Spirit Bound escrita por MahBlyin


Capítulo 7
Dependencia ou Egoísmo?


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura :D



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# Bella Swan #

Não dá pra ocultar
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer me enxergar e se enxergar em mim



- Eu juro que tentei entender. Juro que tentei te ajudar Bella, mas em momento algum você se abriu para mim. – eu escutei a voz dele ecoar pelo quarto.

Mas tudo que eu queria no momento era não ouvir nada. Não pensar em nada. Pensar me causaria dor. Me traria lembranças e os arrependimentos que eu tanto queria esquecer.

- Por favor... – eu sussurrei, mal ouvindo minha voz. – Não diga nada.

Edward deve ter sentido algo em mim, pois apenas se ajeitou na cama do hospital, de modo que eu me apoiasse nele. Seus braços estavam ao meu redor, e ali, naquele momento, eu me senti protegida. Como se nenhum inimigo de fora pudesse me atingir.

Mas eu era tola em achar que o inimigo estava la fora. Ele sempre esteve ao meu lado. Mais perto de mim do que eu imaginava.

- Você está internada a duas semanas, tiveram que lhe dar 7 bolsas de sangue e você quase teve uma infecção. – Carlisle falou, olhando com sutil preocupação para mim.

Eu suspirei e olhei para Edward ao meu lado, ele já tinha trocado de camisa e estava sentado na poltrona ao lado da cama, ele parecia relaxado, com os braços atrás da cabeça.

- Eu já posso ir para casa?

- Eu vou assinar sua alta sim, mas você precisa ter consultas semanais com um psicanalista.

- O que? Psicanalista? Eu não preciso de um psicanalista, por acaso vocês acham que eu estou ficando louca?

Ninguém respondeu, e foi então que eu percebi que eles realmente achavam que eu estava louca. Mas como não poderiam achar? Haviam me encontrado quase morta dentro de uma banheira repleta de sangue. Mas explicar para eles que minha intenção nunca foi morrer de fato iria demorar muito tempo.

Agora que você parece não ligar
Que já não pensa e já não quer pensar
Dizendo que não sente nada
Estou lembrando menos de você
Falta pouco pra me convencer
Que sou a pessoa errada



- Edward, por favor... – eu tentei apelar para ele, mas em seu olhar havia decisão. E isso significava que ele não voltaria atrás. – Eu prometo que isso não vai se repetir, eu prometo...

- Você já me prometeu muitas coisas Bella, mas nunca as cumpriu. – ele disse baixo, sem olhar para mim.

E alguma parte dentro de mim se quebrou.

Ele falava a verdade. Eu havia prometido muitas coisas. Coisas demais, que eu nunca cheguei a cogitar na hipótese de cumprir. Eu não tinha mais palavra e nem era símbolo de confiança.

Meus olhos encheram-se de lágrimas novamente, mas eu rapidamente as limpei. Não iria chorar de novo. Eu já chorara demais, e as lágrimas deixaram de ser uteis a muito tempo.

Querendo ou não, a minha vida se resumia aquele reino, aquele palácio, aquela família e a todas as pessoas envoltas de mim, hipócritas ou não.

- Tudo bem, eu vou a essa consulta. – suspirei pesadamente e Edward e Carlisle trocaram um longo olhar.

Longo em seguida, Carlisle assinou minha alta e eu me arrumei para sair do hospital. Haviam três guardas nos esperando quando eu saí do quarto, e assim que eu entrei no carro, tudo ficou calado.

- Rosalie sabe sobre...mim? – eu perguntei, sem a mínima vontade de puxar assunto.

- As notícias se espalham rápido. A especulação é que você está grávida, mas eu acredito que sua prima é espera o suficiente para saber que não é isso. Ela sabe que tem algo errado e provavelmente vai querer saber quando você chegar.

- E você vai deixar eu falar com ela?

Edward olhou para mim e riu debochado.

- Eu não sou seu dono Isabella. Minha autoridade em você tem um limite. Infelizmente.

Eu não queria fazer qualquer interpretação da frase citada, e por isso, apenas encostei minha cabeça na janela e dormi.

- Chegamos? – eu perguntei, assim que abri os olhos.

Edward me carregava no colo até o nosso quarto. Ele olhou para mim arqueando as sobrancelhas, mas continuou andando até chegar em nosso destino.

- Preciso dizer pra você não trancar a porta do banheiro quando estiver la dentro?

- O medo é tanto?

- Apenas precaução, isso só chegou aonde chegou porque eu estava fora. Não pense que eu hesitaria em colocar aquela porta chão abaixo se você fizer algo mais.

- Sim senhor. – eu murmurei, me encolhendo na cama e puxando os cobertores para mim.

- E você só toma banho comigo.

- Isso já é demais!

- Prefere três serviçais de olho em você?

Eu fiquei calada e aquilo serviu para dar a resposta que ele queria. Eu fechei os olhos e não consegui dormir. Eu já tinha cochilado no carro, mas agora que estava em casa, me sentia muito elétrica.

- Eu realmente sinto muito Edward. – murmurei, esperando que ele ouvisse.

Demorou muito tempo, tanto que eu achei que ele tinha até saído do quarto, mas ao invés disso, ele fechou as cortinas e se aproximou da cama, deitando ao meu lado e se enfiando debaixo dos cobertores.

- Acredite, eu também sinto.

- Então, o que te traz aqui? – a vampira perguntou, olhando para mim com neutralidade.

Essa era a primeira consulta com a psicanalista e eu estava mais que desconfortável, mas pelo menos eu tinha o trunfo de poder sair com Rose após isso. Edward me dera carta branca para ficar com minha prima, desde que Alice estivesse presente. Por mim tudo bem.

- Meus...amigos, acham que estou passando por dificuldades.

- Dificuldades? – ela indagou cética.

- Olha, eu sei que você sabe porque estou aqui. Sei que Carlisle e Edward devem ter buzinado no seu ouvido um zilhão de vezes, então porque não pula essa parte de tentar ser cordial e se fingir de ingênua e parte logo para o que nos interessa? – eu disse perdendo a paciência, e isso fez com que ela suspirasse e anotasse alguma coisa em seu bloquinho.

Primeiras impressões são sempre as que ficam. E eu não gostei nem um pouco da primeira impressão que tive dessa mulher.

Eu me joguei mais no divã e bufei. Olhei para o relógio de ponteiro que tinha na parede e percebi que o tempo passava devagar demais. Eu queria sair dali. Logo.

- Certo, me diga de onde surgiu a idéia de se cortar?

Eu estava deitada no divã, com as mãos em cima de minha barriga e olhando para a parede. Descobri que ficava muito fácil responder a pessoas que eu não conhecia, quando não olhava em seus olhos.

- Eu estava com problemas emocionais, meio deprimida, e eu achei que me causando a dor física, aquilo ia camuflar, de alguma forma, a dor emocional.

- Certo, e surtiu o efeito que você queria?

- Enquanto tudo acontecia...eu não sei explicar direito. Mas na hora, eu não conseguia pensar em muita coisa. Eu sabia porque estava ali. Sabia porque estava fazendo aquilo. Mas eu não conseguia imaginar e nem pensar nos motivos ali. Isso me fez esquecer, e parece que quanto mais eu me cortava, mais rápido eu ia me esquecendo das coisas.

- Então você usou a automutilação como válvula de escape?

- automutilação? Que nome mais...forte.

- Mas foi exatamente o que você fez.

- Bom, se vocês chamam de automutilação, por mim não faz diferença alguma. Sim, pode-se dizer que eu a usei como válvula de escape.

- E você pretende continuar?

- Se eu pretendesse, porque cargas d’água iria te contar?

- Para eu tentar entender seus motivos e te ajudar. Não se preocupe, nada do que falamos aqui cairá nos ouvidos de outras pessoas.

- Edward não precise que você fale as coisas para ele descobrir sabe...

- Tenho certeza que seu companheiro sabe bem que interferir no seu tratamento pode atrapalhar.

Companheiro? Ela usou mesmo essa palavra?

- Por que não começamos do início? Me diga quando você conheceu Edward.

- Eu tinha 16 anos. Estava sob os cuidados das Escolhidas, a minha tutora se chamava Eliana, ela havia me dito que eu receberia uma visita especial aquela tarde. E eu não conseguia pensar em ninguém. Meus pais estavam mortos e eu não conhecia mais nenhum parente. Eu me lembro que estava lendo um livro debaixo de uma macieira, quando ele surgiu. Ele era o homem mais lindo que eu já tinha visto na vida sabe...mas bem, pelo fato de eu viver com as Escolhidas, eu não vira muitos homens na vida. Mas havia algo, o modo como os raios de sol penetravam pelo seu cabelo e o deixava mais singular ainda, aquilo me chamou atenção. O modo como as mulheres se dirigiam a ele e ele a elas, inclusive seu sorriso. Aquilo realmente chamou minha atenção. Acho que era aquela típica coisa de adolescente, mas eu não posso ter certeza ao afirmar isso, porque eu sempre fui a mais nova entre todas as mulheres que viviam naquela casa, eu quase nunca saia e via o mundo la fora. Mas ele realmente mexeu comigo.

- E você se apaixonou?

- Não exatamente. Mas eu me senti atraída por ele, muito. E quando ele veio até mim, dizendo que foi la justamente por minha causa. Aquilo fez com que eu me sentisse especial. E então, quando eu já vi, estava morando aqui no palácio, todo mundo me tratava como uma plebéia em tratamento para ser princesa e Edward era diferente. Algumas vezes carinhoso, outras vezes distante. Eu nunca sabia exatamente o que ele tava sentindo na hora. Nós conversávamos muito, mas nunca das coisas que de fato eram necessárias.

- E foi essa distancia que fez com que você fosse embora?

- Foi. – eu falei, eu não estava mentindo, mas não dizia a verdade toda e era melhor assim. – Eu sempre me sentia estranha perto de Edward, de uma forma boa e ruim ao mesmo tempo. Eu me sentia presa e dependente a ele, mas eu nunca conseguia ter a certeza do que ele sentia em relação a mim, e então...eu conversei com minha prima Rosalie, e ela me ajudou a ir embora. Eu precisava me afastar, precisava colocar as coisas em ordem e descobrir o que de fato eu sentia por ele.

- E quando você decidiu voltar?

- Quando eu precisei dele. – afirmei, e aquilo também não era uma mentira. Se não fosse por Edward, eu estaria morta agora.

- Isso foi um tanto egoísta de sua parte...

- Psicanalistas podem julgar seus pacientes?

- Eu não vejo você como uma paciente Isabella, e sim como uma cliente, a quem eu presto o serviço de ouvir e orientar. Se eu sentir a necessidade de falar algo em relação a algum ato ou pensamento seu, é meu dever falar.

- Ok então, mas não, não foi egoísmo. Foi a volta de uma antiga Bella, a Bella dependente de Edward.

- E essa Bella continua aí?

- Sinceramente? Eu não faço a mínima idéia.

O alarme soou, e eu percebi que o tempo já havia acabado. Era incrível como aquela conversa fez tudo passar mais rápido.

A mulher olhou para mim durante um longo momento. Eu peguei minha bolsa e meu casaco e ia saindo da sala quando ela disse.

- Você precisa esquecer o passado Isabella. O que passou, passou. Se conforme e siga em frente. Lutar por algo sem volta é tolice.

Eu saí de la antes que ela percebesse o efeito que suas palavras tinham causado em mim.


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Notas finais do capítulo

Agradeçam a Sweet Lolipop por ter recomendado, esse foi o motivo por eu ter postado mais um capítulo hoje. Façam o favor de comentarem, sim?
Eu fui um pouco mais afundo nesse capítulo, ele foi forte, de uma forma diferente dos dois últimos, para a autora aqui, ele significou muito e espero que pra vocês também. (as letras de músicas em itálico, são da música "Aqui" da cantora Ana Carolina)

Besos da Mah!!!



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