#Pov Bella#

Sentada na beirada da cama de dossel da suíte principal, eu ainda tentava entender o que havia acontecido.

Pela primeira vez eu estive cara a cara com Jacob Black, sentira toda aquela energia negativa e pesada que emanava dele e estava em choque para fazer alguma coisa. Ele havia matado um homem, bem debaixo dos olhares dos guardas de Edward. Jacob Black não sentia medo e na certa acreditava que tinha poder o suficiente para enfrentar Edward.

A lua crescente brilhava la fora, e o vento frio inundava o quarto, fazendo as cortinas voarem.

- O que nós vamos fazer? – eu sussurrei, mal ouvindo minha voz e fui agraciada por um olhar gélido de Edward.

- O que nós vamos fazer? O que eu vou fazer Bella! Você não pode estar no meio disso!

- Eu não posso? Me desculpe Edward. Mas eu já estou no meio disso! – gritei, levantando da cama e começando a andar pelo quarto. Eu estava nervosa demais para ficar quieta. – Durante todo esse tempo, eu beirava num mar de confusão sem saber em quem confiar, aonde ir....e agora você quer me descartar?

- EU NÃO ESTOU TE DESCARTANDO! – ele gritou com uma fúria que fez as garrafas que tinha no pequeno bar explodirem. – Será que você não entende o quão perigosa é essa situação? Vai haver uma guerra Isabella. Eu vou estar na frente da batalha, coordenando tudo, e a ultima coisa que eu preciso me preocupar lá é com você. Você fica! Eu deixarei 50 homens com você, e Alice lhe fará companhia.

- Jacob vai te matar e eu não vou poder fazer nada?

- Tudo bem, me diga o que você poderia fazer lá? Apenas uma coisa Isabella. Só uma!

Eu parei para pensar. Eu não conseguia nem imaginar como aquilo seria. Centenas de vampiros lutando contra milhares de lobisomens. Eu não conseguia imaginar o teor daquele caos. Eu sabia que Jacob me queria. Eu poderia ser um trunfo em suas mãos, Edward estava pensando exclusivamente no bem de todos me deixando aqui, mas se eu fosse....ele poderia beber de mim quantas vezes quisesse, isso lhe daria a força necessária para lutar. Se Edward tinha alguma chance de vencer...

- Nem ouse pensar nisso! – ele admitiu.

- Você está lendo meus pensamentos?

- Apenas o que você permita que eu escute. Isabella, mesmo se você fosse para esse fim...

- Edward por favor...

- Não! E essa é minha palavra final. – ele disse, saindo do quarto e fechando a porta com força.

Corri para as janelas a tempo de ver ele entrando num carro – dessa vez ele era o motorista – e saindo dali. Era isso, Edward estava me deixando para trás. Provavelmente ele havia ido para Castelhana, o lugar onde todos os guardas eram treinados e ficaria ali até a hora da batalha. E eu estava presa aqui, nesse quarto.

Respirei fundo e pensei nas minhas opções. Eu não iria ficar presa aqui como uma princesa na torre mais alta de um castelo. Em primeiro lugar porque eu não era uma princesa, não havia dúvidas que eu era apenas uma humana qualquer que foi escolhida por um motivo oculto pelo Rei dos vampiros. Em segundo lugar, porque por mais forte e corajoso que ele fosse, Edward precisava de mim e sim, eu estava me sentindo muito presunçosa em acreditar nisso.

Eu não queria ligar para Rosalie e pedir ajuda. Eu não tinha dúvidas de que minha prima pensaria num modo de me tirar daqui, mas eu tinha certeza de que se eu fosse para o campo de batalha, ela iria atrás de mim sem hesitar. E eu não poderia permitir perder a única pessoa que sobrara da minha família.

Um barulho no quarto me chamou a atenção, e quando eu vi a porta havia sido aberta por ninguém menos que Tanya. A ultima pessoa que eu gostaria de ver.

- O que você...

- Poupe sua saliva comigo! – ela disse com desdém, fazendo um gesto com suas unhas bem feitas e vermelhas. Tão vermelhas quanto seu cabelo, seu vestido e seu batom. – Eu vim aqui para te ajudar.

- Me ajudar? Eu não consigo imaginar de que forma você poderia me ajudar.

- É tudo muito simples Isabella. Meu filho só assumirá o trono, se eu for casada com Edward. Mas isso nunca irá acontecer se ele morrer em batalha, entããão, eu irei te levar até ele, você irá ajuda-lo a vencer e aí, eu me caso com ele.

- Você está se ouvindo Tanya? Consegue imaginar o quão louca você está sendo?

- Eu? Eu estou fazendo pelo bem do meu filho.

- Como se você se importasse de fato com ele.

- Você não entende Isabella. Tudo que está acontecendo agora é por sua culpa. Sua exclusivamente culpa, a guerra estourou porque você não fez a sua escolha.

- Minha escolha? Eu não faço a mínima ideia do que você está falando.

Ela revirou os olhos e suspirou.

- Menininha ingênua! Isabella você realmente acha que Edward te escolheu pra ser a Sgiah dele por causa do seu rostinho de bonequinha?

- Eu...

- Não seja estúpida! Você não passa de uma peça coringa nesse jogo de cartas. Edward e Jacob querem você por um único motivo. Você é a pedrinha que falta para desregular para sempre a balança.

- Tanya o que...

- Eu fiquei sabendo a alguns anos é claro. Minha irmã era uma Escolhida e ela acabou me contando de uma história bem intrigante que se passou por lá. Duas Escolhidas presenciaram a aparição dos Deuses e eles lhe revelaram algo. Não que eu acredite nessa baboseira. Para mim eles são apenas uma figura mitológica, mas eu não posso deixar de lado o fato de que até agora tudo que foi dito é verdade.

- Você realmente acha que...

- Você é a criança da profecia. Renée e Charles Swan estavam se metendo aonde não deviam, e para silenciá-los de uma vez, Nyx e Oregon colocaram um pedaço da essência deles dentro da criança que Renée esperava. Isso fez com que você deixasse de ser filha dos meros mortais fuxiqueiros e fosse a menininha querida dos deuses. Com isso, durante a Lua de Sangue você iria fazer a escolha. Você condenaria um povo e causaria a ascensão do outro, não é divertido?

- Isso não faz o menor sentido! – eu retruquei, sendo capaz de desviar o meu olhar do dela. Mais uma vez ela revirou os olhos e suspirou.

- Isabella. Eu não vou entrar em detalhes com você. Daqui a menos de 24 horas a guerra explodirá e você não pode permitir que Edward morra, entende? Você irá surgir com sua patética humanidade e irá deixar bem claro que está do lado dos vampiros.

- Porque Jacob já não se deu conta disso então? Não faz sentido.

- Simples. Porque durante todos esses anos, mesmo na época em que você estava vivendo no templo com as Escolhidas, você já pertencia a Edward. E para que fique comprovado a veracidade de suas palavras, você deve jurar sobre seu sangue de que lado você está. Coisa que é muito divertida, eu não me importaria nem um pouco se você morresse. Mas...

- Eu preciso estar viva. – completei, permitindo que o fluxo de informações de minha mente começassem a se organizar. – Mesmo após o juramento eu devo continuar viva, representando...

- Os deuses na terra e todo esse blábláblá. Viu só? Por mais patética que você seja, o destino ainda te deu um empurrãozinho para você se tornar um pouquinho importante. Agradeça aos seus paizinhos humanos por terem se metido. Caso contrário, poderia ser qualquer outra criança humana.

- Mas....porque meus pais morreram? Quem os matou?

Ela suspirou, e ajeitou os cabelos ruivos para trás. Tanya não me suportava, me achava a criatura mais entediante da face da terra. Mas nesse momento, ela estava deixando sua aversão de lado e me ajudando, apenas para caráter próprio.

- Isso é um mistério até os dias atuais. Não sei se foi Jacob ou alguém daqui. E de qualquer forma Isabella, não importa. Seus pais eram péssimos. Apenas se arrume e me permita ajuda-la, com a seguinte condição.

Dessa vez foi a minha vez de suspirar.

- Qual condição?

- Depois que isso tudo acabar, você vai desaparecer. Não me importa como e nem para onde você vai. Mas você vai embora e vai permitir um pouquinho de felicidade para Edward, que já sofreu demais por sua causa.

- Eu prometo. – eu falei rápido demais, sentindo meu coração dar um solavanco e partir-se em mil pedaços. Rapidamente ele voltou-se contra mim, seus batimentos aceleraram a tal ponto, que chegava a doer o fluxo sanguíneo em meu corpo. Minha cabeça também não ajudava, ela doía como contrações e tudo que eu queria era que aquilo parasse. E eu prometi a mim mesma que iria passar logo mais.

- Ótimo. Agora vá vestir-se que ainda temos muito a fazer.

[...]

Depois de pronta, o que demorou para acontecer, porque além de meu estado mental, ainda havia o que escolher para vestir. Deveria existir um manual de instruções para ajudar na escolha de uma roupa para a guerra. Ou impedi-la.

- Tanya...você sabe quantos anos Edward tem? – eu perguntei mordendo o lábio inferior. Era uma vergonha perguntar isso a ela. Mas eu só queria uma confirmação.

- Você não sabe quantos anos ele tem? Isabella, você veio para esse palácio aos 16 anos. Dormia no mesmo quarto que ele, tem um laço com ele e....

- Não precisa jogar na cara. – eu murmurei.

- Você realmente não o merece.

# Pov Narrador #

- Eu estou tentando entender isso tudo. – Jasper disse.

- Eu sei que é muita coisa para assimilar mas...

- Rosalie, muita coisa para assimilar? É um mundo completamente novo para mim. Você e Isabella fazem parte disto desde quando?

Rose mordeu o lábio. Ela já tinha contado a maioria das verdades para Jasper, mas ainda não tinha contado tudo. E era essa parte que a preocupava.

- Desde a muito tempo. Muito tempo mesmo.

- Quanto tempo Rosalie?

Fechando os olhos, a loira virou-se para o espelho da sala e contemplou-se.

- 100 anos. – ela respondeu e Jasper terminou de cuspir seu vinho tinto.

- 100 anos? Você ta de brincadeira comigo?

- Não. Eu era humana, a muito tempo. Mas então eu fui escolhida para servir aos deuses. Eu vivia num templo na Alemanha quando fui chamada para servir aqui. Me infiltrei como humana, já que a imortalidade não é algo que dá para se rastrear e me fiz passar por prima de Isabella. Minha tarefa era protege-la até quando chegasse a guerra e ela fizesse sua escolha. Por favor Jasper, não me julgue. Eu a amo como uma irmã.

- Você tem 100 anos?

- Foi o que eu disse. – ela retrucou. – E eu só estou te contando tudo isso porque....porque você e Alice precisam ficar juntos. Está escrito.

- Escrito? Rosalie você enlouqueceu?

- Não Jasper. Eu não enlouqueci! Eu vivi durante 100 anos e aprendi muitas coisas. No nosso mundo, no mundo em que você está prestes a entrar, nós somos governantes de nossa vida até certo ponto. Mas o nosso futuro, nosso destino e nossos amores, tudo isso está escrito Jasper e não há meios de mudar isso. Minha tarefa era cuidar de Isabella e tentar fazer com que ela fosse imparcial nessa guerra. Mas eu vi o que estava escrito, eu vi o que os deuses prepararam para a vida dela. O lugar de Isabella é ao lado de Edward, mas eu vi isso apenas depois que ela fugiu.

- Ela fugiu? Como assim?

- Isso foi a dois anos. Eu contei para Isabella que os pais dela foram mortos, e ela adquiriu a culpa ao Edward. Eu pensei que aquele fosse o momento certo para ela se desvincular dele e tentar ser imparcial quando fosse o momento certo. Mas depois eu descobri o que Jacob e Esme tramavam e que Edward era o único que podia ajuda-la. Então eu pedi ajuda de minha irmã Victoria. Pedi a ela que enviasse seu marido atrás de Bella, para fingir um ataque e fizesse Edward ir salvá-la. Mas as coisas fugiram do controle...

- E onde eu entro nisso?

- Eu já falei Jasper! Você e Alice possuem um tipo de conexão. Eu ainda não sei o que isso significa. Mas eu sei que é importante.

Um barulho foi ouvido e Jasper e Rosalie se olharam. Ele com um cuidado que antes não tinha, abriu a porta e deparou-se com a mulher que constantemente habitava sua mente.

Alice estava assustada e surpresa. Ela jamais imaginara que fosse encontrar Jasper na casa de Rosalie, mas aquele não era o momento de dar ouvidos a seu coração.

Ignorando Jasper, ela entrou na sala e olhou para Rosalie.

- Ally? O que foi?

- Bella! Ela escapou dos guardas e eu tive uma visão dela na guerra. Foi horrível Rose! Ela estava muito machucada.

[...]

- Eles estão a três quilômetros de nós. – Marcus disse, apontando um mapa da região para o Rei.

Edward olhou atentamente para o papel e virou para olhar a floresta a sua frente. Um dia já havia se passado e a lua cheia no céu era um aviso que a guerra estava para começar.

Ele ficou adiando por muito tempo, mas tinha que por um final. Por ele, pelo seu povo e pelo futuro que estava em jogo.

- Tome a decisão agora, filho. – Carlisle disse ao seu lado.

Todos os vampiros nobres estavam lá. Eles ficariam na linha de frente, ao lado do Rei e lutando pelo bem de seu povo, logo atrás vinham os mustash,  que iriam lutar pelo propósito da defesa. Eram muitos, mas sabiam que os lobos também eram.

Carlisle olhou para seu sobrinho e soube que a guerra seria definitiva.

Edward não permitiria que aquilo se estendesse por mais tempo, ele não cometeria o mesmo erro que seu pai cometeu ao tentar aliviar para os lobisomens.

Dessa vez só existiam duas opções: Perder ou Ganhar. E ele realmente esperava que tivessem a vitória em suas mãos.

- Vamos em frente! E que os deuses estejam ao nosso lado! – Edward falou, dando um rosnado e ganhando velocidade.

# Pov Bella #

- É aqui que eu fico. – Tanya disse, parando de andar.

- Como assim aqui? Você não vai me acompanhar até o final? – eu perguntei, virando-me para ela.

- Nós não somos amiguinhas querida. Meu propósito é unicamente para o bem próprio. Você continua andando e logo chegará ao ponto principal, eu volto e fico com as outras mulheres. Você sabe, não é seguro uma mulher grávida, principalmente esse filho sendo do Rei, estar no meio de uma guerra você não acha? – então ela suspirou e pôs as mãos na barriga, já com 9 meses. – Boa sorte Isabella e não se esqueça da sua promessa.

E então, ela já havia ido. Me deixando sozinha no alto de uma colina.

Respirando fundo eu continue a andar, encarando a floresta a minha frente. O clima estava horrível, e tudo ao redor parecia pressentir o que estava por vir, era um silencio rasgante que chegava a deixar qualquer um de cabelo em pé. Mas eu tinha que ser forte. Forte para descobrir o que realmente aconteceu, o que estava acontecendo e o que ia acontecer.

[...]

Depois de alguns minutos de caminhada, eu já me sentia cansada e isso era absurdo. Era absurdo aparentemente ter o poder de parar uma guerra mas cansar por causa de uma caminhada.

Um barulho de folha seca sendo pisada me chamou atenção e eu virei para todos os lados, procurando a fonte do som. Mas apenas a lua iluminava o céu naquela noite, sem qualquer estrela. Ficava difícil enxergar muita coisa.

- Garota, como você escapou? – uma voz conhecida falou e eu gritei de susto.

- Tio August. O senhor é louco? Eu quase morro aqui! – falei, com a mão no coração, vendo quando ele saia detrás de um eucalipto e vinha na minha direção.

- Louco? Eu? Louca é você de andar sozinha nessa floresta na noite de hoje. Isabella, todos querem sua cabeça!

- Eu sei! Eu já sei de tudo. Tanya me contou! – eu murmurei.

- Tanya? E o que essa meretriz de araque sabe sobre “tudo”? Ela não sabe sobre nada Isabella!

- Ela me contou da profecia! Contou que Edward estava comigo para que na hora da guerra eu derramasse meu sangue num círculo e dissesse qual era a minha escolha.

- Só?

- Como assim só? Tem mais?

Eu notei que ele ficou desapontado. Com a mão em meu ombro, ele andou mais um pouco comigo, antes de pararmos no alto de uma arribanceira e apontou para baixo.

A cena me chocou mais do que eu achava que iria chocar. Lobos e vampiros lutavam ferozmente, alguns brandiam espadas, outros flechas e havia fogo em alguns lugares. De repente, o silencio da floresta se contrastava com os gritos ouvidos. Havia corpos jogados no chão, todos sem vida.

Procurei por Edward e o achei, ele lutava com Jacob. Esse, estava em sua forma humana, mas não menos fraco. E avançava em cima dele. Edward chutava e rosnava e Jacob desferia golpes cada vez mais mortais. Ambos estavam machucados, mas eu podia sentir Edward perdendo força a cada passo.

- Oh meu Deus, ele não vai aguentar! – eu chorei, pela primeira vez em dias.