ou a moto.

Instantes depois, subi ao escritório. Sentei-me em uma das duas mesas, abri meu notebook e mandei um recado para a empresa, avisando que eu não poderia ir trabalhar hoje e avisaria caso não pudesse ir amanhã também.

Minha empresa era uma agência de decoração de interiores e design de ambientes, e eu era a principal designer de lá. A muito custo, e durante alguns meses, contratei excelentes decoradores e arquitetos para que trabalhassem para mim. Pelo menos assim, eu podia em dar ao luxo de ter o tempo que eu precisava para minha família. Porém, desde que meu filho mais velho, Josh Cullen de vinte e três anos morrera, as coisas não foram mais as mesmas.

Eu havia me fechado para o mundo e precisei ficar vários meses em terapia. Carlisle sempre fora o mais sensato e o mais carinhoso, e sempre me apoiou quando eu mais precisei. Porém, quem mais sofria com a morte de Josh era Edward, que considerava o irmão um ídolo e pretendia entrar num curso de direito, ele tinha tudo para ser como o irmão, mas isso se esvaiu completamente. Hoje em dia, cinco anos depois, Edward é fechado. Fala apenas o que é extremamente necessário e só tem uma relação decente com Jasper Hale e Emmett McCarty, seus dois melhores amigos. Desde então, ele tem se fechado para o mundo e se tornado o extremo oposto daquilo que era.

Meu filho havia entrado na fase rebelde. Ele entrou e continuou nela.

Desde então, eu e meu marido temos nos esforçado para fazer com que Edward mudasse. Tentamos deixar como está, tentamos colocá-lo na faculdade, mas nada o trazia de volta. Eu me sentia cada vez mais distante dele.

Fiquei boa parte da manhã no escritório, resolvendo as pendências via internet, para a agência. Vez ou outra eu subia até o quarto do meu filho para vê-lo, ele continuava dormindo.

Quando eram em torno de onze horas, pedi para Lena, nossa governanta, que não preparassem o almoço. Eu iria cozinhar. Subi ao meu quarto e troquei as sapatilhas por um chinelo confortável, logo em seguida passei no quarto de Edward e percebi que ele já havia levantado.

Voltei à cozinha.

- Quer ajuda com alguma coisa, Dona Esme? – Uma das cozinheiras perguntou.

- Me ajude lavando esses legumes e descascando. – Eu disse-lhe, apontando o recipiente com as cenouras, vagens, batatas e abobrinhas. Ao passo que eu temperava os filés de frango e fazia um pouco de arroz branco.

Assim que a cozinheira descascou os legumes, fui cortando-os em rodelas e formatos arredondados. Em seguida coloquei-os para dar uma pré-cozida, enquanto grelhava os filés. Lena já arrumava a mesa da cozinha, uma mesa redonda, de tampo de vidro e pés brancos. Eu faria tudo diferente.

- Obrigado, Maria. Eu termino aqui. Pode ir almoçar. – Eu disse a cozinheira. Em seguida, dispensei Lena e os outros empregados que estavam por ali.

- Você está cozinhando? – A voz de Edward soou. – O cheiro está bom.

- Eu cozinho, aliás, sempre cozinhei muito bem. – Eu disse presunçosa. Simplesmente dar broncas em Edward já não funcionava mais. Se eu o conhecia, precisava de uma outra forma de atingi-lo.

- Quer ajuda?

- Tire aqueles legumes da água quente, coloque-os no escorredor e jogue água fria por cima. – Falei.

- Para quê a água fria? – Ele perguntou, ainda mantendo o tom de voz seco.

- Parar o cozimento. Muito bem, - falei. – pegue um refratário para colocar os filés grelhados enquanto coloco esses legumes na manteiga.

Edward andou calmamente até o armário e pegou uma travessa de vidro, depois colocou os filés e levou à mesa. Fez a mesma coisa com o arroz. Eu terminei de saltear os legumes na manteiga e coloquei-os em outro refratário, só que menor. Ao passo que meu filho tirava uma jarra de suco de frutas vermelhas da geladeira.

- Então... Isso tudo é só para amenizar o clima antes do sermão? – Ele encarou-me.

- Não. É para amenizar o clima entre nós. – Respondi. – Querido, ficarmos brigando só nos vai fazer mal. Não vou mais dar broncas em você, mas também eu e seu pai não vamos deixar que você se destrua sozinho.

Ele estava quieto.

- Você escolherá entre trabalhar comigo ou com seu pai. Ou, se quiser, poderá escolher outro lugar para trabalhar, mas que fique claro, você terá que trabalhar. – Enfatizei. – Não serei mais uma mãe perdendo o filho para as bebidas e, quem sabe, drogas. Ou você pretende chegar aos vinte e sete anos e ser encontrado morto em seu quarto?

- Não. – Ele sibilou.

- Então comece a entender isso. – Murmurei. – De agora em diante, além de trabalhar, irá estudar. Vai à faculdade amanhã mesmo, eu vou lhe acompanhar, e nós reabriremos sua matrícula. Terá de se esforçar para acompanhar os alunos e voltar ao terceiro ano. Mais um detalhe: seus cartões de crédito estão bloqueados. Com exceção de um, onde receberá uma mesada e, onde seu salário será depositado.

- Como é que é? Vou receber salário? Mesada? Sou criança ou o quê? – ele disse irritado.

- Não é criança, mas parece! – Exclamei. – Não adianta Edward, vai ser assim e ponto final. Você aprenderá a dar valor a vida de um jeito ou de outro. – Falei um pouco mais suave. – Josh não gostaria de vê-lo assim.

- Josh não está mais aqui. – Ele disse baixo.

- Não está, mas você está. Você terá seu carro ainda. Se fizer por merecer, nós iremos lhe devolvendo sua liberdade.

Assim que terminamos o almoço, ele me ajudou com a louça e saiu. Trancou-se em seu quarto e ficou por lá por boa parte do dia. Saiu apenas para dar uma volta pela casa e ir pro jardim. Edward sabia que a conversa com Carlisle seria bem mais difícil do que a minha com ele.


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