- Cara, já to sentindo a diferença. – disse Justin, enquanto nós descíamos do avião com nossas bagagens de mão. – vou ter que tirar as duas blusas de cima antes de eu derreter.

- Não exagera. Aqui ainda é meia estação... não chegamos ao calor. Vocês só estão mal acostumados. – respondeu Scooter, parecendo ocupado com as bagagens designadas a ele. Pattie ia na frente, parecendo distraída com o monte de pessoas no aeroporto. Não era uma surpresa ver que a maioria estava desembarcando de outro vôo; o nosso estava praticamente vazio. Parece que nem todo mundo gosta muito do Canadá.

Eu havia dormido a viagem inteira enquanto estávamos no avião. Acordei apenas quando Justin me sacudiu até eu me tocar de que já estávamos no aeroporto de Atlanta, e debilmente começar a arrumar minhas coisas. Foi como se eu tivesse acordado de um dos meus sonhos doidos e que a qualquer minuto eu estaria me arrumando para ir a escola, mas não foi exatamente isso o que aconteceu, e aqui estava eu: indo de encontro para o novo apartamento.

Felizmente, as malas foram logo entregues a mini van que scooter havia alugado especialmente para nos levar até o local. O novo lar ficava a 1 hora de distância do aeroporto, o que me fez pensar nas diferenças entre Atlanta e Stratford.

- Em uma hora é possível percorrer Stratford inteira pelo menos duas vezes. – suspirou Pattie. – essa cidade deve ser maluca. Tem igrejas por perto?

- É... tem sim. Não me esqueci de sua exigência. Fica perto do estúdio onde vamos começar a testar sua voz, Justin. – Scooter estacionou a van na calçada em frente a um prédio de 3 andares. Era pequeno e parecia ser antigo, mas era o que eu esperava.

- Podem deixar as malas no carro, tragam só as pequenas. Venham conhecer primeiro.

Entramos no pequeno hall enquanto Scooter ia na frente, nos guiando por uma estreita escada até o segundo andar. Ele nos explicou que o prédio funcionava como comércio no terceiro andar, e o segundo e primeiro estavam para ser alugados.

- Não é muita coisa, mas... espero que seja o bastante ao menos por enquanto. – ele sorriu enquanto empurrava a porta, revelando uma aconchegante copa-cozinha, seguida por um pequeno corredor onde ficavam 2 quartos e 2 banheiros, suíte e social. Havia uma varanda em um dos quartos que dava vista para a padaria em frente, e a mais alguns prédios.

- Carmba, sempre quis ter uma varanda. – Justin correu até a porta, que se abriu. Ele se pendurou na grade e respirou fundo, engasgando-se com fumaça.

- É, tem alguns pontos ruins, mas fora isso... também sempre quis. – eu citei, rindo e indo até a varanda também.

- Como conseguiu mobiliar? – Pattie passava os olhos pela mobília, que já estava organizada e devidamente limpa.

- Alugamos mobiliado. A diferença era pouca, portanto valeu a pena. Enfim... gostaram?

- Se eu gostei? Cara, é muito legal. Por um acaso você não alugou um xbox junto? – Justin estava hiperativo, olhando todos os cômodos e voltando ao mesmo lugar. Era bom vê-lo feliz após tanta tensão, me fazia bem.

- É... podemos dar um jeito nisso. Posso te emprestar o meu, se quiser. Mas só se daqui por diante trabalharmos duro. – Scooter se aproximou de Justin, prendendo-o entre os braços enquanto o mesmo tentava se soltar. Cruzei os braços e comecei a rir, enquanto pensava em como eles conseguiram se dar bem com pouco tempo de convivência.

- Acho que vou dar uma volta pela vizinhança depois de pegar as malas. – eu anunciei, enquanto arrumava o bolso da calça a procura de meu celular.

- Não precisa se preocupar com as malas. Já vão trazer para cá.

- Vou junto com você. – Justin vinha se aproximando a porta quando Pattie chamou sua atenção.

- Justin, é melhor você ficar. Precisa me ajudar a arrumar as coisas.

- Eu volto já, ajudo a arrumar. É... só vou dar uma volta. Mesmo.

Saí descendo as escadas me sentindo culpada por não ter ficado e ajudado a colocar tudo no lugar. A rua era quase deserta, a não ser que no final dela havia uma sorveteria que aparentava ser antiga. Verifiquei se tinha dinheiro no bolso e decidi comprar um sorvete para depois sair andando pela outra rua.

Entrei e não me surpreendi ao não ver ninguém no balcão. Limpei a garganta, tentando fazer ruído o bastante para alguém me ouvir, até que um garoto moreno de olhos claros saiu de trás das cortinas empoeiradas e desajeitadamente se apresentou.

- Ahm, me desculpe. Não costuma vir muita gente aqui. – ele gaguejou e pegou uma caderneta. – preciso anotar o pedido?

- Não. Não é muita coisa... – eu dei um meio sorriso e olhei no freezer. Desisti de olhar o nome nas plaquinhas já desgastadas pelo tempo e pedi. – pode ser uma casquinha de creme.

- Não temos creme. Acabou hoje de manhã. – o garoto pareceu nervoso. – a propósito, qual seu nome? Nunca te vi por aqui.

- Suzanna. As pessoas costumam conhecer umas as outras aqui nessa rua? – eu olhei novamente no depósito de sorvetes e vi um sabor. – então pega esse de flocos. Eu acabei de chegar do Canadá... deve ser por isso que você não me conhece.

- Sou Zac. Quer dizer, não é meu nome verdadeiro, é só um apelido, sabe? – novamente ele tropeçou nas palavras e pegou apressadamente o meu sorvete. Eu entreguei-lhe o dinheiro com o preço que havia lido com dificuldade no painel pregado na parede.

- Suzzie? – ouvi a voz de Justin, entrando na sorveteria. – terminamos de arrumar as coisas lá e...

Ele parou, vendo que eu estava conversando com o garoto.

- Ah, que bom. Eu iria ajudar, estava só pegando o sorvete. Quer um? – Zac ficou olhando enquanto eu me afastava, quando pareceu acordar de um transe.

- Ei, você não é aquele garoto famoso, dos vídeos no youtube? Ou é você, ou é alguém parecido. – era isso mesmo? Ele estava reconhecendo Justin.

- Ahm... eu acho que sim, acho que sou eu. – Justin disse, sem graça, enquanto colocava as mãos no bolso. – Suzzie, Pattie disse para subirmos. Ela quer ir em algum lugar da cidade para comer...

- Volte sempre, Suzanna. – Zac estava abanando a mão e voltando para além da cortina empoeirada enquanto eu ouvia Biebs.

- Ir pra algum lugar? É, pode ser...

- Suzzie? Parece que você ta em outra dimensão. Qual é? – ele parecia preocupado e parecia estar nem ligando para o que havia acabado de acontecer.

- Justin, entendeu o que ele disse? Estão começando a conhecer você. Você ta ficando famoso, e isso é sério.

Eu dei um sorriso e o abraçei, enquanto ele permanecia estar parecendo não acreditar.