-Tá ok filha. Agora vamos escolher o figurino para a noite?!

            -Vamos. – ele colocou o braço no meu ombro me abraçando de lado.

            Nós então fomos escolher a minha roupa para a apresentação de hoje à noite. Minha mãe já estava no camarim arrumando alguns artistas, ela estava animada, estava feliz. Logo que me viu, pegou uma roupa já pronta.

            -Você vai vestir isso, querida. Vá experimentar!- ela falou alegre

            -Tá, vou lá. – entrei no provador e alguns minutos depois, tá muitos minutos depois, eu já estava com a roupa. Só faltava a maquiagem. – Como estou?

            -Ah, querida, você está deslumbrante. Vai arrasar essa noite!–minha mãe disse

            -Posso saber o motivo para usar essa roupa?

            -Eu vi amor, você com aquele rapaz. Com certeza ele virá essa noite, certo?

            - É, o convidei. Mas porque isso mãe? – segurei as pontas da roupa que usava. Era tudo rosa, bem rosa.

            -Filha, ele é seu primeiro amigo. Eu estou feliz por você, e você deveria estar também. – ela respondeu calma.

            -Eu também estou feliz mãe!- a abracei.

            -Agora, você vai para a parte da maquiagem. Hoje vai ser algo mais longo, para combinar com a roupa. Até lentes você vai usar. Vamos que só temos apenas uma hora. – ela me empurrou até a cadeira, e duas mulheres começaram a me arrumar. Foi o cabelo, unhas, e por fim, a maquiagem.

            Quando elas terminaram, eu estava muito linda. A modéstia ligou viu, Charlotte. Mas fazer o que se eu estava linda, e isso era raro. Porque eu sou um patinho feio. Mas hoje eu estava perfeita, como nunca antes. 

         Tinha chegado minha vez de ir para o palco, subi as escadas, não era muito alto, mas era de dar medo em qualquer um. Eu o vi, e tudo ficou bem.

         ...

         -Você foi muito bem, é lá em cima. – Nick disse, enquanto tomávamos sorvete.

         -Ah, obrigada.

         -Char... – ele parou na minha frente e brincou com meu cabelo. Ele foi se aproximando. Quando percebi, ele já me envolvia com seu beijo. Era meu primeiro beijo, parecia que tudo tinha desaparecido. Só ele e eu no mundo. O momento perfeito, com o garoto perfeito.

         Logo ele parou o beijo e nossas testas permaneceram uma encostada na outra

         -Char me desculpe, eu vou embora. – saiu com vergonha. E olhou para trás

         -Tchau!

         Eu estava com um sorriso idiota no rosto, com certeza. Mas o importante é que eu estava feliz. Muito feliz. Fui para casa.

         -Filha, vá dormir. Já está tarde, amanhã acordara cedo.- disse minha mãe

         -Ok, boa noite.

         Fui para o meu quarto coloquei meu pijama, e fiquei acariciando o pelo de Marty, até adormecer. Do nada senti um frio estremecer até minha espinha. Não sabia o que significava, mas sabia que uma coisa boa não estava acontecendo. Não sei por que, mas eu senti isso.

         Acordei sozinha essa manhã. Parecia um dia macabro, estava com uma leve nevoa, e não tinha Sol, e estava um pouco frio. Se eu senti medo, eu estava aterrorizada. Hoje minha mãe, e nem meu pai apareceu para me dar bom dia. Isso está estranho. Coloquei uma calça jeans, uma blusa e um moletom, coloquei uma bota. E desci para tomar café. Marty nem tinha descido comigo essa manhã. Cheguei na cozinha e via uma cena de filme, meu pai sentado lendo jornal, e minha mãe preparando o café. Mas isso não acontecia aqui, não nessa casa.

         -Mãe,pai, o que está acontecendo? – gritei.

         -Bom dia, Charlotte. – falou minha mãe.

         -Ué, querida, estamos sendo uma família normal!

         -É mas por que hoje? – sentei na cadeira e vi que Nick estava no outro sofá da sala. – Nick, o que faz aqui?

         -Vim te levar para escola.- ele me respondeu.

         -Bom então podemos ir? Tchau mãe e pai.- puxei o Nick para a porta antes que meu pai começasse seu interrogatório.

         -Rapaz, venha jantar aqui essa noite. Certo? – falou meu pai.Eu fiquei surpresa.

         -Tá, Sr. Martinez. – ele respondeu fofo.

         -Me chame apenas de Paul. – ele deu tchau e nós fomos para escola.

         Chegando na escola, tudo parecia normal, menos a presença de alguém que me parecia familiar. Não sei por que, mas aquela garota, parecia que já a conhecia. Talvez de alguma vez no parque, não. Era mais que isso, era mais familiar, como uma irmã, ou talvez uma prima.

         -Nick, conhece aquela garota?

         -Ah, ela está na minha aula de espanhol. Por que, princesa? – ele me abraçou de lado enquanto entravamos na escola.

         -Ela me parece familiar. Sei lá.

         -Talvez você a conhece do parque.

         -É talvez. – olhei um pouco mais para essa garota, enquanto passávamos por ela. – Nick, já sei, eu a vi em um sonho.

         -Em um sonho?

         -Não, Nick, esqueça. Eu devo estar meio zonza ainda.

         -Ah, ok.

         Nós sentamos no jardim da escola. E ouvimos uns gritos. Todos se assustaram. Pareciam ter vindo da floresta que tinha perto da escola. Aff, fala sério, quem constrói uma escola perto de uma floresta?

         -Char, ouviu?

         -Sim, Nick, eu ouvi. – sai correndo em direção a floresta, todos tentaram me segurar. Mas eu precisava ir lá ver o que estava acontecendo. Nick e um garoto grandão vieram atrás de mim. Entrei na floresta, ela era pequena mas bem assustadora. Dava para ouvir, passos, de alguém perto. Pisando nas folhas e galhos.

         -So-sorcorro.- uma voz, fraca pronunciou, mas dava para se escutar. E era de uma menina.

          -Vo-vocês, ouviram? –perguntei aos meninos. – Já estamos chegando! – gritei para quem quer que fosse ouvir. Os meninos apenas me seguiam.

         Chegamos ao um lugar onde não havia mais árvores, Só folhas, e o vento. Logo avistei a garota. Ela estava com marca de mão no pescoço, chorava e tentava se esconder do mundo com seus longos cabelos negro compridos.

         -É a Rachel. – disse o grandalhão que veio com a gente.

         -Rachel? – a chamei e ela se virou. Estava com as roupas todas rasgadas.

         -Ele, ele tentou me matar, ele vai tentar de novo. Fiquem longe de mim, vocês podem se machucar. – ela disse assustada.