Perfeição Inalcançável escrita por Simone Hoffmann


Capítulo 1
Mansão Luxuosa


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa história faz mais de um ano, porém deixei ela guardada no computador. Agora que conheci o site resolvi compartilhar minha história.Cada capítulo é narrado por um personagem diferente, sendo sempre anunciado antes do capítulo.Boa leitura, espero que gostem (:



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Por Erick ~


Posso imaginar que o mais triste é habituar-se ao luxo.

Charles Chaplin

Nasci em uma família de classe média alta dos Bosques Assombrados. Morávamos em uma mansão que é passada de geração à geração.
         Minha mãe, Tiffany Micher Enve, apenas ajudava meu pai quando necessário já que ele, Rafael Jex Enve, era deputado. Minha mãe sempre gostou muito de mim. Quando pequeno, éramos muito amigos. Com o tempo passando rapidamente, eu já não gostava mais da presença dela. Eu sentia que algo havia mudado.
Eu fui muito rejeitado pelas pessoas, e quase não tinha amigos. Era anti-social, admito. Eu nunca dei valor à quem estava comigo e eu não me importava com meus pais nem com meus familiares. Nada me importava. Eu sentia como se as pessoas estivessem sempre procurando uma maneira de falar mal de mim. Sempre tentam encontrar algum defeito para me manter distante.
         Eu gostava muito de pintar. Há algum tempo eu chegava ao ponto de fazer das pinturas meus amigos, de tão solitário que eu começava a me sentir. Eu queria algum amigo para conversar, porém todos me evitavam. Eu olhava para os outros, e não conseguia me imaginar alguém comum. Me sentia desnecessário.
         Durante a noite, logo quando a lua já estava a aparecer no céu, eu ia até a janela do meu quarto. Ficava sempre observando a lua durante horas, como se fosse qualquer pessoa, porém alguém diferente, alguém que mesmo sem dizer uma palavra sequer eu podia compreender. Algumas vezes eu ia até o quintal observar as coisas. Nunca teve muita coisa para se ver além de árvores e outras plantas mortas.
         Acordei muito motivado em uma manhã qualquer. Tomei meu café e fui até o jardim. Sentei nos degraus em frente a porta e observei ao redor por uns instantes. Tomei a decisão de que hoje seria um dia diferente, o qual eu não ficaria trancado no quarto fazendo a mesma coisa do que nos outros dias. O sol brilhava no céu, o que me dava mais motivação para alcançar meus objetivos.
Avistei o porteiro. Era algum novato ao meu ver. Seria muito mais fácil passar por ele. Mesmo antes de ele me dizer qualquer coisa, eu já havia ido embora. Nada iria me atrapalhar hoje. Nada.
         Finalmente um dia de liberdade. Enquanto caminhava observando as coisas ao meu redor, uma casa abandonada ali perto acabou chamando minha atenção. Não havia qualquer um por perto, então resolvi entrar e dar uma olhada no lugar. Era cercada por um portão alto, feito de ferro já enferrujado. No jardim apenas cinzas, terra e pouquíssima grama. A casa era de dois andares, feita de madeira. A porta era muito alta. Empurrei e puxei tentando abrí-la, porém ela não moveu-se um centímetro sequer. Caminhei até os fundos onde havia uma porta já não tão alta que estava semi-aberta. Era feita de ferro e muito pesada. Com muito esforço, consegui abrí-la o suficiente para conseguir passar por ela.
         Dentro da casa eu pude perceber ao observar ao redor que ela era de um tamanho muito maior do que parecia ser. Os poucos móveis que nela restavam estavam cobertos por um lençol branco. Tudo estava empoeirado e era impossível não fazer barulho ao caminhar dentro dela. Olhei em todos os quartos do andar inferior. Quando estava prestes a subir os degraus, ouvi ruídos vindo da cozinha. Era como se algo ou alguém estivesse a caminhar por ali. Senti calafrios, permaneci imóvel.
Eu podia ouvir passos lentos, com ruídos que começavam altos e diminuiam, imediatamente silenciando-se. Podia se escutar um barulho diferente, que eu nunca havia escutado anteriormente. Tentei aproximar-me para ver o que era. Antes mesmo de poder ver qualquer coisa, alguém passou muito rápido por mim, a ponto de eu ver apenas um vulto azulado. Meu coração disparou. Olhei em volta, porém nada vi.
Caminhei até o andar superior. Tudo permanecia coberto por um lençol e empoeirado, assim como no andar inferior. Enquanto caminhava distraído, acabei chutando algo que não havia visto. Ajoelhei-me, e ao procurar pelo chão acabei encontrando um colar muito antigo.
Sua corrente era de puro ouro, acompanhada de um pingente com um rubi lapidado em forma oval com detalhes delicados em prata ao seu redor. Observei-o por alguns instantes, enquanto ele, mesmo empoeirado, refletia meu rosto naquela pedra vermelha. Me senti estranho naquele momento. Uma leve brisa entrou pela janela aberta me fazendo sentir arrepios, enquanto eu sentia como se algo estivesse a esmagar meu interior. Sentei-me no chão, aguardando aquela dor cessar. Ao levantar-me, em uma tentativa de equilibrar-me em um espelho de corpo inteiro, acabei removendo o lençol que o cobria. Ao olhar meu reflexo, tive a impressão de ter visto uma imagem que se assemelhava com um dragão no lugar que deveria estar o meu reflexo no espelho. Esfreguei meus olhos e ao observar novamente percebi que era somente meu reflexo, nada mais.
         Tomei a decisão de ficar com aquele misterioso colar. Coloquei-o em meu pescoço, escondido sob minha camisa. Tentei avistar alguém por perto, e ao perceber que ninguém ali havia, comecei a descer os degraus. Ao dar passos rápidos, um dos degraus acabou inesperadamente cedendo, e me fez cair ao andar inferior. Bati a cabeça com muita força, o que acabou me provocando tontura. Ao levantar-me, caminhei cambaleando até a porta. Ao passar por ela, mal consegui dar cinco passos, caindo ao chão. Fiquei ali sentado um bom tempo, até minha cabeça parar de doer.
         Passei pelo enorme portão de ferro novamente, observando por uns instantes a casa antes de deixá-la para trás. Eu não fazia mínima idéia de que aquele lugar existia...
         Resolvi ir comprar algumas guloseimas, já que nada eu tinha a fazer. Como a padaria mais perto de minha casa foi substituída por um prédio, tive de caminhar muito mais até chegar a outra padaria que ficava a vinte minutos de minha casa.


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