- Quem é aquela garota? – Bon apertou os olhos, observando uma garota aparentemente gótica se sentar na última carteira vaga no fim da sala.

- Não sei... – Rin abriu a boca se interessando pela garota. – Se bem, que ela é bem bonita.

- Nem é. – Izumo retrucou, parecia estar enciumada, e quando percebeu isso, suas bochechas começaram a arder.

- Pior que é linda. – Shima se empolgou e seus olhos brilhavam.

- O que há de errado com ela? – Bon observou as roupas pretas que a bela moça usava.

- Ela parece não ter nada de errado. – Shiemi a defendeu.

- NÃO FALE BESTEIRAS! – Bon gritou apontando severamente para a loirinha que agora quase chorava.

- Vão para os seu lugares por favor. – Yukio adentrou a sala, fazendo que todos se calassem. – Hoje vocês farão uma prova.

- O QUE? MAS... MAS... VOCÊ NÃO ME AVISOU! – Rin gritou tendo mais um de seus ataques histéricos.

- Droga... – Bon bufou.

- Ah. Esqueci-me de apresentar à vocês a Tanaka Midori. Ela tem a mesma idade que vocês. – Yukio sorriu simpaticamente para a garota de cabelos roxos que segurava uma bíblia e lia tranquilamente.

- Midori? – Rin coçou atrás da cabeça tentando lembrar se a conhecia; o nome lhe era familiar.

- Sinta-se em casa Tanaka Midori. – Yukio a saudou.

- Obrigada. – Ela sussurrou tímida, porém nem ligando para o que ele dissera.

- Bem... Como eu ia dizendo... As provas começarão agora. – Yukio retirou de dentro de sua pasta escura várias folhas de papeis.

- PODE MANDAR! DESSA VEZ VOU TIRAR UMA NOTA BOA! – Rin gritou prendendo a franja que atrapalhava a sua visão com uma presilha e batendo na mesa.

- Claro, claro. – Bon tirou sarro da situação.

- Seu... – Rin se enfureceu e o encarou com ódio nos olhos. Teve que se controlar ao máximo para que suas chamas azuis não aparecessem de novo, se não seria um problema.

- Já chega nii-san. – Yukio falou calmo entregando as folhas para todos.

            Bon deu uma olhada na prova que o sensei havia acabado de entregar e sentiu seu estômago revirar; estava muito mais difícil do que o normal.

- Tem certeza que conseguirá fazer a prova Tanaka Midori? – Yukio pareceu preocupado com a garota de preto.

- Sim... – Ela falou distraída nem olhando para Yukio; não tirava os olhos da sua bíblia de capa escura que segurava com a mão direita.

            O professor acabou de entregar as provas, se sentou em sua mesa, lendo alguns livros tranquilamente enquanto todos – ou quase todos, quase queimavam seus cérebros tentando fazer a tal da prova.

            Porém, Midori continuava lendo a sua bíblia nem ligando para a prova a sua frente.

            Algumas longas horas se passaram, e Midori continuava ali. Olhou calmamente em seu relógio de pulso conferindo as horas; faltavam menos de quinze minutos para a aula se encerrar. Ela apenas largou a bíblia e começou a responder a prova. Em cinco minutos havia acabado e continuava a ler a bíblia.

- Tanaka Midori, já terminou? – Yukio arregalou os olhos assustado.

- Sim. – Ela falou baixinho nem prestando atenção no que ele falara.

            Todos a encararam com os olhos arregalados e assustados.

Como uma garota que nunca havia assistido uma aula se quer, conseguiu fazer isso que o Okumura sensei chama de prova, em cinco minutos. – Bon pensou quase rasgando a prova de tanta raiva.

- Ela deve ser uma demônia. – Rin sussurrou nervoso.

- O único demônio que está presente aqui é você Rin. – Yukio riu brincando com seu irmão.

- CALA A BOCA SEU QUATRO OLHOS! – Rin gritou dando um soco na mesa e se levantando furioso.

            A sala inteira caiu na gargalhada.

- O tempo acabou, podem ir entregando as provas. – Yukio fechou seus livros ajustando os seus óculos.

            Todos se levantaram com a cabeça tonta de tanto pensar. Entregaram as provas e saíram em direção à saída.

            Midori foi a última a entregar a prova, porém não parou por segundo nenhum de ler a sua bíblia.

- Tanaka Midori? – Yukio a chamou quando já estava saindo.

- Hai. – Ela falou baixinho; sua voz era fraca.

- Mephisto Pheles me falou o porquê de você estar aqui. – Yukio guardou os livros um pouco nervoso; suava frio. – Tem certeza que quer matar o filho de Satã?

- Nasci para isso. Satã matou minha família. Não vou deixar isso barato. – Midori não tirou os olhos das letras miúdas da bíblia.

- Entendo... – Yukio pegou sua pasta e se retirou da sala juntamente com Midori.

            Ele andava nervosamente ao lado da garota “gótica”, havia algo nela que o deixava mal, que o deixava com raiva, porém o deixava cada vez mais interessado por ela.

- Você está me seguindo por acaso? – Midori, pela primeira vez tirou os olhos da bíblia, e enfurecida bateu seu olhar no do Yukio que parou hipnotizado pelos olhos lindos e vibrantes de Midori; olhos verdes, pareciam duas esmeraldas.

- N-n-não. – Gaguejou hipnotizado pelos olhos da garota.

            Seu coração pulava dentro do peito.

            O que está acontecendo comigo? – Pensou sentindo sua respiração se acelerar e o coração quase sair pela boca.

- Idiota. – Sussurrou andando mais rápido a fim de deixa-lo para trás.

- Espera! - Ele correu até ela, parecia ter se apaixonado pela garota.

Desastradamente tropeçou em algo, caindo sem querer em cima dela, que se virara para atender o chamado dele. Os óculos de Yukio voaram para o outro lado do corredor, e a bíblia que Midori lia, simplesmente voou, mas ela foi mais rápida e conseguiu pegá-la à cinco centímetros do chão.

Seus rostos estavam próximos demais. Yukio ficou muito corado, seu rosto ardia. Desejava beija-la; nunca sentira esse desejo, havia algo de errado com ele, só podia. Sempre fora tão sério, que esse comportamento fora de si, era inaceitável.

Midori encarou por alguns segundos os olhos azuis de Yukio, e analisou em tom de deboche, as pintas do seu rosto.

- Dá pra sair de cima de mim, por favor? – Ela falou rindo.

- H-hai! – Ele rapidamente se levantou e correu até seus óculos, mas não os encontrara, alguém fora mais rápido que ele, e pegara os óculos primeiro.

- É isso que estas procurando? – Ela segurou entre os dedos, indicador e meio, os óculos que estavam – por incrível que pareça, intactos.

            Ele ficou paralisado; Como ela conseguira ser bem mais rápida que ele?

            Pegou os óculos e os colocou ajeitando o grande sobretudo que estava desajeitado.

- Me desculpe por te feito aquilo. Foi sem querer. – Ele coçou a cabeça atrás pegando a sua pasta que descansava no chão.

- Tanto faz. – Ela retrucou seguindo o seu caminho.

- É sério. Eu pago um lanche para você hoje à noite, tudo bem? – Ele corou percebendo que se ela aceitasse iria ser praticamente um encontro.

- Não. – Ela voltou os olhos para a bíblia.

            Yukio se lamentou.

- Oh Okumura Yukio! Estava lhe procurando! – Mephisto Pheles apareceu do nada, puxando Yukio pelo braço.

- Hai Mephisto Pheles. – Yukio andou por conta própria agora.

- Precisamos conversar... – Mephisto abriu a porta de sua sala e o deixou entrar. – Algo muito importante.

            Era raro ver Mephisto tão sério quanto estava.