- Não tenho mais nada a ver com você. – eu me virei, encarando Braddy. – eu já deixei isso claro. Não precisa mais vir atrás de mim.

Ele gargalhou, e me olhou com desprezo. Ele não queria uma explicação, queria se vingar porque tinha sido rejeitado.

- Você acha mesmo que eu ainda te quero? Faça me o favor. Eu acho uma vadia igual a você em qualquer canto da escola. – suas palavras me atingiram em cheio, agressivas, enquanto ele chegava cada vez mais perto. Afinal, o que eu pensei que encontraria em um parque as 22:30 da noite?

Comecei a me afastar, quando tudo aconteceu rápido demais e Braddy me agarrou pelo punho, quase torcendo ele. Eu queria gritar, mas logo pensei que Justin iria aparecer e iria causar mais confusão com ele.

- Por favor, me solta. – eu queria implorar. Aquilo doía demais.

- Agora ouve, vadiazinha... Você, fica longe dele. Sabe de quem eu to falando. Se eu ver uma vez só vocês juntos, igual a um casalzinho feliz... – ele riu, óbviamente sendo irônico. – eu vou perseguir você e seus amiguinhos para sempre. E não to falando só de perseguir, mais estragar totalmente a sua vida. – ele apertou mais o meu punho, o que me fez começar a chorar. Quando eu ameacei gritar, ele tampou minha boca, fazendo com que eu pensasse em toda a confusão que ele tinha armado. E então ele me soltou, como se nada tivesse acontecido, e foi embora, me deixando confusa e totalmente assustada. Sem condição nenhuma de voltar para onde a família de Justin estava, fui correndo pela rua, indo diretamente para a casa, onde eu sabia que com certeza meu pai não estava. Abri a casa com minha cópia da chave indo para meu quarto, tranquei a porta e fui diretamente para a cama. Não queria pensar no que havia acabado de acontecer e nem no que estava pra acontecer... Braddy tinha me ameaçado e ameaçado meus amigos se me visse com Biebs... Isso era, no mínimo, perturbador.

Foi quando eu entendi que não conseguia viver sem Justin.

Me perturbava a idéia de parar de vê-lo. Ele era a pessoa que eu podia mais confiar, desde pequena quando eu ainda achava que minha mãe estava “apenas em uma viagem”. Foram anos indo a escola e voltando com ele, dormindo na sua casa e ele dormindo na minha, comendo pipoca e assistindo o jogo ou então vendo ele progredir nas suas performances de violão ou bateria. Eu havia crescido com ele, e agora...

E agora eu estava simplesmente apaixonada por ele.

Porque eu insistia em fingir que eu não estava? Porque eu simplesmente sabia que eu iria estragar tudo, e eu não queria o perder. A ameaça de Braddy era só mais um motivo para eu continuar escondendo.

Mais lágrimas caíam quando eu adormeci, e acordei com o som do despertador vestida em minha cama desarrumada. Eu não queria ir para a escola bem naquele dia, não mesmo, mas era o jeito. Me levantei e me arrumei, sem vontade, enquanto ouvi meu pai conversar no outro quarto. Fui andando devagar até perto, até que tive a idéia de olhar pelo vão aberto da porta.

Uma mulher estava deitada do lado de meu pai, e eles conversavam distraidamente.

- Não sei ainda, querida... – ele dizia, meloso, fazendo carinho em sua cabeça. – não me parece uma boa escolha levar ela para outra escola tão cedo. Sabe como é, ela veio e se apegou com essa cidade.

- Mas para tudo tem uma primeira vez, amor. – sua voz soava manipuladora até demais. – nós viveríamos tão melhor em Boston... E o jantar hoje a noite?

- Ah, sim, tenho certeza que ela vai. Seja boazinha, ok? Pelo menos por uma noite... – não agüentava mais aquela conversa, então me afastei rápido e desci as escadas para ir para a escola. Então eram esses os planos de meu pai, me levar para outra cidade? Eu não conseguia acreditar, e nem conseguia pensar no que fazer.

Cheguei na escola, e logo na entrada estava Justin conversando com seus amigos. Fui para dentro para arrumar minhas coisas, quando senti um braço na minha cintura, e eu levei um susto.

- Ei, porque me abandonou ontem? – ele sussurrou no meu ouvido.

- Já disse pra você não me assustar desse jeito.- eu ri e me virei. – me desculpa, eu recebi uma ligação do meu pai e tive que ir embora. – mordi um lábio. Não era um hábito meu contar mentiras, mas as vezes era necessário. Só por um tempo eu poderia suportar essa história toda, e eu sabia que eu iria acabar desabando.

- Ah, tudo bem. Ei, você não se esqueceu do concurso, não é? Vai estar lá me vendo cantar? – ele soava muito agitado, como sempre. - é amanhã de tarde. Por favor, não vá faltar. 

- É claro que não. Vou estar lá gritando e torcendo por você. Só espere para ver o escândalo que vou armar. Justin deu uma gargalhada e fomos andando para a sala, pois o sinal já tinha batido e nossas aulas eram juntas.

- Bem típico de você... Ei, pode ir em casa depois da aula? Tenho que te mostrar uma coisa. É uma... musica. – ele olhou pro lado – que eu queria que você visse primeiro.

- Posso ir sim.

Sentei em meu lugar quando ouvi uma voz chamando meu nome. Era a diretora que havia entrado na sala.

- Srta. Suzanna? Pode comparecer em minha sala apenas por um momento?