O lugar cheirava a uma mistura de mofo, fumaça e incenso. Enquanto a garota tossia incontrolavelmente fitava fixamente o lugar. Uma viga se erguia no lado esquerdo da sala e uma mexa de forro colorido se mantinha ao lado de algumas almofadas empoeiradas.

Katie estava em uma cartomante.

Uma porta se abriu a forçando a se levantar, a luz bruxuleante piscava a impedindo de ver quem entrava.

-Madame Yolanda?

A sombra se aproximou e segurou a mão pequena de Katie.

-Ela não pode atendê-la no momento – disse uma voz fina – mas não se preocupe, eu revelarei seu futuro.

No segundo seguinte estava sendo guiada para uma sala escura, sentou-se na cadeira estofada com um terrível veludo vermelho. Fitou o homem, este usava um turbante roxo, uma roupa que mais parecia um lençol, o rosto estava pintado com desenhos místicos e usava pequenos óculos meia-lua.

Katie tinha certeza que conhecia aquele homem de algum lugar.

-Castas, mão ou bola de cristal?

Perguntou o homem, que Katie mal conseguia distinguir se era realmente um homem ou uma mulher.

-Er...

-Cartas – Afirmou o cartomante pegando um baralho de cartas de uma gaveta velha – Então minha querida, qual a sua pergunta? Sobre um rapaz, hum?

Katie corou e olhou para o chão, a voz era claramente de falsete e a garota se sentia como se falasse com algum de seus amigos.

-Sim, é sobre um rapaz.

-Por favor, tire três cartas.

Katie levou suas mãos até as cartas, tirando três e entregando ao homem. Ele acendeu mais outro incenso – de cheiro horrível, ela deve acrescentar – e pegou as cartas.

-Interessante, a cigana, parece que um homem ideal está em sua vida.

Katie levantou uma sobrancelha.

-Ideal?

-Oh sim, as cartas nunca mentem. Deixe me ver a outra carta – O cartomante pegou a outra carta e soltou um sorriso – Mocinha, pelo visto você está com muita sorte no amor. A carta do coração.

-O que significa?

-Você vivera uma grande paixão em breve.

Katie riu achando aquilo impossível e cruzando os braços.

-Você tem certeza? Um homem ideal e grande paixão não me parecem muito indicados para mim.

-Não diga isso, você é uma mocinha muito bonita, deve ter alguém que goste de você.

O homem apontou para ela enquanto Katie corava.

-Er...

-Sim, tem. Qual é o nome dele?

Ele se adiantou. Katie tinha uma resposta, mais não sabia se era certo contar para um desconhecido. Ela agradeceu aos céus por estar escuro, assim o cartomante não viria o quão vermelha ela ficou só em pensar no garoto. Ela queria suspirar.

O que ela não fez, lógico, porque não era louca.

Pelo menos era o que Katie pensava.

Certo. A verdade é que ela não o fez, porque – francamente – se ela o fizesse ficaria na cara que estava sendo – ridiculamente, estupidamente e pateticamente – afetada Travis Stoll.

E... Bem, isso não é algo normal.

Ou saudável. Definitivamente não é saudável se apaixonar por Travis.

Ela gemeu.

-Travis, Travis Stoll.

-Soa bem. Você gosta dele? – Katie continuou calada - Ah, você não tem coragem de admitir.

Katie esfregou as bochechas e exclamou com raiva.

-Ele é um idiota, faz brincadeiras estúpidas e tem um irmão imaturo.

O homem fez uma careta parecendo obviamente incomodado.

-O irmão dele não deve ser tão ruim assim, tenho certeza que deve ser muito bonito - Katie levantou uma sobrancelha, o que Hades estava acontecendo com aquele homem? - Ele é igual ao irmão e você parece ter bom gosto.

Respondeu o cartomante ao olhar interrogativo da garota.

-Como você sabe que Connor é igual a Travis?

Ele pareceu encabulado e levou sua mão até a outra carta.

-Er... Intuição – Soltou um sorriso falso - Bem, vamos ver a outra carta?

-Ok.

A garota deu de ombros e escutou com atenção.

-A torre, isso quer disser que as respostas que você procura estão dentro de você mesma.

-Isso é tudo?

Ela perguntou se levantando e abrindo a bolsa.

-Fim da seção, cinqüenta pratas.

Katie arregalou os olhos, aquilo valia mais do que todo o dinheiro que ganhava plantando morangos durantes anos.

-Mas no planfeto dizia que a seção era vinte dólores.

-Taxa extra. O comercio místico anda em baixa sabia?

Katie revirou os olhos e jogou cinqüenta dólores no homem saindo do lugar.

-Eu não volto mais nunca nessa espelunca.

O homem sorriu tirando a toga, Katie já havia saído. Outro homem saiu de trás das cortinas com um sorriso bobo.

-Num te falei? Katie caiu no papo.

Disse o primeiro, tirando a maquiagem.

-Ela não disse que gosta de mim Connor.

-É claro que ela gosta! Você não viu os olhinhos dela brilhando, não?

Travis levantou uma sobrancelha cruzando os braços.

-Os olhinhos dela brilhando? Cara Connor, eu não sabia que você era gay.

-Idiota – Connor revirou os olhos - Vamos lá, cinqüenta pratas.

Ele pediu mostrando a mão para Travis.

-Desculpa Connor, dessa vez vou ficar te devendo.

Disse Travis saindo do lugar a passos rápidos.

-O que? Espera ai seu traidor! – Connor correu atrás dele, mas quando viu suas roupas parou - Maldição.

É, a sorte estava lançada.